A EFICÁCIA DO MICROAGULHAMENTO ASSOCIADO AO USO DO PLASMA RICO EM PROTEÍNAS NAS CICATRIZES ATRÓFICAS DECORRENTES DA ACNE: UMA REVISÃO DE LITERATURA

THE EFFICACY OF MICRO-NEEDLING ASSOCIATED WITH THE USE OF PLASMA RICH IN PROTEINS IN ATROPHIC SCARS ARISING FROM ACNE: A LITERATURE REVIEW

\"\"
Gabriella Françolin Justi ¹
\"\"
Débora Dei Tos²
\"\"
João Carlos Fernandes Piraccini³

¹ Graduanda em Fisioterapia pelo Centro Universitário Ingá – UNINGÁ (Maringá/PR, Brasil).
² Mestranda em Ciências Fisiológicas pela Universidade Estadual de Maringá (UEM).
Docente no Centro Universitário Ingá – UNINGÁ (Maringá/PR, Brasil).
³ Fisioterapeuta graduado pelo Centro Universitário Ingá – UNINGÁ (Maringá/PR, Brasil).

RESUMO

A acne vulgar é uma das doenças de pele mais comuns. Após o término da fase inflamatória ativa, grande parte dos pacientes apresentam cicatrizes atróficas, podendo ser classificadas como icepick, rolling e boxcar. Sendo mais comum em pessoas entre 12 e 24 anos de idade, ocorrendo em várias regiões do corpo, geralmente onde existem altas concentrações de unidades pilossebáceas. Apresentando como forma de terapêutica, diversas opções, dentre elas, o microagulhamento associado ao plasma rico em plaquetas (PRP). No entanto, este estudo tem como objetivo analisar a eficácia do microagulhamento associado ao uso do plasma rico em proteínas nas cicatrizes atróficas decorrentes da acne. Foram selecionados artigos nas bases de dados eletrônicas PubMed, EBSCO, Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) e Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), nos períodos de 2015 a 2020, no idioma inglês e português, utilizando-se das palavras-chaves: microagulhamento, cicatriz, acne e plasma rico em plaquetas. Os estudos analisados mostraram que ainda existem controvérsias entre os autores sobre a real eficácia ou não no tratamento de cicatrizes atróficas de acne, quando combinados microagulhamento e PRP. Todavia, em sua maioria, o plasma rico em proteínas quando em conjunto com o microagulhamento tem apresentado melhora significativa nas cicatrizes pós acne.

Palavras-chave: Acne; Cicatriz; Microagulhamento; Plasma rico em plaquetas.

ABSTRACT

Acne vulgaris is one of the most common skin diseases. After the end of the active inflammatory phase, most patients have atrophic scars, which can be classified as icepick, rolling and boxcar. It is more common in people between 11 and 30 years of age, occurring in various regions of the body, usually where there are high concentrations of pilosebaceous units. Presenting as a form of therapy, several options, among them, microneedling associated with platelet-rich plasma (PRP).However, this study aims to analyze the effectiveness of microneedling associated with the use of plasma rich in proteins in atrophic scars resulting from acne.Articles were selected from the electronic databases PubMed, EBSCO, Virtual Health Library (BVS) and Coordination for the Improvement of Higher Education Personnel (CAPES), in the periods from 2015 to 2020, in english and portuguese, using the keywords: microneedling, scar, acne and platelet-rich plasma. The studies analyzed showed that there are still controversies among the authors about the real effectiveness or not in the treatment of atrophic acne scars, when combined microneedling and PRP. However, for the most part, plasma rich in proteins when combined with microneedling has shown significant improvement in scars after acne.

Keywords: Acne; Microneedling; Platelet-rich plasma; Scar.

  1. INTRODUÇÃO

A pele é tida como um dos maiores órgãos do corpo humano, sendo esta composta principalmente por duas camadas de tecido, a epiderme e a derme. A epiderme é a camada superficial da pele, constituído em tecido epitelial, reduzindo à abrasão na superfície e a perda de água, repousando sobre a derme, a qual é responsável pela maior parte da resistência estrutural da pele, e ainda repousa sobre o tecido subcutâneo ou hipoderme. Sendo assim, a pele como qualquer órgão, é suscetível de ser atingida por fenômenos patológicos produzidas pelas mais variadas noxas endógenas ou exógenas, físicas, químicas ou biológicas, de modo que a ação desses agentes agressores pode produzir, na pele, todas as alterações anatomopatológicas básicas (RIVITTI, 2018; REGAN; RUSSO; VANPUTTE, 2016).

A acne vulgar é um distúrbio da unidade pilossebácea que afeta áreas com alta densidade de glândulas sebáceas, como face, tórax e costas, sendo este um distúrbio multifatorial induzido por alterações hormonais, produção excessiva de sebo, flutuação de microrganismos residentes e acúmulo de células mortas da pele nos folículos capilares. Trata-se da condição dermatológica mais frequente encontrado em adolescentes, em certa medida durante a puberdade, apresentando uma prevalência de quase 85% em pessoas com idade de 12 a 24 anos, e em grande parte das vezes, resultando em cicatrizes que constituem problema estético e psicológico (BALAKRISHNA et al., 2017; GUIMARÃES et al., 2018).

As lesões de acne são classificadas clinicamente como comedões, pústulas, nódulos, cistos e cicatrizes. Os comedões são tampões cheios de queratina que podem ser descritos como abertos ou fechados. Estes quando classificados como abertos são comumente referidos como cravos, apresentando um aspecto preto devido à oxidação dos tampões de queratina, e em contrapartida, os fechados são espinhas. As pústulas ocorrem quando a inflamação folicular é de grande proporção, gerando o acumulo de neutrófilos e, então resultando na formação de pápulas compostas por exsudato inflamatório. Os cistos são estruturas cheias de queratina e foliculares, que se dilatam, enquanto que os nódulos ocorrem quando há mais inflamação, sendo lesões clinicamente vermelhas, sensíveis e palpáveis (GEBAUER, 2017).

Pacientes portadores da acne vulgar podem apresentar lesões primárias, sendo essas, inflamatórias ou não. Bem como, possíveis lesões secundárias, sendo apontadas como principais as cicatrizes, escoriações, despigmentação da pele e eritema pós inflamatório. As cicatrizes de acne são classificadas em atróficas, hipertróficas ou queloideanas, sendo do tipo atrófico as mais comuns, de modo que estas são subdivididas em icepick, boxcar e rollings. Embora existam poucos estudos documentados sobre a prevalência e magnitude das cicatrizes causadas pela acne, é estimado que em média 95% da população apresenta cicatrizes faciais em algum grau de severidade (CLARK; SARIC; SIVAMANI, 2018). 

Neste caso, o microagulhamento propõe um estímulo na produção de colágeno por meio de agulhas, sem provocar a desepitelização total observada nas técnicas ablativas, além de apresentar uma série de vantagens como rápida execução, baixo custo e fácil abordagem em áreas de difícil acesso. Mais recentemente tem sido proposta a utilização de um sistema de microagulhas, que por meio de um processo inflamatório resulta na produção de colágeno, logo a tendência é a indicação de procedimentos menos invasivos isolados ou em associação, objetivando-se redução no risco de complicações e retorno mais precoce as atividades laborais (ALVES et al., 2018).

Assim sendo, a área da dermatologia encontrou incomensuráveis inovações terapêuticas nos últimos dez anos no que diz respeito ao plasma rico em plaquetas (PRP), recentemente alcançando uma utilidade considerável em casos de alopécia, cicatrizes de acne e rejuvenescimento da pele. O PRP é uma fração plasmática que contém uma maior concentração de plaquetas em relação ao sangue total, tipicamente 3 a 7 vezes a concentração média de plaquetas no sangue total. As plaquetas contêm grânulos alfa e, após sua ativação, secretam fatores de crescimento, moléculas de adesão e quimiocinas que interagem com o ambiente local para promover a diferenciação, proliferação e regeneração celular (HESSELER; SHYAM, 2019).

O PRP é uma modalidade de tratamento relativamente nova, que quando associado a outras terapias mais popularmente conhecidas, como a de microagulhamento, pode tornar-se um complemento valioso para melhorar os efeitos regenerativos das mais variadas condições dermatológicas, apresentando-se em outros estudos como uma terapia particularmente interessante. Tendo isso em vista, este estudo tem como objetivo analisar a eficácia do microagulhamento associado ao uso do plasma rico em proteínas nas cicatrizes atróficas decorrentes da acne.

  1. MATERIAIS E MÉTODOS

Refere-se a uma pesquisa bibliográfica, composta por artigos científicos os quais abordam como temática a eficácia do microagulhamento associado ao uso do plasma rico em proteínas nas cicatrizes atróficas decorrentes da acne. Estes, foram elegidos a partir de um rastreio fundamentado nas bases de dados: PubMed, EBSCO, Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) e Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), utilizando-se das palavras-chaves: microagulhamento, cicatriz, acne e plasma rico em plaquetas, em língua inglesa.

Os critérios de inclusão priorizados para a seleção dos artigos foram: 1) estudos de caso realizados em pacientes que apresentavam cicatrizes atróficas decorrentes da acne; 2) estudos nos quais utilizavam o plasma rico em proteínas, associado ao microagulhamento como forma de tratamento para as cicatrizes; 3) artigos publicados na língua inglesa e listados nos anos de 2015 a 2020. Ademais, foram excluídos estudos que se tratavam de revisão de literatura, além de, artigos publicados fora da data proposta e, por fim, os quais não abordavam o plasma rico em proteínas, associado ao microagulhamento como forma de tratamento.

Em suma, os elementos coletados neste estudo foram organizados e coligados em quadro, com o intuito de expor as averiguações essenciais e relevantes obtidas nos artigos analisados, consistindo em autoria, ano de publicação, objetivos, metodologia e resultados.

  1. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Por meio do rastreio bibliográfico, foram encontrados 76 artigos, onde a análise do título e do resumo disponível foram pré-selecionados 11 estudos para leitura integral, de modo que destes, 4 foram eliminados por não conterem como forma terapêutica o microagulhamento associado ao plasma rico em proteínas, seguindo-se em um total de 7 artigos para exploração ponderada dessa revisão, conforme exposto na figura 1.

Figura 1 – Fluxograma para busca e seleção dos artigos.

\"\"
Fonte: A autora

À vista disso, como mencionado anteriormente, foram apontados 7 artigos datados nos últimos 5 anos, tendo estes, suas publicações mais concentradas entre os anos de 2017 e 2018 para compor os resultados desse estudo, os quais podem ser analisados de maneira mais específica no Quadro 1.

Quadro 1 – Resumo das informações contidas nos artigos selecionados.

AUTOR / ANOOBJETIVO DO ESTUDOMÉTODOS DE TRATAMENTORESULTADO FINAL
ASIF; KANODIA; SINGH, 2016Avaliar a eficácia e a segurança do plasma rico em plaquetas (PRP) combinado com o microagulhamento no tratamento de cicatrizes de acne atróficas.50 pacientes com cicatrizes atróficas decorrentes de acne, foram tratadas com microagulhamento nas duas metades da face. Dentre as formas de tratamento, as Injeções intradérmicas e a forma tópica de aplicação de PRP, foram administradas na metade direita da face, enquanto a outra metade foi tratada por meio de injeções intradérmicas de água destilada.As metades direita e esquerda apresentaram melhora na escala quantitativa de Goodman. O PRP tem eficácia no tratamento de cicatrizes de acne atróficas. Ele pode ser combinado com a microagulhamento para melhorar os resultados clínicos finais em comparação com o microagulhamento sozinho.
BOHARA et al., 2017Contrastar a melhora nas cicatrizes atróficas faciais da acne por meio da aplicação de microagulhamento isolado e, pela associação do mesmo com o plasma rico em plaquetas (PRP) autólogo.Este estudo inclui um total de 50 pacientes, onde estes foram divididos em 2 grupos com 25 indivíduos. O grupo A recebeu o tratamento de microagulhamento de maneira isolada, já, o grupo B teve o tratamento associando microagulhamento com plasma rico em plaquetas (PRP).Na melhora clínica e na satisfação do paciente, o grupo B apresentou melhores resultados que o grupo A, que foi estatisticamente significativo. É perceptível que o microagulhamento quando combinado com o PRP autólogo, proporciona uma melhor melhoria clínica geral.
EL-ASHMAWY; IBRAHIM; SHORA, 2017Avaliar e comparar a eficácia terapêutica e a segurança de
microagulhamento, plasma autólogo rico em plaquetas e combinação de ambos os procedimentos no tratamento de cicatrizes atróficas.
Este estudo foi realizado em 90 pacientes. Estes pacientes foram divididos em 3 grupos. No grupo I, os pacientes foram tratados com a técnica de microagulhamento. No grupo II, foram tratados com injeção intradérmica de plasma autólogo rico em plaquetas e, por fim, o grupo III, foi tratado com sessões alternativas de microagulhamento e injeção intradérmica de plasma autólogo rico em plaquetas.Houve uma melhora estatisticamente significativa no aparecimento de cicatrizes atróficas, mas a melhora foi mais evidente no grupo III. No entanto o efeito do tratamento se mostrou mais eficiente nas cicatrizes não decorrentes de acne.
IBRAHIM; IBRAHIM; SALEM, 2018Avaliar a eficácia e a segurança do microagulhamento isoladamente versus o microagulhamento combinado com plasma rico em plaquetas no tratamento pós acne.35 pacientes com cicatrizes pós-acne foram incluídos no presente estudo. Todos os pacientes receberam quatro tratamentos sequenciais de microagulhamento cutâneo usando dermaroller sozinho no lado direito da face e microagulhamento cutâneo seguido de aplicação tópica de PRP no lado esquerdo da face com um intervalo de 3 semanas.O estudo apresentou uma melhora significativa no grau de gravidade da cicatriz antes e após o tratamento em ambos os lados. Foi possível perceber uma evolução significativa no quadro clínico dos pacientes após as duas formas de tratamento, com diferenças insignificantes entre elas.
ABDEL-WAHAB; EL-DOMYATI; HOSSAM, 2018Avaliar e comparar o uso e a eficácia de alguns dos procedimentos minimamente invasivos combinados, usando microagulhamento em conjunto com peeling de TCA ou plasma rico em plaquetas para o tratamento de cicatrizes atróficas pós-acne.24 voluntários foram divididos em 3 grupos iguais. No grupo A, os voluntários foram tratados com técnica combinada de dermaroller e PRP e dermaroller isolado. No grupo B, foram tratados com técnica combinada de dermaroller e TCA 15% e dermaroller isolado. Já, o grupo C, foi tratado com técnica combinada de dermaroller e PRP e técnica combinada de dermaroller e TCA 15%.O tratamento combinado de dermaroller e PRP ou dermaroller e TCA 15% mostrou melhora significativa quando comparado ao dermaroller sozinho. No entanto, o uso combinado de dermaroller e TCA 15% foi mais eficaz nas cicatrizes atróficas pós-acne do que o uso de dermaroller e PRP ou dermaroller.
PORWAL; CHAHAR; SINGH, 2018Comparar a eficácia da terapia combinada com dermaroller e PRP com o dermaroller sozinho em cicatrizes faciais de acne e avaliar o impacto psicossocial devido a cicatrizes de acne e seu tratamento.Foram incluídos 55 pacientes com idade entre 18 e 40 anos com cicatrizes atróficas (Grau 2 a 4) resultante de acne. Os pacientes foram divididos aleatoriamente em dois grupos: o grupo A foi tratado apenas com dermaroller, enquanto o grupo B foi submetido a uma terapia combinada de dermaroller e PRP.Melhoria percentual significativa foi observada em ambos os grupos. No entanto, o grupo B tratado com ambas as modalidades obteve melhores resultados quando comparado ao
grupo A.
BHARGAVA et al., 2019Avaliar a eficácia do PRP quando combinado com microagulhamento e subcisão em cicatrizes de acne atróficas graves (grau 4).Nesta pesquisa, foram utilizados 30 pacientes com cicatrizes de acne de grau 4, sendo estes divididos em 2 grupos. O Grupo A foi submetido a três tratamentos sequenciais de subcisão e microagulhamento, enquanto o Grupo B, três tratamentos sequenciais de subcisão, microagulhamento e aplicação tópica de PRP.A melhora da cicatriz foi relatada significativamente mais frequentemente pelo Grupo B do que pelos pacientes do Grupo A. Em relação a cicatriz pós-terapia houve uma tendência de melhor melhora no grupo B.
Fonte: Autora

As cicatrizes atróficas resultantes do processo acneico podem ser causadas por um crescente aumento da propagação tecidual ou da perda tecidual em geral, sendo está ocasionada pela perda de colágeno após o processo inflamatório, de modo que estas são classificadas em icepick, rolling e boxcar. Contudo, há uma gama de opções terapêuticas para as mesmas, como peelings, técnicas com punch, subcisão, dermabrasão, preenchedores, sendo menos resolutivas, e lasers ablativos, mais efetivos, porém com alto custo e maior tempo de recuperação. Neste cenário, a técnica de microagulhamento transparece com uma boa relação entre o custo-benefício, já que este se encontra economicamente mais exequível, além dos seus resultados positivos e do não afastamento das atividades diárias da pessoa que foi submetida a este tipo de procedimento, sendo assim, considerado um mecanismo seguro que pode ser executado sem complicações (GARG; BAVEJA, 2014; CHAWLA, 2014).

Os resultados encontrados neste estudo demonstram que a técnica de microagulhamento apresenta eficácia quando utilizada para o tratamento de cicatrizes atróficas decorrentes de acne, porém, se exprime ainda mais efetivo quando associado ao uso do plasma rico em plaquetas (PRP). Neste contexto, Asif et al. (2016), realizaram um estudo com 50 pacientes de ambos os sexos os quais apresentavam cicatrizes em grau 2, 3 e 4, de modo que foi possível verificar que o PRP pode afetar significativamente o resultado final do tratamento das cicatrizes de acne atróficas, corroborando desta forma, com os achados encontrados no estudo de Porwal et al. (2018), o qual foi realizado com 55 pacientes, onde 27 destes foram tratados com PRP associados ao microagulhamento, concluindo que a abordagem combinada usando dermaroller e PRP foi uma opção segura e melhor do que usar dermaroller de forma isolada em cicatrizes atróficas de acne, tanto para a melhora clínica quanto a melhora no escore do índice de qualidade de vida.

Em sua pesquisa, Bhargava et al. (2019) utilizou 30 pacientes com cicatrizes acneicas de grau 4, dividindo estes em dois grupos. O grupo que utilizou a técnica de microagulhamento correlacionada ao plasma apresentou melhora na cicatriz em pelo menos um grau em todos os envolvidos, já em contrapartida, no outro grupo houve paciente que não relatou melhora alguma. Em consonância com a pesquisa em questão, Bohara et al. (2017) realizaram um estudo que foi disposto de 50 participantes divididos em 2 grupos, no qual 25 destes foram submetidos ao tratamento com microagulhamento e PRP, e os outros 25 indivíduos receberam o tratamento somente com microagulhamento. Embora tenha sido percibido uma evolução qualitativa e quantitativa em ambos os grupos, os indivíduos que foram submetidos a associação das terapias apresentaram tanto melhora clínica, quanto na satisfação de forma significativa, o que por sua vez também pode ser observado na pesquisa de Fabbrocini et al. (2011), já que os mesmos também associaram PRP ao microagulhamento, apresentando resultados satisfatórios.

Em contrapartida, o estudo publicado por Ibrahim et al. (2017) necessitou de 35 pessoas, as quais foram submetidas à 4 tratamentos sequenciais, que consistiram no microagulhamento isolado na hemiface direita, e aplicação do microagulhamento associado ao plasma na hemiface esquerda, constatando que ambos apresentaram resultados positivos, sem nenhuma diferença relevante, apenas em relação ao menor tempo de cicatrização e efeitos colaterais de curto prazo, quando correlacionado ao PRP. No estudo de El-Ashmawy et al. (2017) foram incluídos 90 pacientes que apresentavam cicatrizes atróficas, onde 28 destes utilizaram a técnica integrada de microagulhamento e aplicação de plasma rico em plaquetas, resultando em uma melhora mais evidente neste grupo, porém, demonstrou-se mais eficaz em cicatrizes atróficas não decorrentes de acne.

Sob outra perspectiva, o estudo feito por Abdel-Wahab et al. (2018) utilizou-se de 24 voluntários, sendo estes, divididos em três grupos de 8 pessoas, no qual foram tratados isoladamente com microagulhamento, microagulhamento associado ao PRP e microagulhamento combinado ao ácido-tricloroacético (TCA 15%). De acordo com os autores, estes são métodos fáceis, seguros, simples e eficazes para indução de colágeno, usando as técnicas minimamente invasivas combinadas. No entanto, fundamentado na inspeção clínica, histométrica e histoquímica, mesmo que, grande parte dos voluntários portadores de cicatrizes de acne tivessem retratado uma melhora significativa após o tratamento do dermaroller associados ao PRP, o uso combinado do microagulhamento com TCA 15% apresentou uma maior vigência ao ser utilizado nas cicatrizes atróficas pós acne.

Contudo, mais recentemente, Pooja et al. (2020) em seu estudo randomizado, recorreu a participação de 60 indivíduos com cicatrizes pós acne, em ambos os sexos, onde foram divididos em três grupos, sendo tratados com laser fracionado de CO2, microagulhamento e plasma rico em proteínas. No final das sessões, com base na porcentagem média de melhoria na nota quantitativa, a eficácia do laser de CO2 fracionado é significativamente maior que a do PRP, enquanto o laser de CO2 e a microagulhamento não apresentaram diferença significativa. Fundamentado-se em pontuações qualitativas, o grupo fracionário de laser de CO2 mostrou eficácia terapêutica estatisticamente maior em comparação ao microagulhamento e PRP. Ao final, foi concluído que a monoterapia com PRP nas cicatrizes pós-acne não é aconselhável, pois os resultados são insatisfatórios.

De forma geral, a terapia por microagulhamento correlacionada ao uso do plasma rico em proteínas (PRP) em cicatrizes atróficas decorrentes da acne se mostra eficiente, já que ambos associados, apresentam resultados mais rápidos e com um tempo de cicatrização menor, diminuindo as chances de desenvolverem efeitos colaterais e inflamação. Contudo, cada pessoa deve ser analisada de forma holística e particular, levando em consideração suas singularidades, para que então possa ser traçado os objetivos e condutas ideais para a condição específica de cada um, com a finalidade de obter uma evolução satisfatória do quadro clínico, melhorando assim, a autoestima do indivíduo e em conseguinte sua qualidade de vida.

4. CONCLUSÃO

Baseado nas informações apontadas nesta revisão de literatura, a técnica de microagulhamento vem se tornando uma opção bastante eficiente para o tratamento das cicatrizes causadas pela acne, bem como, o PRP apresentando-se como uma boa escolha de associação pelo fato de ser autólogo e reduzir a possibilidade de efeitos colaterais, o qual envolve também a liberação de peptídeos antimicrobianos potentes dos grânulos alfa das plaquetas, acelerando a cicatrização, regulando a inflamação e restaurando o colágeno. No entanto, embora existam opiniões contrárias entre os autores e a escassez de estudos para comprovarem a sua eficácia em cicatrizes atróficas pós acne, o PRP emerge com o potencial de se tornar uma alternativa terapêutica na área dermatológica.

5. REFERÊNCIAS

ABDEL-WAHAB, H; EL-DOMYATI, M; HOSSAM, A. Microneedling combined with platelet-rich plasma or trichloroacetic acid peeling for management of acne scarring: A split-face clinical and histologic comparison. Journal of Dermatological Treatment. v. 17, n. 1, p. 73-83, 2018. Acesso em: 24 jun 2020. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/29226630/.

ALVES, N. S. et al. Efeitos do microagulhamento no tratamento de sequelas de acne: um artigo de revisão de literatura. Revista da FAESF. v. 2, n. 4, p 38-45, 2018. Acesso em: 12 jun 2020. Disponível em: http://faesfpi.com.br/revista/index.php/faesf/article/view/71/63.

ASIF, M; KANODIA, S; SINGH, K. Combined autologous platelet-rich plasma with microneedling verses microneedling with distilled water in the treatment of atrophic acne scars: a concurrent split-face study. Journal of Cosmetic Dermatology. v. 15, n. 4, p. 434-443, 2016. Acesso em: 22 jun 2020. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/26748836/.

BALAKRISHNA, Y. et al. Acne in South African black adults: A retrospective study in the private sector. South African Medical Journal.  v. 107, n. 12, p. 1106-1109, 2017. Acesso em: 12 jun 2020. Disponível em: http://www.scielo.org.za/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0256-95742017001200023&lang=pt.

BHARGAVA, S. et al. Combination therapy using subcision, needling, and platelet‐rich plasma in the management of grade 4 atrophic acne scars: A pilot study. Journal of Cosmetic Dermatology. v. 18, n. 4, p. 1092-1097, 2019. Acesso em: 25 jun 2020. Disponível em: https://onlinelibrary.wiley.com/doi/epdf/10.1111/jocd.12935.

BOHARA, D. S. et al. A comparative study of efficacy of micro-needling alone versus micro-needling with autologous platelet rich plasma in facial atrophic acne scars. International Multispecialty Journal of Health. v. 3, n. 8, p. 268-274, 2017. Acesso em: 25 jun 2020. Disponível em:  https://webcache.googleusercontent.com/search?q=cache:CMpD3vV78l0J:https://imjhealth.org/Paper-August-2017/IMJH-JUL-2017-8.pdf+&cd=1&hl=pt-BR&ct=clnk&gl=br.

CHAWLA, S. Split face comparative study of microneedling with PRP versus microneedling with vitamin C in treating atrophic post acne scars. Journal of Cutaneous and Aesthetic Surgery. v.7, n.4, p. 209-212, 2014. Acesso em 10 ago 2020. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/25722599/

CLARK A. K; SARIC S; SIVAMANI R. K. Acne Scars: How Do We Grade Them?. American Journal of Clinical Dermatology. v. 19, n. 2, p. 139-144, 2018. Acesso em: 21 jun 2020. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/28891036/

EL-ASHMAWY, A. A; IBRAHIM, Z. A; SHORA, O. A. Therapeutic effect of microneedling and autologous platelet-rich plasma in the treatment of atrophic scars: A randomized study. Journal of Cosmetic Dermatology. v. 16, n. 3, p. 388-399, 2017. Acesso em: 23 jun 2020. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/28504480/

FABBROCINI, G. et al. Acne Scars: pathogenesis, classification and treatment. Dermatol Res Pract. v. 24, n. 4, p. 177-183, 2011. Acesso em: 11 ago 2020. Disponível em: https://www.scopus.com/record/display.uri?eid=2-s2.0-80053389890&origin=inward&txGid=0e33be5d633e7dac1e1ee025d0bc2e14#

GARG, S; BAVEJA, S. Combination Therapy in the Management of Atrophic Acne Scars. Journal of Cutaneous and Aesthetic Surgery. v. 7, n. 1, p.18-23, 2014. Acesso em: 10 ago 2020. Disponível em: http://www.jcasonline.com/article.asp?issn=0974-2077;year=2014;volume=7;issue=1;spage=18;epage=23;aulast=Gar

GEBAUER K. Acne in adolescents. Australian Family Physician. v. 46, n. 12, p. 892-895, 2017.  Acesso em: 12 jun 2020. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/29464224/. 

GUIMARÃES, T. S. et al. Efeitos do microagulhamento no tratamento de sequelas de acne: um artigo de revisão de literatura. Revista da FAESF. v. 2, n. 4, p 38-45, 2018. Acesso em: 10 jun 2020. Disponível em: http://faesfpi.com.br/revista/index.php/faesf/article/view/71

HESSELER, M. J; SHYAM, N. Platelet-rich plasma and its utility in medical dermatology: A systematic review. Journal of the American Academy of Dermatology. v. 81, n. 3, p. 834-846, 2019. Acesso em: 10 jun 2020. Disponível em: https://www.jaad.org/article/S0190-9622(19)30629-2/fulltext

IBRAHIM, M. K; IBRAHIM, S. M; SALEM, A. M. Skin microneedling plus platelet-rich plasma versus skin microneedling alone in the treatment of atrophic post acne scars: a split face comparative study. Journal of Dermatological Treatment. v. 29, n. 3, p. 281-286, 2018. Acesso em: 22 jun 2020. Disponível em: https://www.tandfonline.com/doi/abs/10.1080/09546634.2017.1365111?journalCode=ijdt20

POOJA, T. et al. A randomized study to evaluate the efficacy fractional CO2laser, microneedling and platelet rich plasma in post-acne scarring. Indian Dermatol Online. v. 11, n. 3, p. 349-354, 2020. Acesso em: 21 ago 2020. Disponível em: http://www.idoj.in/citation.asp?issn=2229-5178;year=2020;volume=11;issue=3;spage=349;epage=354;aulast=Pooja;aid=IndianDermatolOnlineJ_2020_11_3_349_284118.

PORWAL, S; CHAHAR, Y. S; SINGH, P. K. A Comparative Study of Combined Dermaroller and Platelet‐Rich Plasma Versus Dermaroller Alone in Acne Scars and Assessment of Quality of Life Before and After Treatment. Indian Journal of Dermatology. v. 63, n. 5, p. 403-408, 2018. Acesso em: 23 jun 2020. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/30210162/.

REGAN, J; RUSSO, A; VANPUTTE, C. Anatomia e Fisiologia de Seeley. 10. ed. Porto Alegre: AMGH, 2016.

RIVITTI, E. A. Dermatologia de Sampaio e Rivitti – São Paulo: Artes Médicas, 2018 4.ed., p. 108.