A COMERCIALIZAÇÃO DE CARNE CAPRINA E OVINA NO SEMIÁRIDO BRASILEIRO: FORTALECIMENTO ATRAVÉS DO COOPERATIVISMO E DA GESTÃO DE MARKETING

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.8302391


Hellen Santiago Pereira1
Paulo Roberto Ramos2


RESUMO

A caprino-ovinocultura é uma atividade de grande relevância socioeconômica no Semiárido brasileiro. Este tipo de carne possui vários benefícios em relação a outras proteínas animais, porém o seu reconhecimento e, consequentemente, a sua participação de mercado ainda está aquém do seu potencial. O objetivo central deste trabalho foi analisar o Cooperativismo e Gestão de Marketing como estratégias para o fortalecimento da comercialização de carne caprina e ovina no semiárido brasileiro. Trata-se de uma revisão sistemática dos principais autores e pesquisas que investigam a problemática na região e no Brasil. Pudemos observar que pequenos produtores de caprinos e ovinos podem encontrar no cooperativismo uma oportunidade de fortalecer a comercialização de seus produtos, expandir sua produção e fazer conhecer melhor a carne caprina e ovina junto ao público do mercado consumidor. No entanto, cooperativas são organizações ainda precárias no que diz respeito à gestão de marketing. Para reverter essa situação, se torna importante o uso de ferramentas como a análise de SWOT e o estudo do mix de marketing. Estas ferramentas podem permitir o entendimento mais profundo da cadeia produtiva da carne e do mercado consumidor, possibilitando a tomada de decisões estratégicas mais assertivas por parte dos produtores cooperados no que diz respeito a divulgação dos benefícios e propriedades de seus produtos e a expansão de sua produção e distribuição. 

Palavras-Chave: caprinocultura; consumo da carne de bode; associativismo; mercadologia.

1. INTRODUÇÃO

No Nordeste do Brasil, a caprino-ovinocultura é uma atividade comercial familiar de extrema importância no contexto econômico e sociocultural, para geração de renda de pequenos produtores, para permanência do homem no campo e conservação da atividade produtiva para as gerações seguintes (BATISTA & SOUZA, 2015).

A criação de caprinos e ovinos no Nordeste obteve uma expansão considerável nas últimas décadas, sobretudo pelo fácil manejo do rebanho, pela adaptação das espécies ao clima, solo e alimentação florística da região. Bem como pelo crescente, mas ainda modesto, aumento do consumo pela população.

A carne de caprinos é um produto muito saudável, com baixo teor de gordura e sabor diferenciado, excelente para a culinária. Outra grande vantagem é o preço, que, apesar de ser muito variável, nas regiões onde a cadeia produtiva está estabelecida, normalmente, é inferior ao da carne bovina. Com o mercado em alta e a facilidade para a criação em qualquer região do país, a carne de caprinos tem um futuro próspero no Brasil, trazendo renda às famílias produtoras e excelentes produtos para a população. (SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM RURAL, 2020, p. 90)

Entretanto, mesmo com esse potencial mercadológico, o consumo da carne caprina e ovina, principalmente a nível nacional, ainda é baixo. E isso se deve à escassez do produto, falta de hábito de consumo, desconhecimentos das propriedades nutricionais e de sabor, bem como pela indisponibilidade de cortes mais apropriados para o preparo diário, como é comum com outros tipos de carne. Desse modo, o consumo da proteína caprina e ovina fica limitado a ocasiões específicas (ANDRADE apud LUCENA, 2018).

Porém, sozinho o produtor encontra muito mais dificuldades para reverter essa situação. Neste sentido, o Cooperativismo representa uma oportunidade de organização da produção e possibilidade de fortalecimento do comércio. Esta produção e comercialização, através de estratégias de marketing, pode se tornar mais viável, pois o marketing é “a arte de descobrir oportunidades, desenvolvê-las e lucrar com elas” (KOTLER, 2000, p. 24). E “pode ser uma estratégia para as cooperativas saírem de sua zona de conforto e passarem a olhar o mercado da forma que ele realmente é” (ARAÚJO, 2013, p. 23 e 24). 

No entanto, a gestão de marketing, em geral, é inexistente, pouco aplicada e muitas vezes ineficiente em organizações dessa natureza (Ibidem).

O tema deste trabalho se faz pertinente nos âmbitos acadêmico e gerencial. Podendo refletir sobre diversas pesquisas e análises que poderão, de forma sistemática, colaborar e embasar as tomadas de decisões práticas e estratégicas de produtores do segmento.

O objetivo central de nosso estudo foi relacionar Cooperativismo e Gestão de Marketing ao fortalecimento da comercialização de carne caprina e ovina no semiárido brasileiro.

Como objetivos específicos buscamos caracterizar a caprino-ovinocultura, a comercialização e o consumo da carne caprina e ovina no semiárido brasileiro; ressaltar a relevância socioeconômica das cooperativas agropecuárias no semiárido brasileiro; e descrever a análise de SWOT e o estudo do Mix de Marketing como ferramentas de gestão úteis para a ampliação do comércio de carne caprina e ovina.

Para tanto, realizamos uma revisão sistemática do tema, buscando identificar, analisar e sintetizar todas as evidências disponíveis sobre a problemática. Assim, seguimos uma série de etapas predefinidas, incluindo a formulação da pergunta-chave de pesquisa, a definição dos critérios de seleção dos estudos, a busca sistemática de artigos relevantes em várias fontes de informação, a avaliação crítica da qualidade dos estudos incluídos e a síntese dos resultados obtidos. Buscando fornecer uma visão global e imparcial do conhecimento atual sobre o assunto em questão, permitindo a identificação de lacunas no conhecimento e a tomada de decisões baseadas em evidências sólidas.

Nossa problemática pode ser resumida como a análise de: como o Cooperativismo e a Gestão de Marketing podem auxiliar o fortalecimento da comercialização de carne caprina e ovina no semiárido brasileiro?

CARNE: CONCEITO E QUALIDADE

Do ponto de vista da Biologia, a carne é definida como um tecido animal muscular. É um tecido mais rígido do que outros tecidos animais, e é composto por fibras musculares que são enriquecidas com proteínas e estão ligadas a outros tecidos, como gordura e tecido conjuntivo. 

Os tipos de carne variam de acordo com a espécie animal, com a idade e com a região anatômica. Além disso, a qualidade nutricional da carne também varia de acordo com a alimentação e criação dos animais. A carne é uma importante fonte de proteína e outros nutrientes, podendo ser consumida de diversas formas e sendo uma parte importante da dieta de muitas culturas em todo o mundo.

Do ponto de vista nutricional, a carne é considerada uma fonte importante de proteína e outros nutrientes essenciais, como ferro e zinco. Comercialmente, a carne para consumo humano abrange diferentes tipos de carne de animais criados especificamente para esse fim, como carne bovina, suína, caprina, ovina e frango. A qualidade nutricional da carne utilizada para consumo humano varia também de acordo com a raça animal, idade, alimentação e outras variáveis. Alguns tipos de carne, geralmente a bovina, são comercializados com aditivos ou processados para melhorar a sua textura e sabor.

Muitos estudiosos relacionam o consumo da carne à evolução do cérebro humano, aumento do tamanho corporal e reorganização do intestino. Embora essa teoria hoje seja questionada, o fato é que desde cerca de 1,9 milhão de anos a proteína animal era fonte de alimento dos ancestrais humanos. E por ser rica em proteínas e gorduras, ajudou no desenvolvimento de cérebros maiores, sendo uma das explicações para a paulatina evolução humana (BARR, 2022).

A carne pode ser definida como:

[…] resultado das contínuas transformações que ocorrem no músculo após a morte do animal, sendo utilizada como alimento de elevada qualidade nutricional devido a sua função plástica, ou seja, reconstituição de tecidos, influenciando na formação de novos tecidos e na regulação de processos fisiológicos e orgânicos, além do fornecimento de energia (CASTRO JUNIOR, 2017, p. 26). 

Comercialmente, a carne abrange todos os tecidos comestíveis dos animais de açougue, incluindo músculos, com ou sem ossos, gorduras e vísceras, in natura ou processados. Sendo a carne de açougue procedente de animais abatidos sob inspeção veterinária (BOGSAN, 2016).

Comumente, é disponibilizado no mercado carnes ditas como com muita, média ou baixa qualidade. Os fatores levados em consideração pelo consumidor para julgar a qualidade da carne são principalmente o sabor, o aroma, a maciez e a suculência (CASTRO JUNIOR, 2017). Porém, qualidade de carne é um conceito relativo, que busca atender às exigências dos consumidores, sendo variável conforme as preferências, tradições e culturas locais. 

Na grande maioria dos Estados do Nordeste, os consumidores preferem carcaça mais leve com reduzido teor de gordura. Contudo na região Sul do Brasil, mais especificamente no Rio Grande do Sul, a carne de qualidade é oriunda de animais abatidos mais pesados e com um elevado teor de gordura. Entretanto, consumidores dos Estados de São Paulo e Minas Gerais (exceto o Norte) preferem uma carcaça com um peso e teor de gordura médio. Essa variabilidade de preferências da carne é notada no teor de gordura, peso dos cortes e idade dos animais. (Ibidem, p. 27).

Nesse contexto, conhecer e levar em consideração a preferência do consumidor e adequar o produto a esta demanda é mais que um diferencial, é um pré-requisito para o sucesso mercadológico do produtor de carne. .  

A CAPRINO-OVINOCULTURA E PRESENÇA NO NORDESTE BRASILEIRO

Estima-se que os caprinos foram um dos primeiros ruminantes a serem domesticados, tendo registros desde 7000 anos a.C. A sua criação era muito útil para a espécie humana, pois era fonte de alimento e de proteção, com uso da carne, do leite e da lã. Já no Brasil, a criação de caprinos e ovinos teve início com a colonização dos Portugueses e Espanhóis (CASTRO JÚNIOR, 2017, p. 20).

“Historicamente, o Nordeste brasileiro é uma das regiões mais tradicionais para a criação de ovinos e caprinos no País. A rusticidade natural desses animais foi fator preponderante para o sucesso na adaptação às condições da caatinga” (Ibidem, p.21).

A caprino-ovinocultura abrange criação, manejo profilático, nutricional e reprodutivo de caprinos e ovinos, visando fins econômicos com a otimização da produção e a oferta de produtos com alta qualidade no mercado (ROVAI, 2017).

São produtos dessa atividade produtiva: a carne, podendo ser beneficiada na forma de linguiças, cortes de carnes frescas, salgadas e secas; o leite e seus derivados como queijos, iogurte, dentre outros; a pele e a lã, sendo destinadas à indústria de vestuários e calçados; e produtos secundários desses animais, como as vísceras e similares (língua, fígado, coração e pulmões) os chifres e o esterco (MONTEIRO, BRISOLA & VIEIRA FILHO, 2021).

O setor agrícola desempenha um papel importante na economia global, fornecendo alimentos essenciais para a população mundial. No entanto, a comercialização de produtos agrícolas enfrenta grandes desafios, especialmente para certos produtos de nichos específicos, como a carne caprina.

No Nordeste, a criação de caprinos e ovinos é preponderantemente na agricultura familiar. O número de estabelecimentos, chega a 236 mil com criação de caprinos e 313 mil com ovinos, apresentando uma média de 23 caprinos e 20 ovinos por propriedade. Essa região do Brasil se sobressai tanto pela densidade, quanto pela proporção de animais por habitante, assim como pela quantidade de animais criados. (Ibidem).

Gráfico 1 – Rebanho de caprinos e ovinos por região brasileira

Fonte: Elaboração própria a partir de dados do IBGE (2021)

Os estados nordestinos somam 14.359.997 cabeças de caprinos e ovinos, o que equivale a 70% do rebanho brasileiro, enquanto a região Sul, segunda colocada no ranking nacional, chega ao montante de 3.940.573 (IBGE, 2021), conforme mostra o gráfico acima. 

No entanto, mesmo tendo menos animais e menos estabelecimentos criadores, o desempenho econômico na região Sul é superior (MONTEIRO, BRISOLA & VIEIRA FILHO, 2021). Isso se dá porque “no Nordeste, de forma geral, a produção é menos tecnificada e a maioria dos produtores são pequenos e médios” (ROVAI, 2017, p.10). Já no que diz respeito à superioridade da produção econômica do Sul:

Tal destaque coincide com maiores avanços técnicos identificados naquela região, especialmente com a introdução de raças de caprinos e ovinos melhoradas geneticamente e com a inovação de técnicas de manejo específicas, que propiciaram o ganho em produtividade na criação, proporcionando em consequência um melhor desempenho das cadeias produtivas de carnes e couros, especialmente. (MONTEIRO, BRISOLA & VIEIRA FILHO, 2021, p.14)

Porém, é possível reverter esta situação através da capacitação e da organização dos produtores. O trabalho de instituições como Embrapa, Sebrae, Cooperativas e Associações já apresenta resultados positivos nesse sentido, mas ainda há muitas oportunidades de melhoria. 

A COMERCIALIZAÇÃO E CONSUMO DA CARNE CAPRINA E OVINA 

Antes do aprofundamento deste tópico, faz-se necessário esclarecer os conceitos de comercialização, consumo e carne caprina e ovina. 

A comercialização se refere ao conjunto de atividades realizadas por instituições com o objetivo de transferir bens e serviços desde a fase de produção até atingir o consumidor final. Seus agentes são os produtores (incluindo cooperativas), os atacadistas, os varejistas e os responsáveis pelo armazenamento, transporte e processamento (CARVALHO, SANTOS & CARVALHO, 2015). 

Para os agricultores familiares, o processo de comercialização é uma importante fonte de renda, mas em todas as regiões brasileiras há uma dificuldade “relacionada ao próprio mercado, que favorece a grande escala de produção ou ao alto grau de isolamento das comunidades e grande distância da produção até os centros consumidores” (Ibidem, p. 82).

O conceito de comercialização se relaciona diretamente com o de consumo. Que, por sua vez, diz respeito a aquisições racionais e seletivas que possuem valor utilitário ligado à satisfação de necessidades naturais de subsistência e também necessidades de inclusão social e de autoestima, sendo uma conduta ativa do consumidor (AGUIAR & NASCIMENTO, 2018). 

E este, cada vez mais busca alimentos mais saudáveis. Logo, a carne oriunda da caprino-ovinocultura, se apresenta como uma ótima opção. As carnes caprinas e ovinas são as procedentes dos pequenos ruminantes cabras e ovelhas, respectivamente. São categorizadas como carnes vermelhas com alto valor proteico, baixos níveis de gordura, colesterol e calorias (QUEIROZ et al, 2021). Dentre as carnes mais consumidas no mundo, a caprina é a que contém o menor teor de gordura, sendo até mais magra que a carne de frango (LUCENA, 2018). 

Essa característica pode ser uma grande vantagem na conquista dos mercados por produtos light, sem gordura, que possam ser utilizados por pessoas que precisam ter uma alimentação mais controlada, ou simplesmente por aquelas que estejam preocupadas com a saúde e a qualidade de vida–tendência atual encontrada nos diferentes mercados. (SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM RURAL, 2020, p. 8 e 9)

Porém, mesmo com esse benefício “as estimativas do consumo per capita de carne ovina no Brasil não alcança 500 g/pessoa/ano. Enquanto a carne bovina, avina (frango) e suína, apresentam um consumo médio per capita de 35, 44 e 15 kg/pessoa/ano, respectivamente” (LUCENA, 2018, p. 6). Enquanto em países do primeiro mundo o consumo dessa proteína varia de 20 a 28 kg/pessoa/ano (CASTRO JÚNIOR, 2017).

Até bem pouco tempo o consumo da carne caprina e ovina era basicamente rural e em pequenas cidades do interior. Em pontos de vendas das grandes cidades é relativamente recente a oferta da carne caprina e ovina. Isso aconteceu “devido ao desenvolvimento das práticas de manejo e adoção de novas tecnologias na criação, o que possibilitou aumento na produtividade e consequentemente uma expansão da caprinovinocultura no país” (Ibidem, p. 24).

Dentre os fatores limitantes da comercialização da carne de caprinos e ovinos estão o “abate clandestino, o baixo padrão racial dos rebanhos, a irregularidade no fornecimento de carne e os elevados preços praticados no mercado, impossibilitando, desse modo, a ampliação do mercado e diminuindo a competitividade com outras carnes” (SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM RURAL, 2020, p. 89).

Além disso, a produção de carne de outras origens animais já possui um nível de industrialização em vigor, enquanto a produção caprina/ovina, ainda não.

Para a cadeia produtiva dos caprinos e ovinos esse processo não foi devidamente implementado e, atualmente, depara-se com ausência de padronização dos produtos e derivados dentro do país, especialmente dentro da principal região produtiva que é o Nordeste. Nessa situação, o consumidor se depara com nichos de mercado, ou seja, cada estado ou município possui um tipo de produto específico, que na grande maioria não possui regulamentação dos aspectos de produção podendo ser enquadrado no conceito de produto artesanal (SILVA et. al, 2020, p. 28).

Outro aspecto que prejudica o maior consumo da carne caprina diz respeito ao sabor e odor da carne relacionados à idade de abate do animal. 

[…] os animais mais jovens, […] apresentam maior valor comercial, enquanto que animais mais velhos apresentam carcaças inferiores, com maior percentual de gordura na carcaça, carne com textura rígida e baixa palatabilidade, sendo portanto, pouco aceita pelos mercados consumidores (OLIVEIRA NETO, 2016, p. 17).

O baixo poder aquisitivo de boa parte dos produtores também dificulta a oferta de produtos diferenciados e de qualidade. 

A produção de cortes comerciais exige o investimento em estrutura física adequada (sala de corte, açougue ou entreposto) equipada com maquinários como mesa de inox, serra fita e máquina seladora à vácuo etc, devidamente autorizada pelo órgão de defesa sanitária (SILVA et. al, 2020, p. 30).

E a falta de certificação de indicação geográfica também se apresenta como um dificultador no que tange às possibilidades de ampliação de mercado dos criadores da caprino-ovinocultura.  A certificação é importante porque ela vem acompanhada da melhoria do produto e do uso racional dos recursos naturais, tornando o produto diferenciado em relação a produtos similares (GUIMARÃES FILHO & SILVA, 2014). “Além disso, a certificação agrega valor ao mesmo, facilita a inserção do produtor no mercado, protege o produto, fortalece as organizações dos produtores e, sobretudo, valoriza a região pela promoção e preservação da cultura e da identidade locais” (Ibidem, p. 134).

A certificação da carne caprina e ovina tem potencial de criar novas oportunidades de ocupação e geração de renda na agricultura familiar no Semiárido brasileiro e para o atendimento das demandas do consumidor. No entanto, é necessário “que políticas públicas sejam implementadas no sentido de buscar consolidar o reconhecimento local e regional de produtos regionais […], iniciando a caminhada para sua valoração e um posterior reconhecimento nacional” (Ibidem, p. 140).

Mas no contexto atual, existem ainda outras dificuldades para se concretizar os processos de certificação dos produtos de origem animal do semiárido, entre elas: Débil nível de organização dos produtores; Sistemas de exploração ainda a um nível muito rudimentar; Assistência técnica ainda numericamente limitada e de baixa qualificação no tema; Sistema de pesquisa para áreas de sequeiro sem foco em certificação de qualidade; Carência de competências técnicas no tema; Programas públicos de apoio ao desenvolvimento de indicações geográficas ainda ausentes ou muito tímidos (Ibidem p. 135).

E por fim, a ainda rudimentar gestão de marketing e o conhecimento apenas empírico do perfil do consumidor prejudicam a competitividade da carne caprina e ovina no mercado.  A escassa divulgação dos benefícios do produto para o consumidor, a oferta irregular da carne, os altos preços e a indisponibilidade da carne nos pontos de venda são responsáveis pelo consumo ainda aquém do potencial produtivo (OLIVEIRA NETO, 2016). 

O produto da caprinocultura e seus benefícios precisam “ser plenamente conhecidos e respeitados por produtores, processadores e distribuidores e, sobretudo, reconhecido pelos consumidores, o que exige, também, concomitantes investimentos em marketing” (GUIMARÃES FILHO & SILVA, 2014, p. 141).

Porém sozinho, o pequeno produtor dificilmente teria os recursos e o conhecimento para implementar a gestão de marketing. Nesse contexto, organizar-se em cooperativa pode ser um facilitador. 

COOPERATIVISMO AGROPECUÁRIO

“Cooperativa é uma sociedade autônoma, composta por pessoas que se unem, voluntariamente, para satisfazer aspirações e necessidades econômicas, sociais e culturais, por meio de uma empresa de propriedade comum e democraticamente gerida” (FARDINI, 2017, p.16). É uma instituição com fins econômicos, mas sem objetivo de lucro e tem como objetivo prestar serviço aos cooperados.

O cooperativismo surgiu em 1844, em Rochdale, Inglaterra, a princípio pela necessidade de trabalhadores conseguirem comprar alimentos em grandes quantidades e melhores preços para sua subsistência. No Brasil, a primeira cooperativa, a Sociedade Cooperativa Econômica dos Funcionários de Ouro Preto, foi fundada em 1889 no estado de Minas Gerais. O foco também era melhores condições de compra de produtos agrícolas. As primeiras do ramo agropecuário, no Brasil, datam de 1907. E desde então estão presentes em todo o país, participando significativamente nas exportações e no abastecimento do mercado interno (Ibidem).

As cooperativas agropecuárias são responsáveis pelas operações de fornecimento de insumos, classificação, armazenagem, processamento e comercialização dos produtos de seus associados, gerando economia de escala nos processos de compra e venda, promovendo a agregação de valor à produção e uma atuação menos assimétrica e mais competitiva no mercado. Se destacam também pela prestação de serviços de assistência técnica, transferência e fomento de tecnologias aos cooperados. (ORGANIZAÇÃO DAS COOPERATIVAS DO BRASIL, 2019, p. 30)

Organizados em cooperativas, os produtores adquirem mais força para enfrentar a concorrência, podem partilhar experiências e ter maior acesso ao universo do marketing e suas possibilidades de compreensão do mercado e conquista do cliente.

RELEVÂNCIA DAS COOPERATIVAS AGROPECUÁRIAS NO SEMIÁRIDO

As cooperativas agropecuárias promovem o desenvolvimento do agronegócio e da renda local nas regiões onde está inserido, pois promove a inserção econômica dos associados junto a mercados antes concentrados em poucas empresas (ORGANIZAÇÃO DAS COOPERATIVAS DO BRASIL, 2019).  

Atuam de modo a “melhorar a situação econômica de seus cooperados, solucionando problemas ou satisfazendo necessidades, que excedam a capacidade de cada indivíduo satisfazer isoladamente” (CARDOSO, 2014, p. 10). No semiárido, ajudam a desconstruir o estigma de vitimização regional ligado à seca, atuando como uma forma de resistência histórica dos trabalhadores à pressão do capital, apoiando à permanência do produtor em sua terra, implementando ações de resiliência e atuando na redução de desigualdades com raízes profundas, somando assim à bandeira de que é possível conviver no semiárido (PAIVA, 2019).

Porém, para ampliar a competitividade comercial desse tipo de empreendimento, é preciso conhecer o perfil do consumidor e adotar um plano de marketing ajustado.

IMPORTÂNCIA DO MARKETING PARA A CAPRINO-OVINOCULTURA

Estima-se que 50% de tudo o que é produzido no campo brasileiro, passa de alguma forma por uma cooperativa agropecuária (FERREIRA & SILVA, 2018). Porém, no contexto do semiárido, para se ter uma forte participação das cooperativas no mercado, é preciso profissionalizar a gestão empresarial, tendo em vista ferramentas e estratégias de marketing adequadas para esse tipo de negócio. Pois o agronegócio sem o marketing é apenas agro, não é negócio (ARAUJO, 2013). 

Mas antes de efetivamente investir em marketing, além de conhecer o público alvo, o empreendimento precisa analisar suas próprias características e as particularidades do seu nicho de atuação. E isso é possível através do uso de ferramentas notadamente eficazes para a gestão. 

Marketing pode ser definido como um conjunto de atividades destinadas a identificar, criar, comunicar e fornecer valor para satisfazer as necessidades e desejos do consumidor. Na comercialização da carne caprina, o marketing tem o potencial de criar valor para os consumidores, destacando os benefícios desse produto, conscientizando o mercado sobre suas características e construindo um forte relacionamento entre produtores e consumidores.

Ao avaliar os seus pontos fortes e fracos, os criadores de caprinos de corte podem identificar seus pontos fortes e habilidades, como qualidade do produto, experiência na caprinocultura, parcerias estabelecidas e capacidade produtiva. Além disso, eles também podem ser capazes de identificar pontos fracos, como falta de conhecimento de marketing, distribuição limitada e falta de reconhecimento do consumidor pela carne caprina.

É fundamental ressaltar que as estratégias de marketing devem ser adequadas ao contexto específico do mercado de carne caprina, levando em consideração as características do produto, as necessidades do consumidor e a concorrência. Além disso, a avaliação contínua do desempenho das estratégias de Marketing e a busca pela inovação são fatores fundamentais para se manter competitivo neste segmento.

ANÁLISE DE SWOT

A análise de SWOT é uma ferramenta amplamente utilizada no Marketing para avaliar a posição competitiva de uma empresa ou produto. A sigla SWOT significa Strengths (Forças), Weaknesses (Fraquezas), Opportunities (Oportunidades) e Threats (Ameaças). No caso da comercialização de carne caprina, a análise de SWOT pode fornecer insights valiosos sobre os fatores internos e externos que influenciam o sucesso desse mercado.

[…] a organização necessita estar atenta a tudo que ocorre ao seu redor, principalmente no que se refere aos concorrentes, por isso é preciso cautela e planejamento para fortalecer os pontos fortes, reduzir os pontos fracos, conseguir driblar as ameaças e aproveitar as oportunidades do mercado, sendo os pontos fortes aqueles que proporcionam alcançar diferenciação pela empresa enquanto os pontos fracos representam alguma inadequação operacional. Por sua vez, Oportunidade e Ameaça referem-se a possibilidades e restrições que podem favorecer ou criar obstáculos à ação estratégica formulada (FERREIRA, 2020, p. 18).

Quadro 1 – Conceitos e exemplos dos fatores de uma análise SWOT.

Fatores para análiseConceitoExemplos
Pontos Fortes (strengths)Fatos, recursos, reputação ou outros fatores, identificados com o ambiente interno, que podem significar uma vantagem da organização em relação aos concorrentes ou um diferencial no cumprimento de sua missão; recursos ou capacidades que a organização pode usar efetivamente para alcançar seus objetivos; competências distintivas.Recursos financeiros, liderança abertura a mudança, clima organizacional, tamanho e lealdade da base de clientes, itens de diferenciação de produtos e serviços, margem de retorno, economia de escala
Pontos fracos (weakness)São deficiências ou limitações que podem restringir o desempenho da organização, identificados com o ambiente internoInabilidades técnicas ou gerenciais, inadequado controle de custos, obsolescência de métodos e/ ou equipamentos, endividamento incompatível com o fluxo de caixa, alto índice de turnover, falta de definições estratégicas, vulnerabilidade à competição
Oportunidades (opportunities)São fatos ou situações do ambiente externo que a organização pode vir a explorar com sucessoNovas tecnologias, tendências de mercado, novos mercados, novos produtos, créditos facilitados, alianças estratégicas, produtos complementares
Ameaças (threats)Antíteses das oportunidades são situações do ambiente externo com potencial de impedir o sucesso da organizaçãoNovas tecnologias, tendências de mercado, legislação restritiva, novos competidores, taxa de juros, abertura de mercado

Fonte: SILVEIRA apud VALIM et al 2015.

Esta ferramenta é importante para o gestor na obter e organizar informações valiosas sobre seu negócio e assim planejar e implantar melhorias que se adequem às mudanças do mercado e efetivamente impactem na organização (FEITOSA &CAMPOS & LEITE, 2020).

A análise de SWOT analisa o ambiente interno e externo do empreendimento. Ele é bastante usual e importante no planejamento gerencial, por gerar resultados satisfatórios e auxiliar os gestores no processo de tomada de decisão (FERREIRA, 2020). Com as informações obtidas, o gestor se torna capaz de formular estratégias a partir dos resultados encontrados (FEITOSA & CAMPOS & LEITE, 2020). 

Em termos de oportunidades e ameaças, uma análise SWOT permite que os produtores identifiquem tendências de mercado, necessidades do consumidor e oportunidades de crescimento, como aumento da demanda por alimentos saudáveis ​​e sustentáveis. Além disso, eles podem identificar ameaças como a concorrência de outros produtos à base de carne, desafios regulatórios e flutuações de preços.

MIX DO MARKETING

Outra ferramenta importante na gestão empresarial é o estudo do Mix de marketing, também conhecido como composto de marketing ou 4Ps do marketing – Produto, Praça, Preço e Promoção (KAREH, 2018). 

O composto de marketing é a “combinação particular de variáveis de marketing controláveis que a instituição utiliza para atingir seus objetivos no mercado alvo” (BINDA, 2015). 

PRODUTO

O “P” de Produto diz respeito às mercadorias e/ou serviços de uma empresa, incluindo a preocupação com a qualidade do produto, embalagem e design. Nesse “P” também se avalia a reputação da marca e a prestação de serviços pós-venda (BINDA, 2015).

Não se trata unicamente da mercadoria final vendida por algum estabelecimento, é a experiência total do consumidor em relação à uma organização. É a junção do atendimento, do ambiente, entre outros aspectos. Ou seja, é um agregado de itens intangíveis que visam conquistar clientes (MOURA & ARAUJO, 2014).

Também diz respeito às características visuais que compõem a concepção de produto. Inclui aspectos como o nome da marca, logotipo, cores escolhidas e seus efeitos psicológicos e tudo mais que torna o produto facilmente identificado (Ibidem).

O elemento “produto” refere-se ao próprio produto, neste caso a carne caprina. É essencial que os produtores entendam as preferências e necessidades dos consumidores para fornecer um produto de qualidade que atenda às suas expectativas. Isso inclui aspectos como seleção da raça caprina, alimentação adequada, manejo sanitário, qualidade do corte e embalagem. Além disso, destacam-se as vantagens da carne caprina como qualidade nutricional, sabor característico e baixo teor de gordura em relação a outras carnes.

PRAÇA

O “P” de Praça diz respeito ao ponto de venda e ao planejamento de onde o produto será encontrado pelo cliente (seja física ou virtualmente), envolve qualidade do transporte, raio de distribuição das mercadorias e prazo de entrega (BINDA, 2015). 

Sinteticamente, envolve todas as atividades da empresa para tornar o produto disponível para os consumidores-alvo (KOTLER & ARMSTRONG, 1998), seja no ponto de venda, seja na distribuição para revendedores.

Esse “P” exige a compreensão do perfil dos seus diferentes tipos de cliente e a expertise na busca de novos nichos de mercado. 

O elemento “praça” refere-se à distribuição da carne caprina, ou seja, como o produto chega aos consumidores. É importante estabelecer canais de distribuição eficientes, como supermercados, feiras especializadas, restaurantes e vendas online. Além disso, parcerias com distribuidores e varejistas locais podem ampliar a presença da carne caprina em diferentes pontos e regiões. A logística de transporte e armazenamento também deve ser considerada para garantir a qualidade do produto durante todo o processo de distribuição.

PREÇO

No “P” de Preço, o foco é o alcance do preço justo onde produtor e clientes se sintam satisfeitos. É a combinação de qualidade, custos e preços pagos pelo produto que satisfaça as necessidades dos consumidores e também as metas de lucro da empresa (KELLER apud MOURA & ARAUJO, 2014). 

Existe uma forte relação do preço com a oferta e com a demanda. Quando a procura por determinado produto é grande, torna-se possível aumentar o preço (MOURA & ARAUJO, 2014). Vale ressaltar que quanto maior a satisfação do cliente em relação aos outros “Ps” (praça, produto e promoção) e quanto maior a reputação da marca, mais o cliente conhecerá a justiça do preço cobrado.

O fator ‘preço’ envolve a determinação de um valor justo para a carne caprina levando em consideração os custos de produção, a demanda do mercado e a concorrência. Deve-se encontrar um equilíbrio entre preços competitivos e preços que agreguem valor ao produto, levando em consideração as propriedades únicas da carne caprina. Além disso, estratégias diferenciadas de precificação, como segmentação de mercado, podem ser exploradas para atingir diferentes públicos de consumo.

PROMOÇÃO

O “P” de Promoção se refere à propagação dos atributos do produto e a persuasão dos consumidores a comprá-lo (KOTLER&ARMSTRONG, 1998).

Trata-se de um apanhado de vários fatores que dizem respeito ao fluxo de comunicação, envolvendo o quê deve ser comunicado, a ideia, o argumento de vendas; para quem deve ser comunicado, o público-alvo; como deve ser comunicado, seja através de mídia impressa, televisiva, digital; e por quanto vai ser comunicado. (MOURA & ARAUJO, 2014, p. 20)

Ou seja, no “P” de promoção, planeja-se de que forma a marca, os produtos e seus benefícios serão apresentados ao público, seja ele cliente empresarial (empresas revendedoras ou distribuidoras – marketing B2B) e ou consumidor final (clientes diretos – marketing B2C).

O elemento “promoção” envolve estratégias de comunicação e marketing para promover a carne caprina e conscientizar sobre seus benefícios. Isso pode incluir campanhas publicitárias, participação em eventos do setor, criação de conteúdo de mídia social, parceria com influenciadores e uso de programas de fidelidade para incentivar os usuários a experimentar e comprar. Além disso, educar os consumidores sobre as propriedades da carne caprina e como prepará-la pode ser uma estratégia eficaz para estimular a demanda.

Tendo por base as afirmações dos autores até aqui citados, pode-se concluir que a análise de SWOT e o estudo do Mix de marketing possibilitam a observação do macro e do micro ambiente de negócio de uma empresa. Permitindo se ter uma visão holística do empreendimento e auxiliando na construção do planejamento estratégico das instituições. 

Na comercialização da carne caprina e ovina, ter esses conhecimentos em mãos é um grande diferencial em meio ao mercado competitivo.

A expansão da comercialização da carne caprina requer estratégias de marketing eficazes que permitam ao produto posicionar-se corretamente no mercado e criar valor para o consumidor. A análise SWOT fornece uma visão abrangente dos fatores internos e externos que afetam o sucesso desse mercado, permitindo que os produtores e cooperativas identifiquem vantagens competitivas e áreas de melhoria. Por sua vez, o Mix de Marketing, com seus elementos estratégicos de produto, preço, praça e promoção, ajuda a definir uma estratégia integrada que atenda às necessidades do consumidor e maximize sua comercialização.

É fundamental ressaltar que as estratégias de marketing devem ser adequadas ao contexto específico do mercado de carne caprina, levando em consideração as características do produto, as necessidades do consumidor e a concorrência. Além disso, a avaliação contínua do desempenho das estratégias de Marketing e a busca pela inovação são fatores fundamentais para se manter competitivo neste segmento.

CONCLUSÃO

A comercialização de caprinos e ovinos apresenta desafios significativos devido à sua natureza de nicho e à concorrência com outros produtos cárneos no mercado. No entanto, o marketing com suas estratégias e ferramentas tem papel fundamental na ampliação da comercialização desses produtos, permitindo que os produtores e cooperativas identifiquem vantagens competitivas, conheçam mercados e estabeleçam relacionamentos estreitamente ligados aos consumidores.

A análise SWOT revela informações valiosas sobre os fatores internos e externos que afetam a comercialização de carne de cabra e carneiro. Ao identificar pontos fortes, pontos fracos, oportunidades e ameaças, os fabricantes podem desenvolver estratégias eficazes para aproveitar oportunidades, superar desafios e fortalecer sua posição no mercado. 

Uma análise SWOT pode destacar a qualidade do produto, a experiência na criação de cabras e o potencial de crescimento da demanda por alimentos saudáveis ​​e sustentáveis ​​como ativos alavancados. Ao mesmo tempo, as deficiências identificadas, como falta de experiência em marketing e limitações de distribuição das cooperativas e dos pequenos produtores, podem ser abordadas e remediadas para maximizar a comercialização.

Além disso, o Mix de Marketing, com seus quatro elementos essenciais de produto, preço, praça e promoção, é uma poderosa ferramenta estratégica para a comercialização de carne caprina e ovina. O produto deve ser cuidadosamente planejado, levando em consideração as preferências e necessidades do consumidor, bem como suas características nutricionais e diferenças em relação a outros tipos de carnes. 

Os preços devem ser definidos para equilibrar a competitividade do mercado com o valor percebido pelos consumidores. A distribuição, por meio de canais eficientes e estratégia logística adequada, garante que a carne caprina e ovina chegue ao consumidor com comodidade e qualidade. E, por fim, a promoção tem um papel importante na conscientização, educação e incentivo à compra do consumidor, por meio de estratégias de comunicação, publicidade, marketing digital e programas de fidelização de clientes.

Ao integrar uma análise SWOT no mix de marketing, os produtores de cabras e carneiros podem obter uma visão estratégica e holística de como expandir seus negócios. Porém, é importante ressaltar que essas estratégias devem ser ajustadas e individualizadas ao contexto específico de cada mercado, levando em consideração as características do consumidor, concorrência e tendências do setor.

É importante ressaltar que a área de marketing está em constante evolução, com novos métodos, técnicas e ferramentas surgindo constantemente. Por isso, os produtores e cooperativas de carne caprina e ovina devem buscar manter-se atualizados sobre as tendências e inovações do mercado.

Em suma, expandir a comercialização de caprinos e ovinos requer uma abordagem estratégica e eficaz de marketing, incluindo uma análise SWOT e a aplicação correta do Mix de Marketing. Com o uso adequado dessas ferramentas, os produtores poderão posicionar seus produtos de forma competitiva, atrair e conquistar consumidores, ampliando assim sua participação no mercado de carne caprina e ovina.

Porém, sozinho, o pequeno produtor, por mais que detenha o conhecimento necessário, não tem a força de efetivamente realizar uma mudança significativa no mercado. Por isso, a importância de usufruir das vantagens da organização em cooperativa. Juntos, os cooperados poderão ter maior poder de negociação com fornecedores, melhorando e barateando a cadeia de produção, aumentarão a capacidade produtiva e terão mais recursos e mais assertividade para o investimento em marketing

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1Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Dinâmicas de Desenvolvimento do Semiárido. Universidade Federal do Vale do São Francisco. Email: hellen.pereira@discente.univasf.edu.br
2Professor/Orientador do Programa de Pós-Graduação em Dinâmicas de Desenvolvimento do Semiárido. Universidade Federal do Vale do São Francisco. Email: paulo.ramos@univasf.edu.br