REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/pa10202501082236
Carolaine Barros dos Santos1
Eliane Maria da Silva Anunciação 2
Suzane Rosa Pereira 3
RESUMO
Este artigo tem por objetivo geral explicar a contribuição da Neuropsicopedagogia com estudantes que apresentam transtornos específicos de aprendizagem, sendo desmembrado em três objetivos específicos conhecer o processo histórico da Neuropsicopedagogia; definir o que são transtornos funcionais específicos de aprendizagem; descrever o papel do neuropsicopedagogo com relação aos transtornos funcionais específicos de aprendizagem. Por meio de uma pesquisa qualitativa foi feita uma análise bibliográfica e documental tendo como base documentos como o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais DSM-5, as notas técnicas e o código de ética da Sociedade Brasileira de Neuropsicopedagogia Sbnpp, livros, cartilhas e ebooks sobre os transtornos de aprendizagem. A Neuropsicopedagogia tem base na neurociência, na psicologia e na pedagogia, ela surgiu para ultrapassar as barreiras educacionais, se tratando das dificuldades de aprendizagem. Os transtornos de aprendizagem são especificamente a dificuldade na leitura, escrita e na matemática. O profissional neuropsicopedagogo por estudar como o cérebro aprende, tendo algum tipo de transtorno de aprendizagem ou não, é um dos profissionais mais capacitados para atuar frente a esta demanda.
Palavras-chave: Neuropsicopedagogo. Transtornos de aprendizagem. Avaliação.
1 INTRODUÇÃO
A educação tem sido mais desafiadora a cada ano que passa, nas salas de aula muitos estudantes têm apresentando diversas dificuldades de aprendizagem, muitas vezes essas dificuldades são passageiras e com a intervenção correta, são superadas, porém algumas podem advir de algum tipo de transtorno específico de aprendizagem que pode ser na leitura, escrita ou na matemática, ensinar um estudante com algum destes transtornos requer que o professor tenha uma prática diferenciada e aplique as metodologias adequadas. O Neuropsicopedagogo por estudar as funções cerebrais e relacionar a neurociência com a educação, é um dos melhores profissionais para realizar as intervenções adequadas.
Ainda existem muitas dúvidas sobre o que é a neuropsicopedagogia e sobre quais são e o que são os transtornos de aprendizagem, por isso este artigo descreverá a história da neuropsicopedagogia, irá apresentar a definição de transtornos de aprendizagem e como o neuropsicopedagogo pode contribuir no conhecimento dos indivíduos que apresentam alguns dos tipos de transtornos de aprendizagem.
Os termos transtorno específico da aprendizagem ou distúrbio da aprendizagem do desenvolvimento, são terminologias usadas pelo Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, 5ª (quinta) edição (DSM-5) e o Código Internacional de Doenças (CID-11), respectivamente, para falar sobre a inaptidão específica, na leitura, escrita ou na matemática. Se um indivíduo que tem inteligência dentro da média, não tem alterações motoras, está com o emocional estável e tem uma estabilidade financeira, apresentar dificuldades nessas áreas, pode-se suspeitar que tenha algum transtorno específico de aprendizagem. (ROTTA; OHLWEILER; RIESGO, 2016, p. 108)
O Neuropsicopedagogo por estudar “a relação entre o funcionamento do sistema nervoso e a aprendizagem humana” conforme aponta o art. 10º da Resolução 03/2014, p. 03 da SBNPp (Sociedade Brasileira de Neuropsicopedagogia). É capacitado para intervir adequadamente em indivíduos que apresentarem algum tipo de transtorno específico de aprendizagem.
Na prática o Neuropsicopedagogo realiza avaliações trabalhando em conjunto com outros profissionais, como psicólogos, neurologistas e fonoaudiólogos, e quando identifica que o paciente realmente apresenta algum tipo de transtorno específico da aprendizagem, inicia-se as intervenções com metodologias e recursos adequados.
2 O PAPEL DA NEUROPSICOPEDAGOGIA PARA ESTUDANTES QUE APRESENTAM TRANSTORNOS ESPECÍFICOS DE APRENDIZAGEM
2.1 PROCESSO HISTÓRICO DA NEUROPSICOPEDAGOGIA
Segundo o Art. 10º. das Resoluções 03/2014 e 04/2020 da SBNPp, a Neuropsicopedagogia:
é uma ciência transdisciplinar, fundamentada nos conhecimentos da Neurociências aplicada à educação, com interfaces da Pedagogia e Psicologia Cognitiva que tem como objeto formal de estudo a relação entre o funcionamento do sistema nervoso e a aprendizagem humana numa perspectiva de reintegração pessoal, social e educacional. (Art. 10º. Resoluções 03/2014 e 04/2020 – SBNPp, p. 03).
A neuropsicopedagogia relaciona o funcionamento do sistema nervoso com a aprendizagem, baseado na neurociência, na psicologia e na pedagogia.
Conhecer a história da Neuropsicopedagogia no Brasil é essencial, para entender a importância do trabalho desta ciência. Tudo iniciou em 2008, por um grupo de professores, na cidade de Joinville, Santa Catarina. Eles auxiliavam em cursos de pós- graduação e por um pedido foram estimulados a realizarem pesquisas baseadas na criticidade e no enredo escolar vivenciado no momento. (SBNPp, 2014).
A partir disso, estudaram e produziram muito, ultrapassando estudos da época que tratavam das dificuldades escolares baseando-se somente na emoção e comportamentos. Houve a necessidade de trazer a Neurociência para a Educação, com foco na aprendizagem escolar. Foi então que este grupo de professores iniciou pesquisas sobre tudo a respeito de educação especial, inclusão escolar e dificuldades de aprendizagem. (SBNPp, 2014).
Os pesquisadores estavam preocupados, pois precisavam basear sua pesquisa em algo que tivesse relação com o entendimento do sistema cognitivo e esse tipo de conhecimento era limitado para a educação, pois até o momento a educação se baseava apenas em orientações, emoções e questões familiares. Foi então quando surgiu o primeiro projeto que aplicava a Neurociência à educação, com o nome de Neuropsicopedagogia, que é a união da Neurociência, Psicologia e a Pedagogia (SBNPp, 2014).
Estava surgindo um novo profissional da educação, capacitado para trabalhar com as diversas demandas que a escola traz, pois trabalha de forma multidisciplinar e multiprofissional com Pedagogos, Psicopedagogos, Psicólogos, Neuropsicólogos,
Médicos Pediatras, Médicos Psiquiatras infanto-juvenis, Fonoaudiólogos, Terapeutas Ocupacionais, Fisioterapeutas e Neurocientistas. (SBNPp, 2014).
O primeiro curso de especialização em Neuropsicopedagogia, foi lançado em 06 de setembro de 2008, em Jaraguá do Sul, SC. Em seguida, outras instituições criaram novos formatos deste curso, como o Grupo Educacional CENSUPEG, que lançou a especialização com o título de Neuropsicopedagogia e Educação Especial Inclusiva. (SBNPp, 2014).
Após o lançamento, a Neuropsicopedagogia foi vista como uma área de muita assistência para as questões de aprendizagem escolar e reintegração de pessoas, pois obtiveram muitos casos positivos em relação a isso. No início ainda tinham muitas dúvidas, pois nascia uma nova ciência, tanto que após dois anos surgiu a Neuropsicopedagogia Clínica para atendimentos individualizados e/ou também multidisciplinares. (SBNPp, 2014).
A SBNPp (Sociedade Brasileira de Neuropsicopedagogia) surgiu com o intuito de promover ações onde os Neuropsicopedagogos sejam reconhecidos, incentivando publicações científicas, aprimoramento dos testes utilizados e tudo o que possa ser relevante à esta nova ciência. (SBNPp, 2014).
É importante ressaltar que a Neurociência e a Psicologia Cognitiva não fornecem diretamente estratégias de ensino, sendo esse papel atribuído à Pedagogia. A Neurociência e a Psicologia Cognitiva contribuem para compreender os processos de aprendizagem, desde os aspectos neurológicos e biológicos até os aspectos cognitivos, fornecendo embasamento teórico para o neuropsicopedagogo compreender o desenvolvimento global e as dificuldades de aprendizagem dos indivíduos (SBNPp, 2017).
2.2 DEFINIÇÃO DE TRANSTORNOS DE APRENDIZAGEM
Segundo o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, 5ª edição (DSM-5), caracteriza-se transtorno de aprendizagem, quando existem dificuldades na aprendizagem e no uso das habilidades acadêmicas, que perdure por 6 meses ou mais, mesmo após intervenções diretas em pelo menos um dos seguintes sintomas: dificuldade na leitura; interpretação da leitura; dificuldade na escrita, como na ortografia ou falta de pontuação e organização de parágrafos; dificuldades com números como em somas simples e no raciocínio lógico. (DSM-5, 2014, p. 66).
Considera-se transtorno de aprendizagem quando
as habilidades acadêmicas afetadas estão substancial e quantitativamente abaixo do esperado para a idade cronológica do indivíduo, causando interferência significativa no desempenho acadêmico ou profissional ou nas atividades cotidianas. (DSM-5, 2014, p. 66).
Qualifica-se como transtorno de aprendizagem quando as dificuldades aparecem, porém não se manifestam até o momento em que a exigência exceda a capacidade do estudante. (DSM-5, 2014). Essas dificuldades aparecem durante os anos escolares, porém por ser sutil e o indivíduo acaba não sendo diagnosticado durante este período, até que requisitos além do que é capaz apareçam. (DSM-5, 2014).
De acordo com o DSM-5, uma pessoa com transtorno específico da aprendizagem é aquela que tem dificuldades de aprendizagem por origem neurobiológica, ou seja, a dificuldade não deve ter relação com problemas culturais ou socioeconômicos e nem com algum tipo de deficiência. (DSM-5, 2014).
Segundo o DSM-5 e o CID-10, os transtornos específicos da aprendizagem que existem são especificamente: prejuízo na leitura, na expressão escrita e na matemática. O transtorno da leitura é a dificuldade em entender palavras escritas, ou seja, dificuldade na leitura. O transtorno da escrita é caracterizado pela dificuldade em escrever textos, muitos erros gramaticais, pontuação e falta de organização dos parágrafos e o transtorno na matemática apresenta problema em aprender conceitos da matemática ou realizar tarefas que demandem raciocínio lógico. (ROTTA; OHLWEILER; RIESGO, 2016, p. 109).
Para entender melhor, o prejuízo na leitura é marcado pelo desafio na leitura exata das palavras, como obstáculo na fluência, na soletração e nas habilidades de decodificação, e são causadas geralmente por um déficit na parte fonológica da linguagem. Quando falamos em dislexia, não espera-se contratempos quanto a outras habilidades cognitivas. (ROTTA; OHLWEILER; RIESGO, 2016, apud Associação Internacional de Dislexia, 2003).
O cérebro do indivíduo com prejuízo na leitura funciona de maneira diferente na hora de processar a linguagem, ele enfrenta desafios na área fonológica, consequentemente encontra obstáculos em reconhecer letras e palavras, resultando em entraves na leitura. (MOUSINHO, 2003).
O prejuízo na expressão escrita, popularmente conhecida como “letra feia”, é caracterizada pela força excessiva usada na hora da escrita, grafias diferentes da mesma letra e erro na fragmentação de palavras. SEABRA (apud HUDSON, 2019).
O prejuízo na expressão escrita é marcado pela escrita ortográfica incorreta, como por exemplo, substituições, omissões e inversões de letras, junções ou separações indevidas de palavras, padrão de escrita de acordo com a fala, dificuldade em aprender regras de ortografia e consequentemente em produzir textos. (PAVÃO, 2005)
O prejuízo na matemática é caracterizado por não entender os números e sua relação com o mundo, a pessoa com esse transtorno específico de aprendizagem apresentam dúvidas em somas simples e não consegue usar conceitos matemáticos para resolver problemas matemáticos. (MOUSINHO et al. 2020).
Na fase escolar as crianças com prejuízo na matemática apresentam problemas nas operações básicas como adição, subtração, multiplicação e divisão, dificuldades em medir coisas, memorização e no aprendizado da tabuada. À medida que as crianças com esse prejuízo crescem e se tornam adultos, se não tratadas, as dificuldades matemáticas persistem, e podem ter problemas em estimar custos ao fazer compras e em aprender conceitos matemáticos mais complexos, além dos fatos numéricos. (COSTA; DINIZ; MIRANDA, 2016).
O gerenciamento financeiro também pode ser um desafio para eles, assim como estimar a passagem do tempo e seguir cronogramas. Os cálculos mentais sem o auxílio de ferramentas como calculadoras ou papel e lápis podem ser particularmente difíceis. Essas pessoas também podem encontrar obstáculos em encontrar mais de uma solução para um mesmo problema ou na resolução de problemas complexos que envolvam várias operações simultâneas. (COSTA; DINIZ; MIRANDA, 2016).
Além disso, a habilidade de estimar com precisão e velocidade, bem como julgar distâncias, pode ser afetada, dificultando atividades cotidianas como dirigir ou praticar esportes. (COSTA; DINIZ; MIRANDA, 2016).
2.3 O PAPEL DO NEUROPSICOPEDAGOGO COM RELAÇÃO AOS TRANSTORNOS FUNCIONAIS ESPECÍFICOS DE APRENDIZAGEM
“A atuação do Neuropsicopedagogo tem o objetivo de promover uma educação de qualidade, com foco no trabalho efetivo da Educação Inclusiva, bem como o atendimento prioritário às crianças e jovens com dificuldades de aprendizagem.” (SBNPp, 2014, p. 17).
O neuropsicopedagogo pode atuar, desde que habilitado, no campo institucional ou clínico. Quando habilitado na área institucional trabalha de forma multidisciplinar, em escolas públicas ou privadas, centros de educação, instituições de educação superior e/ou setores que ofertam serviços sociais, já na área clínica faz atendimento individualizado em clínica, espaço específico ou posto de saúde e hospitais. (Art. 29 e 30 das resoluções 03/2014 e 04/2020 da SBNPp).
Para um neuropsicopedagogo intervir de forma adequada, é necessário que conheça as funções executivas do cérebro, pois são elas que têm relação com as habilidades cognitivas e controlam as ações, emoções e pensamentos. As funções executivas são compostas por três áreas, que são: memória de trabalho, flexibilidade cognitiva e controle inibitório.(SILVA; CATUNDA, 2021).
A intervenção do neuropsicopedagogo não é feita através de uma receita ou método pronto, cada criança tem sua individualidade e dificuldades, com isso requer estratégias e intervenções diferentes. Antes de qualquer ação, o neuropsicopedagogo precisa investigar/avaliar esse estudante. Para isso o mesmo precisa fazer uma anamnese, levantar hipóteses sobre a causa do problema, se necessário, encaminhar o paciente para outros especialistas e a partir daí agir para sanar a(s) dificuldade(s). (SILVA; CATUNDA, 2021).
A avaliação e intervenção neuropsicopedagógica são processos fundamentais para compreender e atender os indivíduos com transtornos específicos de aprendizagem. Na escolha dos instrumentos de avaliação, é essencial considerar os objetivos específicos e buscar materiais não vetados para uso, que possuam parâmetros adequados para analisar as dificuldades e facilidades de aprendizagem do sujeito. É recomendado que o neuropsicopedagogo consulte os sites de conselhos profissionais, como o Conselho Federal de Psicologia e o Conselho Federal de Fonoaudiologia, para verificar a lista de instrumentos não privativos dessas áreas e utilizá-los de forma adequada. (SBNPp, 2017). De acordo com Luria, o neuropsicopedagogo baseia-se em teorias do desenvolvimento e da aprendizagem, como as de Piaget, Vygotsky e outros, para compreender o contexto escolar e os protocolos de inclusão. Essas bases teóricas permitem uma visão abrangente do desenvolvimento humano e das dificuldades de aprendizagem. (SBNPp, 2017 apud Luria).
No contexto institucional, o neuropsicopedagogo atua em conjunto com a equipe técnica-pedagógica, identificando demandas de avaliação e intervenção, selecionando instrumentos adequados e planejando projetos de trabalho ou oficinas temáticas. Já no contexto clínico, a avaliação neuropsicopedagógica é realizada por meio de anamnese, sessões de avaliação e devolutiva aos pais/responsáveis, visando identificar dificuldades de aprendizagem e encaminhar, quando necessário, para outros profissionais especializados. A intervenção clínica envolve a elaboração de um plano de intervenção, o acompanhamento do progresso do indivíduo e a análise da possibilidade de alta, quando apropriado. (SBNPp, 2017).
Para garantir uma atuação ética e embasada, é recomendado que o neuropsicopedagogo utilize os manuais estatísticos como o CID-10, o DSM-5 e o CIF ( Classificações Internacionais da Organização Mundial de Saúde), além de consultar associações e conselhos profissionais, como a APA (Associação Americana de Psiquiatria), CONFEF (Conselho Federal de Educação Física), CREFITO (Conselho Regional de Fisioterapia e Terapia Ocupacional), entre outros, para se atualizar sobre os conhecimentos e diretrizes da Neuropsicopedagogia (SBNPp, 2017).
A avaliação e intervenção neuropsicopedagógica são fundamentais para compreender as dificuldades de aprendizagem dos indivíduos. O neuropsicopedagogo utiliza tanto abordagens quantitativas como testes formais, quanto abordagens qualitativas, como as provas piagetianas e etapas psicogenéticas. A intervenção envolve a ampliação das possibilidades de percepção do sujeito, levando em conta as funções executivas, habilidades sociais e o desenvolvimento cognitivo. Tanto no contexto institucional quanto no clínico, é essencial seguir as diretrizes éticas, utilizar instrumentos adequados e trabalhar em conjunto com outros profissionais, quando necessário (SBNPp, 2017).
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A Neuropsicopedagogia é uma ciência transdisciplinar que relaciona o funcionamento do sistema nervoso com a aprendizagem, baseando-se na neurociência, na psicologia e na pedagogia. Seu surgimento no Brasil teve início em 2008, quando um grupo de professores em Joinville, Santa Catarina, iniciou pesquisas sobre educação. A partir dessas pesquisas, surgiu a Neuropsicopedagogia, que se tornou uma área de grande assistência para questões de aprendizagem escolar e reintegração pessoal.
Os transtornos específicos de aprendizagem são caracterizados por dificuldades persistentes na leitura, escrita e matemática, que afetam significativamente o desempenho acadêmico ou profissional do indivíduo. Esses transtornos têm origem neurobiológica e não estão relacionados a problemas culturais, socioeconômicos ou deficiências.
Os transtornos específicos de aprendizagem são particularmente: prejuízos na leitura, na escrita e na matemática.
O papel do neuropsicopedagogo em relação aos transtornos de aprendizagem é promover uma educação de qualidade para crianças e jovens que possuam algum desses prejuízos. O profissional da neuropsicopedagogia atua tanto no campo institucional, em escolas e instituições de educação, quanto na área clínica, realizando atendimentos individualizados. A intervenção do neuropsicopedagogo é personalizada, levando em consideração as funções executivas do cérebro, como memória de trabalho, flexibilidade cognitiva e controle inibitório.
Para realizar uma intervenção adequada, o neuropsicopedagogo realiza uma avaliação clínica que envolve análise do material escolar, questionários, atividades matemáticas, escrita, leitura, desenhos, jogos e testes psicomotrizes. Cada criança é única, e as estratégias e intervenções são adaptadas às suas necessidades individuais. É importante seguir diretrizes éticas, utilizar instrumentos adequados e trabalhar em conjunto com outros profissionais, quando necessário.
A Neuropsicopedagogia desempenha um papel fundamental no apoio a estudantes que apresentam transtornos específicos de aprendizagem. Através de uma abordagem multidisciplinar, baseada em conhecimentos da neurociência, psicologia e pedagogia, o neuropsicopedagogo busca compreender e atender às dificuldades de aprendizagem dos indivíduos, promovendo uma educação inclusiva e de qualidade. A avaliação e intervenção neuropsicopedagógica são processos essenciais para identificar e auxiliar no desenvolvimento desses estudantes, utilizando abordagens quantitativas e qualitativas, e sempre seguindo diretrizes éticas e colaborando com outros profissionais.
REFERÊNCIAS
AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais: DSM – V. 5ª Ed. Porto Alegre: Artmed, 2014. Disponível em http://www.institutopebioetica.com.br/documentos/manual-diagnostico-e-estatistico-de- transtornos-mentais-dsm-5.pdf. Acesso em: 02 de março de 2023.
FONSECA, J. J. S. Metodologia da pesquisa científica. Fortaleza: UEC, 2002. Apostila.
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MOUSINHO, Renata et al. Leitura, escrita e matemática: do desenvolvimento aos transtornos específicos da aprendizagem. São Paulo: Instituto ABCD, 2020.
Pavão, V. (2005). Dislexia e disortografia: a importância do diagnóstico. IGT Na Rede ISSN 1807-2526, 2(3). Recuperado de http://igt.psc.br/ojs3/index.php/IGTnaRede/article/view/37 . Acesso em: 25/06/2023 ROTTA, N. T.; OHLWEILER, L.; RIESGO, R. S. Transtornos da aprendizagem: abordagem neurobiológica e multidisciplinar. 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2016.
SEABRA, M. A. B.; Distúrbios e transtornos de aprendizagem: aspectos teóricos, 1.ed. metodológicos e educacionais. 1.ed. – Curitiba, PR: Bagai, 2020.
SOCIEDADE BRASILEIRA DE NEUROPSICOPEDAGOGIA (SBNPp). Código de ética técnico profissional da Neuropsicopedagogia e suas alterações. Disponível em: https://sbnpp.org.br/arquivos/Codigo_de_Etica_Tecnico_Profisisonal_da_Neuropsicope dagogia_-_SBNPp_-_2021.pdf. Acesso em: 06 de março de 2023.
SOCIEDADE BRASILEIRA DE NEUROPSICOPEDAGOGIA (SBNPp). História da Neuropsicopedagogia no Brasil. Disponível em: https://sbnpp.org.br/. Acesso em: 23 de maio de 2023.
SOCIEDADE BRASILEIRA DE NEUROPSICOPEDAGOGIA (SBNPp). Conselho técnico profissional. Nota Técnica. Nº 02/2017. Disponível em: https://sbnpp.org.br/arquivos/notas_tecnicas.pdf. Acesso em: 06 de março de 2023.
SILVA. R. R.; CATUNDA. C.; As Intervenções Neuropsicopedagógicas no processo de desenvolvimento e aprendizagem infantil. 2021. Disponível em: https://cosminha.jusbrasil.com.br/artigos/1190978964/as-intervencoes-neuropsicopedagogicas-no-processo-de-desenvolvimento-e-aprendizagem-infantil. Acesso em: 06 de março de 2023.
1 Professora na Rede Municipal de Ensino de Campo Grande/MS. Técnica de Educação Especial na Rede Estadual de Ensino de Mato Grosso do Sul. Especialista em Neuropsicopedagogia pelo Instituto de Ensino Libera Limes.
2 Professora na Rede Municipal de Ensino de Campo Grande/MS. Mestre em Educação pela Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul – UEMS/Paranaíba.
3 Professora na Rede Municipal de Ensino de Campo Grande/MS. Especialista em Neuropsicopedagogia pelo Instituto de Ensino Libera Limes.