A CONTRIBUIÇÃO DO PROFISSIONAL EM PSICOPEDAGOGIA NA EQUIPE MULTIPROFISSIONAL DA EDUCAÇÃO ESPECIAL

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.12740891


Wilson Rocha De Souza
Orientadora: Suelen Francis de Souza Figueredo


RESUMO

Este trabalho e o resultados de uma pesquisa sobre a contribuições do profissional de psicopedagogia na Equipe Multifuncional da Educação Especial da Rede Municipal de Ensino de Costa Rica – MS. Os estudos foram pautados na RESOLUÇÃO/SEMED nº 5.788 de 4 de maio de 2022. Que institui o atendimento da equipe através da Secretaria Municipal de Ensino. Foram observadas as diversas atividades realizadas pela psicopedagoga no ambiente escolar e nas intervenções com as famílias. Os objetivos foram alcançados e teve o intuito de compartilhar e refletir sobre as contribuições desse profissional em psicopedagogia para a efetivação de uma educação de qualidade aos alunos público alvo da educação especial.

Palavraschave. Equipe Multiprofissional; Escola; psicopedagoga.

1. INTRODUÇÃO

A Equipe Multiprofissional atende as instituições da Rede Municipal de Ensino de Costa Rica – MS e tem como finalidades:

Fornece suporte específico ou interdisciplinar, em caráter institucional, a fim de proporcionar melhorias na qualidade de vida e no processo de ensino e aprendizagem dos alunos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação;

Atua junto à comunidade escolar na realização da avaliação educacional com vistas a identificar as necessidades educacionais apresentadas pelo aluno e a sua condição de funcionalidade bem como o currículo desenvolvido e os recursos a serem disponibilizados.

Viabiliza a interlocução permanente com a comunidade escolar interna e externa sobre os processos educativos definidos pelas políticas educacionais em benefício da aprendizagem e da garantia de direitos sociais e educacionais de crianças e adolescentes previstos na legislação;

Implanta, de forma colaborativa, as políticas relacionadas à atuação, fluxograma de trabalho, acompanhamento e assessoramento da equipe escolar referentes aos processos educativos e interventivos relacionados às demandas escolares e suas interfaces;

Contribui, frente a comunidade escolar interna e externa, com os processos formativos, proporcionando a problematização das concepções pedagógicas de aprendizagem para maior eficiência e qualidade de atuação no processo de desenvolvimento e aprendizagem dos alunos;

Contribui com os conhecimentos da ciência da psicologia e do serviço social para a efetivação dos objetivos educacionais e dos princípios norteadores da ação educativa na escola, promovendo o desenvolvimento humano em suas múltiplas dimensões e integralidade, nos aspectos físico, afetivo-emocionais, cognitivo, social e cultural, nos quais os sujeitos estão inseridos;

Atua em colaboração com a equipe pedagógica, para desenvolver estratégias de aprendizagem considerando os desafios da atualidade, com foco no desenvolvimento integral do aluno, instrumentalizando-o para sua ação participativa na sociedade;

Realiza a sondagem e avaliação pedagógica dos alunos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação para identificar as necessidades específicas bem como os recursos e o tipo de apoios necessários.

A Equipe Multiprofissional e constituída por:

I – um assistente social;

II – um psicólogo;

III – um psicopedagogo;

IV – um coordenador da Educação Especial. 

São atribuições da Equipe Multiprofissional

Orientam e assessoram os coordenadores, docentes, pais e/ou responsáveis por meio de indicações de recursos e estratégias, intervenções no próprio espaço escolar, auxílio na identificação de riscos psíquicos e sociais e do processo de desenvolvimento global;

Contribuem com o fazer pedagógico, com indicações e considerações para Equipe Escolar, priorizando os professores e alunos, tendo como foco as formas de mediação pedagógica e adaptações de acesso ao currículo;

Atuam conjuntamente ao corpo docente (professores especializados em educação especial, os da classe comum, os da sala de recursos), discentes, equipe gestora, outros profissionais do contexto da escola e famílias, a fim de buscar melhorias no desenvolvimento integral do aluno, das relações professor-aluno e no aumento da qualidade e eficiência do processo de ensino e aprendizagem, através de ações preventivas;

Avaliam os alunos que são público alvo da educação especial e articulam os encaminhamentos necessários ao atendimento de suas especificidades;

Organizar e promovem formação continuada aos Profissionais que atuam nas Instituições de Ensino e na Secretaria Municipal de Educação.

São atribuições do Psicopedagogo:

Atua na prevenção e no tratamento das dificuldades de aprendizagem, tendo por base o conhecimento Psicopedagógico em toda sua complexidade, aproximando aspectos cognitivos, afetivos e sociais, promovendo a cooperação entre escola e família;

Busca, por meio da investigação das dificuldades e da modalidade de aprendizagem de cada aluno, metodologias específicas para oportunizar ao mesmo a construção de sua aprendizagem por meio de sua autonomia;

Contribui com os momentos de formação do professor para o estudo, planejamento e aperfeiçoamento do processo de ensino e aprendizagem;

Contribui com sugestões de projetos de intervenção na realidade da escola para a melhoria do processo educativo;

Acompanha o trabalho pedagógico desenvolvido pelos professores a fim de buscar caminhos teórico-metodológicos que contribuam no processo de ensino;

Participa do conselho escolar subsidiando teórica e metodologicamente as reflexões e decisões sobre o trabalho pedagógico escolar;

O Psicopedagogo trabalha principalmente com as dificuldades de aprendizagem e com a diversidade de fatores que contribuem para o baixo desempenho no aprender. Tem enfoque na avaliação e intervenção visando a superação das dificuldades, propondo intervenções e ações capazes de promover novas e significativas aprendizagens. Estes foram os principais fatores que motivaram a escolha desse tema.

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

A psicopedagogia surgiu no Brasil com o objetivo de procurar compreender a aprendizagem ou não aprendizagem dos indivíduos de uma sociedade. O psicopedagogo investiga principalmente as causas que levam o aluno a se encontrar em uma situação de fracasso escolar, nessa conjuntura estuda o aprendizado humano.

Segundo WEISS (2008), o psicopedagogo tem o intuito de desvendar o motivo do bloqueio do sujeito em relação à aprendizagem, o que de fato está reprimindo o seu caminhar no processo de ensino aprendizagem. O profissional em questão pode atuar nas áreas clínica e institucional, com caráter terapêutico e preventivo.

Para BARBOSA (2001), o psicopedagogo institucional deve ser preparado adequadamente, pois no âmbito escolar vários são os agentes sociais envolvidos, dentre eles a, família, o aprendente, o professor e a equipe escolar, sendo que seu papel não é de prevenção de possíveis dificuldades que os alunos venham encontrar durante o percurso que trilham na Educação Básica.

Cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbações no processo de aprendizagem para participar da dinâmica da comunidade educativa, favorecendo a integração, promovendo orientações metodológicas de acordo com as características e particularidades dos indivíduos do grupo, realizando processos de orientação. Já que no caráter assistencial, o psicopedagogo participa de equipes responsáveis pela elaboração de planos e projetos no contexto teórico/prático das políticas educacionais, fazendo com que professores, diretores e coordenadores possam repensar o papel da escola frente a sua docência e as necessidades individuais de aprendizagem da criança, ou do próprio ensino (BOSSA, 1994, p. 23).

O autor reforça a ideia de que o papel do psicopedagogo é de identificar as causas de aprendizagem e os transtornos ligados aos processos de desenvolvimento. Sendo assim, capaz de intervir para que esse indivíduo se encaixe de maneira mais adequada nas dinâmicas de apreender os elementos culturais escolarizados, é através da abordagem deste profissional, sessões e avaliações que o sujeito poderá ser auxiliado de forma adequada.

Partindo da mesma perspectiva, WEISS (1992, p. 6) coloca que “a psicopedagogia busca a melhoria das relações com a aprendizagem, assim como a melhor qualidade na construção da própria aprendizagem dos alunos”. O profissional deve auxiliar o aprendente a descobrir qual a melhor maneira de aprender, partindo do próprio conhecimento já adquirido.

Para Araújo (2009), o psicopedagogo tem papel fundamental na a atuação clínica para a caminhada escolar do aprendente.

A Psicopedagogia clínica procura compreender de forma global e integrada os processos cognitivos, emocionais, sociais, culturais, orgânicos e pedagógicos, que interferem na aprendizagem, a fim de possibilitar situações que resgatem o prazer de aprender em sua totalidade, incluindo a promoção da integração entre pais, professores, orientadores educacionais e demais especialistas que transitam no universo educacional do aluno (ARAÚJO, 2009, p.1).

Nesse viés, os autores acreditam que os fatores externos também são a causa de alguns dos problemas de aprendizagem que acarretam as crianças. Araújo (2009) enfatiza ainda que o psicopedagogo pode trazer à tona aquele desejo e prazer em aprender contando com a ajuda da família e dos educadores.

O psicopedagogo pode através de sua aprendizagem evadir ou diminuir os problemas de aprendizagem e o fracasso na escola, contribuindo para uma aprendizagem significativa. Através de análises e estudos sobre o cognitivo, afetivo e social do aprendente, o profissional busca desenvolver todos esses aspectos e intervir no processo de aprendizagem da criança.

Para tanto, as tarefas do psicopedagogo estão imbricadas as dinâmicas que circundar o exercício da aprendizagem no espaço escolar, sendo assim intervêm nos fatores externos que circundam a criança, sobretudo na orientação dos pais e responsáveis. É oportuno referendar ainda com Barbosa (2007, p. 37), que “na instituição escolar, convive-se com o ensinar e com o aprender de uma forma muito dinâmica, não sendo possível, na prática, haver uma intervenção que recaia somente sobre o aprender”.

3. OBJETIVOS

3.1 Objetivo Geral

Analisar a contribuição da psicopedagoga na equipe Multiprofissional da educação especial no processo de aprendizagem do estudante no contexto escolar.

3.2 Objetivos Específicos

1 – Conhecer as possíveis dificuldades em relação aoprocesso de ensino;

2 – Estudar a intervenção em psicopedagogia;

3 – A importância da psicopedagogia para o desenvolvimento dos alunos da educação especial;

4. METODOLOGIA

As observações foram realizadas por meio de visitas periódicas às escolas, observações dos alunos em sala de aula, participação em reuniões e conselhos de classe, orientações e/ou sugestões aos professores, às equipes diretivas e aos familiares dos alunos, desenvolvimento de atividades grupais/coletivas relacionadas a atuação profissional e intervenções pontuais que favoreçam o desempenho global dos alunos.

O trabalho de pesquisa foi realizado por meio de uma entrevista direcionada a psicopedagoga da equipe Multiprofissional contendo questões discursivas, às quais as respostas foram com espontaneidade e liberdade.

5.  RESULTADOS E DISCUSSÃO

Entre as atividades do trabalho de pesquisa foi realizado uma entrevista direcionada a psicopedagoga da equipe Multiprofissional contendo questões discursivas.  

A psicopedagoga relatou que as principais demandas pelas quais ela e procurada como profissionais de psicopedagogia     vão desde as dificuldades de aprendizagem, e de      alfabetização, até o TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade), o TEA (Transtorno do Espectro Autista), a Discalculia, a Dislexia, a Deficiência Intelectual e a Síndrome de Down.

Ao ser indagada sobre a forma como as crianças chegam até ela, se são encaminhadas     pela escola, por outros profissionais ou pelos pais e responsáveis, a resposta foi: a grande maioria vem encaminhada pela escola, outra parte trazida pelos pais e o restante é direcionado por outros profissionais. Nesse aspecto, Schneider e Blaszco (2016) relatam que o professor é quem  realiza os primeiros encaminhamentos, indicando as possíveis defasagens de aprendizagem que os alunos apresentam em sala de aula, para que a equipe pedagógica acompanhe e, caso haja necessidade, o encaminhe para uma avaliação e atendimento psicopedagógico; geralmente no decorrer da avaliação, caso julgue ser necessário, o    psicopedagogo    realiza    encaminhamentos a outros especialistas, como neurologistas, psicólogos, fonoaudiólogos, entre outros.

A pesquisa também investigou se, quando essas crianças vêm encaminhadas, elas já chegam   com algum diagnóstico e quais são os casos mais comuns ou prevalentes. A resposta da psicopedagoga foi: “Casos mais recorrentes são os de crianças com laudos de TDAH, TEA, DI, dificuldades de aprendizagens”. 

A mesma relatou também que alguns tomam algum tipo de medicamento. Contudo tem os casos que, geralmente esse medicamento não faz o devido efeito, pois       a criança não é acompanhada e não realiza a terapia adequada, a qual supõe que a criança, sejam orientados sobre como realizar as funções que acarretam certa dificuldade. Sem a terapia adequada, as queixas de dificuldades na leitura e na escrita, dificuldades psicomotoras, dificuldades afetivas, dificuldades com raciocínio lógico, dificuldades na língua portuguesa, na estruturação de textos chegam com maior frequência. A ajuda             terapêutica orienta sobre como a criança ou o adolescente podem se organizar a partir das características que apresentam, de acordo com sua síndrome ou déficit de aprendizagem.

Para Santos (2015), o Psicopedagogo é extremamente   importante, pois cabe a ele ajudar a encontrar a melhor forma de trabalhar com a dificuldade apresentada, a fim de que ocorra a aprendizagem. É fundamental conhecer o que o sujeito aprende, além de estar preparado para administrar possíveis reações negativas do paciente frente a algumas tarefas, tais como: resistências, bloqueios, sentimentos, lapsos, etc. “E não parar de buscar, de conhecer, de estudar, de investigar para compreender o máximo possível a realidade do aluno avaliando”.

Foi questionado, ainda, qual   seria   a conduta do psicopedagogo referente a cada    necessidade específica de aprendizagem que   encontram. Uma das respostas foi: “Dependendo da dificuldade ou necessidade apresentada pela criança, é elaborado um plano de intervenção    específico para cada caso, e, assim, eliminar os déficits apresentados”.

A última indagação feita durante as entrevistas teve o intuito de saber em quais aspectos o psicopedagogo considera que o seu trabalho se difere dos demais profissionais que lidam com as questões de saúde e aprendizagem. A mesma afirmou que “o seu trabalho é diferenciado pois a atuação psicopedagógico trata de questões pedagógicas, de aprendizagem, para a melhoria da saúde, como a autoestima e o bem-estar”. O psicopedagogo se difere dos outros profissionais que lidam com a saúde e a aprendizagem por apresentar uma visão ampla da complexibilidade     dos aspectos que envolvem a aprendizagem. O psicopedagogo, ao notar os sintomas (as dificuldades de aprendizagem), “busca as suas causas e intervém no cerne da questão”.

Os psicopedagogos são preparados, portanto, para a prevenção, o diagnóstico e o tratamento dos problemas de aprendizagem. O seu trabalho objetivo analisar as peculiaridades da aprendizagem de cada indivíduo, buscando compreender o que interfere e determina a condição de aprendizagem em sua totalidade. Com o diagnóstico das dificuldades de aprendizagem apresentadas, cabe a eles construir um plano de intervenção para que o sujeito em atendimento possa superar de forma prazerosa os desafios do aprender.

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Por intermédio deste estudo ficou explícita a necessidade de explorar temas ligados à educação especial, uma vez que a comunidade escolar busca uma orientação com fundamentos teóricos e práticos. O outro fato está na falta de compreensão ou até mesmo no que fazer ou como encaminhar um aluno com deficiência para fins de diagnósticos clínicos. Nota se assim que a equipe Multiprofissional vem desenvolvendo um ótimo trabalho na rede Municipal de ensino de Costa Rica/MS. Assim como cada profissional que integra essa equipe tem o seu valor profissional destacamos aqui os trabalhos do psicopedagogo.

Sabemos que as mudanças são fundamentais para a inclusão, mas para que isso aconteça, faz-se necessário o esforço de todos para possibilitar que a escola seja vista como um ambiente de construção do conhecimento. Neste aspecto, a educação tem um caráter amplo e complexo, porque todo aluno, independente das dificuldades, poderá beneficiar-se dos programas educacionais, desde que sejam dadas as oportunidades adequadas para que este profissional possa garantir o seu crescimento e realizar as suas potencialidades. Isso exige do professor uma mudança de postura além da redefinição de papéis que possa assim favorecer a aprendizagem do aluno.

Compreendemos que o Psicopedagogo é extremamente importante na instituição escolar, pois este profissional estimula o desenvolvimento de relações interpessoais, além de estabelecer vínculos, traça estratégias de aprendizagem e atuar pela utilização de métodos de ensino compatíveis com as mais recentes concepções pedagógicas.

Assim, o papel do psicopedagogo é ouvir, intervir, diagnosticar e encaminhar corretamente o sujeito para as intervenções necessárias, quando se percebe tal dificuldade é direcionado para fazer um acompanhamento no qual o psicopedagogo tem uma função extremamente importante, pois ele se relaciona diretamente com a família e alunos, quer seja toda a comunidade escolar. Nesse sentido, foi constatado que é um trabalho de dedicação, acolhimento, afeto, percepção e transformação, possibilita ao alunado superar as barreiras que possam estar impedindo a aprendizagem.

7. REFERÊNCIAS

RESOLUÇÃO/SEMED nº 5.788 de 4 de maio de 2022.

BARBOSA, Laura M. Serrat. A psicopedagogia no âmbito escolar. Curitiba: Expoente, 2001.

BOSSA, Nádia. A Psicopedagogia no Brasil: contribuições a partir da prática. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 1994. BOSSA, Nádia. A psicopedagogia no Brasil: contribuições a partir da prática. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 2000.

WEISS, M.L.L. Psicopedagogia clínica- uma visão diagnóstica dos problemas de aprendizagem escolar. Rio de Janeiro: Lamparina, 13° ed. 2008.

CÔRTES, Ana Rita Ferreira Braga; RAUSCH, Rita Buzzi. O estado do conhecimento acerca da psicopedagogia escolar no Brasil. In: CONGRESSO NACIONAL DE EDUCAÇÃO, 9. 2009, Paraná.

ARAÚJO, O. S. P. Reflexões sobre a psicopedagogia clínica e institucional. In: Anais do III CELLMS, IV EPGL e I EPPGL. Dourado: UEMS, 2007.