THE PHYSIOTHERAPY IN THE MOTOR DEVELOPMENT OF CHILDREN WITH AUTISTIC SPECTRUM DISORDER: LITERATURE REVIEW
REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7393941
Gabrielly Pinheiro Dantas
Ranna Kethelen Bruce dos Santos
Orientadora: Prof.ª Especialista Jéssica Macedo
Resumo
Introdução: O transtorno do espectro autista (TEA) é um transtorno que pode ser identificado no início da infância, afetando diretamente o desenvolvimento neuropsicomotor, podendo impactar na interação social, comunicação e linguagem. Não existe cura, mas existe tratamentos eficazes, a fisioterapia vai atuar na área motora, buscando melhorar a qualidade de vida. O profissional vai aplicar técnicas terapêuticas aliadas a atividades que estimulem o desenvolvimento motor melhorando a concentração e interação social. Objetivo: analisar as contribuições do fisioterapeuta no desenvolvimento motor de crianças com Transtorno do Espectro Autista. Materiais e método: revisão da literatura, com abordagem qualitativa, fins exploratórios em bases de dados SCIELO, BVS e PubMed de estudos publicados entre 2017 e 2022 nos idiomas: inglês e português, composto de livros, artigos e dissertações. Resultados: as crianças com TEA, tendem apresentar problemas psicomotores, sendo os movimentos bruscos, repetitivos e estereotipados como principais características. Conclusão: embora desafiador do ponto de vista profissional, em função da dificuldade cognitivas e controle psicomotor da com TEA, onde os fisioterapeutas podem por meio da hidroterapia e da equoterapia como terapias para ajudar no desenvolvimento de criança com Autismo.
Palavras-chave: Fisioterapia. Transtorno do Espectro Autista. Desenvolvimento Motor.
Abstract
Background: Autistic spectrum disorder (ASD) is a disorder that can be identified in early childhood, directly affecting neuropsychomotor development, and may impact social interaction, communication and language. There is no cure, but there are effective treatments, physiotherapy will act in the motor area, seeking to improve the quality of life. The professional will apply therapeutic techniques combined with activities that stimulate motor development, improving concentration and social interaction. Pourpose: to analyze the contributions of the physical therapist in the motor development of children with Autism Spectrum Disorder. Methods: literature review, with a qualitative approach, exploratory purposes in SCIELO, VHL and PubMed databases of studies published between 2017 and 2022 in the languages: English and Portuguese, composed of books, articles and dissertations. Results: children with ASD tend to have psychomotor problems, with sudden, repetitive and stereotyped movements being the main characteristics. Conclusion: although challenging from a professional point of view, due to the cognitive difficulty and psychomotor control of ASD, where physiotherapists can use hydrotherapy and equine therapy as therapies to help in the development of children with Autism.
Keywords: Physiotherapy. Autism Spectrum Disorder. Motor development.
1 INTRODUÇÃO
O autismo é uma condição neurocomportamental complexa que inclui deficiências na interação social e desenvolvimento de linguagem e habilidades de comunicação combinadas com comportamentos rígidos e repetitivos. Por causa da variedade de sintomas, essa condição é chamada de Transtorno do Espectro Autista (TEA). Abrange um amplo espectro de sintomas, habilidades e níveis de deficiência (STRAVOGIANNIS, 2021).
Conforme Sella e Ribeiro (2018) o TEA varia em gravidade, desde uma deficiência que limita um pouco uma vida normal até uma deficiência devastadora que pode exigir cuidados institucionais. As pessoas com Transtorno de Espectro Autista têm atrasos, diferenças ou distúrbios em muitas áreas. Além dos atrasos no desenvolvimento, a maioria tem baixo tônus muscular e dificuldade na coordenação motora grossa (correr, chutar, arremessar, etc.).
Esses problemas podem interferir no desenvolvimento de atividades básicas do dia-a-dia da criança e é quase certo que interferem no desenvolvimento social e físico. Os fisioterapeutas são treinados para ajudar com essas questões. Um fisioterapeuta não apenas pode ajudar a criança a desenvolver força e coordenação muscular, mas também pode fazê-lo no contexto de atividades físicas na escola e/ou academia. Como resultado, a fisioterapia pode melhorar o funcionamento e as habilidades sociais ao mesmo tempo (PRATES et al, 2019).
Gioia (2019) destaca que o Transtorno de Espectro Autista afeta o funcionamento normal do cérebro, o desenvolvimento da comunicação e as habilidades sociais da criança. O TEA tem sido considerado uma condição para toda a vida e não pode ser curado. No entanto, a gravidade pode diminuir através de educação e tratamentos especiais. O sexo masculino tende a ter uma prevalência maior do que o feminino. Em termos classificação diagnósticas:
Os critérios que subsidiaram o diagnóstico do autismo passaram por diversas mudanças ao longo dos anos e foram descritos nos manuais de categorização nosológica. Os mais conhecidos e utilizados são o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM) e a Classificação Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde (CID), particularmente a partir da década de 1980 (FERNANDES; TOMAZELLI; GIRIANELLI, 2020, p.1).
O Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais I (DISM-I) não tinha critérios diagnósticos próprios do TEA, é apenas a partir do DSM-II que o autismo foi colocado em uma categoria de diagnóstico distinta. No DSM-V, o autismo foi alterado para Transtornos do Espectro Autista (TEA).
Fonseca et al (2021) e Da Rocha et al, (2022) destacam que os fisioterapeutas prestam seus serviços primeiro realizando uma avaliação, fazendo recomendações de exercícios para fazer em casa e seguindo com sessões terapêuticas individuais. Os fisioterapeutas trabalham em uma ampla gama de ambientes públicos e privados, incluindo clínicas privadas, centros de saúde comunitários e hospitais públicos e privados. Os fisioterapeutas podem ser profissionais autônomos ou empregados pelo governo ou por uma clínica privada.
Como forma de responder a uma questão que inquieta as autoras desse estudo: quais as contribuições da fisioterapia no que se refere ao desenvolvimento motor de crianças com TEA? A relevância do tema TEA na perspectiva da Fisioterapia, se dá na medida que pode-se contribuir para a melhor interação desenvolvimento motor e fisioterapia como forma de melhorar o desempenho físico-motor da criança contribuindo para a sua qualidade de vida.
Justifica-se a escolha do tema anteriormente citado, na medida que tem se observado um aumento significativo de ocorrência de casos de Transtorno do Espectro Autista, atendidos nas unidades de saúde (pública e privada) o que demanda uma contextualização e constante atualização das informações sobre a correlação entre Fisioterapia e TEA. Almeja-se assim, contribuir com a comunidade acadêmica e para a sociedade em geral na reflexão da importância da contribuição de fisioterapeutas no desenvolvimento motor da criança com Transtorno do Espectro Autista.
Dessa forma, estabeleceu-se como objetivo geral desse estudo: analisar as contribuições do fisioterapeuta no desenvolvimento motor de crianças com Transtorno do Espectro Autista.
2 MATERIAIS E MÉTODO
Trata-se de estudo cuja metodologia refere-se a revisão bibliográfica que Aquino (2017) destaca ser uma narrativa coerente sobre documentos que são objetos de bibliografia utilizada, cujo objetivo é um estudo bibliográfico de um determinado tópico ou ramo do conhecimento, ou o estado da publicação de livros.
A coleta de dados deu-se no período de setembro a outubro de 2022, com o levantamento bibliográfico de produções indexadas nas seguintes bases de dados eletrônicas: Scientific Electronic Library Online (SCIELO), Portal Regional da BVS e no PubMed, nos idiomas: inglês e português. Composto de livros, artigos e dissertações.
Para isso utilizou-se os seguintes Descritores em Ciências da Saúde (DeCS) para a busca de estudos no idioma português e inglês, sendo os termos em português: “fisioterapia”, “desenvolvimento motor da criança”, “Transtorno do Espectro Autista”, “fisioterapias TEA” e “fisioterapeuta TEA desenvolvimento motor criança”. Já os termos em inglês foram: “physiotherapy”, “child motor development”, “Autism Spectrum Disorder”, “TEA physiotherapies” and “TEA physiotherapist child motor development”.
Os critérios de inclusão foram: estudos publicados nos idiomas inglês e português desde que estejam disponíveis gratuitamente e online, que contenham a ideia principal do tema e dos objetivos deste estudo e publicados a partir do ano de 2017 até 2022. Na forma de estudos do tipo observacional, revisão integrativa, revisão sistemática, revisão bibliográfica e publicados por órgãos de referência no tema.
Os critérios de exclusão foram: artigos em outro idioma que não o português e inglês, estudo de coorte, artigos que estejam fora da abordagem destes estudos, textos incompletos, ou artigos em forma de resumo e publicados antes de 2017 e artigos tipo meta-análise e artigos de opinião também serão excluídos.
Para o levantamento de dados, foram realizados os seguintes passos: seleção das questões temáticas; coleta de dados através da base de dados eletrônica, tendo os critérios de inclusão e exclusão para selecionar os artigos que foram utilizados; elaboração de um instrumento de coleta que contém as informações de interesse a serem extraídas dos artigos, análise crítica dos estudos, interpretação dos dados e apresentação dos resultados.
De forma prática inicialmente leu-se os resumos e as considerações finais dos estudos selecionados, posteriormente o material selecionado foi lido mais atentamente, identificando-se pontos de interesses em função das temáticas abordadas, onde na terceira fase discorre-se utilizando o método dedutivo para desenvolver o presente artigo.
3 RESULTADOS
Segundo estimativas do Ministério da Saúde O Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) afeta entre 1% a 2% da população mundial e, no Brasil, o TEA afeta dois milhões de pessoas (BRASIL, 2022; PIMENTEL, 2022).
O Transtorno do Espectro Autista teve sua descoberta há pouco tempo, sendo relatada cientificamente em estudo de 1943 de Leo Kanner ao observar crianças exibindo comportamentos atípicos com relação à necessidade, capacidade motora, procura por relações sociais comuns e sua relação com a história das psicopatologias do desenvolvimento (CORRÊA; QUEDAS; GORLA, 2022).
Incialmente, foi considerado uma doença relacional, com o foco do problema na relação diádica – mãe/bebê, indicando a condição que desconsiderava os fatores biológicos, com repercussão nos comportamentos ambientais. Porém, na atualidade, o Autismo ou TEA como é popularmente chamado é tomado como um transtorno do neurodesenvolvimento, de ordem multifatorial e com etiologias variadas.
Etimologicamente, o termo autismo significa “fechado em si mesmo”. Está foi usada pelo psiquiatra Eugen Bleuler em seu trabalho Dementia Praecox or the Group of Schizophrenias (1950), onde explica que o sintoma autista consiste em uma separação da realidade externa, reagindo muito fracamente aos estímulos do meio Ambiente (STRAVOGIANNIS, 2021, p. 5).
O Transtorno do Espectro Autista e os transtornos invasivos do desenvolvimento abrangem um amplo grupo de transtornos cognitivos e neuro comportamentais que incluem características definidoras de socialização prejudicada, padrões de comportamento restritos e repetitivos e comunicação verbal e não verbal prejudicada além de se perceber comprometimento das habilidades motoras básicas da crianças, especialmente no que se refere a coordena motora ampla, o controle postural, as habilidades inerentes a idade relacionadas as habilidades motoras finas e déficit na marcha.
Essas áreas envolvidas representam limitações para crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA) que, quando não intervencionadas, dificultam sua aprendizagem e inclusão na escola e afetam o seu desenvolvimento psicomotor e social.
Outro sintoma de TEA a ser destacado, refere-se ao desejo ansioso e obsessivo de manter a invariância, são as repetições monótonas, e também a alteração causada nas crianças pela mudança de rotina, (este artigo de Kanner foi a primeira descrição formal do transtorno autista) (NUNES; SCHMIDT, 2019).
São perceptíveis também: limitações na variedade de atividade espontânea: boa manipulação de objetos, mas sem dar-lhes uso social. Gama restrita de atividades. No aspecto motor identifica-se que são globalmente normais, embora sejam um pouco desajeitados na marcha e motricidade grossa, dando a impressão de deselegância, mas com umas excelentes habilidades motoras finas (DE SOUSA, 2019).
O estudo de Kanner apontou para a seguinte sintomatologia, que acompanha a criança desde o nascimento: não ter ou manter contato com o ambiente, não apresentar mudanças na expressão facial diante de estímulos advindos do ambiente, não manter contato visual, problemas na aquisição da fala, dificuldade de generalizar conceitos, de usar o pronome eu, o uso da prosódia, tendência a ignorar o que lhe era perguntado, recusar determinados alimentos, apresentar PICA – ingerir coisas não comestíveis, por exemplo: sabonetes, pedras etc. –, comportamento repetitivo, criação e manutenção de rotinas, sensibilidade aguçada a estímulos sonoros externos, suscetibilidade a crises ansiosas diante de mudanças ou alterações bruscas dos rituais diários (CUNHA, 2020).
A partir dos estudos de Kanner, outros pesquisadores tentaram encontrar a etiologia dessa síndrome, passando a registrar suas ideias sobre a origem do autismo e formando seus conceitos em função de suas experiências no cuidado dessas pessoas. Entre esses pesquisadores, pertencentes e fora do mundo acadêmico, destaca-se o médico vienense Hans Asperger, o qual, apenas um ano após a publicação do trabalho de Kanner, lança o artigo intitulado “Psicopatologia Autista na infância”. Ao contrário de Kanner, ele não especula a atribuição da causa do autismo como de ordem psicodinâmica, mas o atribui uma deficiência biológica, especialmente genética (FREITAS-MAGALHÃES, 2021).
Devido às condições mundiais pós-guerra, o trabalho de Hans Asperger permaneceu desconhecido até meados de 1980, quando Lorna Wing descobre os seus trabalhos e passa a estabelecer semelhanças entre os dados obtidos pelo grupo de crianças estudado por ele e os estudos que estavam sendo produzidos nos Estados Unidos e Inglaterra (DE SOUSA, 2019, p. 112). Ela reconhece que tais pesquisas revelavam pontos em comum, além de descrever a mesma tríade sintomática como base para identificação do autismo.
O termo espectro oferece à tríade do autismo uma magnitude, a qual pode, através de propriedades observáveis, expressar de modo funcional o conjunto de sintomas, considerados como um todo desse mesmo fenômeno (CUNHA, 2020, p. 58). O trabalho de Lorna Wing contribuiu para incorporar a Síndrome de Asperger ao chamado Transtorno Global de Desenvolvimento (TGD), conceito referente a desvios nas áreas do desenvolvimento humano – motor, linguístico, social, afetivo, adaptativo, moral e também cognitivo –, passando a figurar a classificação psiquiátrica nos manuais em vigência (STRAVOGIANNIS, 2021).
De acordo com o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM IV TR) e a Classificação Estatística Internacional de Doenças e Outros Problemas de Saúde (CID-10), Transtornos do Espectro Autista são considerados como Transtornos Invasivos do Desenvolvimento, também considerados como transtornos profundos do desenvolvimento.
Hoje, um diagnóstico precoce de autismo tem muitas vantagens, embora em muitas ocasiões seja complicado, pois essas crianças apresentam normalidade aparente no desenvolvimento e, às vezes, vários anos podem passar sem serem diagnosticados e recebem a intervenção adequada, apesar de os sintomas serem detectável aos 18 meses de idade. Como em todos os transtornos do desenvolvimento, quanto mais cedo for diagnosticado, melhor será sua evolução posterior (RISSUTO, 2021).
As investigações realizadas determinaram que crianças e adultos com TEA compõem um grupo diversificado, cujas necessidades variam ao longo da vida em termos de avaliação e intervenção; nesse sentido, é necessária uma avaliação criteriosa para determinar os serviços mais adequados individualmente (ALMEIDA, 2020). Por isso, a intervenção precoce, levando em consideração as características individualizadas de cada criança com TEA e de sua família, antes de a criança frequentar a escola é essencial para desenvolver habilidades que facilitem um melhor desempenho no ambiente escolar e possibilitem a inclusão.
O autismo envolve várias áreas do desenvolvimento e é importante que uma equipe multidisciplinar participe na sua detecção e intervenção precoces, e desta forma, favorecer o apoio psicológico aos pais e a integração da criança na escola e no seu meio. No desenvolvimento de estratégias que visem facilitar o desempenho de crianças com TEA, é necessária a intervenção precoce de diversos profissionais, entre eles os fisioterapeutas e o estabelecimento de uma cultura de diálogo contínuo, constante e fluido entre eles (MINETTO, 2021).
Nos últimos anos, houve um aumento de casos de crianças com TEA nas quais são solicitadas terapias especializadas em integração sensorial com o objetivo de melhorar o processamento sensorial para construir respostas adaptativas que levem à organização do comportamento; da mesma forma, em crianças com dificuldades de aprendizagem e problemas de processamento de integração sensorial, a colaboração entre o terapeuta e a equipe educacional surge como uma abordagem eficaz, além do papel dos pais na coordenação de programas de saúde e educação funcionais para o menino.
Pois só o trabalho conjunto entre profissionais de saúde, equipe educacional e pais contribuirá para a inclusão progressiva de crianças com TEA na sala de aula
Assim, as detecções das crianças com Trantorno do Espectro do Autismo terão como objetivos a identificação o quanto antes, do tratamento mais adequado para cada criança, através do uso precoce de técnicas e estratégias específicas.
4 DISCUSSÃO
Nas palavras de Sandberg e Spritz (2020) o Transtorno do Espectro do Autismo infantil, associado ao desenvolvimento anormal de todas as áreas da psique, afeta não somente o curso normal do desenvolvimento cognitivo e social da criança, mas também afeta o sistema psicomotor. Consequentemente, o desenvolvimento motor também é afetado .
Isso se manifesta no fato de que a criança é mais bem sucedida na atividade motora involuntária espontânea do que na atividade voluntária, quando ela tem que agir de acordo com as instruções e controlar conscientemente seus movimentos. Conforme Stravogiannis (2021), o desenvolvimento motor de crianças com autismo é caracterizado por uma série de fatores: uma violação do tônus muscular, precisão e força dos movimentos, sua coordenação, controle deficiente do equilíbrio, dificuldades em incluir todo o corpo em um único processo de movimento e violações da organização voluntária de movimentos.
No desenvolvimento dos movimentos básicos em crianças com autismo, deve-se notar uma marcha pesada e agitada, corrida impulsiva com um ritmo especial e braços ridiculamente estendidos. Os movimentos das crianças podem ser lentos ou, ao contrário, tensos e mecanicistas, com falta de plasticidade. Há uma coordenação fraca no espaço do próprio corpo e no espaço externo (as crianças podem “bater” em objetos, em geral, muitas vezes se encaixam sem sucesso no espaço livre).
Para Benjamim et al (2019) as crianças, exercícios fisioterápicos relacionados à manutenção do equilíbrio e orientação espacial, as ações com a bola são difíceis. A peculiaridade da esfera motora está na abundância de movimentos estereotipados: balançar, giros monótonos da cabeça, flexão rítmica dos braços, rodopiar, movimentos ondulantes com a mão e os dedos, etc.
As dificuldades se manifestam tanto na motricidade fina quanto na esfera sensório-motora. As crianças se surpreendem com a inépcia cotidiana – mesmo aos 6-7 anos, elas não conseguem desenvolver os hábitos mais simples de autocuidado. Eles não imitam ninguém, e é possível ensinar habilidades motoras apenas agindo com as próprias mãos, definindo uma forma pronta de habilidade de fora: postura, ritmo, ritmo, coordenação de movimentos, sequência temporal de ações.
Em crianças com TEA em função do nível do Transtorno (definido por psicólogos em 3 níveis- leve, moderado e grave), onde a coordenação dos movimentos gerais é mais prejudicada do que as habilidades motoras finas. Os movimentos motores finos podem ser altamente coordenados, especialmente se uma pessoa com TEA leve ou moderado manipula objetos de interesse (GOIA, 2019).
Eles podem ter dificuldade em aprender a andar de bicicleta, nadar ou patinar. Em casos moderados e graves os aspectos psicossociais e motores se sobressaem e dão a impressão de serem extremamente desajeitadas. Isso é especialmente perceptível quando eles estão cercados por muitas pessoas. Em geral, as crianças com autismo têm uma reação fraca à assistência do adulto na formação de habilidades motoras, dificuldades em imitar os movimentos do adulto e resistência em aceitar ajuda na aprendizagem.
Para Fernandes; De Souza e Camargo (2020) a implementação bem-sucedida do trabalho correcional e de desenvolvimento com crianças autistas no campo da fisioterapia adaptativa, são necessárias as seguintes condições:
1. Conhecimento das características das manifestações motoras no autismo.
2. Implementação do diagnóstico de desenvolvimento psicomotor.
3. Adaptação do ambiente, equipamentos, da linguagem, etc.
4. A utilização no processo de aprendizagem de meios, métodos, técnicas especiais, incluindo métodos de comunicação, especialmente concebidos para crianças com autismo.
5. Implementação de abordagens individuais e diferenciadas no processo de educação física adaptativa em relação a cada criança com autismo.
Dessa forma, levando em consideração as características psicológicas e pedagógicas das crianças com autismo podem ser divididas em três grupos: leve – onde as crianças que realizam tarefas de forma independente de acordo com o demostrado e as instruções recebidas; as crianças com TEA moderado, precisam de pouca ajuda e comentários sobre a atividade motora; e as crianças que precisam de ajuda e estímulo constantes que são consideradas como terem TEA grave.
Tal classificação proporcionará uma avaliação adequada dos meios corretivos necessários e uma tendência positiva no ensino e desenvolvimento de habilidades motoras para crianças com autismo. Para crianças com autismo, levando em consideração o nível de desenvolvimento físico, habilidades psicomotoras e de acordo com as características psicológicas e pedagógicas, são recomendadas as seguintes formas de atividade motora por Santos; Mascarenhas e De Oliveira (2021) e Fonseca et al (2021):
– Exercício de estimulação física corretiva.
– Exercícios estimulantes matinais.
– Jogos ao ar livre.
– Ginástica dos dedos.
– Corrida e flexões.
– Massagem.
– Associação de movimento com a prática da higiene pessoal.
– Estímulos a simulação de natação
Antes de iniciar o desenvolvimento de um programa de correção do desenvolvimento motor, é necessário avaliar a atividade motora da criança. Não se trata apenas de observar as habilidades motoras, mas também de obter informações sobre as habilidades de comunicação da criança, formas de gerenciar seu comportamento, métodos de ensino, fatores motivacionais, estímulos, habilidades lúdicas, habilidades de interação e imitação.
Tal avaliação é necessária para escolher a estratégia de aprendizagem correta e determinar o que exatamente a criança deve ser ensinada, ou seja, para identificar a zona de seu desenvolvimento proximal.
O principal método para diagnosticar a atividade motora de uma criança é a observação . A observação da atividade motora nos dá conhecimento sobre qual área do desenvolvimento das habilidades motoras de uma criança é a mais problemática (equilíbrio, exercícios com bola, saltos, etc.). Essas informações fornecem conhecimento sobre como contornar as complexidades e quais atividades podem estimular e facilitar o processo de avaliação.
O monitoramento da atividade motora pode ser organizado de duas maneiras :
1. Observação externa (observação de atividade motora espontânea e involuntária).
2. Observação durante as atividades com um fisioterapeuta (observação da atividade motora voluntária intencional).
Além disso, é necessário conhecer as características da manifestação das habilidades motoras na escola e em casa. Muitas vezes, devido ao equipamento, ao público e outros fatores, as crianças com autismo demonstram algumas habilidades em casa e outras na escola e vice-versa. É importante investigar esses fatores junto aos pais e professores para ajustar os programas de desenvolvimento de habilidades motoras e conhecer todas as habilidades da criança.
O momento do diagnóstico é fundamental para o sucesso do procedimento de avaliação motora. A hora errada pode ter um grande impacto no desempenho de um aluno, especialmente se for, por exemplo, uma criança em idade pré-escolar ou uma criança acostumada a cochilos à tarde. Muito cedo ou muito tarde, bem como se o procedimento de avaliação for realizado após uma longa ocupação (trabalho intensivo) de algo – tudo isso reduz a eficácia (STRAVOGIANNIS, 2021).
As informações obtidas durante o processo de observação servem como ponto de partida para determinar o nível inicial de desenvolvimento motor, ou seja, mostra a que período etário correspondem as habilidades demonstradas pela criança. Isso ajuda a evitar longas buscas no processo de desenvolvimento de um programa de avaliação em um nível inicial apropriado.
As habilidades motoras identificadas são correlacionadas com o desenvolvimento normal da idade usando tabelas de diagnóstico que contêm os estágios normais de desenvolvimento da idade e as habilidades motoras correspondentes a elas, por exemplo, pode usar as tabelas de diagnóstico dos programas TEACH, por exemplo etc. (DOS SANTOS et al, 2022).
Com base nisso, são determinados os tipos de atividades que estão planejadas para serem estudadas em termos qualitativos. O checklist inclui componentes específicos de habilidades que são objeto de observação para que o observador possa observar e registrar sistematicamente as características motoras da criança a qualquer momento. Entre as terapias mais utilizadas para o desenvolvimento psicomotor da criança com TEA, relaciona-se ao uso da equoterapia e hidroterapia.
A avaliação do desenvolvimento motor pode levar de 3 dias a 3 semanas, dependendo da idade e das características individuais da criança. As listas de verificação que são usadas para avaliar as habilidades motoras de uma criança também são usadas como uma ferramenta de referência para decidir o que ensinar a uma criança e formar a base para as intervenções (DANTAS et al, 2021).
A vantagem de usar tabelas de diagnóstico contendo uma lista de habilidades motoras é a seguinte: permitem monitorar o progresso da criança; ajudam a controlar a escolha correta de prioridades no programa individual da criança; e indicam quando e quais mudanças precisam ser feitas no programa individual.
5 CONCLUSÃO
Os estudos analisados nos permitiram constatar que crianças com Transtorno do Espectro Autista tendem a apresentar atraso no desenvolvimento psicossocial e comprometimento nas habilidades motoras, assim como e problemas posturais fatores esses desenvolvidos devido aos movimentos repetitivos e estereotipados.Com isso os profissionais de fisioterapia contribuem para minimizar os comprometimentos, atuando no desenvolvimento motor das crianças autistas.
Conclui-se que a tarefa de desenvolvimento do motor em crianças com TEA é de fato desafiador. Inicialmente esse desafio se faz na parte de cognição, uma vez que a criança precisa aprender os exercícios indicados pelo fisioterapeuta. Muitas autores destacam a hidroterapia e a equoterapia como eficazes nesse processo de tratamento.
Da mesma forma, a sessão de fisioterapia deve ser adaptados às necessidades específicas da criança afetada em seu desenvolvimento motor, onde o fisioterapeuta lá irá integrar do estratégias sensorial e comportamental, de acordo com as necessidades da criança. Assim como, o número de sessões de fisioterapia depende objetivos familiares e habilidades da criança.
REFERÊNCIAS
AQUINO, Italo de Souza. Como escrever artigos científicos. 8ª ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2017.
BENJAMIM, Eloyse Emmanuelle Rocha Braz et al. Efeitos de um programa de psicomotricidade relacional no meio aquático sobre o comportamento social em crianças com Transtorno do Espectro Autista. Ponta Grossa, PR: Atena Editora, 2019.
CORRÊA, Flávio Henrique; QUEDAS, Carolina Lourenço Reis; GORLA. José Irineu. Autismo: reflexões e perspectivas. Ponta Grossa: Aya, 2022.
CUNHA, Eugênio. Autismo e Inclusão: Psicopedagogia e práticas educativas na escola e na família. Rio de Janeiro: Digitaliza Conteúdo, 2020.
DANTAS, Kennia Galdino et al. Questionários usados por fisioterapeutas para avaliar pessoas com transtorno do espectro do autismo.cReferências em Saúde do Centro Universitário Estácio de Goiás, v. 4, n. 02, p. 51-57, 2021. Disponível em https://estacio.periodicos cientificos.com.br/index.php/rrsfesgo/article/view/1365/1157. Acesso em 05 nov. 2022.
DA ROCHA, Andressa Vieira et al. Fisioterapia e terapias complementares em pacientes pediátricos com Transtorno do Espectro Autista: uma revisão de literatura: Brazilian Journal of Health Review, v. 5, n. 4, p. 17113-17122, 2022. Disponível em https://www.brazilianjournals.com/ojs/index.php/BJHR/article/view/51643/38720. Acesso 09 out. 2022. Acesso em 05 set. 2022.
DOS SANTOS, Clistenis Clênio Cavalcante et al. Efeitos da Fisioterapia precoce na reabilitação de crianças com TEA: uma revisão Sistemática. Research, Society and Development, v. 11, n. 14, 2022. Disponível em https://rsdjournal.org/index.php/ rsd/article/view/35246/30256. Acesso em 02 nov. 2022.
FERNANDES, Cintia Regina; DE SOUZA, Winye Ághata Andressa Alcântara; CAMARGO, Ana Paula Rodrigues. Influência da fisioterapia no acompanhamento de crianças portadoras do TEA (transtorno do espectro autista). HÍGIA-REVISTA DE CIÊNCIAS DA SAÚDE E SOCIAIS APLICADAS DO OESTE BAIANO, v. 5, n. 1, 2020. Disponível em http://www.fasb.edu.br/revista/index.php/higia/article/view/529/481. Acesso em 07 set. 2022.
FERNANDES, Conceição Santos; TOMAZELLI, Jeane; GIRIANELLI, Vania Reis. Diagnóstico de autismo no século XXI: evolução dos domínios nas categorizações nosológicas. Psicologia USP, v. 31, 2020. Disponível em https://www.scielo.br/j/ pusp/a/4W4CXjDCTH7G7nGXVPk7ShK/abstract/?lang=pt#. Acesso em 07 set. 2022.
FONSECA, Cristiane et al. CONTRIBUIÇÃO DA FISIOTERAPIA NO DESENVOLVIMENTO PSICOMOTOR DA CRIANÇA COM TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA: UMA REVISÃO BIBLIOGRÁFICA. Revista Novos Desafios, v. 1, n. 1, p. 31-43, 2021. Disponível em https://novosdesafios.inf.br/index.php/revista/article /view/9/5. Acesso em 02 out. 2022.
GIOIA, Paula Suzana. Estudos em Análise do Comportamento sobre Transtorno do Espectro Autista. Londrina: EDUEL, 2019.
PIMENTEL, Bianca Nunes. Transtorno do Espectro Autista: tópicos interdisciplinares. Ponta Grossa – PR: Atena, 2022.
PRATES, Amanda Caroline et al. Os benefícios da fisioterapia na independência funcional em crianças com transtorno do espectro autista. Revista e Unisalesiano S@úde, 2019. Disponível em https://unisalesiano.com.br/aracatuba/wp-content/uploads/2020/11/Apresentacao-2019.pdf#page=79. Acesso em 07 out. 2022.
SANDBERG, Elisabeth Hollister; SPRITZ, Becky L. Breve guia para tratamento do autismo. São Paulo: M. Books Editora Internacional, 2020.
SANTOS, Gislainne Thaice da Silva; MASCARENHAS, Millena Santana; DE OLIVEIRA, Erik Cunha. A contribuição da fisioterapia no desenvolvimento motor de crianças com transtorno do espectro autista. Cadernos de Pós-Graduação em Distúrbios do Desenvolvimento, v. 21, n. 1, p. 129-143, 2021. Disponível em http://editorarevistas .mackenzie.br/index.php/cpgdd/article/view/14343/11046. Acesso em 02 nov. 2022.
SELLA, Ana Carolina; RIBEIRO, Daniela Mendonça. Análise do comportamento aplicada ao transtorno do espectro autista. Curitiba: Appris Editora e Livraria Eireli-ME, 2018.
STRAVOGIANNIS, Andrea Lorena. Autismo: um olhar por inteiro. São Paulo: Literare Books, 2021.