A CADEIA PRODUTIVA DO AÇAÍ E SUA IMPORTÂNCIA NAS EXPORTAÇÕES DO ESTADO DO PARÁ

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.6639524


Autoras:
JULIA EMILIA ALVES1
JÚLIA INÊS DOS SANTOS MARTINEZ DURAN2
GISELI PASSADOR3

1(FATEC ZONA LESTE) julia.alves7@fatec.sp.gov.br
2(FATEC ZONA LESTE) julia.duran@fatec.sp.gov.br
3(FATEC ZONA LESTE) giseli.passador@fatec.sp.gov.br


RESUMO

O Açaí é uma fruta tradicional da região norte do Brasil, com maior destaque para o estado do Pará e com uma procura em crescimento no mercado internacional. E este desenvolvimento está a proporcionar muitas oportunidades de investimento para o setor.
O Açaí tem envolvido cerca de 300 mil pessoas ao longo da sua cadeia de produção, entre os cultivadores, os transportadores, os batedores, os manipuladores, e os exportadores. Este artigo desenvolve um estudo sobre a cadeia de produção do Açaí para mostrar o processo de produção do fruto, através de pesquisas e estudos bibliográficos para evidenciar a importância das exportações do Açaí para o Estado do Pará, além, de destacar algumas dificuldades da exportação, uma vez que os dados mostram a importância social, econômica e ambiental da cadeia de produção de fruta para o Pará.

PALAVRAS-CHAVE: Açaí. Exportação. Pará. Cadeia Produtiva.

ABSTRACT

Açai is a traditional fruit from the northern region of Brazil, most notably the state of Pará and with a growing demand in the international market. And this development is providing many investment opportunities for the sector. Açai has involved about 300 thousand people along its production chain, among growers, transporters, beaters, handlers, and exporters.

This article develops a study of the Açaí production chain to show the fruit production process, through research and bibliographic studies to highlight the importance of Açaí exports for the state of Pará, besides, highlighting some difficulties of exporting, since the data show the social, economic, and environmental importance of the fruit production chain for Pará.

KEYWORDS: Açaí. Exportation. Pará. Supply Chain

INTRODUÇÃO

A Amazônia oferece a possibilidade de produzir espécies de plantas perenes, com importância para as espécies de árvores que dão frutos. Entre as frutas destaca-se o açaí (Euterpe oleracea), palmeira típica da Amazônia, onde acontece abertamente no Estado do Pará e Amazonas. Muito apreciado pelo sabor, o açaí é uma das frutas brasileiras que atualmente é mais conhecida fora do país, e com expectativas pertinentes quanto a conquista de novos consumidores.

A cadeia de valor do açaí movimenta mais de R$ 3 bilhões por ano, gerando, assim, milhares de empregos para a população local (BRASIL, 2016). Tanto nos contextos nacionais como internacionais, o comércio do açaí vem sendo abundantemente difundido graças às suas propriedades nutricionais e por ser um alimento com imensuráveis funções em uma dieta.

Segundo Homma (2006), trata-se de uma cadeia que está em constante desenvolvimento, estruturação e internacionalização e o açaí é a principal fonte de rendimento de grande parte dos produtores agrícolas da região norte do Brasil, tendo em consideração que sua extração é típica da agricultura familiar. Desse modo, observando a cadeia de produção do açaí aumentando, é necessário acompanhar esse segmento, como resposta ao interesse das empresas em receber vantagens específicas em diferentes países e da forma como têm influência e são afetados pela cadeia.

O objetivo deste artigo é analisar e compreender a cadeia produtiva do açaí e fatores que sobrepõem a importância do fruto para o Estado do Pará que apresenta melhor potencial de distribuição de renda, tendo em vista que envolve milhares de pequenos produtores e indústrias consequentemente o presente trabalho também traz as respostas para se entender como funcionam as cadeias produtivas de açaí e como a falta de métodos, investimentos e importância na mesma pode afetar negativamente o maior estado produtor do fruto do país, o Pará.

EMBASAMENTO TEÓRICO

O Estado do Pará é conhecido por ser o principal produtor e comercializador de Açaí. Segundo uma pesquisa publicada em agosto de 2021, pelo Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (DIEESE), indica que o preço do litro do açaí comercializado no Pará teve um aumento de mais de 28% em 2021.

Conforme Souza (2007), a produção agrícola de Açaí começou a se fortalecer na Região Norte do país, em especial o Estado do Pará. O mercado nacional ajudou na inclusão e na valorização significativa no extrativismo nos setores secundário e terciário.

De acordo com a Secretaria de Estado de Desenvolvimento Agropecuária e da Pesca SEDAP (2018) 40% do Açaí produzido é exportado para os Estados Unidos totalizando US$ 2,7 milhões, e seguido pelo Japão logo após no ranking de exportação. A princípio, a produção do fruto era apenas para o consumo local, porém com o passar dos anos a sua popularidade foi crescendo tanto no mercado interno como externo.

EUTERPE OLERACEA (Açaí)

De acordo com Nogueira (2006), a produção do açaí que se originava exclusivamente do extrativismo, porém desde dos anos 90 passou a ser obtida por meio do manuseio de açaizais nativos e de plantio em áreas de várzea e de terra firme, localizadas em regiões com maior precipitação pluviométrica, em sistemas solteiros e consorciados, com e sem irrigação.

O açaizeiro é um tipo de palmeira que oferece dois alimentos: o palmito e o açaí, do qual é feito a polpa de açaí e outros derivados. O açaizeiro é a palmeira mais prolífica do ecossistema, que comporta a região delta do Amazonas, sendo capaz de fornecer madeira para construções rurais, palha para coberturas, remédios, matéria-prima e corante (ROGEZ, 2000).

POPULARIZAÇÃO

O Açaí tem alcançado o mercado internacional e a sua aceitação tem sido reconhecida em todas as capitais brasileiras. A sua produção está em processo de adaptação às crescentes demandas de consumo. Essa aplicação de capital nas produções de açaí está fazendo com que esses mercados tenham uma enorme inclinação a desenvolver-se, pois hoje se exporta toneladas da polpa do fruto. E com o açaí em crescimento, foi conquistando também espaço a nível internacional, pois o Pará já exporta a polpa para vários países (HOMMA,2005).

Em síntese, a sua produção é relativamente nova no mercado em relação ao aspecto competitivo do açaí. Contudo, a sua produção é dedicada principalmente ao sustento das comunidades locais, embora a sua comercialização já seja altamente reconhecida e valorizada, fez com que o Estado do Pará ganhasse força económica.  (VALLES, 2013).

CADEIA DE PRODUÇÃO

A Cadeia Produtiva, ou Supply Chain do inglês, de uma maneira mais simples, pode definir-se como um conjunto de fases (empresas ou sistemas) que se interligam entre si no processo produtivo para fornecer um produto ou serviço ao mercado consumidor. (SILVA, 2005). Segundo o autor, compreender o significado de cadeia produtiva possibilita:

  • Observar a cadeia de uma forma integrada;
  • Detectar os pontos fracos e fortes;
  • Incentivar o estabelecimento de um cooperativismo técnico;
  • Reconhecer os obstáculos e objetos em falta;
  • Aumentar os aspectos que determinam a concorrência nos segmentos.

De acordo com Fernandes (2003), os padrões tradicionais do segmento agroindustrial abrangem um grupo de operações de transformação, preparação, conservação, embalagem, distribuição e comercialização dos produtos que são diligentemente repartidos em operações de transformação primária e de transformação secundária, caso os insumos venham provenientes exclusivamente do segmento primário ou de outros empreendimentos agroindustriais, respectivamente.

A categorização das atividades entre setores primário, secundário, e terciário deu lugar a um estudo de um sistema produtivo interligado, do processo de produção até a comercialização de alimentos provenientes de fontes agrícolas. Um bom exemplo disso é o caso dos agricultores que se organizam para comprar e vender os insumos, armazenando e distribuindo as mercadorias, transformando ou processando as suas matérias primas.

As fontes de matérias-primas representam um caso de ações em cadeia. Em virtude destas práticas, podem ocorrer outros atos de exogeneidade para a cadeia, mas que ocorrem em função da mesma, como a mudança ou o estabelecimento das taxas fiscais; a criação das barreiras tarifárias; a padronização de procedimentos de categorização; a determinação de normas de qualidade física, sanitária e nutricional.

CADEIA PRODUTIVA DO AÇAÍ

Sob esta perspectiva, na cadeia produtiva do açaí estão envolvidos os extratores, os produtores, os mediadores, os transformadores e os batedores artesanais, cuja importância é fundamental na formação do sustento das famílias dos pequenos agricultores ao final da cadeia produtiva. Portanto, o objetivo desde tópico é o de descrever e acompanhar a cadeia produtiva do açaí nos últimos tempos.

Figura 1 – A Cadeia Produtiva do Açaí no Estado do Pará

Fonte: SEBRAE (2005)

Segundo Pagliarussi (2010) a cadeia do açaí é formada por duas cadeias: a primeira é a agrícola, que tem em conta o conjunto das principais ações para a produção do açaí; já a segunda diz respeito ao processamento de industrialização que possibilita a transformação do açaí em polpa ou pó para outras aplicações industriais. Conforme apresentado na Figura 1.

COLHEITA

Segundo Rogez (2000) A execução da colheita é muito dispendiosa e trabalhosa, já que os açaizeiros são palmeiras altas e com estipes finos. E é necessário ter especial cuidado para evitar o desprendimento de grandes quantidades do fruto da rachillae durante a recolha.

A colheita deve ser feita pela manhã para impedir que os ramos se tornem desbolados nos momentos mais quentes e chuvosos do dia, o que também torna a subida das palmeiras complicada, uma vez que os estiletes ficam aquecidos e escorregadios. Assim, uma boa hora é pouco antes do raiar do sol, quando os ventos são amenos. Mais um elemento decisivo para a colheita ser feita de manhã cedo diz respeito ao período de empacotamento e transporte dos frutos, dado que o fruto colhido tem de chegar até as indústrias sobretudo em Belém do Pará, durante as primeiras horas do dia após a colheita (EMBRAPA, 2010).

RECEPÇÃO

Segundo a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária EMBRAPA (2005) a mercadoria é descarregada no local de recebimento das matérias-primas da fábrica. Durante esta etapa, o açaí é inspecionado e são separados quanto ao seu tamanho e maturidade e direcionados em esteiras para a limpeza e lavagem.

HIGIENIZAÇÃO

Conforme o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE, 2006) os frutos devem ser limpos de aderências, tais como flores e pequenos restos vegetais, através de um sistema de ventilação e peneiração. O fruto passa por três estágios de limpeza: A primeira é feita em um tanque de com ozônio líquido, esse processo faz com que seja eliminado os microrganismos presentes no fruto. A segunda, é feita em um tanque de alvenaria ou com água clorada, onde permanecem durante aproximadamente 30 minutos. Terminada esta etapa, vamos para a terceira e o última etapa, o açaí deve ser transportado até mais um tanque, onde será lavado sob água corrente durante 10 a 15 minutos.

DESPOLPAMENTO, FILTRAGEM E HOMOGENEIZAÇÃO

Para separar a polpa da semente, serão necessários mais 40 minutos submerso na água, para que amoleçam, e assim, tornando mais fácil o descaroçamento. Em máquinas apropriadas serão mexidos pausadamente. E depois vai para a máquina despolpadora, estas máquinas removem a pasta fina através de fricção entre os frutos. Seguidamente passaram por uma peneira, onde se adiciona água potável. Depois a polpa fica guardada em bacias de aço inoxidável para seguir para a filtragem (EMBRAPA, 2005).

Ainda segundo EMBRAPA (2005) a pasta de polpa emulsionada é filtrada através de peneiras com telas plásticas peneiras, para a eliminação de resíduos grossos, tais como cascas e caroços. Para fazer a homogeneização, é utilizado um tanque agitador de aço inoxidável, que é diretamente ligado na máquina de embalagem automática.

ENVASE, CONGELAMENTO E ARMAZENAGEM

Conforme EMPRAPA (2007) após a filtragem e a homogeneização, acontece a envase, que em suma é a quando o produto é embalado. E existem dois tipos de envasamento: Envasamento Automático é executado por máquinas dosadoras, que preenchem as embalagens segundo as suas dimensões e volumes, que quase sempre são usadas no varejo; Envasamento Manual: Essa é usada para as exportações, geralmente as fábricas manipulam as embalagens cartonadas, que suportam até 10 litros, e todo esse manuseio é feito de forma manual.

As embalagens são acondicionadas em prateleiras dentro dos túneis de congelamento, Este procedimento deve ser feito de imediato, a fim prevenir a contaminação ou deterioração do produto provocada pelo crescimento de microrganismos. As embalagens são acondicionadas em estantes dentro dos congeladores ou num freezer a -18°C a -25°C por um período de 24 a 36 horas e deve permanecer congelado até o momento do consumo (EMBRAPA, 2005).

EXPORTAÇÕES DE AÇAÍ

De acordo com dados da Conab (2019), a Região Norte do Brasil centra-se principalmente sobre a produção de açaí, com o Pará e o Amazonas a contabilizarem 87,5% do total. O Estado do Pará é o mais importante produtor mundial de açaí, e tem duplicado a suas produções nos últimos 10 anos, passando a ser igualmente o estado que mais exporta os alimentos no Brasil, seguido pelo Amazonas.

Ainda segundo a mesma fonte, registou-se um crescimento de 10 vezes relativamente à totalidade exportada de açaí em 2019, em comparação com a totalidade exportada em 2010, passando de 314 toneladas para 3.500 toneladas. No que diz respeito aos preços das quantias exportadas, a parcela do crescimento foi similar durante o mesmo período, tendo passado de um montante de US$ 935.747,00 para US$ 9.574.412,00.

Todavia, admite-se que o crescimento e a valorização do açaí brasileiro no mercado internacional estarão dependentes principalmente do tipo de reação do mundo perante o pós- pandemia, em virtude da velocidade de crescimento da demanda do produto e da retomada das operações comerciais em geral, em ligação ao aumento do número de pessoas vacinadas contra o Covid-19. As variáveis tornam-se, finalmente, dependentes do tempo necessário para que o mercado retome os níveis de consumo e comércio pré-pandêmico (CONAB, 2019).

Ao decorrer dos anos, os principais países importadores do açaí brasileiro são os EUA, um parceiro comercial consolidado do Brasil, a que se seguem o Japão, Austrália, Alemanha, Bélgica, Singapura, França, China, Holanda e Portugal. Contudo, ao fazer uma análise dos anos individualmente, observa-se que o volume importado por estes países sofreu variações, observando que os EUA permaneceram o maior exportador dos produtos processados à base de açaí ao passar dos anos, mais a Austrália e o Japão têm vindo a perder posição para os países da União Europeia, tais como a Holanda, Bélgica e Alemanha (CONAB, 2019).

DIFICULDADES DAS EXPORTAÇÕES DE AÇAÍ

As principais barreiras para a exportação de açaí encontram-se nos fatores de: quantidade exportada e logística de transporte.

O açaí como a citado anteriormente possui um grande e potencial de comercialização, tanto nacional como internacional.

O estado do Pará segue como líder no ranking como maior exportador, porém referente a quantidade produzida, a porcentagem enviada para consumos em outros países ainda é pequena. Segundo dados da Companhia Nacional de Abastecimento (CONAD, 2013) apresentados na figura, apenas 10% do açaí que é produzido no Pará é enviado para o exterior.

Figura 2 – Distribuição do consumo de Açaí mundialmente

Fonte: Elaborada a partir de Conab (2013)

Segundo Rogério Dias, empresário paraense que atende o mercado americano, 20% da sua produção total representa um lucro de 7milhões ao ano, porém ele diz “Apesar desse valor parecer alto, temos capacidade para exportar muito mais. Estamos lutando para conseguir mercados melhores, rompendo as divisas do país e valorizando o produto”, complementa.

Mostra-se uma grande defasagem nas exportações quanto a quantidade exportada de açaí que por mais que tenha um grande potencial econômico necessita de um plano desenvolvedor, onde a alta demanda comercial interna não interfira na demanda e expansão externa.

A cerca da defasagem logística, o açaí por ser uma fruta que quando in natura tem um período de consumo que necessita ser rápido, a logística do fruto necessita ser eficaz. A qualidade do produto final, depende vigorosamente de como ele foi produzido, armazenado, embalado, transportado e entregue ao consumidor final, e neste caso o importador.

O açaí transportado sofre alterações devido à presença microbiana, um dos fatores principais que torna o fruto curta duração. Para a indústria de comercialização, adotou-se métodos de conservação que oferece mais durabilidade ao açaí comercializado para fora do estado ou fora do País.

Nos últimos anos a fruta era exportada de maneira generalizada, com NCM (Nomenclatura Comum do Mercosul) agrupada, entretanto, no ano de 2016 o açaí adquiriu uma NCM própria, que por ser pouco divulgada no momento não é muito utilizada pelos exportadores do mesmo. Por esse motivo os valores relacionados a exportação permanecem defasados em relação a movimentação do produto, outro fator que interfere na questão logística do fruto.

A IMPORTÂNCIA DAS EXPORTAÇÕES DE AÇAÍ PARA O ESTADO DO PARÁ

A economia da região amazônica brasileira se favorece primordialmente pela extração de produtos vegetais, que traz com grande importância o açaí como papel na diversidade. Segundo estudos a produção de açaí pode contribuir com certa de 63,1% da renda familiar em uma época de safra (Anderson et al. 1985). O açaí pode ser transformado em diversos produtos e muitos deles que eram consumidos apenas pela população amazônica estão integrando o mercado de outras regiões do país, esse cenário pode ser visto nas 120/toneladas de suco de açaí que são produzidos no Pará e são designadas precipuamente aos estados do Rio de Janeiro, São Paulo, Pernambuco, Brasília e Goiás. Concomitantemente, ressaltar-se é o potencial do fruto para a produção de corante natural, medicamentos, bebidas e aromatizantes naturais. Com uma grande diversidade de produtos as atividades de exportação do fruto tiveram um salto muito grande em 1992, trazendo para o estado do Pará a produção de 160 toneladas anuais.

PROGRAMA DE INCENTIVO

Com o Pará sendo o maior exportador do fruto e detendo 90% da produção mundial do produto, o fruto passou a gerir cerca de 30 mil empregos diretos no estado, contando com cerca de 10 mil batedores artesanais e 100 agroindústrias processadoras do fruto. Tendo esses aspectos em consideração os governos paraenses passaram a manejar projetos e incentivos em prol de açaizais nativos, considerando o plantio e cuidado do fruto uma prioridade. Um dos benéficos gerados por essa ação do governo é a contribuição para a diminuição do desmatamento e queimadas na região já que o foco da extração ilegal da madeira passou a ser a extração e cultivo do açaí. Segundo a Agência de Defesa Agropecuária do Pará, (2017), atualmente, o Governo do Estado incrementa ações no programa de Manejo e Enriquecimento de Açaizais, através do programa Pró-Açaí, do programa de Qualidade do Açaí e do Programa de Contingência da Doença de Chagas, através dos órgãos como a Agência de Defesa Agropecuária do Estado, Vigilância Sanitária e Extensão Rural.

O governo paraense também conta com os outros programas como o Programa Estadual de Qualidade do Açaí (PEQA), que reúne 14 instituições públicas e privadas que trabalham em parceria para assegurar a excelência no produto, através do estabelecimento de condições de boas práticas ao longo da cadeia de produção, a partir da colheita do fruto à sua comercialização. Ademais um programa promissor e em destaque é o Pará 2030, que também prevê iniciativas e metas sustentáveis com o intuito de promover o fomento da cadeia do açaí no Estado, entre elas, a atração de indústrias para verticalização, certificação, pesquisa e desenvolvimento e incentivo ao plantio irrigado, e segundo Luciano Guedes, diretor geral da ADEPARÁ, tem uma estimativa de levar o crescimento das exportações de açaí de 4% a 6% ao ano até 2030, aumentando o volume de açaí para indústrias dentro do Estado e para outros estados e os países, bem como a valorização do mercado com certificados de qualidade e certificação de origem. Com base nos dados citados anteriormente se percebe o quão real se faz a importância do a açaí para o Estado do Pará, que não só deixa de ser um produto, mas se torna um maio de vivência cultural e social do Estado.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

Estima-se que o processo de transportação tem um grande valor agregado na cadeia, pois como se trata de um produto com bastante perecibilidade, o açaí necessita ser despachado de modo a ser beneficiado num período que não exceda 48 horas. O Açaí transita no mínimo com dois modais diferentes, o rodoviário e o fluvial, ocasionando a perda da qualidade até chegarem aos portos.

A partir da abordagem da cadeia de produção, é preciso favorecer medidas que visem a melhoria das infraestruturas da região amazônica, a modo a assegurar a concorrência e a sustentabilidade das cadeias de produção na região, sobretudo da cadeia do Açaí.

E quando falamos de exportação, temos que lembrara que apesar da popularidade nacional e internacional do Açaí e que muito embora o Brasil seja o principal no setor de exportação de Açaí, a produção ainda é executada em baixa escala em relação a qualquer outro produto de exportação do país. Segundo o MDIC (2019), o Açaí não se encontra ainda no ranking dos 10 principais produtos exportados. Continua a sendo complicado avaliar os dados com total exatidão a situação do comércio exterior do açaí no Estado do Pará, devido ao fato de que a partir de dezembro de 2016 todos os documentos e registros de exportação de polpa de Açaí que estavam na base de dados do Ministério da Indústria e Comércio e Desenvolvimento (MDIC) que é a maior fonte alcançável para a utilização desses dados, porém o dados sobre Açaí eram realizados com outras frutas e sucos de frutas e que o códigos da Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM) eram os mesmos.

A exportação passou a colaborar economicamente para o Estado, ainda que a produção tenha divergências quanto ao consumo no exterior. Assim, a proposta dos nossa pesquisa aponta para uma intensificação dos esforços de investimento nas zonas de cultivo e a exploração de áreas deterioradas para expansão do cultivo e que possam satisfazer a demanda crescente do consumo.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A pesquisa buscou abordar e exemplificar a cadeia produtiva do açaí para o Estado do Pará e a importância das exportações do mesmo para o referente Estado. A partir de estudos bibliográficos, foi analisado etapa por etapa da cadeia de produção, onde viu-se que o os resultados mostram alterações positivas e contínuas para o Estado do Pará, que ainda permanece no topo da comercialização do fruto.

Deverás também foi examinado o quão importante se faz a produção de açaí para a sociedade paraense, que se matem e desenvolve-se juntamente com a cadeia de produção do fruto, desde plantio até as vendas internacionais.

Por sua parte essa pesquisa também expôs o déficit presente nas exportações do açaí, que apresenta desafios quanto a logística e desafios na nomenclatura do mesmo. Todavia o fator crucial visível é que mesmo o estado do Pará estando no ranking de exportações, o mesmo ainda tem um muito potencial para expandir negócios com mais país, com apoio do governo com projetos que visem ir além dos apresentados, projetos que ampliam a visão para uma demanda internacional de larga escala.

Considerasse a pesquisa apresentada como de suma importância pois constatasse que a mesma aprimora os conhecimentos preexistentes sobre a cadeia produtiva do açaí e a relevância do mesmo para o Estado do Pará,

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