A CODEPENDÊNCIA E OS EFEITOS PSICOLÓGICOS EM FAMILIARES DE PESSOAS COM DEPENDÊNCIA QUÍMICA

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.8017750


Carla Cristina de Souza Dimarães1
Thalita Siqueira da Silva2
Eliana dos Passos Sales Vasconcelos3


RESUMO

A codependência é um transtorno emocional, que é muito encontrado em famílias ou pessoas que convivem com dependentes químicos. É um fenômeno psicológico intra e interpessoal que afeta o bem-estar emocional, físico e profissional de milhares de famílias. Esse sofrimento se dá por consequência do comportamento problemático que o dependente químico exibe. As pessoas que se encontram na situação de dependência química, seja de drogas ou álcool, nunca sofrem sozinhas. O familiar pensa que pode “salvar” o dependente e acabam abdicando de seus próprios interesses. O uso abusivo de substâncias psicoativas (SPAs) trata-se de um grave problema social e de saúde pública em nossa atualidade, trazendo consequências como: alterações de consciência, dependência física e/ou psicológica, danos à saúde, convívio social e familiar, acidentes, crimes dentre outros efeitos prejudiciais aos indivíduos e à sociedade. O objetivo dessa pesquisa foi compreender os efeitos psicológicos da codependência em familiares de pessoas com dependência química. Essa produção se refere a uma pesquisa bibliográfica com abordagem qualitativa de caráter descritivo. Pode-se inferir que a codependencia afeta familiares de pessoas dependentes de SPAs, sendo a busca por tal assunto muito relevante para o âmbito das pesquisas em psicologia. 

Palavras-chave: Codependência. Aspectos psicológicos. Familiares de Dependentes Químicos.

ABSTRACT

Codependency is an emotional disorder, which is often found in families or people who live with chemical dependents. It is an intra and interpersonal psychological phenomenon that affects the emotional, physical and professional well-being of thousands of families. This suffering occurs as a result of the problematic behavior that the chemically dependent person exhibits. People who are in a situation of chemical dependency, whether on drugs or alcohol, never suffer alone. The family member thinks he can “save” the dependent and they end up abdicating their own interests. The abusive use of psychoactive substances (PAs) is a serious social and public health problem nowadays, bringing consequences such as: changes in consciousness, physical and/or psychological dependence, damage to health, social and family life, accidents, crimes among other harmful effects on individuals and society. The objective of this research was to understand the psychological effects of codependency on relatives of people with chemical dependence. This production refers to a bibliographical research with a qualitative approach of descriptive character. It can be inferred that codependency affects family members of people dependent on PAs, and the search for this subject is very relevant to the scope of research in psychology.

Keywords: Codependency. Psychological aspects. Families of Drug Addicts.

INTRODUÇÃO

 A convivência familiar com pessoas que possuem algum tipo de dependência química, afeta diretamente várias áreas da vida de uma pessoa, fisicamente, psicologicamente, bem como o comportamento e a área financeira, levando pais, filhos e irmãos a se tornarem codependentes químicos. O uso abusivo de substâncias psicoativas (SPAs) tem sido um grave problema social e de saúde pública em nossa atualidade, trazendo consequências como: alterações de consciência, dependência física, psicológica, danos à saúde, convívio social e familiar, acidentes, crimes dentre outros efeitos prejudiciais aos indivíduos e à sociedade.

 Esta pesquisa busca abordar principalmente sobre a família do dependente químico devido ao forte abalo que os membros sofrem ao descobrir que um de seus integrantes é usuário de drogas e involuntariamente tornam-se codependentes, sofrendo danos emocionais, financeiros, psicológicos entre outros. Os membros da família acabam sendo envolvidos aos problemas específicos advindos da dependência química, passando por lutas junto com o usuário e tornando-se codependente da situação. Entrelaçados vivem em função do outro, acabam por ficarem emocionalmente doentes e passam a apresentar ansiedade, estresse, sintomas de depressão, pensamentos obsessivos e problemas financeiros. 

Tendo em vista que a família é fortemente afetada ao possuir um membro dependente de SPAs e considerando a sua importância para a estabilidade emocional para enfrentar os desafios do processo de reabilitação, buscou-se nesta pesquisa ter como público alvo familiares de pessoas com dependência química, tendo como foco os aspectos psicológicos mais evidentes neste grupo, em especial a busca por aspectos adquiridos pela codependência. Logo temos como problema de pesquisa o seguinte questionamento: Como se dá e quais são os efeitos psicológicos da codependência em familiares de pessoas com dependência química? 

Para responder, estabelecemos como objetivo compreender os efeitos psicológicos da codependência em familiares de pessoas com dependência química. 

1. REFERENCIAL TEÓRICO

1.1 A DEPENDÊNCIA QUÍMICA E SEUS EFEITOS NO ÂMBITO FAMILIAR.

O uso indevido de drogas lícitas e/ou ilícitas na atualidade é considerado uma questão social mundial, pois seus efeitos negativos afetam e ameaçam valores de cunho político, financeiro, social e cultural e ocasionam muitos prejuízos aos países, contribuindo para o aumento de gastos com tratamentos médicos, internações hospitalares, bem como o aumento dos índices de acidentes no trabalho, no trânsito, violência urbana, violação de direitos e de mortes prematuras. (GOMES et. al, 2022).

Segundo Diehl, Cordeiro e Laranjeira (2019, p. 39) “O conceito de dependência química é extremamente recente se comparado ao consumo de substâncias pela humanidade, que compreende vários milênios”. A dependência química surgiu paralela a história da humanidade e já passou por diferentes mudanças, tanto no consumo, quanto no manuseio e função, até chegar nos dias atuais, com diversos objetivos, como a busca por prazer, alívio, refúgio e como fonte de renda ilícita, sendo até hoje um problema muito difícil de ser solucionado Silva et al. (2019).

De acordo com Danieli, et al., (2017), a dependência química gera uma redução da capacidade de trabalhar, desemprego, corrobora com a marginalização, com a criminalidade, desestrutura a família, aumenta a demanda aos serviços de saúde. A dependência química está ligada também com outras comorbidades psiquiátricas e abordar a dependência sem intervir nestas comorbidades faz com que o tratamento seja incompleto, fazendo com que o índice de recaídas seja maior, aumentando a necessidade de longas internações e maior risco de suicídio.

É principalmente na adolescência que se inicia o uso de drogas, na maioria das vezes, por ser uma fase vulnerável da vida, tornando o risco ao uso de substâncias psicoativas (lícitas e ilícitas) mais elevada, pois o adolescente tende a buscar insistentemente a aceitação de grupos de amigos, desejos de experimentar comportamentos perigosos realizados por adultos, além das mudanças corporais, hormonais que geram medo, más influências e busca por sensações de prazer. 

É nessa fase que ocorrem os maiores índices de experimentação e problemas relacionados ao uso de álcool e drogas. Pesquisas apontam uma relação considerável entre a precocidade do uso de drogas e desenvolvimento da dependência Silva, et al., (2019).

Dalgalarrondo (2019) corrobora ao dizer que na adolescência, verifica-se que o início do uso de substâncias está relacionado a fatores como: curiosidade, convivência e pressão de parceiros que já fazem uso da substância, tentativa de ser aceito pelo grupo, sensação de fazer parte de uma subcultura, prazer por estar fazendo algo ilegal, escondido, independência dos pais ou professores, tentativa de reduzir sensações ruins como ansiedade e tristeza. 

De acordo com Silva et al. (2019, p. 209) “a dependência química é considerada um transtorno mental. Seu diagnóstico é baseado em um padrão disfuncional e patológico de comportamentos referentes ao uso e abuso de drogas”. Entre as características está a dificuldade de autocontrole frente ao uso das substâncias; total descontrole quanto a quantidade ingerida; desejo incessante e incontrolável; prejuízo para a sociedade, dentre outros. 

Dentre as substâncias que afetam o cérebro e interferem no comportamento e no psicológico dos usuários, estão o álcool, a cafeína, o tabaco, a Cannabis (ou maconha), psicoestimulantes como a cocaína e anfetamínicos, opióides, alucinógenos, inalantes, sedativos, hipnóticos e ansiolíticos. Tais substâncias geram sensações de prazer, cuja correspondência cerebral está associada às áreas e circuitos de recompensa do cérebro (Dalgalarrondo, 2019).

No manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais – DSM-5 (2014), os transtornos relacionados a substâncias são classificados em dois grupos: transtornos por uso de substâncias e transtornos induzidos por substâncias. No primeiro, tem-se o uso contínuo e recorrente de uma substância, o indivíduo apresenta: dificuldade ou baixo controle sobre tal uso; prejuízos psicossociais e sociais evidentes; riscos físicos e psicológicos; fenômenos farmacológicos como tolerância e abstinência. O segundo grupo, são considerados transtornos induzidos a intoxicação e a síndrome de abstinência da substância, além dos vários quadros psicopatológicos que podem ser induzidos pelo uso, como psicoses, quadros de humor (mania ou depressão), quadros ansiosos e delirium. 

Segundo Dalgalarrondo (2019), o prejuízo psicossocial ou social se dá pelas dificuldades em cumprir obrigações diárias, como os estudos, trabalho ou deveres com a família, bem como pelo abandono de atividades sociais, profissionais, escolares e de lazer devido ao uso da substância. A pessoa continua usando a droga apesar dos problemas gerados pelo consumo. O uso também envolve riscos à integridade física e/ou psicológica e apesar de todos os riscos, não consegue se abster da droga. Com relação a tolerância, o autor afirma que se dá quando há a necessidade de doses maiores da substância para obter o efeito desejado, já a abstinência ocorre quando a concentração da droga no organismo do usuário é reduzida, e este passa a apresentar sinais de tremor, ansiedade, sudorese, insônia ou sonolência. 

As causas da dependência são muitas. Pesquisas apontam que o excessivo incentivo das mídias sociais ao consumo de bens e serviços, prazeres e relações descartáveis, tem impactado de forma negativa a sociedade e consequentemente desperta nas pessoas o desejo pelo consumo de psicotrópicos, atingindo as relações sociais e principalmente familiar. 

O uso de drogas afeta a família, causando rompimento de vínculos afetivos, agressões e vulnerabilidade. Isso porque, a dependência química causa diversas patologias, e muitas vezes a família não está apta para lidar com a situação, nem com o comportamento compulsivo, desestruturando a família em vários aspectos. A família, muitas vezes, está tão doente quanto o membro dependente químico, logo, ela passa de vítima para coparticipante e de culpada para corresponsável. (GOMES et. al, 2022). 

De acordo com Gomes et. al, (2022) a família dos dependentes possui um papel de corresponsabilidade no vício de seu membro, pois o primeiro contato com as drogas, na maioria das vezes é feito no âmbito familiar, sendo a família o núcleo responsável por elaborar o primeiro contato social, baixa autoestima, depressão, falta de diálogo, de demonstração de carinho e afeto, levando os filhos a buscarem meios de fuga para seus conflitos. Assim, as relações familiares que possuem um vínculo afetivo e uma interação saudável contribuem para o desenvolvimento positivo dos sujeitos. 

Logo, as práticas baseadas em trocas de experiências, diálogos, respeito e confiança, podem evitar que muitos jovens ingressem no mundo das drogas. Apesar da inserção da família no processo de reabilitação de pessoas com dependência química ser algo recente, muitos estudos apontam a importância da família na reabilitação destas pessoas. Neste contexto, a família têm sido o principal apoio do tratamento dos seus familiares dependentes químicos. Entretanto, ao assumir essa função, as famílias têm sofrido os impactos do problema dos seus familiares.

A ajuda de profissionais especializados é extremamente necessária e muito válida. É importante que o indivíduo com dependência química procure ajuda de profissionais da saúde quando ocorrem situações nas quais a substância está influenciando negativamente a saúde física e/ou rotina, funções acadêmicas e/ou profissionais, bem como as relações pessoais. (MATOS, et. al, 2017, pg. 8).

1.2 OS EFEITOS DA CODEPENDÊNCIA EM FAMILIARES DE DEPENDENTES QUÍMICOS.

A primeira célula elementar social é a família, em que a pessoa desenvolve habilidades, intelecto, emoções e valores. É a família, também, a primeira a sentir as consequências do vício. A dependência química pode ser considerada uma doença familiar. As substâncias reduzem a vida do dependente e prejudicam a qualidade de vida deles e dos seus entes queridos (MATOS et. al, 2017, pg.3). Cada família possui suas especificidades, suas regras e modo de se relacionar, possuindo fatores que podem prevenir ou propiciar o uso de drogas. Desta forma, problemas relacionados ao uso de substâncias químicas interferem diretamente na relação interpessoal e em toda estrutura familiar. 

Para os profissionais de saúde, a família resiliente expressou suas mensagens de maneira aberta, ponderada e calma, apesar da situação de grande tensão emocional. O problema identificado foi comunicado e compartilhado com o membro envolvido, o que possibilitou ajudá-lo através de conselhos (ZERBETTO, GALERA E RUIZ, ET. AL. 2017, pg. 1252). 

A família possui comportamentos entrelaçados aos de seus membros e quando está envolvida no tratamento do usuário de drogas, esse entrelaçamento ocasiona diversas consequências, muitas delas negativas para usuários, familiares e para o relacionamento familiar. Ter um familiar usuário de substâncias psicoativas acarreta insegurança, medo, ansiedade, tristeza, dentre outros, sentimentos que fazem da família reféns do vício juntamente com o usuário, acarretando muitas vezes em transtornos psicológicos. Fazendo-se necessário o acompanhamento destes familiares por profissionais da área. (ZERBETTO, GALERA E RUIZ, et. al 2017, pg.1252). 

A família saber se comunicar com o seu ente adoecido poderá ter reflexões no comportamento de ambos, a comunicação torna-se assertiva ao deixar de ser agressiva e de confronto. A codependência química está relacionada às pessoas que não são dependentes, mas convivem de maneira direta com pessoas que são dependentes, que são usuários de álcool e outras drogas. Na percepção dos profissionais deste estudo, os membros familiares, ao se unirem e se mobilizarem, conseguiam refletir sobre as repercussões da situação crítica vivenciada por eles. (ZERBETTO, GALERA E RUIZ et. al, 2017, pg.1254). 

Com relação a rotina diária de pessoas codependentes, muitas afirmam que sua rotina é voltada para a vida e necessidades do dependente químico, seja para coisas simples do dia a dia, como também voltada para questões de proteção à saúde e a segurança. (DIAS et. al, 2021). A ajuda de profissionais especializados é extremamente necessária e muito válida. 

O familiar do dependente químico é frequentemente colocado sob extremo estresse, que, de maneira direta, interfere na dinâmica familiar e do lar. Os indivíduos sob estresse passam a apresentar sintomas físicos, como dores no corpo, cansaço, desânimo, entre outros. (SALES et al., 2019). Os sintomas que afetam as funções psicológicas são as alterações de humor, inabilidade de resposta a determinadas situações. Estão presentes sintomas que vão desde uma agitação intensa até um período de muita tristeza, dificuldade para compreender, alerta e vigilância o tempo todo. 

Quando a família adoece junto do dependente químico pode-se notar que se tem comprometimento da saúde física e mental de todos envolvidos esses tipos de abalos levam a família a se sentir exaustas a ponto de querer desistir de “ajudar” o dependente a superar o vício. Dias et. al., (2021), contribui ainda, ao dizer que os membros não codependentes passam a ter atitudes de retaliação para com o dependente devido à condição do membro codependente, o que acaba adoecendo ambos bem como toda a relação familiar, estendendo-se para os demais membros da família. 

Ao cuidar de uma pessoa que está com sofrimento mental acaba acarretando problemas e trazendo grandes desafios, fazendo com que a família se sinta fragilizada, incapaz de prestar os cuidados que acham necessários ao familiar que está adoecido. 

De maneira rápida e perceptível, a estrutura e a energia desse ambiente vão assumindo outros aspectos, e, quando os familiares se dão conta, é como se estivessem vivendo em uma prisão. Ocorrem vários momentos de angústia e insatisfação de estar em um ambiente cheio de problemas e situações que geram uma sensação de impotência em relação ao vício (COSTA, 2017). 

As mudanças e a forma de enxergar o lar como algo negativo e opressor está relacionado ao processo que o codependente vive desde o momento em que descobriu a presença das drogas no seio familiar, até que ele chegue ao ápice da exaustão emocional. Nesse período, a crise de identidade, os pensamentos negativos e afastamento de tudo e de todos são muito comuns. O codependente se sente sem saída na situação em que se encontra, não sabe a quem procurar, está impotente às situações que estão por vir, além de ter que lidar com situações do dia a dia.

Entre os comportamentos que se observam em pessoas acometidas por essa doença emocional está: a diligência, a baixa autoestima, a repressão, a obsessão, a negação, a falta de comunicação, a dependência, a insegurança, os sentimentos emotivos e a raiva. Os aspectos de obsessão e controle estão ligados ao quadro de vigilância e extrema inquietude, que gera uma série de reações negativas e ruins nos indivíduos codependentes. 

1.3 OS ASPECTOS PSICOLÓGICOS PRESENTES EM FAMILIARES DE PESSOAS COM DEPENDÊNCIA QUÍMICA.

 A dependência de substâncias psicoativas (SPAs) se torna no atual cenário um grave problema de saúde pública mundial. Se caracteriza por situações em que a pessoa depende do uso contínuo de drogas ou álcool como um meio de fuga de situações que são consideradas desagradáveis em seu cotidiano, ou para trazer certo alívio de suas tensões, não possuindo certo controle sobre o consumo de SPAs. 

Sendo assim, nos estudos de Dias et al. (2021) é indissociável o papel dos familiares na recuperação de usuários de SPAs, porém o desgaste vivenciado cotidianamente os expõe a vulnerabilidades físicas e psicológicas. Por vários momentos os familiares se sentem impotentes pois se tem poucas informações sobre o desespero decorrente da baixa rede de apoio que se tem isso justifica o fato de o familiar se tornar um “doente” em potencial, mediante o risco de acometimento por comorbidades biopsicossociais, como a codependência. No âmbito familiar a doença não está restringida só ao dependente, mas a família que sofre muito com a dependência emocional. 

Os sintomas são variados e os mesmos dos dependentes sendo eles a raiva, depressão, desespero e angústia. O dependente tenta controlar o uso da droga e o codependente se esforça para controlar o dependente. É muito importante haver a conscientização de que a família do dependente também se afeta, têm enfermidades que podem levar até mesmo ao desenvolvimento de doenças sérias, pois a codependência causa tantos danos quanto à dependência. A família é o principal sistema afetado quando um dos membros passa a fazer uso de drogas, e esse comportamento causa diversas consequências para a saúde de seus membros a fragilização deles. 

O codependente sempre é aquele familiar que assume atitudes de cuidador obsessivo, que gosta de controlar o comportamento do outro, sendo levado a esquecer de si mesmo e passa a viver pelo outro. A maioria das famílias se culpam pelos comportamentos do dependente químico, que muitas das vezes julga sua família a causadora do seu comportamento inadequado.

Os familiares acabam por desenvolver uma proteção que chega a ser compulsiva, e se sentem culpados e responsáveis pelos dependentes. Vale ressaltar que é importante diferenciar os comportamentos saudáveis, de amor e cuidado que existem nas relações afetivas da codependência. Pode-se compreender que a dependência como uma manifestação que reflete e esconde uma rede de relações em que o indivíduo se insere. Sendo a busca por novas experiências, aceitação por um determinado grupo, sentimento de independência e a sensação de desafiar a família e a sociedade fatores que justificam a vulnerabilidade dos jovens.  (VINHOTE et. al, 2018).

Com isso podemos entender como as famílias são consideradas coautoras tanto no surgimento quanto na evolução do abuso. Devemos sempre tratar do membro adicto, podendo também incluir a família e ajudá-la com possíveis intervenções que possam ajudar. 

Segundo Zanelatto (2018) as terapias cognitivo-comportamentais têm sido referenciadas como abordagens eficazes no tratamento de diversos transtornos psiquiátricos, entre eles, os transtornos por uso de substâncias, e sua aplicação tem se mostrado eficaz para o alcance e para a manutenção da abstinência, seja em usuários de álcool, tabaco ou substâncias ilícitas. A abordagem cognitiva pode ajudar e trazer meios de tratamentos para diferentes populações, para poder atender a todas as necessidades que envolvem as desordens consideradas psíquicas. 

O cognitivismo em sua aplicação pode ajudar no entendimento do paciente com o objetivo de poder produzir mudanças cognitivas, promovendo durem e pensamentos e comportamentos que duradouros, algumas das crenças se originam na infância, indivíduos ampliam suas crenças. No tratamento de dependência química é de grande importância que o terapeuta cognitivista tenha o conhecimento dos sintomas atuais, histórias da vida do indivíduo e o seu funcionamento no mundo. 

O tratamento da dependência química na Abordagem Cognitivo Comportamental, segundo Beck (2021), a identificação do paciente em relação à substância, a significação que a droga representa em sua vida, oferecendo a oportunidade de modificar crenças que acrescem a vontade de uso, transformação comportamental duradoura, o enfrentamento da abstinência e prevenção à possíveis recaídas. 

Assim podemos considerar que a motivação frente às mudanças proporciona a autonomia e auxilia na ressignificação para o sujeito. A dependência química traz muito a temática das recaídas, o uso abusivo de drogas causa muito sofrimento e adoecimento tanto para a família quanto para o dependente. Tudo pode ou não se iniciar na adolescência, alguns trabalhos podem ajudar na prevenção e trazer possibilidades de tratamentos tanto para o dependente quanto para a família, os profissionais devem procurar cada vez mais se qualificar e atuar nas populações que mais precisam desses tratamentos para que cada vez mais ajudar essas pessoas que tanto precisam.

Durante esse processo a família se sente sobrecarregada financeira e psicologicamente, apesar de que algumas famílias, mesmo que o dependente possua renda própria, muitas das vezes o dinheiro do trabalho do dependente é consumido com as drogas. Podendo assim a família se ressentir em ter que arcar com todas as despesas, esses fatores acabam proporcionando a quebra de confiança e desestabilizam completamente a família. 

Com isso deve-se considerar que vai haver recaídas no caminho durante todo o processo de tratamento da dependência, essas recaídas ocorrem devido a sensação de prazer e alívio que a droga proporciona, em alguns casos, não são vivenciadas em um meio familiar, na comunidade na qual o sujeito estará inserido. Na grande maioria das recaídas são vistas como uma grande falha em meio ao tratamento, porém não se deve considerar que as recaídas não consistem no fracasso do tratamento, pois o tratamento e a demanda continuam talvez necessitando de uma avaliação e uma possível modificação quando for necessário. 

Assim podemos considerar que a falta de apoio, motivos particulares são fortes influências que podem prejudicar e até gerar recaídas, por isso o apoio da família é tão importante nesse momento. Apesar de enfrentar dificuldades, a família é o principal suporte para a reinserção do indivíduo junto da comunidade, a família ajuda no apoio contribuindo nas atividades do cotidiano. Também havendo ganhos que podem advir do seu trabalho, assim podendo o indivíduo se mostrar produtivo e poder exercer sua potencialidade. 

A codependência também provoca impacto na vida social, pois o familiar não consegue agir de forma independente, tornando-se muitas vezes incapaz, podendo tornar-se inseguro nas suas atitudes e comportamentos, e dificilmente percebem que são codependentes. (GONÇALVES, et. al. 2017). 

1.4 ESTRATÉGIAS QUE PODEM CONTRIBUIR PARA A SUPERAÇÃO DA CODEPENDÊNCIA DA FAMÍLIA PARA COM O DEPENDENTE QUÍMICO. 

A família possui fundamentalmente a função de cuidar da sobrevivência e proteger seus membros, porém também pode se caracterizar por disputas e conflitos entre seus entes, o trabalho das famílias tem que exigir um preparo profissional e obter conhecimentos, tomando o cuidado de responsabilizar seus familiares por recaídas ou se ter insucesso de seu tratamento, nenhuma família está totalmente preparada para se ter um membro doente. As principais dificuldades enfrentadas pelas famílias de dependentes químicos são os problemas financeiros e legais, as interações sociais além do adoecimento mental e físico. 

As famílias sofrem com as dificuldades em ter que lidar com os sentimentos, o medo é o mais marcante e presente nas famílias que sofrem com a dependência, isso marca a vida da família e gera violência que prejudica ainda mais a vida dessas famílias, esse sentimento se caracteriza pelo medo do abandono, junto com o medo de cometer erros, e ter a vida própria e o medo de que aconteça algo de ruim com o dependente. Tudo isso gera a violência física que resulta em um dos efeitos do uso das drogas, que é quando o usuário recorre a violência quando não consegue o que quer e acaba ocasionando o medo nas pessoas que convivem com ele. 

A ansiedade, angústia e depressão são sintomas da codependencia e o que pode ser feito é procurar métodos de tratamento e montar estratégias que possam ajudar a família a passar pela codependência. Quando o codependente está saturado e não suporta mais o convívio nem suporta a condição de viver na função do outro vai tornando a saúde mental e física cada vez mais abalada, e é aí que em muitos casos o codependente percebe que precisa de ajuda para continuar lutando. 

Podemos ver no estudo de Assalin et al., (2021) que a família reconheceu seu papel singular na recuperação do membro em tratamento e adesão terapêutica, ao oferecer suporte ao usuário. A luta e o não desistir ajuda o dependente a persistir na luta contra a dependência. Nisso podemos trazer também a codependência pode se apresentar como o alicerce de discussões e trazer reflexões sobre essa problemática que as famílias enfrentam junto com o dependente químico, um problema que compromete a saúde e as relações das pessoas envolvidas. 

A ajuda mútua e o compartilhamento de experiências são uma ferramenta que pode contribuir para a superação da codependência, isso pode trazer resultados positivos e ajuda a se ter maior cuidado, o codependente tem que ter maior cuidado e seriedade os sintomas que se apresentam neles mesmos. 

Segundo Barbosa e Gallio (2022) nota-se que os grupos de ajuda mútua se apresentam como uma ferramenta leiga convívio e compartilhamento de experiências, sob a percepção dos próprios codependentes e daqueles que convivem com os mesmos, sendo importante o conhecimento inclusive das estratégias adotadas para enfrentamento da condição de codependência, sendo salutar a ressalva de que tais grupos não possuem caráter psicoterapêutico ou ainda embasamento científico como ferramenta em sanar tal situação.

O tratamento da codependência vai além dos grupos de apoio, anônimos ou não, podendo também haver o acompanhamento psicológico, o codependente deve compreender as percepções dele mesmo, aceitar ajuda e se inserir em um grupo de apoio. O codependente necessita aprender que ele deve estabelecer e impor limites e aprender a dizer “não”, e ter suas necessidades atendidas. 

Silva et al., (2018) esclarecem que as comunidades terapêuticas voltadas para o tratamento dos dependentes químicos possuem grupos de ajuda mútua voltada para a mitigação de problemas apresentados por codependentes, os quais são, a exemplo do apresentado pelo estudo anterior, uma ferramenta exitosa para tal, uma vez que nos encontros são identificados vivências e sentimentos dos codependentes e estabelecem as melhores estratégias de tratamento. É muito importante que se tenha a avaliação dos impactos da codependência na vida dos familiares. 

Facilidades de adesão familiar no tratamento da dependência química: percepção dos familiares. O apoio familiar também foi compreendido na forma de não abandonar o familiar adoecido, mas de aproximá-lo ao convívio da família e dialogar com ele, ao dar-lhe apoio emocional e criar ou resgatar rituais familiares salutares. (ASSALIN, et al., 2021). Essas estratégias incentivam a permanência do dependente químico e da família no tratamento.

Dentre as alternativas de tratamentos, a terapia em grupo incentiva a mudança no círculo familiar, expressa o que se está sentindo ajuda as famílias na batalha que ela precisa enfrentar. Mudar o estilo de vida dessas famílias vem cada vez mais ajudando no tratamento da dependência quanto da codependência química, ser codependente causa muito sofrimento, fazendo as famílias vivenciarem o seu pior momento, isso causa um sentimento da família querer e não querer que a mudança aconteça, elas precisam ver que tem que lutar para vivenciar o querer e o conseguir. Para a família, as implicações da codependência são perigosas, pois afetam-na física e psiquicamente e apresentam-se como um grande obstáculo para aceitar ajuda. (GONÇALVES, et. al. 2017).

 É importante eles mesmos ou alguém perceber e identificar que eles precisam de ajuda e que podem procurar por essa ajuda, o familiar que estiver sofrendo com codependência precisa ver que não só o dependente químico que precisa de ajuda, mas ele também tem que ser percebido, ajudado e valorizado. 

Outra questão neste quesito foi identificada no estudo desenvolvido por Horta et al. (2017) em que os codependentes traçaram estratégias individuais de enfrentamento, tanto da dependência química quanto da codependência em si, como por exemplo a procura por estabelecimento de vínculos até então rompidos, ou ainda o afastamento total em relação ao dependente, como uma forma de ressignificar a vida. 

A sociedade deve ampliar seu olhar, para que ocorra a superação do dependente e do codependente. O fenômeno da dependência junto das manifestações de sintomas reflete diretamente no âmbito familiar, podendo assim ver que a codependência está presente dentro das famílias em sua vivência, trabalhar isso em um grupo de apoio, certamente ajudará a família a enfrentar as dificuldades de se ter um membro que precisa de ajuda e suporte durante seu tratamento. Trazendo essa realidade, a família necessita também desse cuidado e tratamento para buscar o melhor para seu ente que se encontra nessa situação. 

Para Assalin et al. (2021) uma possibilidade de superação da situação de codependência é através da definição e adesão do tratamento do dependente químico em si, uma vez que, quando este adere ao tratamento, de forma subsequente são estabelecidas diretrizes de melhoria do processo de codependência.

2. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS 

Trata-se de pesquisa bibliográfica de caráter exploratório. Esse tipo de pesquisa tem por objetivo investigar as diferentes contribuições científicas sobre determinado tema, onde possa utilizá-la para confirmar e enriquecer proposições. A pesquisa bibliográfica está inserida principalmente no meio acadêmico e tem como finalidade o aprimoramento e atualização do conhecimento, por meio de uma investigação científica de obras já publicadas. (SOUSA, OLIVEIRA E ALVES, 2021). 

De acordo com Sousa, Oliveira e Alves (2021) a pesquisa científica se inicia através da pesquisa bibliográfica, em que o pesquisador busca obras já publicadas relevantes para conhecer e analisar um determinado tema de pesquisa. Ela tem por objetivo identificar se já existe um trabalho científico sobre o assunto escolhido, contribuindo na escolha do problema e do método, tudo isso se dá com base nos trabalhos já publicados. 

A pesquisa bibliográfica é fundamental na construção da pesquisa científica, uma vez que permite conhecer melhor o fenômeno em estudo. Os instrumentos que são utilizados na realização da pesquisa bibliográfica são: livros, artigos científicos, teses, dissertações, anuários, revistas, leis e outros tipos de fontes escritas que já foram publicados. O caráter exploratório terá como intuito analisar entre os teóricos estudados aqueles que melhor se adequam e explicam a codependência de familiares de dependentes químicos. 

A análise dos dados será realizada através da técnica qualitativa, na qual o levantamento de referências teóricas realizado servirá para identificar e caracterizar os aspectos da codependência de familiares de pessoas dependentes químicas, bem como indicar um caminho para o tratamento do problema em questão. Como a análise qualitativa de dados se caracteriza por ser um processo indutivo que tem como foco a fidelidade da vida dos indivíduos, ela é a que mais se apropria para os objetivos da presente pesquisa.

 Para a fundamentação do referencial teórico foi realizada uma pesquisa bibliográfica nas principais plataformas de pesquisas como o Google Acadêmico, Periódicos Capes, Biblioteca Digital de Teses e Dissertações e SciELO – Scientific Electronic Library Online. Os principais descritores na realização desta busca foram “codependência”, “dependência química” e “familiares de dependentes químicos”. Foram consideradas somente as pesquisas mais recentes realizadas nos últimos 7 anos no período de 2017 a 2023 no intuito de abordar descobertas mais atuais e voltadas para a área da psicologia.

3. RESULTADO E DISCUSSÕES 

Dentre as pesquisas encontradas através do levantamento bibliográfico, foram selecionadas 5 que mais se destacaram pela temática proposta, principalmente por terem como foco familiares de dependentes químicos.  Apontaremos os objetivos e os principais resultados de cada uma de maneira qualitativa.

Nascimento, Moares e Ferreira (2019) em seu estudo “A dependência química e seu impacto sobre a família do dependente”, tiveram como objetivo analisar o impacto gerado pela dependência química aos familiares do dependente químico, verificando a importância do acompanhamento psicológico para prevenir os transtornos gerados por este impacto. Seu principal resultado foi de que as famílias entrevistadas não perceberam que tinham necessidade de apoio, principalmente psicológico. Enfatizaram ainda a importância de ser identificada de que maneira tais familiares são afetados para que o impacto da dependência química diminua na vida dessas pessoas. 

Outra pesquisa de essencial referente a temática é a de Dias et.al (2021), chamada “Pessoal de saúde, relações familiares e codependência de substâncias psicoativas: uma abordagem fenomenológica”, cujo objetivo principal foi refletir sobre o cotidiano dos familiares codependentes de substâncias psicoativas e o papel dos profissionais de saúde na Atenção Básica. Em seus resultados apontam que os profissionais não se sentem preparados para atender a demanda, por ser complexa e envolve outras questões que fogem ao campo da saúde e adentram em outras áreas como a de segurança pública e até casos de homicídio. Tal problema contribui para posturas superficiais profissionais. Na grande maioria, os profissionais nem fazem questionamentos, adotando apenas medidas rápidas de medicalização. O despreparo do profissional em acolher familiares de dependentes corrobora para o adoecimento destes e até viola os direitos humanos.

Abordando especificamente sobre os efeitos da codependencia, Barbosa e Gallio (2022), em seu estudo com o tema: “A dependência química e os efeitos da codependência famíliar”, Cujo objetivo principal foi analisar os efeitos da codependência de familiares de indivíduos dependentes químicos. Puderam identificar em seus resultados que as consequências comuns da codependência se apresentam como comprometimentos da qualidade de vida, saúde física e mental, bem como enfraquecimento das relações sociais e familiares. No que se trata de estratégias de tratamento da codependência identificaram iniciativas como tratamento psicoterápico e encontros em grupos.

As pesquisas apontam de diferentes maneiras como a codependencia afeta psicologicamente os familiares das pessoas dependentes de SPAs, bem como os seus aspectos, mas faz-se importante também destacar os trabalhos que buscaram apresentar os tratamentos e intervenções positivas para combater a codependencia e diminuir os seus danos. 

Dias (2020) em seu estudo “Contribuição do dispositivo de grupo na produção de saúde mental dos familiares de dependentes químicos”, buscou identificar o potencial terapêutico do grupo de familiares na produção de saúde mental, destacando como aspectos referentes ao acolhimento do sofrimento, identificação grupal, troca de experiência, ajuda mútua e compreensão da dependência. Obtendo resultados positivos referente a abordagem de grupo para os familiares, concluindo que esse tipo de intervenção vem sendo valorizada e reconhecida nas políticas e programas de saúde mental e que outros estudos confirmam sua importância. Ainda nessa perspectiva, Spagnol (2018) na pesquisa “familiares de dependentes químicos na rede de atenção psicossocial: panorama atual e perfil do grupo”, buscou conhecer as intervenções disponíveis para atendimento de famílias de usuários dependentes químicos na Rede de Atenção Psicossocial (RAPS). Sendo um dos artigos selecionados por também buscar identificar e correlacionar os níveis de depressão, ansiedade, codependência, sobrecarga e habilidades sociais em uma amostra de familiares de usuários da RAPS no território do Espírito Santo. Em seus resultados identificaram aspectos como: a falta de sistematização dos métodos que sustentam os grupos, necessidade de diversificação na forma de atendimento, além de necessidade de discussão do tema na formação acadêmica e maior investimento na capacitação dos profissionais. Apuraram ainda a presença de sintomas clínicos de depressão (59%); ansiedade (55,8%); codependência (40%), sobrecarga (57%) e baixo nível de habilidades sociais (67%).

Todos os autores abordados, possuem em comum o fato de terem como foco principal de suas pesquisas os familiares de pessoas dependentes de SPAs, bem como os efeitos psicológicos causados pela codependencia. Dentre os resultados abordados fica evidente como esses familiares são fortemente afetados, necessitando de atenção principalmente na área de saúde pública, pois o atendimento humanizado é fundamental nesses casos. Assim, todos os profissionais que atuam na área da saúde, de maneira individual ou multiprofissional, precisam ter interesse, demonstrar compreensão, preparo e principalmente empatia nos atendimentos de dependentes químicos levando sempre em consideração a família. 

CONCLUSÃO

A codependência possui alguns aspectos e comportamentos semelhantes ao da dependência química, a única diferença é o objeto de obsessão, causando assim o adoecimento do indivíduo. Ao se tratar de aspectos psicológicos, foi possível identificar alguns referentes a relação familiar, resiliência, autocontrole frente a situações conflitantes, propensão a transtornos mentais, depressão entre outros, tornando-se algo bem amplo. 

No âmbito da pesquisa em psicologia foram encontrados vários estudos referentes a dependência química, como os fatores que levam uma pessoa ao vício, a atuação psicológica com pessoas que possuem algum tipo de dependência, os transtornos psicológicos, riscos à saúde, prevalências e até mesmo sobre a importância da família no tratamento do vício. No entanto, mesmo os familiares sendo diretamente afetados ao ter um membro da família nesta situação, pois a maioria torna-se codependente de indivíduo adicto, foram poucos os estudos encontrados que investigam essa temática. 

Assim, o foco na família e sua saúde mental é algo importante e desafiador na atualidade, principalmente na área da psicologia, por ser um tema ainda pouco explorado, mesmo tratando-se de um problema de saúde pública que atinge tanto a sociedade, tornando-se uma pesquisa de relevância social. 

Ter um membro da família com dependência em substâncias psicoativas, pode levar a situações de conflitos, contribuindo para o surgimento de aspectos psicológicos. Entretanto, assim como o adicto tem resistência de assumir que tem a dependência química, o familiar também pode ter dificuldades em assumir ou identificar que é codependente. Esta pesquisa tornou-se relevante para a comunidade acadêmica, pois permite a percepção de como as famílias sofrem e as causas que levam ao sofrimento. 

Pode-se inferir que ter um dependente químico na família, torna os seus membros codependentes dos usuários, causando muitos problemas que podem levar a graves doenças como exemplo o estresse e a ansiedade que estão entre os principais aspectos que afetam familiares de pessoas dependentes de SPAs, sendo a busca por tal assunto muito relevante para o âmbito das pesquisas em psicologia relacionadas ao tratamento e reabilitação não somente daqueles que lutam contra o vício como das famílias que também fazem parte do processo de reabilitação e que também necessitam de apoio.

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1Docente do Ensino Superior no Centro Universitário (FAMETRO). Email: carlacsdimaraes@hotmail.com
2Acadêmica do curso de Psicologia do Centro Universitário (FAMETRO). Email: thalitasiqueira499@gmail.com
3Acadêmica do curso de Psicologia do Centro Universitário (FAMETRO). Email: elianadospassossales@gmail.com