REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/cs10202506261937
Vanessa Carolina Santos Pessotti1
Priscila Dantas da Costa Garcia2
Damião Evangelista Rocha3
RESUMO
O Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES) é uma doença inflamatória crônica e autoimune, que afeta múltiplos órgãos e sistemas do corpo, apresentando impactos que vão além do físico e alcançam a saúde mental dos pacientes. Este trabalho tem como objetivo analisar a importância da psicoterapia e da atuação do psicólogo na promoção da qualidade de vida das pessoas com LES. Trata-se de uma pesquisa bibliográfica de abordagem qualitativa e descritiva, baseada em fontes científicas nacionais como: Google acadêmico, SciElo, Portal Pepsic, Revistas Científicas, livros, indexados em base de dados e publicados nos últimos dez anos. A análise evidenciou que o LES, por seu caráter crônico, imprevisível e por suas implicações físicas e emocionais, pode gerar sofrimento psíquico, como ansiedade, depressão, transtornos do sono e ideação suicida. A psicoterapia se apresenta como um recurso essencial para auxiliar esses pacientes no enfrentamento da doença, por meio do acolhimento emocional, da psicoeducação e da construção de estratégias de enfrentamento da doença. Conclui-se que o cuidado integral à saúde do paciente com LES deve incluir a escuta qualificada e o suporte psicológico, inserido em uma equipe multiprofissional, com vistas à remissão dos sintomas e à melhora da qualidade de vida.
Palavras-chave: Lúpus, Autoimune, Psicoterapia, Saúde Mental, Qualidade de Vida.
1.0 INTRODUÇÃO
Lúpus Eritematoso Sistêmico, também conhecido como (LES ou apenas lúpus), é uma doença inflamatória crônica de origem autoimune, cujos sintomas podem surgir em diversos órgãos de forma lenta e progressiva (em meses) ou mais rapidamente (em semanas) e variam com fases de atividade e de remissão (Sociedade Brasileira de Reumatologia, 2017). São reconhecidos dois tipos principais de lúpus: o cutâneo, que se manifesta apenas com manchas na pele (geralmente avermelhadas ou eritematosas, e daí o nome lúpus eritematoso), principalmente nas áreas que ficam expostas à luz solar (rosto, orelhas, colo, busto e nos braços) e o sistêmico, no qual um ou mais órgãos internos são acometidos. Por se tratar de uma doença do sistema imunológico, que é responsável pela produção de anticorpos e organização dos mecanismos de inflamação em todos os órgãos, a pessoa com LES pode sofrer diferentes tipos de sintomas, e em vários locais do corpo. Alguns sintomas são gerais como a febre, emagrecimento, perda de apetite, fraqueza e desânimo. Outros, específicos de cada órgão, como dor nas juntas, manchas na pele, inflamação da pleura, hipertensão e/ou problemas nos rins.
Por se tratar de uma doença autoimune, a falta de cuidado com o cérebro e suas emoções podem causar problemas ainda maiores, como a dificuldade em atingir a remissão dos sintomas. O sistema nervoso é responsável por coordenar e regular praticamente todas as funções do corpo, incluindo movimento, sensação, pensamento, memória e emoção. Quando o sistema nervoso é comprometido por uma doença autoimune, pode haver uma variedade de sintomas neurológicos que afetam significativamente a qualidade de vida. Neste sentido, compreende-se que as doenças autoimunes afetam além do corpo, mas também outros campos da vida de quem é diagnosticado, e que além do estresse há ainda outros comprometimentos em saúde mental envolvidos, como ansiedade e depressão; Transtorno de estresse pós-traumático (TEPT); desordens do sono; diminuição da qualidade de vida relacionada à saúde mental, e outros ainda em estudo (Viana, 2024).
O LES, devido a sua complexidade, afeta não apenas a dimensão física do sujeito, mas também a emocional e social, haja vista tratar-se de uma patologia que está associada à alta morbidade, mortalidade e cronicidade, implicando na sua qualidade de vida. O estresse emocional decorrente dessa condição e o uso de corticoides utilizados no tratamento do LES têm sido responsabilizados por boa parte de suas manifestações psicopatológicas (Viana, 2024). Com isso a importância não somente do tratamento médico, mas em conjunto a uma equipe multidisciplinar, valendo-se da importância do tratamento psicológico, para intervenções e bem-estar dos pacientes lúpicos.
As psicoterapias correspondem a um universo amplo de práticas discursivas, baseadas na comunicação e no relacionamento sistematizado com finalidade terapêutica. Tal amplitude varia desde o apoio psicológico, numa escuta acolhedora e empática com o sofrimento do paciente, a uma maior investigação do seu mundo subjetivo (Figueiredo et al., 2006 apud Cal, 2011). Para a Organização Mundial de Saúde, a existência do sofrimento psíquico ou da doença mental e a motivação para a psicoterapia são os aspectos mais importantes e determinantes da necessidade da intervenção psicológica, podendo interferir no curso da doença (Spahn et al., 2002 apud Cal, 2011). Oferecer uma reflexão a pacientes com Lúpus Eritematoso Sistêmico é proporcionar, tanto a pacientes quanto aos profissionais que atuam com essa demanda, a importância não apenas do cuidado físico na melhora do quadro do paciente, mas também do cuidado mental, considerando possibilidades de oferecer maior qualidade de vida aos pacientes e a suas limitações e dificuldades, utilizando-se da literatura para divulgar como a psicoterapia pode beneficiar na luta pela remissão destes pacientes ou no auxílio ao tratamento médico (Freire; Souto; Cilconelli 2011 apud Lino, 2015).
2.0 DESENVOLVIMENTO
2.1 Metodologia
O presente estudo consiste em uma pesquisa bibliográfica de natureza qualitativa e descritiva. Para conduzir a pesquisa será realizado um levantamento bibliográfico de publicações científicas relacionadas ao tema definido. Optou-se como critério para inclusão no presente trabalho, artigos e livros de publicações nacionais, em língua portuguesa, publicados nos últimos dez anos para garantir a relevância e atualidade das fontes selecionadas. Em relação à finalidade, tem como principal objetivo a realização de uma revisão bibliográfica abrangente da literatura existente e o exercício crítico sobre o tema proposto, tencionando corroborar a importância da Psicologia para a saúde dos sujeitos com LES. Pretendeu-se analisar e sintetizar as informações decorrentes de diversas fontes bibliográficas para compreender as perspectivas dos autores citados, contribuições e lacunas sobre a importância da psicologia no tratamento de pacientes com Lúpus Eritematoso Sistêmico. Quanto aos meios, a pesquisa realizou-se através de uma revisão de literatura referente ao tema em evidência. Foram consultados bases de dados científicos, bibliotecas digitais e periódicos científicos para coletar fontes bibliográficas relevantes acerca do tema. Adotou-se bases para consulta como: Google acadêmico, SciElo, Portal Pepsic e livros relacionados ao tema. As palavras-chave utilizadas na busca foram: Lúpus, Autoimune, Psicoterapia, saúde mental, qualidade de vida.
Através da abordagem crítica adotada buscou-se um estudo pertinente por meio de uma revisão de literatura, proporcionando uma compreensão aprofundada dos temas, contribuindo significativamente para a construção de um conhecimento sólido sobre a contribuição da psicologia para pacientes com Lúpus e a importância de cuidar das emoções na busca pela remissão. Após a coleta de dados, os materiais bibliográficos foram submetidos a uma análise e categorização em conformidade com os objetivos da pesquisa. Uma avaliação crítica conduzida para discernir o conceito central do estudo realizado e sua relevância para a pesquisa, resultados pertinentes e diversas perspectivas sobre o tema.
2.2 Resultados e Discussão
Viver com uma doença sem cura, com altos e baixos, pode ser desafiador e levar o paciente a passar por diversas emoções. Uma delas é o estresse. Embora o estresse possa ser considerado uma reação natural do organismo frente a situações de alerta ou risco, ele desencadeia alterações emocionais e físicas que podem ser consideradas saudáveis e necessárias quando o organismo precisa lutar ou fugir para se proteger. Porém quando essas situações são persistentes levando a um estado crônico de estresse, o organismo pode deflagrar um processo de desequilíbrio hormonal e do sistema imune. Esse cenário pode desencadear doenças e afetar significativamente a vida das pessoas que vivenciam esse quadro (Sousa; et al., 2015 apud Viana, 2024).
Os estudos realizados acerca do estresse crônico buscam aprimorar as investigações sobre a relação entre trauma e efeitos psicossomáticos. Isso porque, além de apresentarem uma enorme diversidade de manifestações físicas, elas podem estar relacionadas a traumas e serem agravadas por eles (Nascimento, 2016, apud Viana, 2014). Neste sentido, este estudo pretende compreender como a Psicologia tem se debruçado acerca das doenças autoimunes, demandando de aprimoramento em termos de conhecimento e sistemática de cuidados.
Pacientes com doenças autoimunes como artrite reumatoide, lúpus eritematoso sistêmico e doença inflamatória intestinal frequentemente relatam altos níveis de ansiedade e depressão (Macêdo, 2017 apud Viana, 2024). Desta forma, distúrbios do sono, como insônia e sono não reparador, são comuns nesses pacientes (Macêdo, 2017 apud Viana, 2024). A dor crônica, o longo tempo para obter um diagnóstico acertado, a ansiedade gerada, a inflamação sistêmica e os efeitos colaterais dos medicamentos podem contribuir para esses distúrbios do sono, o que, por sua vez, pode afetar negativamente o bem-estar psíquico dos pacientes. Essa conjuntura leva à diminuição da qualidade de vida relacionada à saúde mental. Além disso, existem alguns estudos buscando compreender se há relação entre doença autoimune e o desenvolvimento de sintomas de transtorno mental grave (Teixeira; Bauer, 2023 apud Viana, 2024).
Segundo Michael Balint, certas pessoas superam seus problemas resolvendo-os, outros suportam a tensão que determinada situação provoca, e outras reagem adoecendo.
As funções fisiológicas sofrem influência de conflitos emocionais que o indivíduo não consegue solucionar psiquicamente, favorecendo, assim, o aparecimento de sintomas somáticos. Todo sintoma tem um significado particular para quem sofre e é uma forma não-verbal de comunicação, um sinal de alarme ou pedido de ajuda. É utilizado pelo ego como uma válvula de escape para alívio de determinadas problemáticas emocionais que o paciente não dá conta de sua resolução. (Nascimento, 2000, apud Beltrão, 2010, p. 320).
A psicologia contribui para auxiliar o paciente a manter o equilíbrio e compreender os conflitos que enfrenta pelas doenças crônicas. Por sua vez, na condição de profissional de saúde, o psicólogo desempenha papel essencial no auxílio e na melhoria do bem-estar do paciente. A enfermidade não é somente uma mudança física, mas uma quebra no curso normal da vida que modifica o ritmo e a direção pessoal da existência (Araújo, 2004 apud Cal, 2011). Pesquisadores concluíram que os fatores psicológicos, incluindo traços de personalidade, são codeterminantes, desencadeantes, exacerbadores ou patoplásticos do LES (Ayache; Costa, 2005 apud Cal, 2011).
Para Shapiro (2002 apud Beltrão, 2010), às dificuldades psicológicas e neurocomportamentais encontradas no LES podem ser classificadas entre psicoses, desordens do humor, síndromes cerebrais orgânicas inespecíficas, diminuição da capacidade cognitiva, reações a drogas (em especial aos corticosteroides), desordens funcionais, interrupção do biorritmo circadiano e ruptura de várias funções do sistema nervoso autônomo. Ainda, foi constatado que os aspectos psicossociais são os fatores que mais contribuem para a complexidade e exacerbação dos sintomas (Silva; Amadel, 2016, apud Guerreiro; Sousa, 2020, p. 198-205).
A atuação da Psicologia se dá por meio da aplicação dos conhecimentos e das técnicas psicológicas aos cuidados individuais e coletivos com a saúde e ao enfrentamento das doenças. Seu objeto é o sujeito psicológico e suas relações com os fatores multideterminantes da saúde, nos diferentes níveis de atenção. Com isso a importância de um profissional da área da saúde mental, afinal entre os fatores que poderiam levar uma pessoa doente fisicamente à psicopatologia estão o agravamento de conflitos intrapsíquicos, a inadequação dos mecanismos de defesa, a diminuição da autoestima, a alteração da imagem corporal, a ruptura do ciclo sono-vigília, o uso de medicamentos e de procedimentos que afetam o sistema nervoso central (Botega; Smaira, 2006 apud Cal, 2011).
Os pacientes com LES possuem cinco vezes mais chances de cometer suicídio quando comparados à população geral, o que resulta em alto grau de incidência de atentados contra a própria vida (Karassa, Magliano; Isenberg, 2003 apud Sousa, 2021). A suicidologia apresenta a ideia de dor psicológica como um constituinte de uma experiência emocional dolorosa, ligada a uma vivência intensa de angústia, desespero, vergonha, culpa, solidão, perda e sofrimento na psique, sendo intrinsecamente interna e vivida introspectivamente. Dessa maneira, a dor psicológica seria resultante de uma frustração de necessidades psicológicas básicas, uma consequência a diminuição de uma autoimagem, um estilo de pensamento restrito, com sentimento de isolamento ou abandono, sentimentos de falta de apoio pessoal e social e, consequentemente, desencadeia ações conscientes para escapar ao sofrimento, como por exemplo o suicídio (Shneidman, 1996 apud Sousa, 2021). Observa-se que o aparecimento de sintomas depressivos na população com LES, têm um caráter multifatorial e multicausal, sendo preciso uma avaliação cuidadosa do paciente, não apenas no âmbito clínico, mas também considerando outros fatores de ordem psicossociais que podem estar atuando no surgimento ou mesmo agravamento dos sintomas (Santos; Vilar; Maia, 2017 apud Sousa, 2021). Apesar do lúpus ser uma doença que atinge a pessoa em sua saúde física, é importante salientar o conceito de dor psicológica, proposto por (Shneidman, 1993, apud Sousa, 2021). Muitos estudos demonstraram um aumento da prevalência de doenças mentais, como depressão e psicose, em pacientes com LES, estando essas pessoas com risco eminente de suicídio (Tang et al, 2015 apud Sousa, 2021).
Diante de tantos fatores, a Psicologia, independente da abordagem, pode contribuir para a melhora de saúde do sujeito em diversas áreas e questões que vão além de cuidados médicos, pois trata-se de questões emocionais. A finalidade principal da Psicologia na saúde é compreender como é possível, através de intervenções psicológicas, contribuir para a melhoria do bem-estar dos indivíduos e das comunidades (Teixeira, 2004 apud Almeida; Malagris, 2011).
Uma das ferramentas utilizadas na psicologia que pode auxiliar no tratamento de pessoas com LES é a psicoeducação. Sua premissa básica é aumentar o conhecimento sobre a doença, o tratamento e o tempo de remissão de variadas doenças, facilitando a aderência à terapêutica medicamentosa, amenizando fatores estressantes e melhorando a resolução de problemas dos pacientes (Batista, 2011 apud Landivar, 2021). Desta forma, possibilita ao paciente desenvolver habilidades para administrar a doença e ter melhor comodidade (Murray; Dixon, 2004 apud Landivar, 2021). O entendimento da relação da pessoa com sua própria doença constitui uma contribuição importante da Psicologia na interface com a saúde, pois permite identificar recursos no campo psicossocial capazes de auxiliar o indivíduo doente a lidar melhor com esse sofrimento (Araújo; Azucena, 2007 apud Cal, 2011). Segundo Menezes et al. (2011 apud De Oliveira; Netto, 2022) relata que há um crescente conjunto de estudos que apoiam a visão de que o acompanhamento psicoterápico, com ênfase na psicoeducação, é capaz de modificar aspectos negativos vivenciados por pessoas com doenças crônicas como o LES.
A psicologia oferece um suporte essencial para pacientes com doenças crônicas, pois pode ajudar a desenvolver estratégias de enfrentamento, lidar com as emoções como ansiedade, depressão e medo do desconhecido, melhorar a qualidade de vida, compreender os conflitos enfrentados, manter o equilíbrio emocional. (Sampaio, 2011 apud Landivar, 2021), destacou que os cuidados em relação aos pacientes não são restritos aos médicos, e os efeitos positivos ao longo do tratamento não são apenas relacionados aos efeitos farmacêuticos, mas também à forma como o paciente se relaciona com a doença.
De acordo com Holloway et al. (2014, apud Landivar, 2021), pacientes com LES precisam usar vários mecanismos de enfrentamento para a imprevisibilidade das crises decorrentes dessa doença, incluindo: 1) buscar e usar informações; 2) buscar ajuda emocional; 3) receber suporte médico e de reuniões hospitalares; 4) receber apoio da família; 5) participar de grupos de apoio ao LES; 6) praticar atividades religiosas (se fizer sentido para a vida do sujeito). O estudo de Ng e Chan (2007, apud De Oliveira; Netto, 2022), mostrou que o grupo psicossocial poderia ajudar as pessoas com LES a aumentar a competência de enfrentamento da doença. Os autores sugeriram mais programas de grupo com elementos psicoeducacionais para as pessoas com lúpus, fornecendo conhecimento apropriado, habilidades e recursos relativos à doença, informações precisas, resultando em redução de mitos e crenças negativas sobre a doença.
Levando em consideração os altos e baixos emocionais das pessoas com LES, e os efeitos colaterais dos medicamentos que possuem um forte impacto sobre a autoestima e podem levar a distúrbios psicológicos, o estudo de Ng e Chan (2007, apud De Oliveira; Netto, 2022) teve como enfoque a avaliação do bem-estar psicológico desses pacientes, dessa forma foi possível verificar, após a realização da intervenção psicossocial uma melhora na ansiedade, depressão, na dificuldade de enfrentamento, na disfunção social. Com isso, a importância da Psicologia na contribuição de qualidade de vida desses pacientes, promovendo instrumentos terapêuticos a fim de ajudar o paciente a diminuir o sofrimento causado pela enfermidade.
A Psicologia contribui para auxiliar o paciente a manter o equilíbrio e compreender os conflitos causados pelas doenças crônicas. Na condição de profissional de saúde, o psicólogo desempenha papel essencial na melhoria do bem-estar do paciente, tendo em conta os processos individualizados da pessoa em sofrimento, que, simultaneamente, interagem com o contexto do qual ela faz parte, podendo ser positivo no tratamento e na maneira de lidar com as dificuldades subjacentes nesse processo de adoecimento (Freire; Souto; Cilconelli 2011, apud Guerreiro; Sousa, 2020). O psicólogo precisa incentivar o paciente a manejar aspectos que contribuem para a aceitação da doença, seguindo corretamente o tratamento médico proposto, compreendendo e conhecendo suas próprias emoções não só no aspecto da doença, como também, auxiliar o paciente a viver sua nova realidade e sua nova rotina, tendo em vista a qualidade de vida e a qualidade nas suas relações.
Sendo assim, a Psicologia, no auxílio da saúde, tem por finalidade compreender como contribuir para a melhoria do bem-estar dos indivíduos e das comunidades através de intervenções psicológicas. Poder contar com a colaboração entre diferentes especialistas em uma equipe multiprofissional traz uma melhoria substancial na qualidade da assistência à saúde. Esta melhoria é perceptível em vários aspectos, desde a precisão no diagnóstico até a eficácia do tratamento (Castro; Bornholdt, 2004).
A abordagem psicológica conjunta demonstrou grandes impactos positivos na vida dos pacientes, pois ela é capaz de modificar a percepção com relação à doença, trazendo sentimentos de enfrentamento e otimismo, além de manejar a depressão e a ansiedade de modo a evitar ou minimizar o uso de drogas antidepressivas e ansiolíticas, logo é imprescindível que a intervenção psicoterápica seja feita precocemente (Nowicka et al., 2018, apud De Castro, 2015). Portanto, a Psicologia, através de suas técnicas, ajuda os pacientes com Lúpus Eritematoso Sistêmico a expressar emoções, lidar com o luto por perdas (de saúde, da rotina, do papel social), e desenvolver estratégias de enfrentamento saudáveis, pensadas na individualidade de cada sujeito, contribuindo para que os pacientes possam conviver com sua doença crônica com mais entendimento e harmonia na sua rotina, atenuando os conflitos em relação a doença de modo que não alterem ou atrapalhem esses pacientes na busca pela remissão, visto que é uma doença sem cura; bem como auxiliando os pacientes e seus familiares a lidar com a situação, prevenindo a evolução de problemas físicos e psicológicos causados pela dificuldade enfrentada.
3.0 CONCLUSÃO
A partir da análise desenvolvida ao longo deste trabalho investigou-se, com base em literatura atual e relevante, a contribuição da Psicologia e, especialmente, da psicoterapia, no processo de cuidado integral a pacientes com Lúpus Eritematoso Sistêmico. Os dados obtidos indicam que as manifestações emocionais e psicossociais decorrentes da doença exigem atenção profissional especializada, sendo o suporte psicológico uma estratégia indispensável para a promoção de saúde e bem-estar desses indivíduos.
Verificou-se que o sofrimento psíquico causado pela vivência com uma doença crônica, imprevisível e sem cura pode agravar o estado clínico do paciente, comprometendo sua adesão ao tratamento, sua autonomia e sua qualidade de vida. A psicoterapia, nesse contexto, atua como ferramenta de escuta, acolhimento e fortalecimento emocional, além de favorecer a ressignificação da experiência de adoecer. Assim, o cuidado psicológico não deve ser visto como complementar, mas como parte integrante do plano terapêutico desses pacientes.
Como limitação do estudo, destaca-se a escassez de produções específicas que abordam a interface entre psicologia e lúpus, o que reforça a necessidade de novos estudos sobre o tema. Recomenda-se, portanto, que futuras pesquisas aprofundem os impactos das intervenções psicológicas na adesão ao tratamento e na remissão clínica, bem como investiguem os efeitos da atuação multiprofissional na saúde mental de pessoas com LES. Investir em conhecimento e cuidado psicológico é promover humanidade, empatia e saúde integral.
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1Acadêmica do curso de Psicologia da Faculdade Anhanguera, campus Sorocaba SP.
2Orientadora e Docente do curso de Psicologia da Faculdade Anhanguera campus Sorocaba SP.
3Coordenador Pedagógico e Coordenador do curso de Psicologia da Faculdade Anhanguera campus Sorocaba SP.