A CORRELAÇÃO DE APRENDIZAGEM E HABILIDADE SOCIAL UMA PESQUISA BIBLIOGRÁFICA.

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10838720


Divaldo de Canavarros de Abreu Junior1
Paula Helena Gomes de Moraes Ruiz2


RESUMO

O presente artigo é uma pesquisa bibliográfica que se constituiu de uma investigação de artigos de pesquisas científicos no âmbito nacional com intuito de apontar os resultados obtidos na correlação de aprendizagem e Habilidade social, apontando assim variáveis de influência dessas áreas distintas e suas possíveis comorbidades, ainda apontando os instrumentos utilizados com mais freqüência nas pesquisas no âmbito nacional, público pesquisado e resultados obtidos. Traçando assim os rumos a serem ainda investigados para uma maior compreensão do tema.

PALAVRAS-CHAVE: 1 Aprendizagem. 2 Habilidade Social. 3 Comportamento. 4 Correlação.

INTRODUÇÃO

 Dentro do mundo atual moderno a sociedade tem se tornado cada vez mais globalizada e está globalização que é econômica em primeiro momento se torna com o decorrer do tempo uma exportadora de padrões culturais e logo de comportamento, influenciando o modo de se comportar e de se interpretar perante a norma cultural do que é bem sucedido e o que é classificado como fracasso no ponto de vista de comportamento aceito socialmente.

Essa classe de comportamento que denomina-se Habilidade Social vem sendo estudada por diversas áreas de conhecimento com o viés de averiguar a influência direta e indireta em de déficit comportamentais e comorbidade de transtornos mentais diversos, cito como exemplo transtorno de ansiedade generalizada, transtorno de pânico e transtorno depressivos e outros.

Estudos recentes em Habilidade social tem se esforçado para sistematizar os termos e as definições do campo a ser estudado, o Brasil tem dado grande contribuição com publicações nessa área, principalmente na influência da Habilidade Social na aprendizagem ou em comportamentos desviantes. Faz-se necessário discorrer sobre a base histórica dos estudos da Habilidade social e as definições do que aqui se entende como habilidade social, competência social, aprendizagem e comportamento, para tornar claro o decorrer do artigo.

1. Base Histórica dos Estudos das Habilidades Sociais.

Muitos autores entendem os estudos de Habilidades sociais como uma área que dá seguimento às pesquisas realizadas na área de Treinamento Assertivo, que surge na por volta do final da década de 40 e início da década de 50 e se afirma com grande força e diversas publicações na década de 70.

Muitos autores contribuíram para a aceitação e desenvolvimento do Treinamento Assertivo. Entre outros pode se citar Eisler, Miller e Hersen (1973), Rimm e Master (1974) e Harold, Dawley e Wenrich (1976), (Z. Del Prette & A. Del Prette, 1999). Estes estudos criaram um paradigma e um arcabouço teórico que dá consistência a uma área de estudo que veio somar e fundamentar teoricamente os estudos de Habilidades Sociais.

Quase concomitantemente ao nascimento do Treinamento Assertivo nos Estados Unidos, um novo movimento se inicia na Inglaterra, mais precisamente na Universidade de Oxford, com Argyle e outros pesquisadores associados, disseminando o uso do termo “Habilidades Sociais”. O interesse de Argyle pelas interações sociais, especialmente na Psicologia Social do Trabalho, remonta a década de 60, quando o autor aplicou o conceito de Habilidades às interações Homem-Máquina, fazendo a analogia com esses sistemas a partir de suas características de processamento de informação, tais como percepção, a decodificação e a resolução de problemas (Z. Del Prette & A. Del Prette, 1999. p 28).

Alguns autores acreditam na equivalência de Habilidades Sociais e Treinamento Assertivo, muito embora nos tempos atuais tem se utilizado com maior frequência Treinamento de Habilidades Sociais.

Segundo Z. Del Prette & A. Del Prette (1999), embora o Treinamento de Habilidade social e Treinamento Assertivo sejam abordagens voltadas para o comportamento social, o primeiro possui um campo teórico, mais complexo, incorporando novos conceitos atingindo um escopo mais amplo. fica claro que apesar das divergências de diferentes autores sobre se Treinamento Assertivo e Habilidades Sociais se são equivalente, o que fica evidente é que o campo de estudo é o mesmo é a relação social e suas consequências.

2. Habilidade Social.

Existe um número grande de definições do que é habilidade social, e muitas delas discordantes, outras mais complexas e que engloba um número de fatores a mais do que as outras porém aqui escolhemos três definições que acreditamos ser complementares e que nos satisfaz para o trabalho proposto.

Pode se definir habilidades sociais, enquanto constructo descritivo, como o conjunto dos desempenhos apresentados pelo indivíduo diante das demandas de uma situação interpessoal, considerando-se a situação em sentido amplo, que inclui variáveis da cultura (Z. Del Prette & A. Del Prette, 1999. apud Argyle, Furnahm e Graham, 1981). Observe que nesta definição que é um tanto sucinta, porém engloba dois aspectos muito importantes a ser considerado aqui, o primeiro é considerar habilidade social como um conjunto de desempenho, aspecto este que nos ajuda em uma possível pesquisa aferir esta classe de comportamento pelo número de resposta emitida por um determinado sujeito em determina interação ou pela ausência da emissão de resposta, outro aspecto importante que o autor cita mas não se aprofunda são as variáveis culturais que deve em uma possível pesquisa ou análise nos fornece informações para entendermos se o determinado comportamento faz parte da norma cultural ou se podemos considerar como excesso ou a falta de repertório de resposta socialmente aceita por determinado grupo.

A capacidade complexa para emitir comportamentos ou padrões de resposta que otimizem a influência interpessoal e a resistência à influência social não desejada (eficácia nos objetivos), enquanto, ao mesmo tempo, otimizar os ganhos e minimizem as perdas  na relação com o outro (eficácia na relação) e mantenham a própria integridade e sensação de domínio (eficácia no respeito próprio) (Caballo,2012, p. 6. apud Linehan, 1984, p. 153). Nesta definição mais complexa do que a anterior é possível observar que um dos aspectos que o autor dá ênfase é a relação interpessoal e os seus ganhos e eficácia nas relações, tornando assim a vida em grupo mais produtiva e menos dolorosa, e o outro aspecto considerado nesta definição é o controle das variáveis comportamentais pelo sujeito o que o autor denominou como “respeito próprio” aqui podemos interpretar o “respeito próprio” como ter a sensação de controle do ambiente e das relações que se estabelecem de forma satisfatória. Esta definição nos ajuda a compreender e delimitar em possíveis estudos sobre o tema que a habilidade social pode ser aferida pela qualidade da relação interpessoal que o sujeito mantém com outros sujeitos, porém esta definição deixa uma lacuna importante ao ignorar o aspecto cultural da habilidade social.

A capacidade complexa de emitir comportamentos que são reforçados positiva ou negativamente, e de não emitir comportamentos que são punidos ou extintos pelos demais (Caballo, 2012, p 5. apud Libert e Lewinsohn, 1973, p 304). Esta definição engloba fatores importantes que são as consequências que se segue após a emissão de determinada resposta que irá aumentar ou reduzir a probabilidade de a mesma resposta ocorrer em outra oportunidade semelhante, levando em consideração os estímulos discriminativos sociais e a experiência de vida individual de cada sujeito.

Tendo citado três definições do que é Habilidade Social, fica claro que a missão de chegar a uma única definição é impossível no momento, e nem nos estenderemos nesse objetivo, tendo em vista que estas definições são complementares e que com estudos futuros na área com maior delimitação do campo de estudo das Habilidades Sociais, irão aperfeiçoando e lapidando as definições. Mas para o objetivo do presente artigo estas três definições que se complementam é o suficiente para elucidar o que aqui se entende como habilidade social. 

3. Competência social.

Para Caballo (2012), Competência Social é um conceito amplo que inclui o de Habilidades Sociais e o de comportamento adaptativo. A competência social tem sido frequentemente utilizada por alguns autores como uma variável para avaliar níveis de ajustamento e adaptação.

Esses autores (Garmezy, Masten & Tellegen, 1984; Kliewer, 1991; Luthar & Ziegler, 1991; Mondell & Tyler, 1981; Waters & Sroufe, 1983; Zigler & Trickett, 1978), entendem a competência social como a habilidade da pessoa para perceber as demandas do ambiente e o esforço com o objetivo de adequar seu próprio comportamento à situação (Cecconello & Koller, 2003). Tendo assim a busca de ter resultados satisfatórios nas relações ou minimizar as perdas na relação ou sofrimento decorrente dessas interações.

Para Z. Del Prette & A. Del Prette, (1999) o conceito de competência social relaciona-se com o de déficit de comportamento, citando ainda Del Prette, Del Prette e Branco (1992), supõem se um déficit não apenas pela ausência de um comportamento específico, mas também quando um comportamento emitido em direção a um determinado objetivo não atinge certos índices de competência. Ou seja, mesmo tendo emitido determinado comportamento em determinada situação, por não atingir um resultado suficientemente satisfatório pode ser considerado uma baixa competência social.

Porque aqui se faz necessário discorrermos um pouco sobre o que é competência social? Devido à necessidade de entendermos se os sucessos do aluno nas relações interpessoais influenciam diretamente no ambiente educacional, ou seja, comportar apenas não é suficiente, comportar com certa competência social pode tornar o ambiente mais propício a receber gratificações dos interlocutores do sujeito aumentando assim a probabilidade de determinado comportamento vir a ocorrer novamente, tornando o espaço educacional mais agradável e propício a ocorrer o comportamento de aprender. 

A competência social na escola tem sido alvo de uma atenção especial. A investigação nesta área tem mostrado que a competência social se relaciona fortemente co à realização acadêmica. Os alunos com dificuldades de aprendizagem e os alunos com um rendimento normal apresentam enormes diferenças na competência social (M.S. Lemos & H.I. Meneses, 2002). Tendo isto posto, acreditamos na influência dos resultados apresentados pelo sujeito e com a participação direta dos orientadores na condução de cada caso analisado individualmente para que possa auxiliar no desenvolvimento da aprendizagem.

Fica evidente que a competência na área acadêmica é um objetivo fundamental a ser alcançado e desenvolvido e ainda mais em idade escolar, dando assim um grande indício do funcionamento global e social e de adaptação do comportamento do sujeito em desenvolvimento na vida. Para M.S. Lemos & H.I. Meneses (2002) O esclarecimento da natureza e do percurso de desenvolvimento dos déficits de competência social, nomeadamente nos alunos com dificuldades de aprendizagem e de baixo rendimento escolar, é essencial dispor de uma tecnologia de avaliação.

Estudos na área tem dado grande ênfase no aperfeiçoamento de instrumento de avaliação de competência social, fazendo se assim uma área de estudo distinta da área de habilidade social, tendo diversos tópicos em comum e que se influenciam mutuamente mais ficando claro uma distinção no objeto a ser estudado.

Para Z. Del Prette & A. Del Prette, (2006), diferencia Competência social e Habilidade social conforme destacado:

A Competência social refere-se à emissão de um comportamento ou sequência de comportamentos em sua situação social qualquer. Já o termo habilidades sociais aplica-se à noção de existência de diferentes classes de comportamentos sociais no repertório do indivíduo para lidar com as demandas das situações interpessoais. A competência social tem sentido a avaliativo que remete aos efeitos de desempenho das habilidades nas situações vividas pelo indivíduo.

Tendo está definição clara e delimitando o campo de estudos e objetos a serem estudados é importante salientar que áreas distintas principalmente estas citadas se influenciam no avanço dos estudos na construção de paradigmas e instrumentos a serem usados como ferramentas para aferir o objeto estudado, apenas faz se necessário ter a delimitação do que é Competência social e o que é habilidade social.

4. Comportamento.

Antes de definir o que é comportamento faz se necessário discorrer sobre os Três tipos de comportamento. O primeiro é o Comportamento Inato. Este envolve comumente o ambiente. O recém nascido é construído de forma a ingerir ar e comida e a expelir resíduos. respirar, mamar, urinar e defecar são coisas que um recém nascido faz (Skinner, 2006, p 33). Portanto são habilidades inatas do sujeito de se interagir com o mundo sem um aprendizado prévio. Comportamento este entendido como filogenético ou seja transmitido pela espécie de forma hereditária com o intuito de aumentar a probabilidade de sobrevivência da espécie. A outra forma é o comportamento Respondente para um definição mais clara cito:

Uma outra característica das espécies animais também desenvolvida ao longo de suas história  filogenética, de grande valor para sua sobrevivência, é a capacidade de aprender novos reflexos, ou seja, a capacidade de reagir de forma diferente a novos estímulos. Durante a evolução das espécies, elas “aprenderam” a responder de determinadas maneiras a estímulos específicos de seu ambiente (Moreira & Medeiros, 2007. p 29).

São o que conhecemos como reflexo condicionado ou comportamento respondente, são habilidades novas que o nosso organismo aprende para responder e se adaptar em um novo ambiente ou uma nova situação, normalmente necessita mais de uma exposição ao novo ambiente ou situação. É de fundamental importância entendermos o comportamento respondente por estar intimamente ligado a explicação de diversos excessos ou déficit comportamental, principalmente os relacionados aos transtornos de ansiedades e relações interpessoais. relações está que consideramos de fundamental importância para o desenvolvimento da aprendizagem seja ela no âmbito acadêmico ou no transcorrer do dia a dia rotineiro do indivíduo.

O comportamento Inato ou reflexo incondicionado e o Comportamento respondente ou reflexo condicionado nos ajuda a entender um processo de aprendizagem do comportamento porém fica faltando ainda uma lacuna complementar para que possamos compreender o todo da aprendizagem. essa lacuna é preenchida pelo que conhecemos como comportamento operante ou aprendizagem operante.

O Comportamento Operante que pode ser definido como: 

O comportamento Operante é aquele que produz mudanças no ambiente e é afetado por elas. Compreender o comportamento operante é essencial para saber como os organismos aprendem. O tempo todo estamos nos comportando; alguns desses comportamentos produzem um tipo especial de conseqüências chamada reforço. dizemos que uma conseqüência é um reforço para o comportamento quando ele aumenta a probabilidade de sua ocorrência e, nesse caso,  chamamos o  estímulo produzido pelo comportamento de estímulo reforçador  (Moreira & Medeiros, 2007. p 89).

O efeito que aqui chamamos de estímulo reforçador aumenta a probabilidade de ocorrência do comportamento está intimamente ligado ao processo de aprendizagem, ou seja, um sujeito aprendeu a fazer algo quando observamos um aumento na frequência de um determinado comportamento.

A interação dessas três formas de comportamento  influenciam diretamente o processo que conhecemos como aprendizagem, tornando assim um paradigma sólido a abordagem teórica que chamamos de Behaviorismo radical, tendo modelos metodológico claros e precisos para contribuir nas pesquisas na área de aprendizagem e conseqüentemente nas outras áreas que surgem como por exemplo a Psicopedagogia entre outras.

5. Aprendizagem.

O que aqui entendemos e como aprendizagem é um processo que ocorre no organismo sempre que é necessitado se adaptar ou conhecer um novo ambiente ou problemática. essa é uma definição que talvez não contemple todo os fenômenos que ocorrem nesse processo que conhecemos como aprendizagem.

Para Catania (1999), é importante encarar o fato de que não seremos capazes de definir a aprendizagem. Não há definições satisfatórias. Ainda assim, podemos estudar a aprendizagem. Fazemos isso sempre que observamos como os organismos vêm e se comportam de maneiras novas.

Mesmo chegando a essa conclusão da difícil ou talvez não satisfatória ainda uma definição que contemple os aspectos mais amplo para dizermos o que é este fenômeno denominado aprendizagem Catania (1999) ainda prossegue cito:

A aprendizagem é uma questão central na Psicologia. Perguntar-se o que um organismo pode aprender é o mesmo que perguntar-se o quanto o seu comportamento depende de suas história de evolução e o quanto depende do que ele experimentou durante sua vida. Estudos sobre aprendizagem têm abrangido tanto os procedimentos relativamente simples com animais quanto as complexidades da linguagem humana e da resolução de problemas.

Tem se discutido mais os métodos e os resultados de pesquisas sobre a aprendizagem do que tentando definir de forma que englobe todos os aspectos deste fenômeno. é importante aqui então entendermos mesmo que não seja uma definição completa que englobe todos os aspectos. Que a aprendizagem é um fenômeno que o ocorre no organismo sempre que ele entre em contato com contingências do ambiente ou verbais, provocando assim reações que resultam em um novo comportamento do organismo, sendo esse novo comportamento sujeito a mudar com certa freqüência sempre que as contingências ambientais ou verbais assim mudarem. Para os fins deste artigo acreditamos ser uma definição que nos contemple.

METODOLOGIA

Trata-se de revisão bibliográfica, sobre a correlação entre Aprendizagem e Habilidade Social. Em se tratando de pesquisa bibliográfica, esta consiste na identificação de fontes secundárias que já foram publicadas, na forma de artigos, revistas, livros, que colocam o pesquisador diante do que já foi escrito sobre determinado assunto permitindo também, explorar novos caminhos e novas áreas sobre o assunto (SCHMIDT; DANTAS; MARZIALE; LAUS, 2009). 

Para a realização deste trabalho, foram efetuadas buscas de artigos científicos em publicações online, que continham o tema descrito neste estudo, publicados no Brasil. Foram descartados aqueles que não apresentavam o assunto relacionado ao tema e que não estavam publicados na língua portuguesa.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Ocorrida a busca, foram selecionados 6 artigos científicos. As revistas científicas, tais como a Psico- USF, três publicações,  Revista Psico, Revista Temas em Psicologia e Revista Estudos de Psicologia foram encontrados uma publicação cada de artigos científicos encontrados referente ao tema proposto.

Na procura de publicações referente ao tema no âmbito nacional foi possível observar as poucas publicações em periódicos científicos e a concentração dos mesmos autores estarem envolvidos diretamente nas pesquisas encontradas, o que indica a necessidade de uma maior atenção a pesquisas sobre o tema.

A idade dos alunos sujeitos das pesquisas mais encontradas nos artigos científicos variaram tendo a mais baixa 7 (sete) anos e a mais alta 13 (treze) anos, o que em vias de regra corresponde ao que conhecemos como ensino fundamental, porém não sendo explícito em nenhum dos artigos a classe freqüentada por cada um e sim a idade dos referidos sujeitos e dos grupos estudados variando de artigo.

Três artigos o que equivale a 50% dos artigos pesquisados em seu experimento utilizou grupo controle e avaliação posterior e os outros três outros 50%  não recorreu de tal procedimento. Procedimento este que metodologicamente tem muito a acrescentar na pesquisa pois tem duas amostra para ser comparadas e analisadas a que sofreu um determinado procedimento e outra que não tenha passado por nenhum procedimento amostra equivalente ao natural.

Os instrumentos mais utilizados nas avaliações. Em 4 (quatro) artigos foi o Sistema de Avaliação de Habilidades Sociais (Social Skills Rating System, ou SSRS). O SSRS é um sistema de avaliação de habilidades sociais, problemas de comportamento e competência acadêmica de crianças desenvolvido e validado nos Estados Unidos por Greshman e Elliott no ano de 1990 (Bandeira, Rocha, Souza, Z. Del Prette e A. Del Prette, 2006). Esse instrumento foi traduzido e validado no Brasil, para crianças de 1ª a 4ª série por Bandeira, Rocha, Souza, Z. Del Prette e A. Del Prette no ano de 2003 (Del Prette,2006).

Nos 4 (quatro) artigos que foram utilizado o instrumento SSRS, foi possível encontrar um índice sendo  80% o mais baixo e 90% o mais alto,  dos alunos tidos como problemáticos ou seja aquele tenha queixas dos professores por não prestar atenção às aulas ou de conversas paralelas com colegas e horários impróprios, interação de forma física em vês da verbal com colegas de sala e com dificuldades em assimilar o conteúdo ministrado em sala de aula, esses alunos apresentaram um índice alto na escala SSRS. O que pode ser um indicativo de que existe uma correlação entre baixa habilidade social e dificuldade na aprendizagem. destes 4 (quatro) artigos 3 (três) recorreram ao grupo controle e 2 (dois) em treinamento de habilidade social e avaliação posterior com o mesmo instrumento SSRS, e o desempenho acadêmico. Foi possível constatar que nos grupos que  passaram por treinamento ouve melhoras tanto no desempenho de habilidade social na interação com os colegas de sala e com os professores, como também no desempenho acadêmico, na comparação com a avaliação da linha de base das referidas pesquisas teve um aumento no índice de habilidade social teve um acréscimo do que o instrumento considera como comportamento habilidoso em torno de 25% de aumento. Porém vale ressaltar que apesar da melhora dos índices, de habilidade social e desempenho acadêmico que foi medida por notas anteriores ao procedimento e posterior não é frisar que o baixo desempenho acadêmico esteja ligado a um déficit de aprendizagem ou uma outra causa patológica, e sim afirmar que com o aumento dos comportamentos socialmente habilidoso do sujeito as suas interações com os colegas e professores ajudaram a melhoria da sua vida acadêmica apresentando assim índices melhores de notas.

As interações sociais satisfatórias da criança, com colegas e professores, requerem um repertório adequado de habilidades sociais, ou seja, de diferentes classes de comportamentos sociais para lidar de maneira adequada com as demandas das situações interpessoais (Z. Del Prette & A. Del Prette,1999). Provável que o baixo índice acadêmico esteja ligado como mostra os números nos referidos artigos a baixa habilidade social e a qualidade da relação interpessoal devido a este fator. isso fica claro com os números apresentados na linha de base e na avaliação posterior ao treinamento de habilidades sociais.

Outro instrumento utilizado em  2 (dois) dos 6 (seis)  artigos pesquisados foi o estilo parental de Gomide IEP, que fornece no final um índice que reflete a força das sete variáveis do modo de educar dos pais. em ambos os artigos foram também utilizados outros dois instrumentos em comum o Social Skills Rating System, ou SSRS e o Inventário de depressão de Beck.

o Inventário de Beck que consiste em apontar para três características presentes no comportamento do indivíduo com depressão: a) visão negativa em relação a si, ao mundo e ao futuro; b) a partir destas visões desenvolvem-se padrões cognitivos mais ou menos estáveis determinantes dos comportamentos que serão por ele emitidos; c) apresenta erros cognitivos como hipergeneralização e raciocínios dicotômicos (péssimo/excelente) (Gomide, Salvo, Pinheiro & Sabbag apud Beck, Rush, Shaw & Emery, 2005). 

Nas referidas pesquisas o instrumento estilo parental de Gomide IEP, o inventário de Beck para depressão foram aplicadas aos pais e o SSRS foram aplicadas aos filhos, com a intenção de correlacionar as práticas parentais e um possível transtorno mental dos pais ao desenvolvimento de habilidade social nos filhos e o desempenho acadêmico.

O que se apresentou nos referidos instrumentos foi que e 84%  dos pais que se submeteram ao instrumento estilo parental de Gomide IEP,  apresentaram o que instrumento chama de punição inconsistente teve relação direta com os filhos tendo baixo desempenho no instrumento de SSRS, indicando ter uma relação entre o estilo parental punição inconsistente e o desenvolvimento de comportamento socialmente habilidoso e destes 84% metade sendo 42% apresentaram índices de depressão segundo o Inventário de Beck.

Para Del Prette e Del Prette (1999), os déficits de habilidades sociais estão associados a dificuldades e conflitos nas relações interpessoais e a uma variedade de alterações psicológicas, tais como problemas  conjugais, isolamento, desajustamento escolar, delinqüência, suicídio, além de síndromes clínicas como a depressão e a esquizofrenia.

Todos os artigos aqui analisados têm dados que apontam para uma influência do baixo desempenho do comportamento socialmente habilidoso no desempenho acadêmico, porém não é conclusivo, pois, faz-se necessário destrinchar mais claramente que comportamentos não habilidosos são esses? São os internalizantes ou os externalizantes? Ou seja, apesar dos indícios claros e palpável falta um aprofundamento nas pesquisas de apontar quais comportamentos não habilidosos influenciam negativamente o desempenho acadêmico, por outro lado fica evidente que a o comportamento socialmente habilidosos de manter um comportamento social satisfatório e cortês de saber perguntar e responder, utilizar o tom de voz correto e em momentos corretos das aulas, saber perguntar e ouvir respostas, de seguir regras criadas em conjunto com o professor são fatores que ficaram claros com os resultados das pesquisas, indicando que aumenta a probabilidade do aluno ter resultados acadêmicos mais satisfatórios são requisitos importantes para serem aprofundados e aperfeiçoados no currículo acadêmico como um fator a ser trabalhado e desenvolvido porém o contrario tem indícios mas não se pode ainda afirmar ainda. Possivelmente com pesquisas mais aprofundada com fatores de que tipo de falta de comportamento não socialmente habilidoso mais específico poderemos aprofundar nesta afirmação, fato este que não pode ser conclusivo nos  seis artigos analisados.

Já entre as pesquisas teve aquelas  que se interessaram em mostrar possíveis comorbidades dois artigos dos seis selecionados para este trabalho, apesar de haver indícios de que os sujeitos pesquisados que tenha baixo desempenho acadêmico, tiveram a maioria 84% dos pais que apresentaram estilo parental punição inconsistente no instrumento estilo parental de Gomide IEP, não a indícios de que esse fator seja preponderante para ocasionar comorbidades talvez a utilização de outros instrumentos de avaliação que pudesse correlacionar alguma comorbidade advindas de fatores relacionados a baixa habilidade social e a aprendizagem  fosse necessário para que pudéssemos fazer tal afirmação.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A proposta do artigo foi parcialmente cumprida, devido a escassez de pesquisas no âmbito nacional que tenha como foco Aprendizagem e Habilidade social com o direcionamento de apontar variáveis que influenciam o seu desenvolvimento e suas possíveis comorbidades. Porém foi possível apontar os instrumentos mais utilizados indicando também uma escassez de instrumentos para tal finalidade, girando sempre em torno dos mesmos pesquisadores e autores da área, carece o campo de pesquisa de se municiar de mais instrumentos.

Outro ponto que pode ser observado de forma conclusiva no presente trabalho foi apontar que existe um requisito que pré dispõem a facilitar o desenvolvimento das atividades acadêmicas em sala de aula que  é o comportamento socialmente Habilidoso sendo que o inverso a indícios mas não pode ser confirmado por falta de aprofundamento de que comportamento especificamente seriam os que atrapalhavam o desenvolvimento acadêmico os comportamento socialmente não habilidoso internalizante e externalizante? Pesquisas mais abrangentes neste sentido fazem-se necessárias para contribuir para um planejamento escolar.

A dificuldade maior no presente trabalho fica a cargo de não haver um número grande de pesquisas no âmbito nacional com o intuito de fazer essa correlação aprendizagem e habilidade social e muito menos possíveis comorbidades advindas dessa correlação aprendizagem e habilidade social, apesar de ter muitas pesquisas dos referidos temas separadamente, porém os dados apresentados nos seis artigos encontrados foi de grande valia para apontar os caminhos já traçados pela área e pelas pesquisas e as lacunas que ainda precisam ser respondidas e percorridas para que se possa dar uma resposta mais fidedigna para um planejamento mais completo na grade das escolas tentando assim colaborar com o desenvolvimento da supressão do déficit de aprendizagem em uma área ainda pouco estudada e que tem muito a contribuir.

A Psicopedagogia no âmbito das pesquisas utilizando conhecimentos da análise do comportamento tem se desenvolvido de forma a dar um aspecto mais experimental às pesquisas nesta área e tende a crescer cada dia mais por se tratar de uma área que traça caminhos confiáveis e metodológicos. O presente trabalho foi desenvolvido no intuito de contribuir no intercâmbio destas duas áreas de conhecimento que percorrem caminhos estreitos de interesse mútuos. O comportamento não é algo estático, está sempre sujeito a mudanças e o fenômeno aprendizagem é uma classe de comportamento, mude e esteja pronto a mudar novamente, aprendizagem é constante.

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1 Mestrando em Psicologia pela UCDB;
2 Doutoranda em Psicologia pela UCDB.