THE LIBRARY AS A SUPPORT SPACE FOR 6TH GRADE STUDENTS WHO ARRIVE WITHOUT KNOWING HOW TO READ AT THE DOM MILTON CORREA PEREIRA STATE SCHOOL, MANAUS – AM – 2021/2022
REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10929432
SOBRINHO, Glaucimeire dos Anjos1
PALHETA, Francisco Sales Bastos2
Resumo
Este trabalho tem por finalidade principal descobrir sobre as dificuldades de aprendizagens que alguns alunos dos sextos anos do Ensino Fundamental 2 demonstraram ao ingressarem na Escola Estadual Dom Milton Correa Pereira, principalmente relacionadas à leitura. Tendo em vista as necessidades constatadas, a professora da biblioteca abordou o tema: A biblioteca como espaço de apoio para alunos do 6º ano que chegam sem saber ler à Escola Estadual Dom Milton Correa Pereira, Manaus – AM – 2021/2022, cujo objetivo geral é “Analisar como a comunidade escolar, familiares e alunos podem oportunizar o aprendizado da leitura aos estudantes dos sextos anos que chegam à escola sem saber ler”. A metodologia utilizada na pesquisa foi a abordagem qualitativa, seguida da pesquisa descritiva e analítica. A coleta de dados deu-se através de aplicação de questionários para alunos, pais e professores. A observação, as tarefas e os questionários, os resultados da pesquisa, todos os recursos foram utilizados com êxito, pois tudo foi tratado com muita atenção até chegar ao ponto positivo. Esta Dissertação está dividida em três grandes partes: o primeiro capítulo inicia-se com a apresentação de vários autores para fundamentar as questões a serem analisadas, o segundo capítulo refere-se ao quadro metodológico, onde mostra toda estrutura da pesquisa, o terceiro capítulo reuniu a discussão e análise dos resultados e dentro de cada tópico são apresentados o passo a passo da pesquisa, como foram desenvolvidas, quais foram os seus resultados e, por fim, apresentou-se as considerações finais, conclusões e indicações de novos estudos a serem realizados, colocando-se à disposição do leitor os documentos analisados.
Palavras-chave: Alfabetização; Biblioteca; Aprendizagem da Leitura.
1. INTRODUÇÃO
Norteando-se nas indagações por parte de professores referentes às turmas dos sextos anos, os últimos seis anos da Escola Estadual Dom Milton Correa Pereira, chegou-se a um dos temas mais abordados não só nesse período pós-pandemia, como também no decorrer dos anos, visto que a dificuldade na leitura é um problema recorrente em nosso País. Segundo as informações relatadas, dos muitos alunos que ingressam na instituição, grande parte já chega com problemas relacionados à leitura. Dessa forma, não conseguem acompanhar o ritmo das Áreas de Conhecimento e Componentes Curriculares ofertados para esses Anos. Constatou-se, então, a necessidade de pesquisar através da problemática: A biblioteca como espaço de apoio para alunos do 6º ano que chegam sem saber ler à Escola Estadual Dom Milton Correa Pereira, Manaus – AM – 2021/2022. O objetivo principal desta pesquisa é analisar como a comunidade escolar, familiares e alunos podem oportunizar o aprendizado da leitura aos estudantes dos sextos anos que chegam à escola sem saber ler e interpretar textos simples. Sendo assim, a pesquisadora procurou de alguma forma encontrar a solução para esta situação – que se agravou ainda mais com a Pandemia de Covid-19, na qual as escolas tiveram que parar as suas atividades presenciais por praticamente dois anos consecutivos. Durante a investigação notou-se que eles estão em nível de terceiro ano do Ensino Fundamental I.
A biblioteca escolar, por ter espaço físico adequado, pode acolher esses alunos sendo mediados pela professora. O espaço está em pleno funcionamento e oferece aulas de alfabetização (em tempos vagos) atendendo essa demanda.
A família deve ser a primeira a incentivar os filhos à prática da leitura. Então, tanto os responsáveis quanto a escola, devem cumprir seu papel para que a criança alcance, na idade certa, as competências e habilidades para ler e escrever; a fim de que chegue ao sexto ano escolar sem passar por constrangimentos nas salas de aulas por parte dos próprios colegas, deixando-os cada vez desanimados e desestimulados a continuar os estudos.
Esta pesquisa procurou responder à seguinte Pergunta Geral, Como a comunidade escolar e responsáveis podem oportunizar o processo de alfabetização aos alunos que chegam ao nível Fundamental II sem saber ler? Para melhor dimensionar as respostas à pergunta geral, foram formuladas as seguintes perguntas específicas: Como a equipe pedagógica pode oportunizar a alfabetização aos alunos que chegam ao nível II analfabetos? Que recursos didáticos adequados serão usados pelos professores para alcançar a alfabetização dos alunos? De que maneira os responsáveis podem colaborar no aprendizado e alfabetização dos estudantes?
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA OU REVISÃO DA LITERATURA
Aprendizado da leitura nos tempos modernos
A geração de hoje vive numa sociedade mais complexa, na qual muitas mudanças ocorrem aceleradamente. Novas tecnologias nos alcançam dia após dia; por isso, a leitura é tão importante para o domínio e conhecimento dessas ferramentas. É evidente que a capacidade cognitiva é inerente do ser humano. À medida que nos desenvolvemos, aprimoramos a capacidade de raciocinar, entender o meio em que vivemos. Freire (2011) diz que o indivíduo, antes de adquirir a leitura da palavra, já tem a leitura do mundo, mas esta só se completa e se descortina ao sujeito se este tem o domínio da palavra. Para ele, não basta a leitura de mundo, é preciso também que o indivíduo seja capaz de decodificar os símbolos gráficos.
Libâneo (2004, p. 1) considera que mesmo na modernidade a escola se configura no lugar de mediação cultural, cabendo aos educadores “investigar como ajudar os alunos a se constituírem como sujeitos pensantes e críticos, capazes de pensar e lidar com os conceitos, argumentar em faces de dilema e problemas da vida prática”. A modernidade traz amplas expectativas para uma vida de qualidade, mas sem o domínio da leitura, o indivíduo retrocede. Libâneo deixa claro que uma investigação se torna necessária quando os alunos chegam ao ambiente escolar, visto que se deve levar em conta as particularidades de cada um deles, as experiências boas ou ruins, o contexto social e cultural entre outros fatores que de alguma maneira podem interferir no processo ensino-aprendizagem. Desta forma, os estudos com os alunos do sexto ano são validados e pode-se comprovar que tais fatores foram cruciais para que muitos não conseguissem o domínio da leitura e da escrita ao chegarem à série analisada.
Seria interessante o MEC acompanhar essa situação para que essa modernidade alcance as escolas. Não adianta ter uma escola grande, equipada com laboratórios de física, química, ciências, sala de computação, se não tem rede Wifi. Se isso acontece, então a modernidade não chegou de fato, pois se não há como utilizar os equipamentos, os professores continuam na mesmice em sala de aula. A Escola Dom Milton, pelo tempo e quantidade alunos, não têm nem sequer uma sala de informática, materiais didáticos para os professores utilizarem com os alunos e sinal de internet para atividades on-line.
Os professores relatam que a prioridade hoje é fazer com que os discentes não sejam reprovados, pois a escola só perde nos índices das Avaliações Externas. Mas incide quando se pensa dessa forma. Durante o projeto, a dificuldade encontrada por parte dos alunos é preocupante, pois há uma porcentagem considerável daqueles que não conseguem desenvolver a escrita de uma palavra de sílabas complexas durante o ditado.
Sabe-se que no mundo globalizado em que estamos, em pleno século XXI, saber ler é um grande desafio. Para algumas crianças, torna-se mais acessível quando os pais são comprometidos com a educação dos filhos. Alguns chegam até sabendo ler e escrever, mas infelizmente ainda é a maioria que se sobressai nas escolas públicas. A alfabetização no Brasil apesar de tantos avanços ainda é insuficiente, e não para por aí, pois alguns sabem ler, mas não sabem interpretar, as dificuldades são diversas conforme Rojo:
Para ler não basta conhecer o alfabeto e decodificar letras e sons da fala. É preciso compreender o que se lê, isto é, acionar o conhecimento de mundo para relacioná-lo com os temas do texto, inclusive o conhecimento de outros textos/discursos (intertextualizar), prever, hipotetizar, inferir, comparar informações, generalizar (ROJO, 2009, p.10).
Saber ler e escrever, compreender e interpretar, não é relevante somente para a área de linguagens, mas para todas as áreas do conhecimento. Com isso, nota-se por um espaço de cinco anos, que a escola vem enfrentando sérios problemas com esses alunos. Alguns professores relataram que não conseguem acelerar o trabalho devido à falta de leitura por parte de determinados estudantes, além de enfrentarem as salas superlotadas. A partir dessas colocações, verificou-se que a escola possui uma biblioteca com espaço físico adequado para atender essa demanda em tempos vagos para serem trabalhados em suas deficiências.
Além de a escola passar essa situação, a pandemia que teve início em meados de fevereiro de 2020, atingiu o mundo inteiro com mortes, fazendo com que as pessoas perdessem o espaço social e fechando-se em suas casas, foi sim um fator negativo tanto para discentes como para os docentes. Para os educandos o impacto na aprendizagem foi bastante relevante, já que foram pegos de surpresa para assistirem aulas remotas e muitos não tinham acesso à internet, wifi, celulares, computadores mesmo em épocas de desenvolvimento tecnológico. Para alguns professores, foi um período desafiador, visto que vários docentes, por não acompanharem o uso das novas tecnologias, não tinham noção de como preparar uma aula remota para atender os alunos on-line.
Sobre a Base Legal
Diante do cenário da pandemia, Diretrizes foram feitas para suprir a necessidade da manutenção das aulas. Considerando a necessidade de se fazer cumprir a carga horária mínima de oitocentas horas de ensino anual, prevista pelo Ministério da Educação (MEC), o Governo Federal, pautado na Lei n. 9494/96, artigo 23, § 4°, que faculta à educação organizar-se de forma diversa, em caso de necessidade, lançou a Medida Provisória n. 934, de 01 de abril de 2020, autorizando a implementação de normas excepcionais sobre o ano letivo na educação básica. Na mesma direção, o Conselho Nacional de Educação publicou o parecer CNE/CP05/2020, que versa sobre a reorganização dos calendários escolares da educação básica, assim como sobre a possibilidade de cômputo das atividades não presenciais para cumprimento da carga horária anual mínima de ensino. Essa decisão foi homologada pelo MEC em 29 de maio de 2020 (BRASIL, 2020). No Amazonas, os Decretos n. 42.061, n. 42,063 e n. 42.087 oficializaram a suspensão das aulas da rede pública de ensino em todos os municípios do Estado, a priori, por um período de até 30 dias (BRASIL, MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO, 2020). E o Amazonas foi o primeiro estado a elaborar um plano de ação para retornar as atividades pedagógicas remotamente em suas redes estadual e municipal de ensino. Esta seção apresenta as principais ações adotadas pela Seduc- AM (Secretaria de Estado de Educação e Qualidade do Ensino) na finalidade de desenvolver uma “pedagogia pandêmica”, isto é, fazer educação na situação social atual.
O Centro de Educação Tecnológica do Amazonas (CETAM), oferece vários cursos com ferramentas para que os professores pudessem trabalhar com seus alunos através da tecnologia. Isso garantiu a muitos professores uma ótima oportunidade de desenvolver seus trabalhos durante a pandemia.
O que é Leitura?
A leitura é um fator decisivo de estudo, visto que propicia a ampliação do conhecimento, a obtenção de informações básicas e específica, a abertura de novos horizontes para a mente, a sistematização do pensamento, o enriquecimento do vocabulário e o melhor entendimento das obras, sendo um processo que envolve algumas habilidades (FONSECA, 2008). É um fato ver o avanço no campo da leitura. Porém, ainda é comum encontrar muitos alunos pelas escolas, no Ensino Fundamental II, sem saber ler. Para se ter um bom entendimento sobre o que é leitura, segue o significado que consta no Dicionário de Língua Portuguesa:
Aurélio é: 1. ato ou efeito de ler; 2. Arte ou hábito de ler; 3. aquilo que se lê; 4. O que se lê, considerado em conjunto. 5. Arte de decifrar e fixar um texto de um autor, segundo determinado critério (AURÉLIO,1988, p.390).
Ler é interpretar uma percepção sob as influências de um determinado contexto. Esse processo leva o indivíduo a uma compreensão particular da realidade. Baseado no que fala, tudo tem um sentido desde o início para a criança nos anos iniciais: o aprendizado das letras, sílabas e palavras. Cada um tem seu próprio conceito sobre a leitura, no qual não podemos nos abster de tê-los como referência para aprender a interpretar e compreender o que se lê.
Leitura nos Anos Iniciais
Nos primeiros anos de escolarização, o aluno deve ser motivado para aprender a ler até que se torne um leitor que consiga ler e interpretar o mundo da leitura.
A escola brasileira, instituição responsável pelo ensino da leitura e da escrita, tem fracassado em sua primeira tarefa, porque ainda não consegue ensinar efetivamente todos os alunos a ler e escrever, especialmente quando provêm de grupos sociais pouco letrados. O ensino de leitura baseado no treino da habilidade de decodificação do código escrito, tão criticado nas duas últimas décadas do século XX, tanto nos textos acadêmicos quanto nos oficiais, é uma prática antiga específica, criada e desenvolvida em um meio também específico: a escola. Ela se distancia das práticas sociais de leitura vivenciadas por diferentes grupos, em diferentes contextos e épocas. (BARBOSA, 2006). Em primeiro lugar, Barbosa responsabiliza a escola pelo ensino da leitura, mas ao mesmo tempo descreve o fracasso que ela enfrenta, porque a leitura é o ponto primordial para um futuro certo.
Mesmo com toda liberdade e acesso aos estudos, em algumas situações, depara-se com os alunos apresentando algumas dificuldades devido a fatores que são causados por várias situações de ordem pessoal e de saúde, são problemas como a depressão infantil, o déficit de atenção por hiperatividade ou até a ansiedade na infância trazem transtornos de aprendizagem, que são somente diagnosticados quando os resultados são feitos individuais de leitura e escrita estão substancialmente abaixo do esperado para sua idade e nível de inteligência. Durante as aulas, professores argumentaram que os alunos desta pesquisa apresentam vários transtornos com os quais não conseguem lidar em sala de aula. Uns são quietos demais e não fazem nada e outros são muitos hiperativos saindo do controle; enfim, eles acabam sem ter a atenção, devido ao número elevado de alunos em sala de aula.
O Efeito eficaz através da leitura
A leitura bem aplicada torna-se eficaz na vida da pessoa. Quando é bem trabalhada, durante o período correto para a alfabetização, possibilita novos rumos ao conhecimento e realização de situações no dia a dia. Então esse leitor torna-se também capaz de se autonomizar cultural e civicamente.
A leitura é necessária para realizar várias tarefas, ela é de extrema importância e conforme os autores Rangel e Rojo:
Há um componente social no ato de ler. Lemos para nos conectarmos ao outro que escreveu o texto, para saber o que ele quis dizer, o que quis significar. Mas lemos também para responder às nossas perguntas, aos nossos objetivos (RANGEL & ROJO, 2010. p. 87).
Observa-se nesta citação que o ato de ler transforma a pessoa no seu modo de falar, agir de se organizar, de usar a linguagem nos mais diferentes contextos. Quando a pessoa é eficaz na leitura, tem a capacidade de produzir e questionar, tem suas próprias opiniões. Esses autores ainda comentam que um leitor eficaz é capaz de identificar e analisar criticamente os usos da língua como instrumento para expressar seus sentimentos, ideias e opções assim:
Ler, portanto, pressupõe objetivos bem definidos. E esses objetivos são do próprio leitor, em cada uma das situações de leitura. São objetivos que vão se modificando à medida que lemos o texto. Por exemplo, quando pegamos uma revista para ler, num consultório médico, nosso objetivo pode ser o de apenas passar o tempo. Mas se descobrirmos um texto que indica como emagrecer sem parar de comer doces, aí o objetivo mudará (RANGEL & ROJO, 2010, p. 87).
Segundo Rangel, é interessante quando se é capaz de ler e ter o domínio do que quer. Isso tira a pessoa da sensação de incapacidade, ela já se torna um ser notável de suas habilidades. E para concluir, essa responsabilidade não pode ser somente de um professor de Língua Portuguesa, mas de todas, pois cada uma tem suas características específicas.
A leitura e a Base Nacional Comum Curricular (BNCC)
A criação da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) já estava prevista na Constituição Federal de 1988, na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional de 1996 e como estratégia para o alcance de algumas metas do Plano Nacional de Educação (PNE-2014).
Muito tem-se discutido no Brasil em alguns momentos históricos sobre a produção de uma Base Nacional Comum Curricular (BNCC), e ela vem tratar ou definir sobre “o essencial” para toda a Educação Básica, e trata-se de fornecer uma política voltada para “a melhor formação para nossas crianças e jovens”. (Ex-Ministro da Educação Renato Janine Ribeiro), compreendendo que é uma condição necessária para garantir os direitos de aprendizagem dos alunos e a qualidade da educação.
Ainda na Base Nacional Comum Curricular (BNCC), o objeto de conhecimento é mostrado por “campos de experiências” tornando mais forte as relações da criança com diferentes linguagens e de maneira a integrar as diversas áreas do conhecimento.
Os recursos didáticos e sua importância para o desenvolvimento do educando na prática da leitura
Existem várias formas de ensinar além das metodologias em sala de aula com o professor ensinando através dos recursos de livros recebidos do MEC. Os professores podem utilizar recursos didáticos para aprimorar o processo de ensino-aprendizagem através de materiais que tratam do cotidiano dos alunos e podem facilitar o progresso de leitura dos discentes, principalmente através das mídias.
Se for um professor que procura meios para facilitar seu trabalho, ele com certeza vai de encontro a esses recursos, que hoje chamam muita atenção dos alunos através das mídias. Com certeza, só enriquece suas metodologias. Cada professor tem autonomia para buscar novas alternativas para ministrar uma aula atraente que desperte a atenção de seus discentes. Aulas que não são atrativas levam o aluno ao risco de evasão, desânimo no âmbito escolar.
O período da educação tradicional, no qual os alunos nem podiam se levantar das cadeiras e mal tinham oportunidades para se expressarem nas salas de aulas, já passou. Hoje, o professor tem a liberdade de tornar a sala de aula um ambiente que possibilite até dinâmicas e jogos, de acordo com os Componentes Curriculares que estejam trabalhando, conforme Marquezan (2003, p. 62):
A dinâmica da aprendizagem se dá através de interações mútuas, nas quais educandos e professores estabelecem relações sociais e afetivas, sendo a sala de aula o ambiente em que estas relações se solidificam e caminham em direção ao desenvolvimento significativo de habilidades cognitivas e socioafetivas.
Fazer uma leitura na sala de aula com auxílio de um data show, mostrando novas possibilidades de aplicação do conteúdo aos alunos, além de proporcionar um estudo mais prazeroso para o aluno, possibilita ao professor um tempo de qualidade para atender os discentes em suas dificuldades. Para o aluno, é muito mais proveitoso do que passar vários minutos copiando do quadro.
Quando o aluno interage com ferramentas que podem ver, tocar, manusear, possibilita uma aprendizagem mais significativa. Segundo Cardoso (2013) “através de situações concretas e experimentos é que os alunos pensam, observam e agem fazendo com que seja adquirido o conhecimento”. A utilização com materiais didáticos é de grande importância para o processo de ensino aprendizagem dos alunos.
O uso dos jogos como prática de ensino para leitura.
Os jogos constituem um recurso pouco aplicado na sala de aula, contudo tem elevado valor de ensino, por criar certa expectativa, ansiedade e entusiasmo nos alunos. Este recurso ajuda as pessoas a desenvolverem uma melhor coordenação motora, ativa o raciocínio lógico e melhora a habilidade nas tomadas de decisões (VIEIRA; SÁ, 2007). O jogo da memória pode ser de muita utilidade para aprendizagem da leitura. O docente deve se organizar para aplicar aulas com estes jogos que podem lhes trazer êxito, pois detém formação de palavras de seus educandos. Para ensinar, o professor precisa pensar em diferentes metodologias, apropriar-se de instrumentos que facilitem tanto o trabalho dele quanto a aprendizagem do aluno, pois no ano escolar em que se encontram – sexto ano – o fato de não terem o domínio da leitura e escrita, acaba gerando constrangimento e desconforto por estarem passando por um processo de alfabetização, quando na verdade deveriam estar lendo e interpretando.
Vários autores começaram a dar atenção ao estudo dos jogos sobre diversas óticas, bem como, para o uso para diversos fins, dentre elas o da educação, Leibniz filósofo alemão, matemático e lógico destaca as capacidades pedagógicas dos jogos ao defender que eles proporcionam um espaço privilegiado em que se exerce a inteligência humana por duas razões o prazer e o exercício livre do espírito sem a compressão da necessidade do Real proporcionando condições para o exercício de engenhosidade.
O PAPEL DOS PAIS NO PROCESSO ENSINO APRENDIZAGEM DOS FILHOS
Durante o desenvolvimento do projeto, percebeu-se a omissão da família por parte de alguns pais dos alunos selecionados para o reforço de leitura na biblioteca. Alguns são ausentes, não se importando com o aprendizado das crianças, embora esses pais ou responsáveis sejam a minoria. Eles não comparecem às reuniões nem mesmo para ficarem cientes do desempenho desses alunos no decorrer do ano letivo.
Conforme o Estatuto da Criança e Adolescente (ECA) no Art. 4º diz:
É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do Poder Público assegurar com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à liberdade e à convivência familiar e comunitária (BRASIL, 2012, p. 11).
De acordo com a citação acima é dever da família, acompanhar, estar em parceria com a escola para que os alunos se sintam confiantes em suas trajetórias. A Escola Estadual Dom Milton, é uma instituição de grande porte e as demandas são sempre muito elevadas. Verificando com os professores, eles relatam o desinteresse por parte de pais que se recusam a acompanhar seus filhos, a saber como estão se saindo nas atividades avaliativas, de que forma interagem com os colegas, entre outros aspectos da vida acadêmica. Percebe-se também o desinteresse dos alunos que não têm esse tipo de acompanhamento.
A família (comunidade) e a escola formam uma equipe e é fundamental que ambas sigam os mesmo princípios e critérios, bem como a mesma direção em relação aos objetivos que desejam atingir. Ressalta-se que mesmo tendo objetivos em comum, cada um deve fazer sua parte para que atinja o sucesso, que visa conduzir crianças e jovens a um futuro melhor.
A família e a escola em tempos atuais
Em tempos atuais, a sociedade tem passado por transformações sociais e culturais, nas quais se pode ver o desenvolvimento da industrialização e modernidade. O papel dos pais antes consistia na mãe ficar com os filhos e a responsabilidade do pai era a de suprir a necessidade da casa. Hoje não se vê mais isso. Muitas mães assumiram compromissos para ingressarem no mercado de trabalho. Segundo Tiba (2002), por vários motivos dentro da sociedade; divórcios, morte do pai ou da mãe, aumentar a renda, mães solteiras etc., enfim, que em certos momentos comprometeu-os durante o processo de aprendizagem, crianças que às vezes nem aparecem nas escolas, por conta de ficarem sós em casa e por não ter ninguém para acompanhá-las.
A ausência da família na escola faz uma diferença preocupante. Essas crianças até sofrem bullying por parte de seus colegas – fato que ocorre na Escola Estadual Dom Milton – relatados por esses alunos que não sabem ler neste ano escolar. Até mesmo professores na hora de ensinar fazem suas preferências, deixando de lado aqueles que não sabem ler.
A escola está muito dividida por vários fatores, mas problemas familiares como divórcio, violência doméstica entre outros, acabam fragilizando certos alunos causando desânimo para ir à escola.
O espaço bibliotecário para o desenvolvimento da leitura
De acordo com Silva (1986), ensino e biblioteca não se excluem, completam-se; uma escola sem biblioteca é um instrumento imperfeito. A biblioteca é um elemento essencial para o crescimento do aluno, pois a partir do acervo que é ofertado na Biblioteca da Escola Dom Milton, podem desenvolver-se intelectualmente. Praticamente todas as escolas da SEDUC tem uma biblioteca, mas não funciona como deveria. Embora essa citação seja antiga, está bem dentro da realidade – que uma escola não pode funcionar sem Biblioteca, para que o aluno possa acessar um acervo diferenciado de leitura, além dos livros didáticos ofertados para o estudo do dia a dia. Além de ter esse espaço para atendimento aos alunos, o bibliotecário deve ser um motivador para incentivar e levá-los ao mundo da leitura. Quando o indivíduo domina a leitura, é capaz de exercer a cidadania, pensar, estar a favor, posicionar-se. Em alguns momentos, a biblioteca é encarada como espaço para castigos de alunos ou sala de reuniões.
3. METODOLOGIA
A pesquisa foi realizada na Escola Dom Milton Correa Pereira, nas turmas dos sextos anos do Ensino Fundamental que chegaram sem saber ler, consistiu em dois tipos de metodologias que foram, bibliográfica e documental. Quanto ao caráter, a pesquisa foi dentro do Enfoque Qualitativa. E a coleta de dados deu-se através de questionários, nos quais pode-se encontrar respostas para a situação dos alunos escolhidos para esta pesquisa.
O Enfoque foi baseado na Pesquisa Qualitativa, pois Silva (2006, p. 49) diz que “a pesquisa qualitativa se concretiza quando se analisam os fenômenos dentro do contexto social. Mesmo considerando o esforço dos pesquisadores, quanto a esse tipo de pesquisa, é necessário reconhecer as dificuldades e limitações da pesquisa qualitativa”. Considerando o posicionamento do autor, foi imprescindível analisar a situação em que se encontravam os estudantes. O trabalho do pesquisador foi primordial para se constatar a atual dificuldade em que eles se encontravam.
O desenho de investigação foi centrado no enfoque de Estudo de Caso, correlacionais e documentais bibliográficas, pesquisa de campo e qualitativa conforme Silva (2006), “a pesquisa qualitativa é aquela que procura estudar os fenômenos educacionais e seus atores dentro do contexto social e histórico em que acontecem e vivem, respectivamente, recuperando o cotidiano como campo de expressão humana”.
A Pesquisa Descritiva conforme Fontenele (2009) “É aquela que visa apenas a observar, registrar e descrever as características de um determinado fenômeno ocorrido em uma amostra ou população, sem, no entanto, analisar o mérito de seu conteúdo”, tudo foi executado exatamente como o autor orienta sobre a verificação do comportamento e desenvolvimento do aluno durante a pesquisa.
No primeiro momento em que foi realizado o ditado de palavras com sílabas simples na sala de aula para todos, já deu para perceber que aqueles que não sabiam ler ficaram constrangidos. Alguns não escreveram nada; outros, mesmo sem saber, arriscaram um rabisco.
Considerou-se também a pesquisa como explicativa e analítica, pois visa identificar os fatores que contribuem para a ocorrência de determinado fenômeno(s) (VERGARA, 2010; GIL, 2002). Este foi um estudo necessário para explicar determinados fatores que ocorreram na vida dos alunos e que fizeram com que eles chegassem a essa série sem saber ler. Para saber o que realmente houve, foi feito o questionário, tanto para eles quanto para seus pais ou responsáveis que poderá ser visto na análise de dados.
E conforme (VERGARA, 2010), amostra ou população amostral é uma parte do universo escolhida segundo algum critério de representatividade. Já a amostra objetiva extrair um subconjunto da população que é representativo nas principais áreas de interesse da pesquisa (ROESCH, 1999). A amostra consiste em duas turmas do sexto ano, totalizando oitenta e sete alunos, sendo quarenta e quatro alunos do sexto ano da turma 01 e quarenta e três alunos da turma 02, variando entre onze e quatorze anos de idade. Esses alunos chegam de outras escolas para ingressarem no Ensino Fundamental II. E deste total de alunos, foram utilizados na pesquisa dezoito alunos, sendo nove alunos de cada turma, distribuídos da seguinte maneira: do 6º ano turma 01 – três meninas e seis meninos, da turma 02 são duas meninas e sete meninos que foram atendidos conforme suas necessidades referentes à leitura. Os critérios para selecionar os dezoito alunos foram obtidos através de três níveis de ditados. O primeiro de sílabas simples, o segundo de duas ou mais sílabas simples, o terceiro de uma sílaba complexa, seguido de leitura individual, realizada na biblioteca com o livro selecionado “Um sonho no caroço do abacate”, um livro de sexto ao nono ano.
A coleta de dados foi através de três Questionários Semiabertos, sendo um para professor – com seis questões e uma justificativa, um para os alunos – com onze questões e um para os pais – com seis, sendo que o de alunos, o próprio professor fez as perguntas oralmente pelo fato de os discentes não saberem ler.
Apresentação e Análise dos dados
Primeira atividade de pesquisa realizada com os alunos
O ditado foi a primeira atividade realizada para a pesquisa e foi aplicado durante tempos vagos dos professores. Houve o acordo com a gestora que na ausência do professor poderia ser realizado os ditados e assim aconteceu. A professora do tempo seguinte concedeu o período necessário para o término do ditado completo com os alunos, devido às muitas dificuldades para fazerem.
Segunda atividade de pesquisa realizada com os alunos
Após o trabalho com os ditados em sala de aula, outro acordo aconteceu entre o pesquisador e as professoras de Língua Portuguesa e Matemática, por elas terem mais tempo com os alunos durante a semana, elaboraram para o teste da leitura. O livro que foi selecionado para eles foi de sexto ao nono ano.
Essa obra literária intitulada “Um sonho no caroço do abacate”, da própria biblioteca, foi a escolhida pelo autor do trabalho. Foram selecionados dois parágrafos para cada um deles, a fim de se medir o nível de leitura individualmente. Foram contemplados para esta leitura os oitenta e sete alunos das duas turmas. A atividade foi feita na biblioteca, de forma individual, dos quais dezoito alunos foram selecionados porque apresentaram muitas dificuldades. Aqueles que não conseguiram realizar o ditado, foram os mesmos que não conseguiram ler.
Terceira atividade de pesquisa realizada com os alunos
Banner dos silabários das Sílabas Simples e Complexas que foram trabalhadas na Biblioteca e na sala de aula.
Fonte: A AUTORA (2023).
Outra atividade foi referente aos banners. Eles foram confeccionados para os alunos contemplados pela pesquisa e que estão em processo de alfabetização. A professora do projeto, geralmente durante as aulas, fazia com que os alunos lessem e formassem palavras, sempre os orientando nos exercícios. Esses banners ficaram na Biblioteca permitindo total acessibilidade ao material a quem adentrar na sala.
Quarta atividade de pesquisa realizada com os alunos
Foram confeccionados quatro tipos de jogos do alfabeto maiúsculo e minúsculo, na escrita cursiva e de imprensa, para terem domínio durante a escrita, conforme as cartelas abaixo.
Esse material foi retirado da Internet. O pesquisador tirou xerox, passou o papel contato, forrou com emborrachado para os alunos que não sabiam com precisão escrever o alfabeto. Foi necessário esse tipo de jogo para dar continuidade ao processo de leitura.
Quinta atividade de pesquisa realizada com os alunos
Cartelas para recortar para trabalhar a formação de palavras.
Ba | Be | Bi | Bo | Bu | Bão |
Ca | – | – | Co | Cu | Cão |
Da | De | Di | Do | Du | Dão |
Fa | Fe | Fi | Fo | Fu | Fão |
Ga | – | – | Go | Gu | Gão |
Ja | Je | Ji | Jo | Ju | Jão |
La | Le | Li | Lo | Lu | Lão |
Ma | Me | Mi | Mo | Mu | Mão |
Na | Ne | Ni | No | Nu | Não |
Pa | Pe | Pi | Po | Pu | Pão |
Ra | Re | Ri | Ro | Ru | Rão |
Sa | Se | Si | So | Su | São |
Ta | Te | Ti | To | Tu | Tão |
Va | Ve | Si | Vo | Vu | Vão |
Xa | Xe | Xi | Xo | Xu | Xão |
Za | Ze | Zi | Zo | Zu | Zão |
Fonte: A AUTORA (2023).
Esse material foi elaborado com as sílabas simples para ampliar melhor o domínio da leitura. O autor o elaborou, ampliou a imagem, passou papel contato, recortou e deixou pronto para a aplicação com os alunos na biblioteca.
Sexta atividade de pesquisa realizada com os alunos
Para desenvolver a pesquisa, os recursos de data show e computador foram muito importantes na sala da biblioteca. O pesquisador utilizou, através do YouTube, alguns jogos sobre formação de palavras com sílabas simples e complexas.
Durante essa atividade, a motivação foi de cem por cento de atenção, porque atividades inovadoras chamam a atenção do aluno.
O resultado quanto ao uso da tecnologia, é uma ferramenta inovadora para atrair a atenção dos alunos, o que favoreceu muito durante as aulas de leitura, pois a interação do aluno com essa literatura se tornou cada vez mais significativa para essas crianças do século XXI.
Sétima atividade de pesquisa realizada com os alunos
O pesquisador selecionou dois cadernos de leituras com pequenos textos de leitura para o desenvolvimento dos alunos. Dos quais foi um sucesso, pois eles puderam rever textos com sílabas simples e complexas, haja vista que já tinham passado por esse processo na alfabetização.
ANÁLISE E RESULTADO DO QUESTIONÁRIO APLICADO AOS PAIS
Primeiramente, ocorreu o questionário aos pais e cujas respostas serão aqui apresentadas. Em seguida, serão expostas as análises referentes a cada uma delas.
1. A escola de onde seu filho veio transferido para escola Dom Milton, se refere a qual destas?
( ) E. M. Antônia Alexandrina ( ) Outra
Sobre esta questão, houve o seguinte resultado: conforme a resposta dos pais, vinte e cinco por cento alunos vieram da Escola Municipal Antônia Alexandrina. Algo preocupante, porque além dos dois anos de pandemia (2020 e 2021), a instituição passou o ano de 2022 em reforma e a Escola Estadual Dom Milton recebe os docentes dos 5º anos nessa escola. Os outros setenta e cinco por cento vieram de escolas adjacentes de outros bairros. Das condições que os discentes chegam, fica difícil detectar de qual escola o aluno chega com dificuldades de leitura, visto que são muitos.
Gráfico 1. Alunos.
Fonte: A AUTORA (2023).
2. Você está ciente de que seu filho chegou no sexto ano sem saber ler?
( ) Sim ( ) Não
O resultado deste questionamento aos pais é que cem por cento são cientes que seus filhos não sabem ler, desde que deram entrada na escola no sexto ano com dificuldades de leitura. Alguns falam que não têm tempo de dar suporte aos filhos em casa por trabalharem fora.
Gráfico 2. Pais (cientes).
Fonte : A AUTORA (2023).
3. Em algum momento procurou ajudá-lo e incentivá-lo a ler?
( ) Sim ( ) Não
Em relação a esta pergunta, cem por cento, incentivam seus filhos a ler, mas também com muita dificuldade por não passarem o dia em casa para acompanhá-los. Alguns se sentem preocupados por não terem tempo com os filhos e por sentirem-se com dificuldades de leitura para ensinar em casa.
Gráfico 3. Pais (incentivam).
Fonte: A AUTORA (2023).
4. O motivo de não saber ler estaria relacionado a alguns desses problemas como finanças, divórcio, desemprego, morar com avós ou tios?
( ) Sim ( ) Não
Quanto à resposta da quarta questão, dezenove por cento dos responsáveis responderam sim, que está relacionado às respostas citadas na pergunta. Os outros oitenta e um por cento responderam que não. Então, nota-se que os pais não estão dando a devida atenção aos filhos, por isso chegam ao sexto ano na situação que se encontram – com dificuldades tanto na leitura, quanto na escrita.
Gráfico 4. Respostas dos Alunos.
Fonte: A AUTORA (2023).
5. Alguma vez procurou a escola para tentar ajudar na situação do seu filho (a)?
( ) Sim ( ) Não
Na quinta questão, trinta e sete por cento dos pais disseram que sim, que procuraram a escola quando perceberam que seus filhos não estavam conseguindo ler na idade e série deles, mas não tinham condições de colocar no reforço devido à situação financeira. Porém, sessenta e três por cento nunca foi à escola, mesmo sabendo das condições de seus filhos. Um fator positivo nas respostas foi que estes pais se mostraram satisfeitos em saber desse projeto que visa favorecer os alunos na melhoraria da leitura.
Gráfico 5. Respostas dos Pais.
Fonte: A AUTORA (2023).
6. Já que ele chegou a esta série sem saber ler, você o/a ajudaria em casa com material solicitado pelo professor?
( ) Sim ( ) Não
Na sexta questão, cem por cento dos pais que vieram para a aplicação do questionário, se comprometem em ajudar nas atividades solicitadas pela professora. Alguns deles falaram que têm dificuldades na leitura, mas que vão pedir para outras pessoas da família que sabem ler e ajudar. Todos deram seus contatos a fim de que haja uma interação, para ficarem atentos ao desenvolvimento da leitura de seus filhos.
Gráfico 6. Comprometimento dos Pais em Ajudar.
Fonte: A AUTORA (2023).
Analisando as questões dos pais, nota-se uma preocupação na resposta à pergunta de número dois. Todos estão cientes de que seus filhos chegaram sem saber ler; no entanto, não tomaram as medidas corretas para ajudá-los. Eles simplesmente ignoram suas responsabilidades e justificam isso devido ao fato de trabalharem fora. Já na sexta questão, comprometeram-se em ajudar, mas no decorrer das aulas do projeto, alguns não cumpriram com o compromisso firmado. Um aluno do sexto 02 estava com dificuldades para ler. Então, conversando com sua mãe, foi solicitado para que ela o levasse ao oftalmologista, pois faltava muita aula por sentir fortes dores de cabeça. A mãe o levou ao médico, conforme solicitado, e foi constatado que o aluno realmente estava com um grau elevado de problema na visão. O caso foi solucionado e este aluno avançou muito na leitura. Diferente de outra aluna do sexto ano, a mãe disse que a levou ao oftalmologista, mas não foram detectados problemas de vista. Então foi solicitado que ela a levasse para fazer outros exames como de audição ou procurar uma pediatra para conversar, investigar o motivo pelo qual essa aluna não consegue avançar na aprendizagem, talvez alguma dislexia. A criança continua na mesma situação e a mãe ignorou o problema. Infelizmente conclui-se a pesquisa sem solução neste caso específico. Na questão três, eles dizem que procuraram a escola, no entanto, novamente, a situação não foi resolvida.
Análise e resultado do questionário aplicado aos Professores
O próximo questionário foi apresentado para duas professoras – uma de Matemática e outra de Língua Portuguesa. Elas apoiaram o projeto, visto que a dificuldade era grande depois de se sair de um tempo de pandemia que durou aproximadamente dois anos consecutivos. As duas se mostraram muito preocupadas com a situação, pois com as salas lotadas de alunos, não teriam como dar atenção a todos.
1. Nesta série, você pode atender alguns alunos que não sabem ler, quando se tem uma sala com mais de 40 alunos?
( ) Sim ( ) Não
Na primeira pergunta, as duas responderam que não. Verificou-se que as duas salas estão realmente lotadas. Não se usam carteiras normais, e sim mesas acompanhadas de cadeiras – o que dificulta mais, já que a sala fica sem espaço até mesmo para andar. Esse é um fator que realmente dificulta o processo de aprendizagem, pois o professor acaba se atendo aos conteúdos, não dando a atenção necessária aos que não sabem ler.
Gráfico 7. Atenção dos Professores com os Alunos que não sabem ler.
Fonte: A AUTORA (2023).
2. Você costuma passar ditados para seus alunos?
( ) Sim ( ) Não
Com relação a esse questionamento, somente a professora de Língua Portuguesa respondeu que sim, que passa vários ditados para os seus alunos. Porém, destacou que são poucos os que escrevem as palavras corretamente. A professora de Matemática respondeu que não consegue fazer esse tipo de atividade, já que eles mal sabem a tabuada – o que dificulta muito o trabalho dela.
Gráfico 8. Professores costuma passar Ditados.
Fonte: A AUTORA (2023).
3. Incentiva seus alunos a frequentarem a biblioteca da escola para contribuir no desenvolvimento da leitura?
( ) Sim ( ) Não
Na terceira pergunta, as duas marcaram sim. Elas incentivam bastante os alunos a frequentarem a biblioteca, a fim de que eles tenham um contato a mais com a leitura.
Gráfico 9. Incentiva os Alunos a Frequentarem a Biblioteca.
Fonte: A AUTORA (2023).
4. Você considera que a biblioteca pode contribuir para os alunos com essas dificuldades de leitura tendo auxílio do bibliotecário?
( ) Sim ( ) Não
Sobre a quarta pergunta, elas consideram que sim. O acesso ao ambiente e o contato com os livros contribui de forma positiva para o desenvolvimento dos alunos com dificuldades de leitura. A biblioteca da escola Dom Milton tem um acervo variado que pode atender às demandas desses alunos.
Gráfico 10. Influência da Biblioteca para os Alunos.
Fonte: A AUTORA (2023).
5. A partir desta série, você concorda que se todos já leram, a educação seria diferente da atual em que estamos?
( ) Sim ( ) Não
A quinta pergunta menciona o fato de que se todos conseguissem ser alfabetizados nas séries iniciais, facilitaria para uma educação melhor da que estamos vivenciando hoje, visto que saber ler faz total diferença na vida do ser humano, pois ele passa a compreender melhor o mundo que o rodeia. As professoras entrevistadas concordaram com a afirmação e que teriam menos preocupação, pois a maioria até lê, mas não sabem interpretar.
Gráfico 11. Se todos lessem bem a Educação seria Melhor?
Fonte: A AUTORA (2023).
6. A pandemia do covid-19 foi um fator negativo para alguns alunos chegarem à escola sem saber ler?
( ) Sim ( ) Não
Na resposta à sexta questão, elas não deixam dúvidas do quanto foi difícil trabalhar em tempos de pandemia do Covid 19, pois muitos sequer tinham um celular para se comunicar com os professores durante esse período. Alguns só aparecem mesmo quando voltaram à escola – fator que contribuiu muito para não estarem lendo e para outras dificuldades relatadas pelos responsáveis deles.
Gráfico 12. A Pandemia Influenciou para dificuldade de Leitura.
Fonte: A AUTORA (2023).
As justificativas foram bem pertinentes. A professora de Língua Portuguesa relatou: “Anos anteriores à pandemia, os alunos já chegavam à série seguinte sem saber ler, com muitas dificuldades. Acredito que devido ao fato de alguns responsáveis trabalharem fora, não terem tempo de fazer um acompanhamento necessário. Com a pandemia piorou, devido alguns alunos não terem acesso à Internet”.
A professora de matemática justificou que “a escola onde o aluno se encontra matriculado deve proporcionar meios que favoreçam a correção da defasagem de aprendizagem dos alunos que apresentarem deficiência de aprendizagem”. As duas, muito preocupadas com o processo ensino-aprendizagem, trabalham na mesma série – uma de Língua Portuguesa e outra de Matemática. Ressalta-se ainda que se não souberem ler, terão dificuldades em todas as disciplinas; isso implica nas atividades ofertadas pelos professores. Alguns aprenderam somente copiar do quadro, infelizmente.
Análise do questionário aplicado aos alunos
Dos dezoito alunos escolhidos no decorrer da observação e das aplicações das atividades, uma aluna foi detectada apresentando autismo e não continuou devido à sua necessidade de atenção; outra aluna foi transferida da escola. Sendo assim, o projeto teve continuidade com somente dezesseis alunos, conforme já mencionado acima sobre como foi feita a seleção deles. No dia do questionário, um aluno faltou e passou vários dias sem vir à aula. Desta forma, a aplicação ficou inviável para ele.
O questionário foi feito da seguinte forma: os alunos foram chamados para a biblioteca durante um tempo de aula de Língua Portuguesa. A professora pesquisadora teve uma conversa com os alunos, explicando o objetivo é de que forma o questionário seria aplicado. Considerando que os discentes não sabiam ler, a docente foi lendo a pergunta e orientando a marcação das respostas.
1. Você veio transferido para a Escola Municipal Antônia Alexandrina?
( ) Sim ( ) Não
Não contradizendo a resposta de seus responsáveis, dezessete por cento dos alunos disseram que vieram da Escola Municipal Antônia Alexandrina e vinte e oito por cento de escolas vizinhas, pois não encontraram escolas próximas de seus bairros.
Gráfico 13. Alunos Transferidos.
Fonte: A AUTORA (2023).
2. Nesta série, você gostaria de estar lendo junto com seus colegas?
( ) Sim ( ) Não
Relacionado a esta pergunta, cem por cento responderam que sim. Uns até mencionaram que ficam constrangidos e até sofrem bullying por parte dos colegas, por não saberem ler. Eles entendem o quão é importante saber ler. O aprendizado da leitura é uma experiência transformadora na vida do ser humano. É um outro nascimento – é nascer para a compreensão do mundo, dos conceitos e especialmente para o exercício da palavra e da linguagem. É, portanto, um ato que permite o convívio social e a afirmação da humanidade dos indivíduos. (BISSOLI, 2012).
Gráfico 14. Alunos que gostariam de estar lendo junto com os colegas.
Fonte: A AUTORA (2023).
3. Você aceitaria ter acompanhamento para desenvolver-se na leitura?
( ) Sim ( ) Não
Todos disseram sim ao responder a essa pergunta. Eles mesmos se deparam com a necessidade de ler na série em que se encontram. Um ou dois numa sala com quarenta e cinco a cinquenta alunos seriam números aceitáveis, mas infelizmente são mais de vinte apresentando dificuldades na leitura.
Gráfico 15. Alunos que gostariam de acompanhamentos na leitura.
Fonte: A AUTORA (2023).
4. Alguma dessas causas foi o motivo para você não saber ler nesta série, desemprego, divórcio, mortes de pais?
( ) Sim ( ) Não
Nesta pergunta, dezessete por cento dos alunos identificaram algumas dessas causas como fator importante para o fracasso e desmotivação para os estudos. Outros dezessete por cento responderam que não, mas afirmaram que houve outros motivos que não estavam listados na pergunta, como doenças, mudanças de lugares, entre outros.
Gráfico 16. Houve motivos para não saber ler como desemprego, divórcio, morte dos pais?
Fonte: A AUTORA (2023).
5. Você mora com
Pais ( ) Tios ( ) Avôs ( ) Outro ( )
Noventa e três por cento dos alunos responderam que moram com seus pais e somente um mora com a avó. Não basta morar com os pais, os avós, tios ou outro parente. Se os discentes não tiverem o acompanhamento adequado, podem chegar às séries mais avançadas apresentando muitas dificuldades de leitura e escrita – que certamente influenciarão de forma negativa na vida acadêmica desses estudantes.
Gráfico 17. Com quem mora.
Fonte: A AUTORA (2023).
6. Alguma vez a professora de Língua Portuguesa o incentivou você a frequentar a biblioteca?
( ) Sim ( ) Não
Foram quarenta e três por cento dos alunos que falaram sobre ser incentivado pela professora para frequentar biblioteca, e cinquenta e sete por cento responderam que seus professores nunca os incentivaram a ir.
Silva define a estrutura curricular como um fator importantíssimo para os sistemas de ensino, pois predomina o que será ensinado de acordo com a faixa etária e a habilidade do aluno, mas vale ressaltar que a colaboração de outros profissionais como psicólogo, psicopedagogo, pedagogo, formadores especialistas podem proporcionar a melhoria da qualidade dos discentes e, consequentemente, do processo de ensino e aprendizagem. (SILVA, 2009)
Gráfico 18. Alguma vez a professora de português incentivou a frequentar a biblioteca.
Fonte: A AUTORA (2023).
7. Durante a pandemia do covid-19, você teve acesso as aulas através de:
( ) TV
( ) YOU TUBE
( ) PLATAFORMAS
( ) NENHUMA DAS RESPOSTAS
Na questão sete, vinte e sete por cento responderam que assistiram às aulas pela TV, trinta e três por cento pelo YOU TUBE, quarenta por cento usaram o aplicativo WhatsApp e ninguém usou a Plataforma.
Gráfico 19. Durante a pandemia do covid-19, você teve acesso as aulas através de:
Fonte: A AUTORA (2023).
8. No seu dia a dia, com que frequência você usa internet.
( ) Todo dia
( ) Duas vezes ao dia
( ) Muitas vezes ao dia
( ) Nunca
A questão oito, referente à frequência de uso da Internet, vinte e sete por cento marcou que acessa todos os dias, sete por cento duas vezes ao dia e outros sessenta e seis por cento muitas vezes durante o dia.
Gráfico 20. No seu dia a dia, com que frequência você usa internet.
Fonte: A AUTORA (2023).
9. Da TV, O que mais gosta de assistir?
( ) Filmes de terror, assassinato
( ) Filmes de ação, romance
( ) Séries
( ) Jornais
( ) Desenhos
Em resposta à questão nove, quarenta e sete por cento gosta de assistir a filmes de terror, seis por cento assistem às séries, quarenta e sete por cento assistem a filmes de ação e romance e um somente marcou que assiste a outros, ou seja, Netflix, Disney etc.
Gráfico 21. Da TV, O que mais gosta de assistir.
Fonte: A AUTORA (2023).
10. Da internet, gosta de navegar.
( ) YOUTUBE
( ) TIK TOK
( ) OUTRO
Nesta questão, quanto à frequência que usam a internet, vinte por cento responderam que gostam de navegar no Instagram, sete por cento no Facebook, vinte e sete por cento navegam no YouTube, no TikTok quarenta por cento, no Google vinte por cento, somente seis por cento para outros. As demais alternativas, ninguém marcou.
Gráfico 22. Da internet, gosta de navegar.
Fonte: A AUTORA (2023).
Durante a pesquisa, percebeu-se a inquietação desses alunos. Cada um com suas particularidades, entretanto o professor deve causar anseio de aprender em seus alunos. Afinal, o fato de chegarem ao sexto ano sem saber ler ao sexto, leva-os a uma baixa autoestima, devido ao bullying que sofrem no próprio ambiente escolar. Cabe ao professor investigar as causas do problema, mas ao mesmo tempo é tarefa difícil devido à superlotação das salas e o dever de aplicar o conteúdo relativo à série. Assim, o aluno, por não ter apreendido os ensinamentos inerentes aos três primeiros anos da alfabetização, avança para o ano seguinte sem o domínio da leitura.
Observou-se através do questionário aplicado aos alunos que a maioria utiliza meios tecnológicos, mesmo com tantas dificuldades de leitura. A segunda pergunta do questionário mostrou que todos gostariam de estar lendo e por alguma falta não conseguiram. Agora alguns estão se esforçando, dois alunos desistiram, mesmo conversando com seus responsáveis. Um se mostrou muito retraído na sala, mora com a tia porque a mãe não quis mais ficar com ele. Ele demonstra baixa autoestima e mesmo depois de muita conversa para que ele não desistisse, não tivemos ao menos o apoio da tia – isso foi lamentável. Quanto ao outro aluno do sexto ano, mora com a avó. A criança é muito hiperativa e acaba exigindo um trabalho redobrado por parte dos professores. A avó orientou muito para que ele permanecesse no reforço na biblioteca, mas ele se recusou. Sempre tendo várias ocorrências no dia a dia. A maioria mora com seus pais, mas como já foi citado no questionário aos pais, há os que não dão a devida atenção aos seus filhos, deixando-os aos cuidados de outros filhos durante o dia enquanto trabalham, eles ficam à mercê da sorte.
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES OU ANÁLISE DOS DADOS
No decorrer do trabalho, notou-se que houve mudanças na conscientização dos alunos, porque a partir do momento em que passaram a frequentar a biblioteca, ficaram animados para ler e começaram a emprestar livros.
Para a culminância do projeto, houve uma atividade de leitura com os alunos, na qual puderam participar a pedagoga, a diretora administrativa e as professoras de Matemática e Língua Portuguesa. Cada aluno recebeu uma lembrança de motivação pelo desempenho e atenção durante o projeto.
Com o trabalho realizado na biblioteca através do projeto, apesar de todas as dificuldades enfrentadas por se tratar de uma escola pública, observou-se resultados positivos nas atividades desenvolvidas pelos alunos.
Para a formação acadêmica, projetos como este, possibilitam a aplicação da teoria aprendida nas aulas junto com as atividades práticas, expressando sua importância na formação de um bibliotecário. Em uma biblioteca escolar cabe ao profissional da informação exercer real influência sobre a qualidade dos programas gerais da escola e diretamente sobre a biblioteca. Com este projeto, vale salientar, que foi possível proporcionar mudanças e conscientização por parte de alunos, pais e professores.
Culminância de Leitura apresentados para pedagoga e professor na biblioteca.
Fonte: A AUTORA (2023).
A culminância do trabalho ocorreu com uma apresentação de leitura dos alunos do reforço dos sextos anos, que foi realizada dia vinte e dois de novembro do corrente ano. Neste dia, os pais dos alunos foram avisados através do WhatsApp de que seus filhos não poderiam faltar à aula. Foram selecionados vários textos com sílabas complexas para o teste final. Dos dezoito alunos selecionados no início do ano letivo, uma aluna apresentou problemas de TDAH e não pôde continuar devido a essa dificuldade, outra aluna foi transferida da escola e dois alunos desistiram do reforço. Os respectivos responsáveis foram informados, mas falaram que não tinham como fazer para que eles permanecessem, devido ao mau comportamento e por não morarem com os pais. Diante disso, o reforço terminou com quatorze alunos somente. Desses quatorze, uma aluna do sexto ano, não conseguiu desenvolver-se, seu responsável foi chamado à escola para tentar resolver. A mãe disse que a levou ao oftalmologista, mas nenhum problema na visão havia sido detectado. Então, foi solicitado que ela procurasse outro profissional da saúde para descobrir o motivo pelo qual ela não conseguia acompanhar os outros na execução das mesmas atividades, porém isso não foi feito. Dois alunos do sexto ano dois e uma aluna do sexto um conseguiram somente alcançar textos com sílabas simples. Mesmo assim, a conquista foi muito importante, já que não sabiam ler. Eles ficaram muito gratos pelo resultado. Afirmaram que continuarão se esforçando na busca de melhores resultados, assim como os outros colegas – que hoje já emprestam livros da biblioteca. Os demais alunos, obtiveram êxito de quase cem por cento, lendo fluentemente os textos com sílabas complexas, sendo acompanhados pela pedagoga que no final elogiou a todos e os incentivou a continuarem frequentando a Biblioteca, para que se desenvolvam cada vez mais em suas leituras. Para finalizar, houve uma comemoração e todos ganharam uma lembrança da professora que os acompanhou durante o projeto.
5. CONCLUSÃO/CONSIDERAÇÕES FINAIS
A elaboração e a aplicação apresentada neste trabalho, teve como foco A Biblioteca como espaço de apoio para alunos do sexto ano que chegam sem saber ler à Escola Estadual Dom Milton Correa Pereira, com base nos questionamentos sobre fato de muitos alunos chegarem ao Ensino Fundamental II sem saber ler, uma vez que passaram três anos no processo de alfabetização. O trabalho teve como objetivo geral analisar como a comunidade escolar, familiares e alunos podem oportunizar o aprendizado da leitura aos estudantes dos sextos anos que chegam à escola sem saber ler. Diante deste objetivo, foram abordados os objetivos específicos a fim de se trabalhar as dificuldades encontradas nos alunos. Os objetivos específicos foram: 1. Verificar como a Equipe Pedagógica pode oportunizar o aprendizado da leitura aos estudantes do sexto ano que chegam à escola sem saber ler. 2. Identificar quais os recursos didáticos adequados para que os docentes desenvolvam atividades de leitura com os alunos de forma que obtenham maior aproveitamento. 3. Apresentar maneiras de como os responsáveis podem colaborar no aprendizado da leitura em casa. 4.Verificar o desempenho do espaço bibliotecário frente à necessidade de alfabetização dos estudantes. Cada um deles foi de extrema importância para o ensino aprendizagem dos discentes.
Para alcançar o primeiro objetivo, conversou-se com a equipe pedagógica para verificar a possibilidade de alcançar esses alunos na própria escola. Foi plausível, pois a equipe pedagógica da escola aprovou e gostou muito da ideia de esses alunos serem trabalhados num reforço dentro da própria escola. Com a concordância, tudo colaborou para a aprendizagem dos estudantes.
O segundo objetivo, referente aos recursos didáticos que iriam favorecer o processo ensino-aprendizagem a curto prazo, por conta do pouco tempo disponibilizado, foi atingido através da confecção de alguns materiais como banners, jogo das 4 formas de escrita, jogo de recorte das sílabas simples. Essas atividades só trouxeram vantagens para o aprendizado dos discentes, porque puderam aproveitaram a oportunidade para aprender de forma lúdica e certamente ficaram em melhor situação de aprendizagem do que os que não fizeram o reforço.
O terceiro objetivo foi elaborado com o intuito de alcançar os pais e responsáveis. Para isso, eles foram convocados para comparecerem à escola a fim de participarem de uma reunião com a professora da pesquisa. Quase todos vieram em horários diferentes. Foi conversado sobre o trabalhador que estava sendo desenvolvido com seus filhos. Foi explicada a situação dos alunos que chegaram à escola sem saber ler e que por este motivo estavam sofrendo bullying. Em seguida, pediu-se para que eles dessem apoio à professora que estava ensinando, anotou-se o contato de cada responsável. Com isso, firmou-se contato entre professor e pais para o melhor acompanhamento dos seus filhos nas atividades escolares. A partir de então, foi criado um grupo no Whatzapp, no qual todos os pais puderam participar. Eram enviadas fotos dos dias em que estavam na Biblioteca. Houve uma interação com a família, assim os pais também podiam acompanhar enquanto estavam trabalhando.
O último objetivo versa sobre o espaço da Biblioteca, se daria para atendê-los nesse espaço. A biblioteca da Escola Dom Milton, tem um espaço físico adequado e arejado. Numa sala de aula, com uma turma de mais de quarenta e cinco alunos, seria impossível detectar as dificuldades de cada um, mas na biblioteca pôde-se perceber o quanto necessitam de ajuda. Não era somente “não saber ler”, houve casos bem específicos que ocorreram na vida deles que os fizeram chegar a esta situação. Nesse ambiente houve a interação professor x aluno, já que podiam conversar isoladamente sobre seus problemas. Analisando esse fato, sentiram-se muito bem acolhidos. Às vezes, eles não queriam sair da sala de aula, mas quando chegavam à biblioteca não queriam mais voltar. No início, houve resistência por parte de alguns, porém no decorrer das aulas, eles já iam procurar para chamá-los.
Na sala de aula, não tem como o professor dar atenção para esses alunos. São tantos que os professores preferem fazer atividades e correções de forma coletiva. Sugere-se que este trabalho realizado com alunos que chegam sem saber ler, estenda-se para alcançar outros na mesma situação. A aplicação de cada atividade durante a pesquisa, trouxe resultados surpreendentes. Essa pesquisa teve grande êxito tanto para os discentes com dificuldades quanto para a escola. Deseja-se que ele também possa se estender por mais tempo na instituição, dando o apoio necessário para que alunos como esses não sofram bullying por parte dos próprios colegas de classe.
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1Graduação em Normal Superior pela Universidade do Estado do Amazonas (UEA – 2008). Especialização em Gestão Pública pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas (IFAM – 2015). Especialização em Administração Escolar, Supervisão e Orientação pelo Centro Universitário Leonardo da Vinci (UNIASSELVI – 2014). Especialista em Gestão Ambiental pela Universidade do Estado do Amazonas (UEA – 2010). Atualmente Professora da Escola Estadual Dom Milton Correa Pereira (SEDUC – 2007 A 2023 Secretaria de Estado de Educação e Qualidade do Ensino). Mestre em Ciências de la Educación pelo Universidad Del Sol – UNADES, San Lorenzo (PY) (2022). e-mail: glaucimeiresobrinho@gmail.com / CV: https://lattes.cnpq.br/0079027221630649
2Graduação em Filosofia pela UCB (1996). Especialista em Violência Doméstica contra Criança e Adolescente pela USP, em Gestão Educacional pela UFAM/AM., em Direito Educacional pelo CUC e ER pela FSDB. Bacharel em Teologia pela UPS/Itália. Mestre e Doutor em Ciências da Educação pela UNISAL/Assunção. Membro do grupo de Pesquisa: ETHOS, Alteridade e Desenvolvimento (GEPAD/FURBI). Professor de Ensino Religioso – SEDUC-AM. Orientador de Mestrado e Doutorado. Fone Cel. (92) 99122-7308 e-mail: palhetaf@gmail.com. http://lattes.cnpq.br/1221046601683103