A EFICÁCIA DA BANDAGEM ELÁSTICA KINESIO TAPING® NA DOR LOMBAR: UMA REVISÃO DE LITERATURA

THE EFFECTIVENESS OF KINESIO TAPING® ELASTIC BANDAGE IN LOW BACK PAIN: A LITERATURE REVIEW


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Pâmella Pereira Cipriano

Autoras:
Ligia Nascimento de Oliveira
Discente do 10º semestre do curso de fisioterapia da Universidade Ibirapuera – São Paulo /SP (Brasil).

Sara Regina Alves
Discente do 10º semestre do curso de fisioterapia da Universidade Ibirapuera – São Paulo /SP (Brasil).

Pâmella Pereira Cipriano
Especialista em Cuidados ao Paciente Oncológico pelo Hospital Sírio Libanês. Docente da Universidade Ibirapuera.


RESUMO:

INTRODUÇÃO: A dor lombar, ou lombalgia pode ser caracterizada por um quadro de desconforto, tensão ou rigidez muscular localizada na porção inferior da coluna vertebral. Diversas modalidades de tratamento são propostas pela literatura e, atualmente, o kinesio taping® (KT) como um possível recurso de intervenção para dor lombar. OBJETIVO: Para um melhor entendimento sobre a ação do KT na dor lombar e devido à escassez e divergência de artigos sobre o tema, o presente estudo tem como objetivo realizar uma revisão na literatura a fim de verificar se existe contribuição na eficácia da bandagem elástica no controle da dor lombar. METODOLOGIA: Foi realizada uma busca nas bases de dados BIREME, PubMed e SciELO com artigos do tipo ensaio clínico randomizado entre o ano de 2015 até 2020 no idioma inglês e português. O estudo foi composto por cinco linhas de corte utilizadas como critérios de exclusão dos artigos. RESULTADOS: Inicialmente, 29 estudos potencialmente relevantes foram identificados e recuperados em texto completo. Com base nos critérios de inclusão, apenas 8 ensaios clínicos randomizados foram selecionados para esta revisão, todos considerados com alta qualidade metodológica. CONCLUSÃO: O KT pode oferecer benefício aos pacientes com dor lombar crônica quando comparada a nenhum tipo de intervenção, porém apresenta resultados semelhantes, quando comparada ao uso de outras fitas utilizadas como placebo. Da mesma forma, seu uso como intervenção complementar não alterou os desfechos da dor. Incentiva-se a realização de novos ensaios clínicos randomizados para confirmar esses achados.

Palavras-chave: dor lombar, fisioterapia, bandagem elástica e bandagem funcional.

ABSTRACT

INTRODUCTION: Low back pain (LBP) or lumbago is a common disorder involving the muscles, nerves, and bones of the back. LBP can be characterized by discomfort, tension or muscle stiffness located in the lower portion of the spine. Several treatment modalities are proposed in the literature and currently, the kinesio taping® (KT) as a possible intervention resource for low back pain. OBJECTIVE: For a better understanding of the action of KT on low back pain and due to the scarcity and divergence of articles on the subject, this study aims to carry out a literature review in order to verify whether there is a contribution to the effectiveness of the elastic bandage in the control of low back pain. METHODOLOGY: A search was performed in the BIREME, PubMed and SciELO databases with articles of the randomized clinical trial type between the year 2015 and 2020 in English and Portuguese. The study consisted of five cutting off lines used as exclusion criteria for articles. RESULTS: Initially, 29 relevant studies were identified and retrieved in full text. Based on the inclusion criteria, only 8 randomized controlled trials were selected for this review, all considered of high methodological quality. CONCLUSION: KT can offer benefits to patients with chronic low back pain when compared to any type of intervention, but it has similar results when compared to the use of other tapes used as placebo. Likewise, use as a complementary intervention did not change pain. We encourage further randomized clinical trials to confirm these findings.

Keywords: low back pain, physiotherapy, elastic bandage and athletic tape.

1. INTRODUÇÃO

A dor lombar, ou lombalgia, pode ser caracterizada por um quadro de desconforto, tensão ou rigidez muscular localizada na porção inferior da coluna vertebral e que pode manifestar-se com a presença ou não de irradiação para os membros inferiores.1,2 Essa é uma disfunção que acomete ambos os sexos, podendo variar de uma dor súbita e intensa a uma dor sutil e permanente.3,4 Estudos epidemiológicos estimam que a prevalência da dor lombar afeta em média 80% da população mundial nas diferentes fases da vida.1,5 Sabe-se que a etiologia das dores da coluna é multifatorial e, em sua maioria, os casos estão relacionados a má postura, principalmente durante as atividades que exigem certo esforço físico.6

Diversas modalidades de tratamento são propostas pela literatura com a finalidade de anular ou amenizar a dor lombar.7 Dentre os vários recursos fisioterapêuticos, temos os programas educacionais, a cinesioterapia, a terapia manual, a estabilização segmentar, a eletroterapia, além de, atualmente, o kinesio taping® (KT) como um possível recurso para tratamento da dor lombar.5,4,8

A bandagem elástica, também conhecida por kinesio taping® é uma técnica desenvolvida no Japão, pelo quiroprata Kenzo Kase em 1973.4,6,9 Kase pesquisava os métodos de utilização de fitas elásticas com objetivo de auxiliar no processo de cicatrização de tecidos traumatizados em decorrências das atividades esportivas. Obteve grande repercussão em 1988, o qual teve sua primeira exposição durante as olimpíadas de Seul.10,11 Desde então, já foram desenvolvidos mais de vinte tipos de bandagens, chegando à bandagem atual, a Kinesio Tex Gold®.12

Esse recurso tem sido cada vez mais utilizado na prática clínica como técnica complementar a diversos outros tratamentos, podendo ser utilizada não só na fase de reabilitação, mas como prevenção de possíveis lesões.13 É utilizado nas áreas de neurologia, pediatria, geriatria e ortopedia.14

Aplicado sobre a pele, o KT constitui-se em uma bandagem adesiva funcional com fibras 100% algodão e propriedades elásticas que permitem sua melhor aderência à epiderme sem promover a imobilização. Trata-se de um material sensível ao calor, à prova d’água e não contém qualquer substância química ou medicinal em sua composição.15 A fita é capaz de se estender somente em sentido longitudinal e possui extensão de até 140% de seu tamanho original tendo uma espessura e peso similares ao da pele.16 De acordo com sua aplicação, a técnica proporciona benefícios na função muscular, articular e circulatória, podendo ser aplicada e utilizada 24 horas por dia com uma durabilidade de até 5 dias.17,18

A utilização da técnica do kinesio taping®para uso no tratamento da lombalgia pode dispor de inúmeras variações técnicas e diversas combinações. Existem basicamente dois métodos de aplicação do KT. No primeiro, a fita é fixada no sentido das fibras musculares (da origem para a inserção) com intuito de ativação ou estimulação muscular, promovendo a facilitação do movimento. No segundo método, a fita é colocada em sentido contrário às fibras musculares (da inserção para a origem), ou seja, proporciona um efeito inibitório a ação muscular, relaxando o músculo e diminuindo a tensão do mesmo.18 Os efeitos da bandagem elástica dependem da forma de aplicação, quanto menor a tensão, mais efeitos sensitivos e quanto maior a tensão, mais efeitos mecânicos são desencadeados.12,19

Segundo Matos (2002) os efeitos fisiológicos e neurofisiológicos da bandagem funcional elástica são: expansão, articular, drenagem e o analgésico. Conforme seu estudo, o efeito analgésico dá-se devido a ação da fita sob a pele, por meio das ondulações que a bandagem promove, a partir da abertura de espaços criados entre as camadas da pele, permitindo a melhora da circulação sanguínea e fazendo com que o sistema linfático flua mais livremente. Desta forma ocorre a diminuição da pressão dos receptores mecânicos dolorosos, através de uma provável ativação do sistema de inibição descrita dentro da teoria das comportas.8 Portanto, se os receptores aferentes mecânicos de limiar baixo forem mais ativos que os aferentes nociceptivos, as informações mecanorreceptivas são transmitidas, e as informações nociceptivas inibidas. 17,20

A bandagem elástica não está indicada exclusivamente para atletas ou esportistas, caso haja necessidade poderá ser aplicada em todas as faixas etárias. As bandagens também estão indicadas nos casos de fortalecimento muscular, controle de instabilidade articular, alinhamento postural e no aumento da amplitude de movimento.21

A aplicação da bandagem é contraindicada em casos de feridas abertas, sob áreas tumorais, celulites, infecções ativas de pele, trombose venosa profunda e em pacientes que possuem quadro alérgico. É preciso ter atenção especial em diabetes, doenças renais, insuficiência cardíaca congestiva e em pele frágil ou em processo de cicatrização.12

Para um melhor entendimento sobre a ação do KT na dor lombar e devido à escassez e divergência de artigos sobre o tema, este estudo visa realizar uma revisão na literatura a fim de verificar se existe contribuição na eficácia da bandagem elástica no controle da dor lombar.

O presente estudo tem como objetivo realizar uma revisão crítica da literatura sobre a eficácia da bandagem elástica no controle da dor lombar.

2. METODOLOGIA

2.1 DESENHO DO ESTUDO

Trata-se de um estudo descritivo por meio de uma revisão de literatura.

2.2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

No presente estudo, foi realizado uma revisão de literatura referente a influência da bandagem elástica kinesio taping® na dor lombar. Foram utilizados como critério de inclusão artigos do tipo ensaios clínicos randomizados publicados no BIREME, PubMed e SciELO entre o ano de 2015 até 2020 no idioma inglês e português.

Para isso, utilizamos as seguintes palavras-chaves: dor lombar, fisioterapia, bandagem elástica, bandagem funcional na língua portuguesa e “low back pain”, “physiotherapy”, “elastic bandage”, “athletic tape” na língua inglesa.

O estudo foi composto por cinco linhas de cortes que foram utilizadas como critérios de exclusão dos artigos: a primeira linha de corte excluiu artigos que não estivessem na língua inglesa e portuguesa, a segunda descartou estudos que não se enquadram no período de 2015 a 2020, a terceira excluiu artigos que não tratasse de ensaios clínicos randomizados, a quarta descartou artigos que não condizem com o tema sugerido, através do título e a quinta excluiu os artigos que impossibilitou o acesso na íntegra. Cada resumo identificado foi avaliado de forma independente por dois autores. Se pelo menos um dos autores considerasse uma das referências elegível, o texto completo era obtido para avaliação completa. Dois revisores avaliaram independentemente o texto completo dos artigos selecionados, para verificar se eles atendiam aos critérios de inclusão ou exclusão. Um terceiro revisor estava envolvido caso houvesse qualquer divergência.

2.3 AVALIAÇÃO DA QUALIDADE METODOLÓGICA

A qualidade dos estudos incluídos nesta revisão de literatura foi avaliada independentemente por dois autores com base na escala PEDro. Em caso de divergência, os autores discutiram os motivos de suas decisões e chegou-se a um consenso.

Essa ferramenta tem como finalidade mensurar a validade interna por meio da presença ou ausência de critérios metodológicos. Desenvolvida para ser empregada em ensaios clínicos randomizados, esta escala atualmente é a mais utilizada dentro da área da reabilitação. A escala PEDro é composta pelos seguintes critérios: 1) especificação dos critérios de inclusão (item não pontuado); 2) alocação aleatória; 3) sigilo na alocação; 4) similaridade dos grupos na fase inicial ou basal; 5) mascaramento dos sujeitos; 6) mascaramento do terapeuta; 7) mascaramento do avaliador; 8) medida de pelo menos um desfecho primário em 85% dos sujeitos alocados; 9) análise da intenção de tratar; 10) comparação entre grupos de pelo menos um desfecho primário; 11) relatos de medidas de variabilidade e estimativas do parâmetro de pelo menos uma variável primária.

A escala PEDro permite uma pontuação total de dez pontos. Para cada critério definido na escala, poderá ser atribuída uma pontuação de um (1) ponto quando houver a presença de indicadores da qualidade de evidências apresentada, ou zero (0) ponto quando ocorrer a ausência desses indicadores. A qualidade metodológica do estudo é avaliada através da pontuação final, ou seja, quanto mais alta for essa pontuação, melhor é a qualidade do estudo. Os escores da escala PEDro foram utilizados para caracterizar os ensaios, mas não foram usados para exclui-los da revisão.Tabela 2 apresenta os resultados da avaliação individual pela escala PEDro.

3 RESULTADOS

A pesquisa feita no banco de dados SciELO identificou um total de 5.736 documentos, no banco de dados PubMed 50.152 documentos e na BIREME identificou 178.894 documentos. Publicados em inglês e português, com restrição de data de 2015 a 2020.

Pela triagem de títulos e resumos, 29 estudos potencialmente relevantes foram identificados e recuperados em texto completo. Destes, 21 estudos não atenderam aos critérios de elegibilidade. Como mostra a Figura 1, um total de 8 artigos foram incluídos nesta revisão: dois (2) na PubMed, um (1) na SciELO e cinco (5) na BIREME. Os demais artigos foram excluídos por não atenderem os critérios de inclusão.

Dentre os estudos incluídos, a idade dos participantes variou entre 18 e 80 anos e o tamanho amostral variou entre 30 e 148 participantes. A população investigada nos ensaios clínicos foi de pacientes com dor lombar crônica de ambos os sexos. Tabela 1 resume as características dos estudos incluídos.

Através da escala PEDro todos os artigos foram considerados de alta qualidade metodológica, as pontuações dos estudos variaram de 8 a 10 pontos.

Figura 1. Organograma do processo de seleção dos estudos.

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TABELA 1: DESCRIÇÃO DOS ESTUDOS INCLUÍDOS PARA ANÁLISE.

NOME DO AUTOR, ANO.INTERVENÇÃOCOMPARAÇÃORESULTADOS
JUNIOR, M.A. L; et al. 2015GKT foi aplicado sobre o músculo eretor da espinha com 10-15% de tensão na posição alongada.GP: Micropore aplicado sobre o músculo eretor da espinha na posição alongada.

GC: este grupo não recebeu nenhuma intervenção.
O GKT mostrou resultados semelhantes ao GP nos resultados investigados em 48 horas e sete dias após. A intervenção com o KT foi superior apenas quando comparado ao GC.
PIRES, L.G; et al. 2019GKT foi aplicado em forma de \’\’I\’\’ no sentido de inserção (S1) até a origem (T12), com tensão de 10-15%, na posição de flexão de tronco. O KT foi aplicado sobre o EMG monitorando os músculos longuíssimos em nível L1.GP: tiveram uma fita cirúrgica Missner® (5 cm de largura) colocada no músculo longuíssimos. Aplicado em forma de \”I\”, na posição de flexão do tronco. A fita foi aplicada sobre o EMG, bilateralmente a coluna em direção à inserção em S1 à origem em T12.

GC: este grupo não recebeu nenhuma intervenção.
Não foram identificadas diferenças estatisticamente significativas entre os grupos. O KT não alterou a intensidade do sinal EMG dos músculos longuíssimo e iliocostal ou reduziu a intensidade da dor em pacientes com dor lombar crônica.
KAPLAN, S; et al. 2016GKT adicionado ao paracetamol (1500 mg / dia por 5 dias). A fita foi aplicada na posição de flexão lombar e foram utilizadas quatro bandas em forma de “I”.GC: recebeu apenas paracetamol.
(1500 mg / dia por 5 dias).
O KT adicionado à terapia analgésica clássica com paracetamol, é mais eficaz do que a terapia com paracetamol isolada na melhora da dor e incapacidade, durante o tratamento de dor lombar relacionada à gravidez.
WANG, D; et al.
2020
GKT aplicado sobre o ponto de dor máxima na região lombar.GP: Sham taping.No momento, não há evidências suficientes para provar o efeito do KT em pacientes com dor lombar crônica, na ADM e na incapacidade.
ABBASI, S; et al.
2020
GKT foi aplicado com tensão de 15-25% sobreposta em forma de estrela no ponto de dor máxima da região lombar, na posição sentada.GP: KT aplicado sem tensão, uma única fita em forma de “I” transversalmente no ponto máximo de dor da região lombar.O KT pode diminuir os escores de dor e incapacidade após 3 dias da aplicação. Embora a bandagem com placebo possa reduzir a dor, o efeito do KT é maior.
GKT foi aplicado com uma tensão de 10-15% na posição de flexão de tronco. Duas tiras em forma de \”I\” paralelas à coluna vertebral, no lado direito e esquerdo.GP: fita dinâmica aplicada sem tensão na posição de extensão de tronco. Duas tiras em forma de \”I\” paralelas à coluna vertebral, no lado direito e esquerdo.

GC: este grupo não recebeu nenhuma intervenção com fita adesiva.
Não foram encontradas diferenças significativas imediatas e de curto prazo entre a fita dinâmica e o KT na dor, incapacidade, mobilidade e cinesiofobia. No entanto, os participantes experimentaram melhora significativa na resistência muscular das costas após a aplicação da fita dinâmica. Esse achado sugere que a fita dinâmica controla os processos que levam à fadiga muscular das costas.
SENBURSA, G; et al.
2020
Grupo 2: KT e exercícios de estabilização. A fita foi aplicada nos músculos sacroespinhal, quadrado lombar, glúteo, médio / máximo e piriforme com tensão de 10-25%Grupo 1: técnicas de mobilização de partes moles e exercícios de estabilização.
Grupo 3: exercícios de estabilização.
Grupo 4: terapia reflexa e exercícios de estabilização.
Todas as abordagens terapêuticas foram consideradas eficazes na redução da dor e, portanto, úteis para aumentar a força e a estabilização em pacientes com lombalgia.
ADDED; M. A.N; et al
2016
GKT adicionada a fisioterapia. A fita foi aplicada bilateralmente em forma de \’\’I\’\’ no sentido de S1 até T12, com tensão de 10-15%, na posição de flexão de tronco. GP: tratamento fisioterapêutico composto por exercícios físicos e terapia manual. Os pacientes que receberam um programa de fisioterapia composto por exercícios e terapia manual não obtiveram benefícios adicionais com o uso de KT, após as 5 semanas de tratamento.
GKT: Grupo Kinesio taping; GC: Grupo Controle; GP: Grupo Placebo; KT: Kinesio Taping; EMG: Eletromiografia; ADM: Amplitude de Movimento.

TABELA 2: PONTUAÇÃO ESCALA PEDRO.

AUTORES1234567891011TOTAL
JUNIOR, M.A. L; et al. 2015SSSNNSSSSS8/10
PIRES, L.G; et al. 2019SSSNNSSSSS8/10
KAPLAN, S; et al. 2016SSSNNSSSSS8/10
WANG, D; et al. 2020SSSSSSNSSS9/10
ABBASI, S; et al. 2020SSSSSSSSSS10/10
ALAHMARI, K.A; et al. 2020SSSNSSSSSS9/10
SENBURSA, G; et al. 2020SSSNNSSSSS8/10
ADDED; M. A.N; et al. 2016SSSNNSSSSS8/10
S (sim); N (não)

4 DISCUSSÃO

Na presente revisão sistemática, o objetivo era avaliar e atualizar a melhor evidência, incluindo apenas ensaio clínico randomizado com intuito de verificar se existe contribuição na eficácia da bandagem elástica no controle da dor lombar.

Alguns estudos relatam que o kinesio taping proporcionou alívio e redução da dor lombar. Foi verificado que a aplicação da bandagem elástica funcional expõe um fator positivo para a diminuição do quadro álgico, voltado para os pacientes com lombalgia.22,23,24,25

No entanto, ADDED, et al conclui que o uso do kinesio taping não foi superior quando comparado ao grupo fisioterapêutico composto por exercícios (sejam eles gerais e/ou específicos).26

Em outro estudo, os autores compararam os efeitos do KT a um grupo placebo e grupo controle (GC), os resultados se mostraram semelhantes em 48 horas e sete dia após. A intervenção com o kinesio taping foi superior apenas quando comparado ao GC. 22

Como o uso de medicamento não foi controlado durante o período de tratamento, não se sabe se os resultados em relação a diminuição da dor e incapacidade pode ter relação ou não com o uso de algum tipo de medicamento. Os autores relataram que havia uma proporção maior de usuários de analgésicos no grupo kinesio taping, o que pode ter influenciado os resultados do estudo.22

Na pesquisa de PIRES, et al (2019), participaram do estudo 63 pacientes com prevalência do sexo feminino, apresentando dor lombar crônica inespecífica. Foi utilizado eletromiografia (EMG) dos músculos iliocostal e longuíssimo, para verificar se o kinesio taping altera a potência do sinal eletromiográfico desses músculos e se houve alguma redução da intensidade da dor em pacientes com dor lombar crônica não específica. No grupo placebo foi utilizado uma fita cirúrgica juntamente com o EMG em comparação a um grupo controle. Após as avaliações, (imediatamente pós-intervenção e 30 minutos pós-intervenção) os autores concluíram que o KT não alterou a intensidade do sinal EMG dos músculos longuíssimo e iliocostal ou reduziu a intensidade da dor em pacientes com dor lombar crônica, corroborando com a pesquisa de JUNIOR et al.27

Importante ressaltar que, as fitas foram colocadas em cima dos eletrodos EMG, no entanto, esses eletrodos eram muito pequenos e é improvável que influenciem os resultados.

KAPLAN, et al (2016), concluiu que o kinesio taping adicionado à terapia analgésica clássica com paracetamol, é mais eficaz do que apenas a terapia com paracetamol na melhora da dor e incapacidade no tratamento de dor lombar relacionada à gravidez.23

Portanto, o kinesio taping pode ser utilizado como método complementar ao tratamento para o controle efetivo da lombalgia relacionada à gravidez. Outras intervenções devem ser realizadas para o tratamento adequado do paciente com lombalgia, concordando em tese com os achados de SENBURSA e ADDED.25,26

O estudo de SENBURSA, et al (2020), participaram 90 indivíduos com dor lombar crônica. Os participantes foram randomizados em três grupos de tratamento: grupo 1, técnicas de mobilização de tecidos moles e exercícios de estabilização; grupo 2, kinesio taping e exercícios de estabilização; grupo 3, exercícios de estabilização; grupo 4, terapia reflexa e exercícios de estabilização. 25

Após acompanhamento de 4 semanas, os autores concluíram que os grupos kinesio taping e reflexoterapia apresentaram diminuição da dor durante a atividade e o relaxamento logo após o tratamento. Porém, todas as abordagens terapêuticas foram consideradas eficazes na redução da dor e, portanto, úteis para aumentar a força e a estabilização em pacientes com lombalgia.25 Os resultados deste estudo são consistentes com os achados de uma revisão sistemática anterior (NETO, M.G et al., 2017), foi relatado que os exercícios de estabilização podem fornecer maior benefício do que os exercícios gerais para redução da dor e melhora da incapacidade.28

Dois autores divergem quanto aos efeitos da utilização do KT. Destaca-se que no artigo de ABBASI (2020) foi citado que o kinesio taping com tensão de 15-25% pode diminuir os escores de dor e incapacidade após 3 dias da aplicação, quando comparado à fita aplicada sem tensão.24 Porém, nos achados de ALAHMARI, et al (2020) não foram encontradas diferenças significativas imediatas e de curto prazo entre o kinesio taping com tensão de 10-15%, quando contraposto ao método sem tensão.29

No estudo realizado por ADDED, et al (2016), participaram 148 indivíduos com predomínio do sexo feminino e dor lombar crônica. Os participantes foram randomizados em dois grupos de tratamento, ambos receberam tratamento fisioterapêutico composto por exercícios físicos (bem como, exercícios gerais e específicos) e terapia manual (incluindo mobilização articular e liberação miofascial). A decisão de usar um ou mais recursos foi pragmática, ou seja, o terapeuta decidiria quais procedimentos usar em cada sessão com base no raciocínio clínico. O grupo que recebeu fisioterapia acompanhado por kinesio taping, teve a bandagem elástica aplicada na região lombar ao final das sessões. 26

Todos os participantes foram orientados a realizar os exercícios de fortalecimento muscular em casa, uma vez ao dia (3 séries de 10 repetições para cada exercício), no entanto, esses exercícios não foram monitorados.26

Após 5 semanas de tratamento, as comparações entre os grupos não mostraram nenhuma vantagem de usar kinesio taping nesses pacientes, quando comparado ao tratamento isolado da fisioterapia.26

Por fim WANG, et al (2020), propõe o desenvolvimento de novos estudos e pesquisas na área. No presente momento não há evidências suficientes para provar o efeito do kinesio taping em pacientes com dor lombar crônica, na ADM e na incapacidade, pois as evidências encontradas são controversas, além de ensaios clínicos randomizados onde o KT é aplicado de forma isolada. 30

Uma das principais limitações do estudo é a natureza observacional. Os resultados dependeram fortemente da precisão e abrangência dos relatórios primários.

Não foi possível realizar uma comparação entre os estudos utilizados nesta revisão, devido ao fato dos autores terem utilizado forma ou técnica distinta durante a aplicação do kinesio taping. A utilização de inúmeros instrumentos para programas de avaliação e intervenção (tempo e modo de aplicação) pode comprometer as comparações. Os estudos usaram diferentes escalas para medir a intensidade da dor (EVA e NPRS)22,23,25,26,27,29,30 e incapacidade (Roland Morris Disability Index e o Oswestry Disability Index).22,23,24,25,26,27,29,30 O problema com a heterogeneidade se estende as diferentes escolhas de controle e o tempo de acompanhamento, que também foram diferentes.

De acordo com os achados dos estudos, 22,27,28 onde os desfechos encontrados foram semelhantes ao grupo placebo, não significa que não ocorreu a diminuição da dor lombar com o uso do KT, mas que sua aplicabilidade seria tão eficiente quanto o uso de outra técnica, o que não justifica sua escolha em ser a primeira linha de tratamento.

Estudos futuros precisam incluir um período de acompanhamento mais prolongado para identificar se os efeitos de longo prazo no controle da dor lombar podem ser resolvidos após a aplicação do kinesio taping. Os estudos incluídos nesta revisão avaliaram o efeito da bandagem elástica em curto prazo e nenhum teve um período de acompanhamento de maior duração.

5 CONCLUSÃO

Conclui-se que, a bandagem elástica kinesio taping pode oferecer benefício aos pacientes com dor lombar crônica quando comparada a nenhum tipo de intervenção, porém apresenta resultados semelhantes, sem diferença significativa, quando comparada ao uso de outras fitas utilizadas como placebo. Da mesma forma, seu uso como intervenção complementar não alterou os desfechos da dor. Por consequência, incentiva-se a realização de novos ensaios clínicos randomizados para confirmar esses achados, bem como, estudos com uma metodologia mais definida para um melhor contexto clínico.

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