REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/th102503021034
Lilianya Ximenes de Aguiar¹
Maria Wanderleia da Silva Almeida²
Marilene da Silva Almeida³
Valéria Viana Peixoto4
Radamese Lima de Oliveira5
RESUMO
A formação continuada de professores da Educação de Jovens e Adultos (EJA) é um elemento essencial para garantir a qualidade do ensino voltado para esse público. Este artigo tem como objetivo analisar a relevância da formação continuada dos docentes que atuam na EJA, destacando desafios, metodologias e impactos no processo de ensino-aprendizagem. A pesquisa se baseia em uma revisão bibliográfica de autores renomados na área, bem como em documentos oficiais da educação brasileira. Conclui-se que a capacitação permanente dos docentes é fundamental para a adequação das práticas pedagógicas às especificidades dos alunos da EJA, promovendo uma educação mais inclusiva e eficaz.
Palavras-chave: Formação continuada. Educação de Jovens e Adultos. Práticas pedagógicas. Inclusão. Aprendizagem.
INTRODUÇÃO
A Educação de Jovens e Adultos (EJA) atende a um público diverso, composto por indivíduos que, por diferentes razões, não concluíram sua educação na idade regular. Esse público é formado por trabalhadores, donas de casa, idosos e jovens em situação de vulnerabilidade social, cada um trazendo experiências e desafios distintos para a sala de aula. A diversidade de perfis exige dos professores um olhar sensível e atento, capaz de compreender as trajetórias individuais e promover uma educação significativa e inclusiva.
Os desafios enfrentados por esses estudantes envolvem dificuldades como a falta de tempo devido às responsabilidades familiares e profissionais, dificuldades financeiras e, em alguns casos, o desinteresse provocado por experiências anteriores de insucesso escolar. Para superar esses obstáculos, os docentes precisam desenvolver estratégias pedagógicas inovadoras, adaptando o ensino às necessidades e realidades dos alunos. Isso inclui metodologias ativas, uso de tecnologias educacionais e a contextualização dos conteúdos com situações do cotidiano dos estudantes.
Para Haddad (1998) há uma falta de espaço para reflexão a respeito da Educação de Jovens e Adultos nos cursos de graduação e pós-graduação, embora já exista programas de formação dos professores dessa modalidade de ensino as faculdades de educação não percebem a EJA como uma matéria fundamental dentro da sua grade curricular, com isso os professores que trabalham com a EJA não receberam e não recebem uma formação adequada para lidar com os conflitos encontrados nessa modalidade de ensino.
Dessa forma, a formação continuada dos professores da EJA se torna essencial para que esses profissionais adquiram conhecimentos e habilidades que lhes permitam atuar de forma eficaz nesse contexto. Além da capacitação técnica, a formação deve enfatizar o desenvolvimento de competências socioemocionais, promovendo a empatia, a escuta ativa e a capacidade de motivação dos estudantes. O apoio institucional, por meio de políticas públicas e programas de formação continuada, também desempenha um papel fundamental para garantir a qualidade do ensino na EJA.
Assim, investir na qualificação docente não apenas melhora o desempenho dos professores, mas também contribui para a permanência e o sucesso dos alunos na educação. A construção de uma sociedade mais igualitária passa pelo reconhecimento da importância da educação de jovens e adultos e do papel essencial que os professores desempenham nesse processo.
A formação continuada possibilita ao docente o aprimoramento de suas práticas pedagógicas, considerando os desafios e especificidades da EJA. Segundo Freire (1996), a educação deve ser um ato libertador, no qual o professor precisa compreender a realidade de seus alunos para mediar o conhecimento de maneira significativa. Para isso, é essencial que os educadores estejam em constante atualização, conhecendo novas metodologias e abordagens que favoreçam a aprendizagem dos estudantes adultos.
A formação continuada é fundamental para que os professores adquiram conhecimentos sobre as particularidades do ensino de jovens e adultos, possibilitando a adoção de estratégias que respeitem a diversidade de experiências e o ritmo de aprendizagem desse público. Diferente da educação tradicional, a EJA demanda abordagens que valorizem o conhecimento prévio dos alunos e promovam um ambiente inclusivo e motivador.
Além disso, a capacitação dos docentes permite o desenvolvimento de práticas pedagógicas inovadoras, como o uso de tecnologias educacionais e metodologias ativas. Ferramentas digitais, jogos educativos e materiais interativos podem ser incorporados ao processo de ensino-aprendizagem, tornando as aulas mais dinâmicas e atraentes para os estudantes da EJA, que muitas vezes enfrentam dificuldades na adaptação ao ambiente escolar.
Outro aspecto relevante da formação continuada é a ampliação do repertório teórico e metodológico dos professores, possibilitando a aplicação de estratégias diferenciadas para atender às necessidades individuais dos alunos. A construção de um currículo flexível e contextualizado é essencial para que os estudantes consigam estabelecer conexões entre o aprendizado e suas vivências cotidianas, fortalecendo a motivação e o engajamento no processo educativo.
Por fim, investir na formação continuada dos professores da EJA também contribui para o fortalecimento de uma educação mais humanizada e transformadora. Ao compreenderem melhor as realidades de seus alunos, os docentes podem atuar de maneira mais empática e eficaz, promovendo um ambiente escolar que valorize a inclusão, o respeito e a autonomia dos estudantes. Dessa forma, a formação docente contínua se mostra essencial para garantir uma educação de qualidade, que atenda às demandas específicas do público da EJA e contribua para sua emancipação social e intelectual.
DESAFIOS NA FORMAÇÃO CONTINUADA DOS DOCENTES DA EJA
Apesar de sua importância, a formação continuada enfrenta vários desafios que dificultam sua efetividade e implementação. Um dos principais entraves é a falta de investimentos públicos e políticas educacionais que priorizem a EJA. Muitas vezes, a educação de jovens e adultos não recebe a mesma atenção e recursos destinados ao ensino regular, tornando difícil a criação de programas de capacitação para os docentes que atuam nesse segmento.
Nóvoa (1992) fala que:
O papel das universidades no domínio da formação de professores tem-se deparado com resistências várias, nomeadamente: de setores conservadores que continuam a desconfiar da formação de professores e a recear a constituição de um profissional prestigiado e autônomo; e de setores intelectuais que sempre desvalorizaram a dimensão pedagógica da formação de professores e a componente profissional da ação universitária.
O autor aponta para as dificuldades enfrentadas pelas universidades na formação de professores, especialmente no que se refere à resistência de setores conservadores e intelectuais. De um lado, há uma desconfiança em relação à valorização da docência, o que reflete um receio de conferir prestígio e autonomia aos professores. De outro, certos setores acadêmicos historicamente negligenciam a dimensão pedagógica do ensino, priorizando a pesquisa e a produção científica em detrimento da formação prática docente.
Essa resistência compromete a qualidade da formação de professores, pois impede o fortalecimento de um profissional crítico, reflexivo e preparado para os desafios do ensino. No contexto da EJA, essa questão se agrava ainda mais, uma vez que a formação docente precisa contemplar metodologias específicas que atendam às necessidades desse público.
Portanto, é fundamental que as universidades assumam um compromisso mais sólido com a valorização da docência, promovendo uma formação que una teoria e prática de forma equilibrada, garantindo que os professores estejam devidamente preparados para atuar com competência e sensibilidade.
Além disso, os professores da EJA frequentemente enfrentam dificuldades relacionadas à disponibilidade de tempo. Muitos desses profissionais acumulam múltiplas funções e uma carga horária elevada, o que reduz suas oportunidades de participação em cursos e treinamentos voltados ao aprimoramento de suas práticas pedagógicas. A sobrecarga de trabalho pode levar ao esgotamento e à falta de incentivo para buscar atualizações constantes, impactando diretamente a qualidade do ensino ofertado.
Outro grande obstáculo é a ausência de programas específicos voltados para a capacitação de docentes da EJA. A maioria das formações oferecidas para professores são direcionadas ao ensino regular, sem considerar as particularidades do público da EJA. Isso gera um descompasso entre as necessidades reais dos alunos e a formação dos docentes, que muitas vezes não encontram suporte para desenvolver metodologias adequadas ao perfil de seus estudantes.
Cunha (2004) fala que:
A formação do educador é um processo, acontecendo no interior das condições históricas que ele mesmo vive. Faz parte de uma realidade concreta determinada, que não é estática e definitiva. É uma realidade que se faz no cotidiano. Por isso, é importante que este cotidiano seja desvendado. O retorno permanente da reflexão sobre a sua caminhada como educando e como educador é que pode fazer avançar o seu fazer pedagógico.
Cunha (2004) ressalta que a formação do educador é um processo dinâmico, condicionado por fatores históricos e pelo contexto social em que ele está inserido. Isso significa que o aprendizado docente não ocorre de maneira estanque, mas sim em constante construção, sendo influenciado pelas experiências vividas no cotidiano. No contexto da EJA, essa reflexão é ainda mais pertinente, pois os professores lidam com alunos que possuem trajetórias diversas e desafios específicos. A necessidade de compreender essa realidade concreta exige que o educador esteja sempre revisitando sua própria prática e seu percurso formativo, buscando aprimorar suas estratégias pedagógicas.
Além disso, a ideia de “desvendar o cotidiano” destaca a importância da reflexão contínua sobre o fazer pedagógico. Ao analisar criticamente sua atuação, o professor pode identificar dificuldades, aperfeiçoar metodologias e adaptar o ensino às necessidades dos alunos. Essa postura reflexiva fortalece o papel do docente como mediador do conhecimento e agente transformador da educação.
Portanto, a formação continuada na EJA deve ser vista como um processo de constante reconstrução, onde teoria e prática dialogam para atender às demandas de um ensino mais inclusivo e significativo. O avanço na prática pedagógica depende dessa consciência crítica e do compromisso do educador em aprimorar-se continuamente.
Superar esses desafios exige um esforço conjunto entre governo, instituições educacionais e sociedade civil. A Educação de Jovens e Adultos (EJA) desempenha um papel fundamental na redução das desigualdades sociais e na promoção da inclusão, permitindo que indivíduos que não tiveram acesso à educação na idade regular possam retomar seus estudos e melhorar suas condições de vida. No entanto, para que isso aconteça de maneira eficaz, é necessário um comprometimento real com políticas públicas externas para o fortalecimento dessa modalidade de ensino.
Além disso, é fundamental que existam incentivos que permitam aos professores da EJA participar dessas formações sem comprometer suas atividades diárias. A realidade de muitos docentes é marcada por jornadas duplas ou até triplas de trabalho, o que dificulta a participação em cursos de capacitação. Nesse contexto, a oferta de formações em horários flexíveis, a disponibilização de bolsas de estudo ou compensações financeiras pode ser um caminho para garantir que esses profissionais continuem se aperfeiçoando sem prejuízo.
Outro aspecto crucial é o engajamento da sociedade civil e de instituições parceiras para fortalecer a EJA. Projetos comunitários, parcerias com empresas e universidades, além da utilização de tecnologias educacionais, podem contribuir significativamente para tornar o ensino mais acessível e atrativo para os estudantes. A criação de ambientes de aprendizagem acolhedores e inclusivos, que respeitem as trajetórias de vida dos alunos e valorizem seus conhecimentos prévios, também é essencial para garantir que a educação cumpra seu papel.
METODOLOGIAS PARA A FORMAÇÃO CONTINUADA NA EJA
Atualmente a EJA é uma modalidade de ensino reconhecida na LDB 9.394/96, que no seu art.37 destaca: “a educação de jovens e adultos será destinada àqueles que não tiveram acesso ou continuidade de estudos no ensino fundamental e médio na idade própria” (Brasil, 1996, p.15).
Ser professor na Educação de Jovens e Adultos (EJA) é um desafio que vai além do ensino tradicional. Diferentemente da educação regular, onde os alunos geralmente seguem uma trajetória escolar contínua desde a infância, na EJA os estudantes possuem histórias de vida diversas, marcadas por experiências de trabalho, responsabilidades familiares e, muitas vezes, dificuldades socioeconômicas. Essa realidade exige do professor uma abordagem pedagógica diferenciada, pautada na empatia, no respeito e na valorização dos conhecimentos prévios dos alunos.
Um dos principais desafios enfrentados pelos docentes da EJA é a evasão escolar. Muitos alunos ingressam na modalidade motivados pelo desejo de obter um diploma, melhorar sua condição profissional ou simplesmente realizar um sonho antigo. No entanto, obstáculos como a necessidade de conciliar os estudos com o trabalho e a família podem levá-los a abandonar a escola. O professor, nesse contexto, precisa desenvolver estratégias para manter os estudantes motivados, utilizando metodologias dinâmicas e conteúdos que dialoguem com a realidade dos educandos.
Outro ponto essencial é a necessidade de formação continuada para os professores da EJA. Lidar com os desafios dessa modalidade exigem um preparo constante, tanto no aspecto pedagógico quanto no emocional. As capacitações específicas podem auxiliar os docentes a desenvolverem métodos mais práticos, trabalhar com a educação inclusiva e utilizar recursos tecnológicos que tornem o ensino mais acessível. Além disso, políticas públicas que valorizam e apoiem esses profissionais são fundamentais.
Nesse sentido Nóvoa (1991) afirma que:
A formação continuada deve estar articulada com o desempenho profissional dos professores, tomando as escolas como, lugares de referência. Trata-se de um objetivo que só adquire credibilidade se os programas de formação se estruturarem em torno de problemas e de projetos de ação e não em torno de conteúdos acadêmicos (p. 144).
Nóvoa (1991) destaca a importância de alinhar a formação continuada dos professores ao seu desempenho profissional, enfatizando que as escolas devem ser o principal espaço de referência para esse processo. Esse ponto de vista reflete a necessidade de uma formação que esteja diretamente conectada à realidade da prática docente, permitindo que os professores desenvolvam competências e habilidades de forma contextualizada. Quando a formação ocorre no ambiente escolar e é externa às necessidades reais dos educadores e dos alunos, ela se torna mais significativa para ambos.
Além disso, o autor sugere que os programas de formação devem se estruturar em torno de problemas e projetos de ação, em vez de serem baseados exclusivamente em conteúdos acadêmicos. Isso significa que a aprendizagem contínua dos professores deve partir de desafios concretos do cotidiano escolar, incentivando a reflexão crítica e a busca por soluções práticas. Esse modelo de formação valoriza a experiência dos docentes e promove a construção coletiva do conhecimento, tornando o aprendizado significativo.
Diante dos desafios enfrentados pelos docentes da EJA, algumas estratégias podem ser adotadas para tornar a formação continuada mais eficaz e acessível. A implementação de cursos de capacitação presenciais e a distância é uma alternativa viável, pois permite que os professores escolham a modalidade que melhor se adapta às suas rotinas. A oferta de cursos online, por exemplo, possibilita maior flexibilidade e acessibilidade, permitindo que os docentes conciliem a formação com suas demais atividades profissionais e pessoais.
Outra metodologia importante é a formação baseada em comunidades de prática, onde os professores são incentivados a compartilhar experiências e construir coletivamente soluções para os desafios enfrentados na EJA. Essa abordagem promove um ambiente colaborativo, permitindo que os docentes aprendam uns com os outros, troquem conhecimentos sobre metodologias inovadoras e reflitam sobre suas práticas pedagógicas.
Parcerias com universidades e instituições de pesquisa também são fundamentais para fortalecer a formação continuada na EJA. A criação de programas específicos de formação docente, realização de pesquisas e desenvolvimento de materiais didáticos adaptados às necessidades desse público podem contribuir significativamente para a melhoria do ensino. Além disso, eventos acadêmicos, seminários e congressos possibilitam a troca de conhecimento entre profissionais da área, ampliando o repertório dos professores e proporcionando maior embasamento teórico para suas práticas pedagógicas.
Segundo Araújo (2006, p. 27):
A metodologia de ensino – que envolve os métodos e as técnicas – é teórico prática, ou seja, ela não pode ser pensada sem a prática, e não pode ser praticada sem ser pensada. De outro modo, a metodologia de ensino estrutura o que pode e precisa ser feito, assumindo, por conseguinte, uma dimensão orientadora e prescritiva quanto ao fazer pedagógico, bem como significa o processo que viabiliza a veiculação dos conteúdos entre o professor e o aluno, quando então manifesta a sua dimensão prática.
O autor destaca a indissociabilidade entre teoria e prática no ensino, enfatizando que a metodologia pedagógica não pode ser pensada sem aplicação nem aplicada sem reflexão. Esse conceito é essencial para a formação de professores da EJA, pois exige que os docentes desenvolvam abordagens que integrem conhecimentos teóricos e estratégias práticas adaptadas à realidade dos alunos. Além disso, a metodologia educacional assume um caráter orientador e prescritivo, servindo como um guia para as ações pedagógicas e facilitando a transmissão do conhecimento de forma significativa.
No contexto da EJA, essa relação entre teoria e prática é ainda mais relevante, pois os estudantes trazem consigo vivências diversas que precisam ser incorporadas ao processo de ensino-aprendizagem, tornando a prática docente reflexiva e dinâmica. A adoção dessas metodologias pode proporcionar uma formação continuada mais efetiva, capacitando os docentes para enfrentar os desafios da EJA e oferecer um ensino mais significativo e inclusivo. Dessa forma, é essencial que políticas públicas e iniciativas institucionais incentivem essas práticas, garantindo que os professores da Educação de Jovens e Adultos tenham acesso a um processo formativo de qualidade, que contribua para a melhoria da aprendizagem de seus alunos.
A PRÁTICA PEDAGÓGICA NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS
A prática pedagógica na Educação de Jovens e Adultos (EJA) possui diferenciais significativos em relação à educação regular, principalmente por atender a um público diverso, com trajetórias de vida variadas e experiências que influenciam diretamente o processo de aprendizagem. Um dos principais diferenciais é a necessidade de uma abordagem contextualizada, que valorize os conhecimentos dos alunos e a relação aos conteúdos curriculares. Diferentemente do ensino tradicional, em que os estudantes seguem uma sequência linear de aprendizagem, na EJA é fundamental que o ensino seja adaptado às vivências e necessidades dos alunos, tornando o aprendizado mais significativo.
No cenário contemporâneo, exige-se que cada vez mais as pessoas inovem, mudem. Mudar assume, assim, o significado de uma tarefa complexa e exigente em relação ao desenvolvimento cognitivo e criativo para fazer frente as situações novas que emergem. Do professor requer-se que ele assuma essa capacidade como componente básico de sua profissionalidade (Farias, 2007, P.45).
Farias (2007) enfatiza a necessidade da inovação e da adaptação constante na prática docente, destacando que a mudança não é apenas desejável, mas essencial para enfrentar os desafios contemporâneos da educação. No contexto da Educação de Jovens e Adultos (EJA), essa exigência torna-se ainda mais evidente, pois os professores lidam com um público diverso, cujas trajetórias e experiências exigem abordagens pedagógicas flexíveis e personalizadas.
A complexidade da tarefa docente reside no fato de que ensinar não se limita à transmissão de conteúdos, mas envolve a criação de estratégias inovadoras que tornem o aprendizado significativo e relevante para os alunos. O desenvolvimento cognitivo e criativo do professor, portanto, não deve ser apenas um aspecto complementar, mas um componente central da sua atuação profissional. Isso implica a busca contínua por novas metodologias, uso de tecnologias educacionais e formas de ensino que considerem a realidade dos estudantes.
Além disso, assumir a capacidade de mudar como parte essencial da profissão docente significa estar aberto ao aprendizado contínuo e à autocrítica. A educação é dinâmica, e os desafios educacionais de hoje não são os mesmos de décadas passadas. Assim, a formação continuada se torna indispensável para que os professores possam refletir sobre suas práticas, atualizar seus conhecimentos e desenvolver habilidades que permitam uma atuação mais eficaz e humanizada.
Portanto, Farias (2007) destaca que ser professor na contemporaneidade exige mais do que domínio de conteúdo: requer flexibilidade, inovação e um olhar atento às transformações sociais. Especialmente na EJA, onde os desafios são múltiplos, o professor que se dispõe a inovar e adaptar sua prática contribui para tornar a educação mais acessível, motivadora e transformadora para seus alunos.
Além disso, a prática pedagógica na EJA deve ser focada na motivação e no acolhimento dos estudantes. Muitos deles retornam à escola depois de anos afastados e, em alguns casos, carregam traumas e dificuldades em relação ao aprendizado. Criar um ambiente escolar acolhedor, onde os alunos se sintam respeitados e incentivados, é essencial para garantir o sucesso da aprendizagem. Estratégias como o reconhecimento dos avanços individuais, a adaptação dos conteúdos à realidade dos estudantes e a oferta de suporte emocional podem fazer toda a diferença na permanência e no desempenho dos alunos.
De acordo com Soares e Pedroso:
Para além dessas preposições, cabe destacar que a singularidade dessa modalidade educativa em relação às outras engendra uma dinâmica própria do público que ela atende. Quando nos referimos ao educando jovem e adulto, não nos reportamos a qualquer sujeito vivenciando a etapa de vida jovem ou adulta, e sim a um público particular e com características específicas (Soares; Pedroso, 2013, p. 252).
Soares e Pedroso (2013) destacam a especificidade do público da Educação de Jovens e Adultos (EJA), diferenciando-o de outros segmentos educacionais. Ao contrário do que ocorre na educação infantil, fundamental ou mesmo no ensino médio regular, a EJA atende a sujeitos que carregam experiências de vida diversas, marcadas por trajetórias interrompidas, desafios sociais e, muitas vezes, pela necessidade de conciliar trabalho, família e estudo.
O trecho ressalta que os educandos da EJA não podem ser reduzidos simplesmente a “jovens e adultos” no sentido etário, pois suas histórias de vida e motivações para retornar à escola são distintas. Muitos desses alunos enfrentaram exclusão escolar em algum momento e, ao retomarem os estudos, trazem consigo conhecimentos adquiridos fora do ambiente formal da escola, como saberes do trabalho, da cultura e da vivência comunitária. Essa bagagem influencia diretamente sua forma de aprender e interagir no espaço escolar.
Dessa maneira, a modalidade de EJA exige abordagens pedagógicas diferenciadas, que respeitem e valorizem essas trajetórias. O ensino tradicional, voltado para crianças e adolescentes em idade escolar, não pode ser simplesmente replicado para esse público. É necessário adotar metodologias mais dinâmicas, flexíveis e contextualizadas, que reconheçam o estudante como protagonista do seu aprendizado.
Além disso, a citação sugere que os professores da EJA devem desenvolver um olhar sensível para essas especificidades, compreendendo as motivações, dificuldades e potencialidades dos alunos. Isso significa ir além do conteúdo curricular e criar um ambiente de aprendizado que seja inclusivo, motivador e que dialogue com a realidade dos educandos.
Portanto, ao afirmar que o público da EJA possui uma dinâmica própria, Soares e Pedroso reforçam a importância de políticas educacionais, metodologias e práticas pedagógicas que considerem essas particularidades, garantindo que o direito à educação seja, de fato, acessível e significativo para todos.
Motivar os alunos da Educação de Jovens e Adultos (EJA) é um desafio que exige estratégias pedagógicas adaptadas à realidade desses estudantes. Muitos enfrentam dificuldades como jornada dupla de trabalho, responsabilidades familiares e experiências negativas com a escola no passado. Para despertar o interesse e engajamento, é essencial criar um ambiente acolhedor, que valorize suas vivências e demonstre que a educação pode transformar suas vidas.
Uma das principais formas de motivação é relacionar o conteúdo com o cotidiano dos alunos. O ensino deve ser significativo, mostrando como os conhecimentos adquiridos podem ser aplicados no trabalho, na vida pessoal e na comunidade. Além disso, metodologias ativas, como projetos interdisciplinares, debates e uso de tecnologias, tornam o aprendizado mais dinâmico e interessante.
O reconhecimento dos esforços e conquistas também é fundamental. Muitos alunos da EJA carregam inseguranças e medos em relação ao aprendizado, por isso, valorizá-los com elogios, certificados de participação e momentos de celebração pode fortalecer sua autoestima e incentivar a continuidade nos estudos.
Outro fator motivador é a construção de um vínculo positivo entre professores e alunos. Quando há empatia, respeito e escuta ativa, os estudantes se sentem mais confiantes para superar desafios. Além disso, promover uma educação inclusiva, que respeite ritmos e dificuldades individuais, contribui para um ambiente mais motivador e igualitário.
Por fim, oferecer suporte emocional e acadêmico é essencial para evitar a evasão. Disponibilizar atividades diferenciadas, flexibilidade nos horários e apoio psicológico pode fazer toda a diferença na permanência dos alunos. A motivação na EJA deve ir além do conteúdo programático, buscando transformar a escola em um espaço de oportunidades e crescimento para todos.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A formação continuada dos professores da EJA é um processo indispensável para garantir uma educação de qualidade e inclusiva. O constante aprimoramento profissional permite que os docentes desenvolvam abordagens pedagógicas mais eficazes, capazes de atender às necessidades específicas dos estudantes da EJA e contribuir para sua permanência e sucesso no ambiente escolar.
Ressalta-se a importância da Educação de Jovens e Adultos (EJA) como uma ferramenta essencial para a inclusão social e a redução das desigualdades educacionais no Brasil. A pesquisa evidenciou que, apesar dos avanços conquistados, ainda existem desafios significativos na formação continuada dos docentes que atuam nessa modalidade de ensino.
A formação continuada é um elemento crucial para a melhoria da qualidade do ensino na EJA. No entanto, observa-se que há uma carência de investimentos e políticas públicas voltadas especificamente para essa área, o que dificulta a capacitação adequada dos professores. A falta de reconhecimento da EJA dentro das estruturas acadêmicas e institucionais compromete a valorização dos profissionais que atuam nessa modalidade, tornando essencial a implementação de programas de formação que contemplem suas especificidades.
A resistência de setores acadêmicos em reconhecer a dimensão pedagógica da formação docente e a sobrecarga de trabalho dos professores também se apresentam como barreiras para a capacitação contínua. Nesse sentido, é fundamental que universidades, instituições educacionais e órgãos governamentais promovam iniciativas que integrem teoria e prática, possibilitando aos educadores uma formação alinhada às necessidades reais dos estudantes da EJA.
Além disso, as metodologias ativas e o uso de tecnologias educacionais são estratégias que podem potencializar o ensino na EJA, tornando-o mais dinâmico e atrativo. O incentivo à formação baseada em comunidades de prática, onde os docentes compartilham experiências e desenvolvem soluções coletivas, também se mostra uma alternativa eficaz para fortalecer a qualificação profissional desses educadores.
Outro aspecto relevante discutido neste trabalho é a necessidade de adaptação das práticas pedagógicas à realidade dos alunos da EJA. A valorização das experiências de vida desses estudantes, o acolhimento e a criação de um ambiente motivador são fundamentais para garantir a permanência e o sucesso acadêmico. Dessa forma, o professor deve atuar como mediador do conhecimento, promovendo uma educação que respeite os diferentes ritmos de aprendizagem e estimule o protagonismo dos alunos.
Reforça-se também a importância do comprometimento coletivo na promoção de uma educação de qualidade para jovens e adultos. O fortalecimento da EJA exige investimentos em políticas públicas eficazes, programas de formação continuada acessíveis e a valorização dos docentes que desempenham um papel crucial na transformação social. Dessa maneira, é possível construir um ensino mais inclusivo e significativo, garantindo oportunidades reais de aprendizagem e desenvolvimento para aqueles que buscam na educação uma ferramenta para a mudança e a emancipação.
Por fim, a valorização dos docentes da EJA e a oferta de oportunidades constantes de formação são passos fundamentais para consolidar uma educação transformadora. A formação continuada não deve ser vista como um processo isolado, mas como uma estratégia contínua para o aprimoramento do ensino, contribuindo para uma sociedade mais justa e igualitária.
REFERÊNCIAS
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NÓVOA, A. (org.). Os professores e sua Formação. Lisboa, Publicações Dom Quixote, 1992.
¹ Mestrado em Educação pela Christian Business School (CBS) – USA. Email: lilianya.ximenes@yahoo.com.br
² Mestrado em Educação pela Christian Business School (CBS) – USA. Email: wanderleia.a.almeida@gmail.com
³ Mestrado em Educação pela Christian Business School (CBS) – USA. Email: Marilene.almeida403@gmail.com
4 Mestrado em Educação pela Christian Business School (CBS) – USA. Email: profvaleriaviana@gmail.com
5 Doutorado em Educação pela Facultad Interamericana de Ciencias Sociales (FICS) – Paraguai – Email: radamese.lima@gmail.com