REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.12788544
COSTA, JOÃO FÉLIX
RESUMO
O presente trabalhotrata-se da educação que não resume em abordar técnicas e metas para o desenvolvimento de uma sociedade. Buscar entender propriamente a educação faz esbarrar na interrogação que busca um sentido que seja autêntico e não tecnicista. Por isso, alçar a compreensão e a harmonia entre sociedades da ordem da natureza e da ordem metafísica para uma educação ser perfeita, ou seja, torna preciso tratar a quem pertence a educação. Além disso, partir da precisão de uma realidade possível e não de uma ideia impossibilitada. Este trabalho singelo foi elaborado a partir de uma pesquisa bibliográfica, com vários pensamentos de outrora citados pelo pensador italiano estudado. Com a pesquisa sendo realizada foi possíveldescobrir um pensamento ordenado e lógico com a percepção de inteligência e sabedoria. Possibilitou a aderença de diversidades reais para uma causa do bem comum ideal. Sendo assim,a finalidade deste trabalho é buscar formar todas as pessoas para que levem a dignidade humana acima de qualquer rótulo. Mais precisamente, ordenar a ordem natural que estamos sujeitos segundo a ordem da graça que nos espera após a morte por um modelo maior de educador que foi um dia educando.
Palavras-chave: Educação. Família. Estado. Igreja. Sentido.
INTRODUÇÃO
Em pleno século XXI, redobrados são os esforços de líderes políticos para obter resultados de interesses próprios. A jornada que não começou em quartéis, mas em escolas, fica óbvio e visível uma revolução do próprio conceito de educação durante a história. Expor a educação a determinada causa, termina causando diversos efeitos na sociedade sedenta de um sentido mais profundo e não superficial.
Vale a ressalva que o sentido de uma coisa não se encontra na própria coisa, por exemplo, o sentido do dinheiro não está no dinheiro em si, mas em comprar algo. Portanto, o sentido desta vida terrena não se encontra propriamente nela, mas fora dela. Escreve Rafael Llano Cifuentes: “Há em todos os seres humanos – muito antes da construção das pirâmides do Egito, que são monumentos construídos à imortalidade humana –, um verdadeiro instinto de eternidade, que na cultura contemporânea não teve o status intelectual que merecia” (Deus e o sentido da vida. Rio de Janeiro: Marques Saraiva, 2001, p. 31). É nesta busca de sentido fora desta vida temporal apenas que Ambrogio Damiano Achille Ratti orienta para a educação ser cristã e obter sua eficiência e eficácia.
Quando estudamos as diferentes formas de educar a pessoa humana, chamanos a atenção este modelo cristão que se preocupa em conceder ao homem o ato de elevar a sua alma, espírito e corpo. Não se trata de aprisionar o homem em questões meramente metafísicas, mas libertá-lo com a esperança passageira que o move para um futuro incerto impelido pela fé. Eis o objetivo do pensamento do filósofo italiano Ratti que aplica a educação para o fim último do homem, este que está sujeito à morte, porém, que sofre alteração para a educação cristã a terminar na vida em Deus, primeiro princípio do ser racional e ultimo fim do ser fiel.
No desenvolvimento subsequente esbarramos com a veracidade da realidade que nos cerca, todo ambiente que cada sujeito humano está inserido para sua educação singular possa se concretizar. Há pensamentos filosóficos que favorecem somente a Família e a Igreja como ambientes da Educação Cristã. Como há pensamentos filosóficos que favorecem somente o Estado Civil como ambiente da Educação, todavia não cristã.
Eis o problema em não classificar o mundo em sociedades pelas suas essências que lhe são próprias e, principalmente, não as harmonizar num conjunto favorável para uma educação que seja unicamente autêntica. Na sua parcialidade, o filósofo italiano busca harmonizar as sociedades classificando-as e as harmonizandoas para que o ambiente educacional seja eficiente e eficaz em seu fim.
No presente contexto histórico, numa sociedade dividida pela paralisia e pressa pelo materialismo e liberalismo econômico, pode-se perceber a falta de um modelo de educação que busca apresentar o que está fora do contexto histórico, mas relacionado ao eterno, esquecido e, consequentemente, lembrado durante um momento da vida pessoal.
A presente pesquisa construída pela metodologia bibliográfica que remete ao Papa Pio XI levou a uma educação que traz a memória do seu fim a todo instante na vitalidade do homem que abraça essa causa. A consulta nos escritos de Chesterton, o príncipe do paradoxo, causa grande impacto de autenticidade para a validade deste trabalho.
Dessa forma, “o fim, é o que se recebe; o objeto, que se dá; o motivo, é o porquê, a razão que determina.”. Este pequeno trecho em aspas é a fração de um dos escritos do padre francês chamado Emmanuel que não somente elenca os conteúdos deste trabalho, como traduz o fim último deste artigo cientifico. Durante a pesquisa bibliográfica a qual foi o caminho para a realização deste trabalho, percebe-se a mudança que traria vários rumos do conceito de educação pelo mundo quando surge a necessidade imediata de ordenar as características da essência de educar. As linhas escritas no decorrer do trabalho buscam trazer o verdadeiro contexto com que o autor quis elaborar seu pensamento e não criando um pretexto oriundo do orgulho humano.
A DIVINI ILLIUS MAGISTRI
Representante do Divino Mestre e autor da Divini Illius Magistri
Conhecido historicamente como Papa Pio XI, Ambrogio Damiano Achille Ratti nasceu da relação de Francisco e Teresa Galli, aos 31 de maio de 1857 na região de Milão (Itália). Foi educado por Giuseppe Volontieri, capelão da escola onde estudara seu ensino fundamental.[1]
Mediante as situações da família, muda-se para a cidade de Milão e ingressa no seminário de ginástica São Pedro Mártir, em Seveso, no mês de novembro de 1867. Depois de aí passar quatro anos, transfere-se para o seminário de Monza onde estudará por dois anos até se formar no ensino médio pelo seminário de São Carlos, em Milão.
Estudou teologia em Milão[2], todavia viveu com sua família até o ano de 1879. O jovem Achille foi transferido neste ano para Roma, onde, aos 22 anos de idade, foi ordenado sacerdote na basílica de São João de Latrão. Em 1882, formou-se em teologia pela Pontifícia Universidade da Sapienza, em Direito Canônico pela Universidade Gregoriana e em Filosofia na Pontifícia Academia de São Tomás de Aquino.
Foi vice-prefeito e prefeito da biblioteca do Vaticano convocado pelo Papa Pio X. Durante a Primeira Guerra Mundial, tornou-se Visitador Apostólico sob os olhares confiantes do Papa Bento XV[3], o qual mais tarde lhe concede o título de Núncio Apostólico pelas relações diplomáticas com a Polônia.
Não se deixando intimidar diante das invasões de tropas inimigas, o arcebispo de Varsóvia deixa claro: “Estou perfeitamente ciente da gravidade da situação, mas nesta manhã, celebrando a missa, ofereci minha vida a Deus. Sou sacerdote em todas as circunstâncias.”[4] E apenas volta a Milão para ocupar o cargo de arcebispo e a nomeação como cardeal ocorre no final de 1920.
Com a morte do Papa Bento XV, em 1922, do Conclave que reuniu 53 cardeais, 42 votaram em Achille Ratti para suceder o ministério petrino. Nas vésperas de completar 17 anos como papa, o Papa Ratti, gravemente doente, falece no dia 10 de fevereiro. Seu corpo foi posto ao lado dos túmulos de Bento XV e Pio X5.
Motivos da Divini Illius Magistri
Vivendo um tempo conturbado por mudanças pedagógicas em diversos países, Ambrogio Damiano Achille Ratti escreve a Carta Encíclica Divini Illius Magistri tendo por motivos: os problemas da educação, a falta de claros e sadios princípios e os excesso no sentido etimológico da palavra no atuar somente com as próprias forças sendo que para este pensador, a educação é o meio de se chegar a Deus recordando em seu próprio texto as palavras do Santo de Hipona, Agostinho: “Criaste-nos Senhor, para Vós, e o nosso coração está inquieto enquanto não repousa em Vós”.
De modo oculto, Ratti apresenta o ser, o fazer e o ter como essência e de suma importância para a educação, esta cristã por excelência. Sua inteligência o leva a ordenar a educação para o fim último que é o nosso primeiro princípio. Todavia, conta com a sociedade humana em seus elementos de perfeição construindo uma ideia que parte do real para o ideal e não do ideal para o real.
A educação como elevação do homem[5] se acha necessária fontes seguras para tal fim. Achille não faz uma leitura superficial até chegar à educação cristã, pois esta parte de uma ética sã[6] e de uma melhor fonte de energia da teologia central resumida no símbolo dos Apóstolos reconhecida até mesmo por um dos grandes intelectuais que a sociedade pôde conviver, o escritor inglês Gilbert Keith Chesterton.
A Divini Illus Magistri tratando acerca da educação cristã da juventude ajudanos a refletir na construção das sociedades na ordem natural e a sociedade na ordem sobrenatural, sociedades que elevam os indivíduos para o seu fim último.
A Carta Encíclica deu-se em Roma, em São Pedro, a 31 de dezembro de 1929, ano oitavo do Pontificado de Pio XI[7].
A quem pertence a educação
Primeiramente, esta elevação do ser racional é tratada partindo do social e não de modo singular. Em outras palavras, em geral duas sociedades são de ordem natural e uma de ordem sobrenatural que explicam essa construção de pensamento para se chegar à perfeição da educação[8].
As duas sociedades de ordem natural chamamos de família e sociedade civil. A primeira é o grupo de pessoas, formado esposo, por pai, mãe e filho(s), que vivem no mesmo teto[9]. A segunda sociedade da ordem natural é o agrupamento de seres que convivem em colaboração mútua[10] em relação com cada cidadão12 na sua singularidade.
À sociedade de ordem sobrenatural chamamos de Igreja, comunidade cristã organizada em torno da mesma doutrina[11]. Sabendo quem são essas sociedades, percebe-se que a filosofia que nos leva à sabedoria por meio de coisas físicas e metafísicas conhecidas, impele-nos a complicar aquilo que deveria ser o caminho para o nosso estado de liberdade.
O pensamento do filósofo estudado compara-se ao raciocínio do escritor inglês G. K. Chesterton que em seu livro “Um ensaio de duas cidades” defende que “o principal objetivo da educação deveria ser restaurar a simplicidade”. Pensar em quem
compete educar é desafiador quando há a existência de grupos defensores da educação domiciliar denominado Homeschooling e grupos pedagógicos defensores de correntes existencialistas e materialistas que contrariam a construção a fé.
Antes de costurar uma linha harmônica entre as sociedades citadas se torna importante explicar os pontos da invalidade da educação domiciliar e o erro de considerar somente a família e o estado excluindo a Igreja como participante da educação de cada pessoa.
Família
Nesta sociedade pertencente à ordem natural das coisas, encontra-se a responsabilidade da procriação e educação da prole. O Papa Pio XI ainda chama atenção que esta sociedade tem prioridade de direitos relativamente à sociedade civil, contudo a denomina de sociedade imperfeita.
Trata-se de sociedade imperfeita, “porque não possui em si todos os meios para o próprio aperfeiçoamento” (Divini Illius Magistri, p. 4). Esse aperfeiçoamento e seus meios não estão relacionados com o fim espiritual, mas com a perfeição temporal. Isto é, a ordem do bem comum.
É de suma importância ressaltar que o Papa Ambrogio Damiano reconhece a Família como comunicação de Deus em sua fecundidade e, por isso, dá à Família o princípio de educação para a vida.
Deste modo, conclui-se que a Família tem o direito anterior ao Estado. Para tal conclusão, Ratti recorre a Santo Tomás de Aquino quando este produz este raciocínio:
“O pai segundo a carne participa dum modo particular da razão de princípio que, dum modo universal se encontra em Deus… O pai é princípio da geração, da educação e da disciplina, de tudo o que se refere ao aperfeiçoamento da vida humana” (Divini Illius Magistri, p. 8). Ora, é notável que “a paternidade humana é um sinal temporal de uma realidade eterna” (Scott Hahn?)[12].
Acrescenta-se validamente o pensamento do direito inviolável, mas não despótico do Papa Pio XI. Como bem esclarece em sua Carta Encíclica, o direito é, por natureza, no entanto até que a prole esteja em condições de cuidar de si ou que chegue no estado de virtude. Desta maneira, o Papa Ratti (1929, p. 9) esclarece:
Portanto a sabedoria jurídica da Igreja, assim se exprime, tratando desta matéria com precisão e clareza sintética no Código de Direito Canônico, cân. 1113: os pais são gravemente obrigados a cuidar por todos os meios possíveis da educação, quer religiosa e moral quer física e civil, da prole, e também a prover ao bem temporal da mesma.
Não somente é um direito natural como também reconhecido que o próprio Ratti expressa em repetir nas próprias palavras da Corte Suprema da República Federal dos Estados Unidos da América do Norte: “A criança não é uma mera criatura do Estado; aqueles que a sustentam e dirigem têm o direito, unido ao alto dever, de a educar e preparar para o cumprimento dos seus deveres”[13].
Sociedade Civil
Para o pensador italiano, a Sociedade Civil é perfeita, pois esta possui todos os meios para a perfeição temporal que tem por finalidade a ordem do bem comum.
Ao Estado pertence o que Ambrogio chama de “grandíssimas vantagens”. Possuindo elementos suficientes, o Estado tem em suas mãos a faculdade de ordem e do bem comum, não tendo a referência de paternidade, mas a vantagem de promover o bem comum temporal com a paz e a segurança para as famílias gozarem de seus direitos e o bem estar espiritual e temporal16.
Neste raciocínio nascem duas funções: o proteger e o promover. Porém, de modo nenhum o Estado deve absorver a Família e o indivíduo ou fazer-lhes uma substituição. O Estado deve suprir necessidades, caso ocorra de incapacidade ou indignidade levando a deficiências e à falta de meios apropriados físicos e morais.
Com efeito, podemos concluir que a Sociedade Civil é a responsável por excelência em harmonizar a reta razão com a fé. Esta tem poder e meios de educar a juventude na esfera moral, ética e religiosa. Ao olhar de Ratti, esta deve relacionar-se com a Igreja para se chegar à perfeição do seu objetivo temporal que relaciona, ainda que de modo particular, com o objetivo espiritual da educação cristã.
A Igreja
Na ótica de Achille, esta sociedade sobrenatural e universal, sociedade perfeita porque reúne em si todos os meios para seu fim último que é a salvação eterna dos homens, ou seja, a suprema ordem. Neste caso, concebe que a educação é o homem individual e socialmente na ordem da natureza e da graça[14].
Sendo a mais importante das três sociedades, esta, por si, recebeu dois títulos superiores a qualquer título da ordem natural citados na Carta Encíclica Divini Illius Magistri: Sobreeminente e Maternidade Sobrenatural.
O título que equivale a mais que eminente se dá pelo próprio Deus que confiou a sua doutrina a este magistério. Para isto, o pensador não somente recorre ao texto evangélico[15] como recorre às palavras do Papa Pio IX ao descrever que:
(A Igreja) foi constituída pelo seu Divino Autor coluna e fundamento de verdade, a fim de que ensine aos homens a fé divina cujo deposito lhe foi confiado para que o guarde íntegro e inviolável, e dirija e prepare os homens, as suas associações e ações em ordem à honestidade de costumes, integridade de vida, segundo a norma da doutrina revelada[16].
O título de Maternidade Sobrenatural, a Igreja o recebe ao fazer o indivíduo nascer pelas águas do batismo para a eternidade da vida e nutrir com seus sacramentos até o fim último do homem: a salvação. Como Mãe, a Igreja sendo Esposa Imaculada de Cristo tem sua missão de educar e desempenhar seu papel. Em relação a isso, o pensador italiano (1929, p. 5) escreveu:
E por necessária consequência a Igreja é independente de qualquer autoridade terrena, tanto na origem como no exercício da sua missão educativa, não só relativamente ao seu próprio objeto, mas também acerca dos meios necessários e convenientes para dela se desempenhar. Por isso em relação a qualquer outra disciplina, e ensino humano, que considerado em si é patrimônio de todos, indivíduos e sociedades, a Igreja tem direito independente de usar dele, e sobretudo de julgar em que possa ser favorável ou contrário à educação cristã. E isto, já porque a Igreja, como sociedade perfeita, tem direito aos meios para o seu fim, já porque todo o ensino, como toda a ação humana, tem necessária relação de dependência do fim ultimo do homem, e por isso não pode subtrair-se às normas da lei divina, da qual a Igreja é guarda, interprete e mestra infalível.
Ao apreciar para a educação com o olhar voltado para a eternidade, o objetivo de Ambrogio em sua Carta Encíclica encontra sua essência singular e inegociável doque é a Igreja, Mãe que se preocupa em ensinar e nutrir seus filhos e até mesmo os que não creem na salvação eterna.
Não é preciso raciocinar muito para interrogar sobre as diversas correntes filosóficas que influenciam os Estados e seus deveres. Acordos entre a Igreja e o Estado devem acontecer para harmonizar a busca de conseguir um fim através dos meios que competem a essas duas sociedades que se distinguem em suas ordens, uma sendo natural e outra sobrenatural. O raciocínio do Papa XI (1929 apud SILUIO ANTONIANO, 1584, p. 14) leva-nos a crer que:
quanto mais o governo temporal se coordena com o espiritual e mais o favorece e promove, tanto mais concorre para a conservação do Estado. Pois que, enquanto o superior eclesiástico procura formar um bom cristão com a autoridade e os meios espirituais, segundo o seu fim, procura ao mesmo tempo e por necessária consequência formar um bom cidadão, como ele deve ser sob o governo político. O que verdadeiramente se dá, porque na Santa Igreja Católica Romana, cidade de Deus, é absolutamente uma e a mesma coisa, o bom cidadão e o homem de bem. Pelo que grave é o erro daqueles que separam coisas tão unidas e pensam poder conseguir bons cidadãos por outras normas e por meios diversos daqueles que contribuem para formar o bom cristão. Diga-se portanto, discorra a prudência humana como lhe aprouver, que não é possível que produza verdadeira paz e tranquilidade temporal, tudo o que repugna e se afasta da paz e felicidade eterna.
O ambiente da educação
Embora seja utopia, é possível que se tenha uma educação perfeita. Esta é resultado de todos elementos que atingem seus objetivos para o bem comum do ser humano[17].
Para que uma educação seja perfeita é necessária que esta se inicie na Família Cristã[18], onde a ordem e a disciplina dominam para a elevação da prole. A busca de virtudes não somente em prol da vida eterna como da vida temporal em seus ofícios inicia-se na Família Cristã que tem as virtudes providas pela própria imitação de Cristo, Aquele que pregou a maior virtude na cruz.
A Igreja e suas obras educativas estão no caminho para a perfeição da educação do indivíduo[19]. Não somente se vive a irmandade neste meio como aprende-se dividir com os fartos para multiplicar aos necessitados. Este resultado, que parte da educação cristã, é a ajuda da Igreja em propagar que Deus pode tirar de um mal um bem muito maior.
A Escola[20] fazendo parte da educação da pessoa humana deve ser harmônica para se chegar à educação perfeita. Ela é o ambiente em que se não constituir uma moral que não some com o poder da Família e da Igreja pode ser obra de destruição, pois “quando a educação literária, social, doméstica, religiosa, se não harmonizam mutuamente, o homem é infeliz e impotente” (RATTI, 1929, p. 20).
Encontra-se neste último ponto o problema da escola laica e mista, pois não somam com a religião por essência. Por isso, Achilli Ratti procura encorajar a ação católica não por partidarismo político, mas por consciência de harmonizar o cristianismo em relação à educação dos educandos que são os futuros educadores.
A metodologia para chegar na finalidade da educação segundo o filósofo italiano consiste em encontrar os valores da vida e da sociedade. Os escritos de Ambrogio consistem em explanar os valores da vida em relação a fé que impele a eternidade, onde está o fim do ser humano que abraça a causa da educação cristã.
Saber o fim da existência, saber a finalidade da política e saber relacionar ambos ambientes em prol de uma metafísica que ajudará a agregar o bem para o senso comum, eis o método de educar para quem abraça a finalidade do eterno sem esquecer do temporal.
A finalidade da educação segundo Ambrogio Ratti Descreve Sua Santidade (1929, p. 24):
“Precisamente por isso a educação cristã abraça toda a extensão da vida humana, sensível, espiritual, intelectual e moral, individual, doméstica e social, não para diminuí-la de qualquer maneira, mas para a elevar, regular e aperfeiçoar segundo os exemplos e doutrina de Cristo.[21]
A respeito disso, a educação cristã deve formar o verdadeiro cristão para a eternidade, consequentemente formar o cidadão mais nobre e útil como descreve o próprio pensador (1929, p. 25):
em vez de renunciar às obras da vida terrena ou diminuir as suas faculdades naturais, antes as desenvolve e aperfeiçoa, coordenando-as com a vida sobrenatural, de modo a enobrecer a mesma vida natural, e a procurar-lhe utilidade mais eficaz, não só de ordem espiritual e eterna, mas também material e temporal.[22]
Por fim, a finalidade está em tornar Jesus de Nazaré mestre e modelo de educação. Este homem que acalmará o coração inquieto do educando envolvido na espiritualidade inserido na realidade e no estado civil que o cerca[23].
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Pensar na educação de alguém é desafiador na medida em que pensamos no seu fim. O sentido de educar alguém é um problema na relativização do absoluto pela sociedade que nos cerca. O relativismo nos faz contentar com a superficialidade, fazendo surgir outros rumos desnorteando o sentido ideal que pode ser alcançado no caminhar pelo real.
Inúmeros são os educadores que registraram e registram na história da sociedade sua notória forma pedagógica ou contribuem com trabalhos pedagógicos, entretanto poucos foram os educadores que registraram seu notório pensar pedagógico referindo-se ao sentido do nosso ser racional e ideal para nossa existência.
Ao considerar positivos os resultados dados aos estudos dos escritos do filósofo italiano, nota-se que a pedagogia não se limita aos métodos de ensinar, mas abrange, constitui e se denomina a “ciência do ensino” (Houaiss, 2011, p. 709). Ciência que está ligada à educação que forma o ser racional, este que se constitui numa constante e ilimitada progressão educacional.
Frutuoso e fundamental apresenta-se a necessidade de estudar de forma profunda autores que não são expoentes da educação no Brasil. Todavia, encontrar vários pensadores que marcaram a história da sociedade e que comentaram sobre educação foi válido e preciso para a elaboração deste trabalho.
Para alçar o objetivo desta pesquisa foi preciso consultar autores que não estavam relacionados com as ideias do Papa Pio XI. Não apenas para a elaboração do presente trabalho, mas ter consultado nomes como Gilbert Chesterton e Rafael Cifuentes fizeram a educação ter a exaltação que merece e mostrar seu fim que é principal objetivo desta pesquisa.
Os resultados obtidos da pesquisa bibliográfica consistiram em novas ações propriamente católicas de células para incentivar e dar sentidos aos métodos e os resultados dos métodos em prol de formar bons cidadãos que tendem a ser eleitos e herdeiros de uma eternidade que os espera.
REFERÊNCIAS
CIFUENTES, Rafael. Deus e o sentido da vida. 1ª edição, Rio de Janeiro:Marques Saraiva, 2001.
VATICANA, Libreria Editrice. Pio XI. Disponível em:<http://www.vatican.va/content/pius-xi/it/biography/documents/hf_pxi_bio_20070330_biography.html>, Acessado em: 15/05/2021.
VATICANA, Libreria Editrice. Divini Illus Magistri. Disponível em < http://www.vatican.va/content/pius-xi/pt/encyclicals/documents/hf_pxi_enc_31121929_divini-illius-magistri.html>, Acessado em: 15/05/2021.
GILBERGUES, Padre Emmanuel. O Marido, o Pai e o Apóstolo. 1ª edição, São Paulo: Caritatem, 2018.
CHESTERTON, Gilbert. Ortodoxia. 1ª edição, Campinas: Ecclesiae, 2013.Dicionário Houaiss Conciso. 1ª edição. São Paulo: Moderna, 2011.
CHESTERTON, Gilbert. Considerando todas as coisas. 1ª edição, Campinas: Ecclesiae, 2013.
HAHN, Scott. Trabalho ordinário graça extraordinária: a minha jornada espiritual no Opus Dei. 1ª edição, São Paulo: Quadrante, 2007.
[1] VATICANA, Libreria Editrice. Pio XI. Disponível em: <http://www.vatican.va/content/piusxi/it/biography/documents/hf_p-xi_bio_20070330_biography.html>, Acessado em: 15/05/2021.
[2] Biografia PIO XI (1857-1939)
[3] Biografia PIO XI (1857-1939)
[4] Biografia PIO XI (1857-1939) 5 Biografia PIO XI (1857-1939)
[5] No sentido metafísico explicado pelo Padre Emmanuel Gilbergues em sua obra O Marido, o Pai e o Apóstolo, 1901, p. 52.
[6] Chesterton, G.K. Ortodoxia. p. 30.
[7] PIO XI, Papa. Divini Illus Magistri, p. 2.
[8] PIO XI, Papa. Divini Illus Magistri, p. 4.
[9] Dicionário Houaiss Conciso, p. 424.
[10] Dicionário Houaiss Conciso, p. 870. 12 Dicionário Houaiss Conciso, p.198.
[11] Dicionário Houaiss Conciso, p. 512.
[12] Hahn, Scott. Trabalho ordinário graça extraordinária.
[13] U. S. Supreme Court Decision in the Oregon School Cases, June 1, 1925. 16 Divini Illus Magistri, p.11.
[14] PIO XI, Papa. Divini Illus Magistri, p. 5.
[15] Mateus 28, 18-20
[16] Pius IX, Ep. Quum non sine , 14 Iul. 1864.
[17] PIO XI, Papa. Divini Illus Magistri, p. 18.
[18] Divini Illus Magistri, p. 8.
[19] Divini Illus Magistri, p. 10.
[20] Divini Illus Magistri, p. 12.
[21] Divini Illus Magistri, p. 24.
[22] Divini Illus Magistri, p. 25.
[23] Divini Illus Magistri, p. 26.