REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.12708696
Dasilon Oliveira Lagos1
Willian Doce da Paixão2
Ana Maria Ferreira Gomes MSc.
Resumo
Esta pesquisa pretende mostrar como a contabilidade poderá ser usada na gestão de projetos e mecanismos para geração de créditos de carbono no distrito de Capanãzinho em Manicoré AM. O artigo aborda inicialmente o surgimento dos créditos de carbono como uma resposta internacional às mudanças climáticas, iniciando com a Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC) em 1992 e culminando no Protocolo de Quioto em 1997. Este último estabeleceu metas de redução de emissões para países desenvolvidos e introduziu mecanismos como o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL). A pesquisa utilizou uma abordagem qualitativa e quantitativa, com estudo de caso aplicado no Distrito de Capanãzinho, Manicoré/AM. Foram realizadas entrevistas e aplicação de questionários para 10 moradores do Distrito, além de análise documental. Os resultados indicaram que a contabilidade desempenha um papel crucial na gestão de projetos de créditos de carbono. A maioria dos entrevistados demonstrou bom conhecimento sobre créditos de carbono e reconheceu seus benefícios, embora tenham identificado barreiras como a burocracia e a falta de conhecimento técnico. A pesquisa conclui que a contabilidade é essencial para quantificar e mensurar os créditos de carbono gerados, controlar custos, garantir conformidade regulatória e apoiar decisões estratégicas. Nesse sentido recomendasse capacitar os moradores em gestão de projetos de créditos de carbono, simplificar processos burocráticos, investir em pesquisa e desenvolvimento, e promover os benefícios dos créditos de carbono na região.
Palavras-chave: Contabilidade. Créditos de Carbono. Mudanças Climáticas.
Introdução.
Com a globalização e a industrialização, o uso dos recursos naturais e a produção do dióxido de carbono aumentaram muito, trazendo impactos ambientais enormes para o planeta. Com isso em 1992, 175 países assinaram um tratado para estabelecer ações e metas para a redução de gases poluentes na atmosfera. E em 1997 no Japão surge o Protocolo de Quioto, que previa medidas rigorosas para contenção das emissões de gases que provocam o efeito estufa. Dessa forma surge os créditos de carbono, onde as entidades que não conseguissem cumprir suas metas poderiam comprar esses créditos. Assim surge o mercado milionário de credito de carbono, e a contabilidade como a ciência que que estuda, interpreta e registra os fenômenos que afetam o patrimônio de uma entidade, busca entender seu papel nesse novo mercado, nesse cenário o Brasil e principalmente a Amazônia surgem como uma potência para projetos de créditos de carbono. Sendo assim, esta pesquisa apresenta como problemática o estudo da contabilidade como ferramenta de gestão contábil em projetos e mecanismos para geração de créditos de carbono.
Seu objetivo geral versa em Mensurar a Contabilidade como fonte de informações e gestão, relativas a Projetos de Créditos de Carbono. Para atender o objetivo geral delineamos os seguintes objetivos específicos: a) apresentar a literatura sobre Projetos de Mecanismos de Desenvolvimento Limpo – MDL, constantes no Protocolo de Kyoto.b) definir conceitos Ambientais e Contábeis, referentes a Projetos de Créditos de Carbono. c) avaliar o papel da Contabilidade na implantação e controle de Projetos de Créditos de Carbono.
Esta pesquisa justifica-se pela relevância ambiental que pauta a gestão de carbono que se tornou uma preocupação global devido às mudanças climáticas e à necessidade de reduzir as emissões de gases de efeito estufa. Projetos de geração de créditos de carbono desempenham um papel fundamental na mitigação das mudanças climáticas, vale ressaltar que a contabilidade desempenha um papel crucial na quantificação e verificação dessas reduções. Entender como a contabilidade pode otimizar a geração e a gestão desses créditos pode ter um impacto significativo na economia local.
Sua fundamentação teórica está sustentada nos principais autores da atualidade. A questão dos créditos de carbono emergiu como uma resposta internacional à urgência das mudanças climáticas, delineada pela Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima em 1992. Este marco histórico definiu a responsabilidade dos países desenvolvidos na redução das emissões de gases de efeito estufa, culminando no Protocolo de Quioto em 1997. A partir dessa iniciativa, surgiu um mercado global de créditos de carbono, onde os países podem negociar suas emissões excedentes e promover projetos de desenvolvimento limpo através do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL). No Brasil, especialmente na Amazônia, essa prática adquire uma relevância ainda maior, não apenas como instrumento econômico, mas como ferramenta crucial para a preservação de um dos ecossistemas mais biodiversos do planeta. Neste contexto, a contabilidade de créditos de carbono se destaca não apenas como uma prática empresarial, mas como uma ferramenta estratégica para promover a sustentabilidade ambiental e econômica globalmente.
A metodologia de pesquisa desempenha um papel fundamental na construção e validação do conhecimento científico, guiando pesquisadores através de procedimentos e técnicas específicas para investigar fenômenos e questões relevantes para a sociedade. Este artigo explora uma metodologia que combina abordagens qualitativas e quantitativas, aplicadas ao estudo de um tema emergente e pouco conhecido: a Sociedade Nova Aliança dos Castanheiros Capanaenses, localizada no Distrito de Capanãzinho, Manicoré-AM. Ao adotar uma abordagem interpretativa e documental, este estudo busca compreender os significados atribuídos pelos associados, utilizando instrumentos como entrevistas, questionários e análise documental. A ética na coleta e análise dos dados é central, assegurando a integridade e relevância dos resultados obtidos. Este artigo discute detalhadamente cada etapa da pesquisa, desde a definição do universo e seleção da amostra até o tratamento e análise dos dados, com o objetivo de contribuir significativamente para o conhecimento sobre esta comunidade específica e suas práticas associativas.
A contabilidade tem desempenhado um papel fundamental na gestão e na mensuração de iniciativas voltadas à geração de créditos de carbono em diversas regiões do mundo. No Distrito de Capanãzinho, essa ferramenta adquire particular relevância ao contribuir para a avaliação precisa dos impactos ambientais e econômicos das atividades locais. Este artigo se propõe a apresentar e analisar os resultados de uma pesquisa realizada na Associação Nova Aliança, que investigou o conhecimento e a percepção dos moradores sobre créditos de carbono, bem como o papel da contabilidade nesse contexto. A pesquisa envolveu entrevistas e questionários aplicados a uma amostra representativa, permitindo não apenas compreender o grau de familiaridade dos entrevistados com o tema, mas também explorar as expectativas, desafios e benefícios percebidos com a implementação desses projetos na comunidade. Ao final, discutiremos como a contabilidade pode ser eficaz na promoção de práticas sustentáveis e no desenvolvimento integrado do Distrito de Capanãzinho.
A crescente preocupação global com as mudanças climáticas tem impulsionado a busca por soluções inovadoras e sustentáveis em diversas áreas, especialmente no que diz respeito à mitigação das emissões de gases de efeito estufa. Nesse contexto, os créditos de carbono surgem como uma ferramenta crucial para incentivar práticas que reduzam essas emissões e promovam o desenvolvimento sustentável. No Distrito de Capanãzinho, localizado em Manicoré/AM, a contabilidade emerge como uma peça fundamental na gestão e mensuração desses projetos de créditos de carbono.
A pesquisa realizada neste estudo revelou que a contabilidade desempenha múltiplos papéis essenciais: desde a quantificação precisa dos créditos de carbono gerados até o controle rigoroso dos custos e receitas associados aos projetos. Além disso, a contabilidade assegura a conformidade com normas e regulamentações, fornecendo informações cruciais para apoiar decisões estratégicas. A análise também destacou o conhecimento significativo dos moradores de Capanãzinho sobre os benefícios dos créditos de carbono para a região, embora identificasse desafios como a falta de expertise técnica e obstáculos burocráticos que dificultam a implementação eficiente desses projetos.
Com base nos resultados obtidos, este artigo apresenta recomendações direcionadas para fortalecer a capacidade local, simplificar processos administrativos e fomentar o desenvolvimento tecnológico necessário para maximizar os benefícios dos créditos de carbono em Capanãzinho. Acredita-se que a implementação efetiva dessas recomendações não apenas otimizará a gestão dos projetos existentes, mas também abrirá caminho para novas iniciativas que promovam um desenvolvimento sustentável robusto e resiliente na região.
Este estudo combina abordagens qualitativas e quantitativas, utilizando entrevistas, questionários e análise documental para capturar uma visão abrangente e detalhada do contexto local. É importante ressaltar que os resultados apresentados são específicos para Capanãzinho e podem não ser generalizáveis para outras regiões, destacando a importância de considerar as particularidades locais na formulação de estratégias e políticas voltadas para a gestão de créditos de carbono.
Em síntese, este artigo contribui para o entendimento aprofundado dos desafios e das oportunidades associados à contabilidade como ferramenta crucial na viabilidade e sucesso de projetos de créditos de carbono em contextos regionais específicos, fornecendo um guia prático para a implementação de medidas eficazes que promovam o desenvolvimento sustentável e a mitigação das mudanças climáticas em Capanãzinho, Amazonas.
1. Fundamentação Teórica
1.1 SURGIMENTO DOS CRÉDITOS DE CARBONO
Preocupados com as mudanças climáticas e seus impactos à humanidade, 175 países assinaram em junho de 1992 um tratado que ficou conhecido como a Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (CQNUMC), do inglês United Nations Framework Convention on Climate Change (UNFCCC). O tratado previa a necessidade de se estabelecerem ações e metas para a redução na emissão de gases poluentes na atmosfera (MCT, 1999).
A convenção também determinava que os países desenvolvidos, por possuírem melhores recursos e condições, e por poluírem mais, é que devem tomar a iniciativa no combate à mudança do clima e seus efeitos. Dessa maneira, dividiu os países em dois grandes grupos: (considerados industrializados e grandes emissores de dióxido de carbono, geralmente desenvolvidos) e as nações consideradas em desenvolvimento (MCT, 1999).
A Convenção Quadro realizou-se em 21 de março de 1994 e, após sua assinatura, diversas reuniões foram realizadas entre os países participantes da Convenção. As reuniões realizadas entre seus participantes receberam a denominação de Conferência das Partes (Conference of Parts – COP) e, após fevereiro de 2005, foi designado de Encontro das Partes (Meeting of the Parties – MOPs) (SISTER, 2007, p. 7; RIBEIRO, 2005, p. 14). Segundo Ribeiro (2005, p. 15), “a mais conhecida entre as COPs foi a de Quioto, no Japão, em 1997, na qual foram apresentadas e discutidas medidas concretas e rigorosas para a contenção das emissões de gases que provocam o efeito estufa, bem como sua remoção”. A COP-3, ocorrida no Japão, foi a mais importante por estabelecer os meios e mecanismos de mitigar as emissões antrópicas de gases de efeito estufa na atmosfera. Nessa Conferência, surgiu o documento oficial conhecido como o Protocolo de Quioto.
1.2 PROTOCOLO DE QUIOTO
A comercialização do crédito de carbono teve início no ano de 1997, na cidade de Quioto, no Japão, onde foi concentrada a Convenção sobre Mudança do Clima. Líderes do mundo inteiro se reuniram em prol de um único objetivo: amenizar os impactos ambientais causados pelos Gases do Efeito Estufa (GEEs) e tentar reverter o quadro em que o mundo estava exposto e por esse motivo surgiu o Protocolo de Quioto, no qual definiram regras para a criação do MDL (ANTONIO et al, 2010).
Países integrantes da Organização das Nações Unidas (ONU) assinaram esse acordo que estipulou metas para a diminuição dos gases do efeito estufa. Através desse acordo, esses países geram uma obrigação em manter seu nível de poluição dentro do limite estabelecido pelo Protocolo, como, também, reduzir mundialmente os impactos causados pelos GEEs: dióxido de carbono (CO2), metano (CH4), óxido nitroso (N2O), hidroflúorcarboneto (HFC), perfluorcarbono (PFC) e hexafluoreto de enxofre (SF6) (SOUZA et al, 2010).
O Protocolo de Quioto estabeleceu uma meta de 5,2% de GEEs até o ano de 2000, e para os países que fazem parte do acordo não comprometer sua economia foi criado mecanismos como o comércio de certificados. Países que superem o objetivo de redução geram uma carta de crédito que pode ser comercializada com países que não atingiram o estabelecido, outro mecanismo é o MDL um projeto de execução de tecnologias limpas coordenado pelo Conselho Executivo de Convenção – Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima. (SILVA; MACEDO, 2012).
O Protocolo de Kyoto pontua uma lista de países considerados potenciais emissores e determina que estes, garantam que suas emissões antrópicas, não excedam o limite estabelecido no referido protocolo. Para cumprir com as metas estabelecidas, os países possuem três alternativas: implementação conjunta, comercialização de emissões, e instituição de mecanismos de desenvolvimento limpo (MDL), onde os países que não possuem metas a cumprir, podem mediante instalação de projetos que apresentem emissões comprovadamente diminuídas, vender aos países desenvolvidos “cotas” de emissões para que estes consigam atingir suas metas, os chamados “créditos de carbono” (NASCIMENTO…)
Muitas pesquisas têm demonstrado a forte relação entre fatores ambientais e econômicos, relacionados à venda de créditos de carbono, onde um influencia o outro. O Brasil possui grande potencial para projetos de MDL. Dessa forma, é imprescindível que o Governo Brasileiro estimule esses projetos, criando um cenário favorável, com menos riscos e mais segurança jurídica para os investidores (NASCIMENTO…; NETO…).
1.3 MERCADO REGULADO DE CARBONO NO BRASIL
De acordo com Mckinsey e Company (2009), o Brasil possui uma realidade hoje, e também a prevista para 2030, distinta do restante do mundo. Em âmbito mundial, as principais fontes de emissão de GEE correspondem à geração de energia e transporte, que, juntas, totalizarão cerca de 40% das emissões em 2030. No Brasil, entretanto, esses setores são responsáveis por apenas 13% das emissões de GEE. Por outro lado, os setores de agricultura e floresta, de relevância mediana global (22%), representam os principais responsáveis pelas emissões de GEE no país (72%).
No entanto, a concepção e desenvolvimento de um projeto de MDL envolvem altos custos de transação, além de riscos e incertezas, representando possíveis barreiras para sua plena utilização no Brasil e demais países em desenvolvimento. (SILVA JUNIOR, 2011; SIMONI, 2009) Na opinião de Telesforo e Loiola (2009), o apoio governamental, não apenas na forma de financiamentos, mas, principalmente, de políticas públicas de fomento ao MDL, é imprescindível para o pleno desenvolvimento dessa modalidade de projeto no Brasil. Nesse sentido, vem sendo firmado um acordo entre o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social e o Ministério do Meio Ambiente no sentido de operacionalizar linhas de crédito do Fundo Nacional sobre Mudança do Clima (FNMC). Tal parceria visa aplicar cerca de 233 milhões de reais previstos no orçamento da União em projetos de redução de emissão de GEE e também em projetos de adaptação a situações provocadas por mudanças do clima. (PORTAL BRASIL, 2011)
1.4 CRÉDITO DE CARBONO NA AMAZÔNIA
DALLAN (2021), Para um país como o Brasil, que tem 60% da maior floresta tropical do mundo, esse é um assunto que não deveria sair nunca da pauta. Mas sabemos que, na prática, apesar das questões ambientais estarem ganhando cada vez mais visibilidade e relevância, especialmente com os pilares ESG, ainda está muito longe do ideal e do necessário. A começar pelo pouco conhecimento que temos sobre a Amazônia e, principalmente, a respeito do que cada um pode fazer para preservá-la. Vale lembrar que em torno de 50% das emissões de Gases de Efeito Estufa no Brasil são provenientes do desmatamento da Amazônia.
Para (DALLAN,2021), a preservação da Amazônia está ao alcance de todos nós, especialmente das empresas. Segundo a autora não dá mais para esperar que políticos façam o que deveriam fazer. “Temos, claro, que votar com consciência e cobrar que façam o que é preciso, mas passou da hora de envolver o mercado nesse propósito de forma prática e intensiva. Só assim conseguiremos dar o salto necessário para interromper o processo de destruição da floresta. Ela é muito mais que um conjunto esplêndido de árvores milenares. É a maior biodiversidade do globo terrestre, com cerca de 60 mil espécies de plantas e animais — um ecossistema riquíssimo que está clamando por socorro.”
1.5 CLASSIFICAÇÃO CONTÁBIL DOS CRÉDITOS DE CARBONO
Com a padronização das normas internacionais, se faz cada vez mais notável a presença da contabilidade na esfera empresarial. Assim, mesmo não havendo uma lei que regulamente o reconhecimento dos créditos de carbono na contabilidade das empresas participantes do MDL, é de extrema importância que haja a divulgação desses dados e a apresentação das RCEs (MACIEL et al, 2009).
Dentro deste conceito, Ribeiro (2009) acrescenta que o papel da contabilidade em relação ao crédito de carbono é justamente apresentar as vantagens obtidas pelas empresas que se utilizam desse projeto de MDL, pois a apresentação dessas informações de forma correta pode estimular cada vez mais essas negociações, podendo gerar um enfoque governamental, ou até mesmo a criação de uma lei que trate especificamente sobre a contabilização de empreendimentos que preservem o meio ambiente. (MACIEL et al, 2009).
Dado que o IASB declara em seu parágrafo 53 (…) que “o benefício econômico futuro embutido no ativo é o potencial para contribuir, direta ou indiretamente, para o fluxo de caixa ou equivalente de caixa para a entidade.” “(…) percebe-se que os créditos de carbono têm todas as características para enquadramento como Ativos, uma vez que, representam benefícios econômicos futuros que influenciarão o fluxo de caixa na medida em que contribuam para adequar a empresa às metas do Protocolo de Quioto, e têm origem em eventos ocorridos no passado, que é o momento em que foram negociados”.
1.6 CONTABILIDADE DE CRÉDITOS DE CARBONO COMO FERRAMENTA DE SUSTENTABILIDADE
Para Moura (2023), a contabilidade de créditos de carbono desempenha um papel crucial na incorporação da sustentabilidade em suas operações. Ela permite que as empresas avaliem seu impacto ambiental, definam metas de redução de emissões e desenvolvam estratégias para alcançar a neutralidade de carbono. Além disso, as empresas podem adquirir créditos de carbono para compensar emissões não evitáveis, contribuindo assim para a mitigação das mudanças climáticas.
2. Metodologia
Entende-se por metodologia “a aplicação de procedimentos e técnicas que devem ser observados para construção do conhecimento, com o propósito de comprovar sua validade e utilidade nos diversos âmbitos da sociedade” (PRODANOV, 2013, p.14).
2.1 Classificação da pesquisa
Segundo Denzin e Lincoln (2006), a pesquisa qualitativa envolve uma abordagem interpretativa do mundo, o que significa que seus pesquisadores estudam as coisas em seus cenários naturais, tentando entender os fenômenos em termos dos significados que as pessoas a eles conferem.
A presente pesquisa utilizou-se uma abordagem qualitativa e quantitativa, já que se pretende obter dados e fazer um estudo de caso, documental e bibliográfico, trata-se de pesquisa de natureza aplicada, pois procede-se de um trabalho original para obtenção de novos conhecimentos, utilizou-se o método dedutivo, onde iniciamos do geral para o particular, em se tratando dos objetivos foi de forma exploratória onde iremos explorar um tema recente e que é desconhecido pela maioria das pessoas.
2.2 Definição do universo e seleção da amostra
Para Silva (2003) o método de amostragem possibilita ao pesquisador a escolha de determinado sujeito do universo. Neste estudo foi utilizado como universo o Distrito de Capanãzinho em Manicoré-Am. Onde encontra-se os atores principais de nossa pesquisa: Os associados da Sociedade Nova Aliança dos Castanheiros Capanãenses.
2.3 Instrumento(s) de coleta de dados
Consiste na observação de fatos e fenômenos tal como ocorrem espontaneamente, na coleta de dados a eles referentes e no registro de variáveis que se presumem relevantes, para analisá-los (LAKATOS; MARCONI, 2010). A coleta de dados foi feita por meio de entrevistas e questionários aos moradores do distrito de Capanãzinho, a análise documental foi feita averiguando os documentos da associação.
2.4 Tratamentos dos dados e análise dos dados
A ética na análise de dados é crucial para garantir que os dados sejam usados de forma responsável e justa.” – D.J. Patil e Julia Angwin. Para a análise e interpretação dos dados foi utilizado os estudos do Dr. Carlos Sanqqueta, especialista em credito de carbono, entrevista com lideranças do Distrito do Capanãzinho e moradores locais. O estudo busca entender o papel da contabilidade na mensuração dos créditos de carbono na região.
2.5 Etapas da pesquisa
Seguir as etapas da pesquisa com rigor garante que o pesquisador esteja coletando e analisando dados de forma confiável e válida. – Gil (2019). Tratasse-a de uma pesquisa bibliográfica por meio de artigos científicos e pesquisas em sites especializados. Em seguida foi feita a pesquisa em loco para obtenção de informações acerca do tema e encontrar a resposta para o problema da pesquisa.
3. Apresentação, Análise e Interpretação dos Dados
A pesquisa realizada permitiu avaliar o papel da contabilidade em projetos e mecanismos para geração de créditos de carbono no distrito de Capanãzinho, e saber o grau de conhecimento dos moradores acerca do assunto. Foram feitas entrevistas e aplicação de questionário a 10 associados.
1- Questão: Sexo do Entrevistado
- Masculino
- Feminino
Observou-se que 50% dos entrevistados eram homens e 50% eram Mulheres. Considerando que as pessoas foram escolhidas de forma aleatória. Constatou-se que em relação a associação nova aliança tanto marido quanto esposa são sócios em 100% dos casos e repassam isso para seus filhos como forma de herança.
2 – Questão: Nível de Escolaridade
- Ensino Fundamental
- Ensino Médio
- Ensino Superior
Em se tratando do grau de escolaridade 10% dos entrevistados possuíam curso superior, 10% ensino médio e 80% ensino fundamental. Analisou-se que a maioria das pessoas envolvidas no projeto de credito de carbono possuem ensino fundamental, porem alguns jovens já possuem ensino médio e superior. E recentemente o distrito foi contemplado com dois cursos técnicos voltados para área da agricultura e pesca. Mostrando que a região tem potencial de crescimento em todos os aspectos.
3 – Questão: Na sua opinião a contabilidade pode ajudar na gestão e mensuração de créditos de carbono no Distrito de Capanãzinho?
- Sim
- Não
- Não Sei
O fato de 100% dos entrevistados terem respondido “Sim” indica uma aceitação unânime sobre o papel crucial da contabilidade na gestão e mensuração de créditos de carbono no Distrito de Capanãzinho. Isso sugere que há um consenso sólido entre os entrevistados sobre a importância e a utilidade da contabilidade nesse contexto.
4 – Questão: Em uma escala de 0 a 10, que nota você daria para seu conhecimento em crédito de carbono?
- De 0 à 3 (Sem Conhecimento: nunca ouvi falar de crédito de carbono)
- De 4 à 6 (Pouco Conhecimento: Tenho uma vaga ideia do que é crédito de carbono)
- De 7 à 8 (Conhecimento Básico: entendo os conceitos básicos de crédito de carbono e seu funcionamento)
- De 9 à 10 (Conhecimento moderado: posso explicar os principais aspectos do mercado de crédito de carbono e seus impactos)
No que tange o grau de conhecimento dos entrevistados sobre crédito de carbono, 40 % responderam ter pouco conhecimento, 40% responderam ter conhecimento básico e 20% responderam ter conhecimento mais avançado acerca do assunto.
Percebeu-se que as pessoas com maior conhecimento sobre o assunto são aquelas ligadas a liderança do projeto. Existe uma instituição de ensino superior que está auxiliando e repassando conhecimento acerca do tema, o que os ajuda a entender melhor sobre o crédito de carbono.
5 – Questão: Quais as principais fontes de emissão de carbono no Distrito de Capanãzinho?
- Reserva Legal
- Área de Reflorestamento
- Ambas
Nesta questão 05. 60% dos entrevistados responderam reserva legal e 40% responderam ambas. Notou-se que a maioria dos entrevistados entendem que a principal fonte de geração de créditos de carbono é a reserva legal.
6 – Questão: Você acredita que os créditos de carbono são eficazes na mitigação das mudanças climáticas?
- Sim
- Não
- Não Sei
No que diz respeito a eficácia do crédito de carbono na mitigação da mudanças climáticas, 100% dos entrevistados responderam que Sim. Notou-se que os mesmos tem plena consciência dos benefícios ambientais gerados pelo crédito de carbono.
7 – Questão: Qual a contribuição da contabilidade como ferramenta de gestão e mensuração de projetos de créditos de carbono no Distrito de Capanãzinho?
Constatou-se que em relação ao papel da contabilidade da mitigação e geração de créditos de carbono, 100% dos entrevistados citaram a contabilidade na quantificação da quantidade de créditos de carbono que seriam gerados por ano e seu retorno financeiro.
8 – Questão: Qual a área total em hectares das florestas ou áreas verdes utilizadas para a geração de crédito de carbono no Capanãzinho?
Em termos percentuais 100% dos entrevistados responderam que usarão a área total da associação que é de 23.786 há. Sendo cerca de 18.000 há para preservação e o restante divididos em partes iguais aos associados para plantação ou reflorestamento, com isso eles pretendem preservar a maior parte, mas querem continuar desenvolvendo suas atividades agrícolas, agora de maneira sustentável.
9 – Questão: Quais os benefícios esperados com a implementação do projeto de Créditos de Carbono?
- Desenvolvimento Social
- Desenvolvimento Econômico
- Desenvolvimento Sustentável
- Todas
Na questão do desenvolvimento, 100% dos entrevistados acreditam que com a implementação do projeto de crédito de carbono a região do Distrito do Capanãzinho será desenvolvida econômica, social e ambientalmente. O que mostra a quão grande são as expectativas dos moradores acerca do projeto.
10- Quais as principais dificuldades encontradas no processo de implementação do projeto de crédito de carbono?
- Falta de Conhecimento
- Burocracia
- Falta de Documentos
Em se tratando das dificuldades encontradas na implementação do projeto de créditos de carbono, 80% dos entrevistados responderam que que a burocracia e a principal dificuldade encontrada, 10% falta de conhecimento acerca do assunto e 10% desconfiança interna no projeto. Constatou-se que nessa questão a maioria dos entrevistados mostrou desapontamento e frustração para com o governo estadual que está, segundo eles dificultando o processo.
Conclusão e Recomendações
A pesquisa realizada sobre a contabilidade como ferramenta de gestão e mensuração de projetos de créditos de carbono no Distrito de Capanãzinho, em Manicoré/AM, demonstrou que a contabilidade possui um papel fundamental na viabilidade e no sucesso desses projetos.
Através da contabilidade, é possível:
Quantificar e mensurar os créditos de carbono gerados;
Controlar os custos e receitas do projeto;
Garantir a conformidade com as normas e regulamentações;
Fornecer informações relevantes para a tomada de decisões.
A pesquisa também constatou que os moradores do Distrito de Capanãzinho possuem um bom nível de conhecimento sobre créditos de carbono e reconhecem os benefícios que esse mercado pode trazer para a região. No entanto, ainda existem algumas dificuldades para a implementação dos projetos, como a falta de conhecimento técnico e a burocracia.
Recomendações
Com base nos resultados da pesquisa, as seguintes recomendações são feitas:
Capacitar os moradores do Distrito de Capanãzinho em contabilidade e gestão de projetos de créditos de carbono. Isso pode ser feito através de cursos, workshops e palestras.
Simplificar os processos burocráticos para a implementação de projetos de créditos de carbono. Isso pode ser feito através da criação de um guia prático e da desburocratização dos processos.
Incentivar a pesquisa e o desenvolvimento de novas tecnologias para a geração de créditos de carbono. Isso pode ser feito através de investimentos em pesquisa e desenvolvimento e da criação de linhas de crédito específicas.
Promover a divulgação dos benefícios dos créditos de carbono para a região. Isso pode ser feito através de campanhas de marketing e da participação em eventos.
Acredita-se que a implementação dessas medidas contribuirá para o sucesso dos projetos de créditos de carbono no Distrito de Capanãzinho e para o desenvolvimento sustentável da região.
Além das recomendações acima, também é importante:
Manter a floresta preservada. Isso é fundamental para a geração de créditos de carbono e para a preservação do meio ambiente.
Investir em reflorestamento. Isso ajudará a aumentar a área de floresta e a gerar mais créditos de carbono.
Desenvolver atividades agrícolas de forma sustentável. Isso ajudará a reduzir as emissões de gases de efeito estufa e a proteger o meio ambiente.
Buscar parcerias com empresas e instituições. Isso pode ajudar a financiar os projetos e a obter acesso a novas tecnologias.
Acredita-se que o Distrito de Capanãzinho tem um grande potencial para se tornar um referência na geração de créditos de carbono. Com o planejamento adequado e a implementação das medidas recomendadas, esse projeto pode contribuir para o desenvolvimento sustentável da região e para a mitigação das mudanças climáticas.
Observações:
A pesquisa realizada foi qualitativa e quantitativa, utilizando entrevistas, questionários e análise documental.
A amostra da pesquisa foi composta por 10 moradores do Distrito de Capanãzinho.
Os resultados da pesquisa são específicos para o Distrito de Capanãzinho e podem não se aplicar a outras regiões.
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