A ATUAÇÃO PSICOPEDAGÓGICA FRENTE À REDUÇÃO DA DEFASAGEM ESCOLAR

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/th102410070950


André Costa da Silva[1]
Maria Gorete Rodrigues [2]


RESUMO

A presente pesquisa visa discorrer sobre da psicopedagogia aplicada no contexto institucional, de modo a contribuir com a redução da defasagem na aprendizagem e, consequentemente, alcançar o pleno desenvolvimento dos alunos. Para tanto, a pesquisa teve como delimitação do tema a atuação psicopedagógica frente à redução da defasagem escolar. Análogo a isso, a pergunta norteadora da pesquisa contemplou o entendimento sobre a intervenção que se pedagógica nas dificuldades de aprendizagem dos alunos. Já a hipótese principal foi corroborada ao final da pesquisa, uma vez que ficou evidente a intervenção enquanto parte indispensável no entendimento da individualidade de cada aluno no que tange ao processo de aprendizagem. No que concerne ao objetivo geral, esse visou compreender a importância psicopedagógica frente ao desenvolvimento dos alunos. Ao passo que os objetivos específicos buscaram perceber o impacto da aprendizagem na atualidade com foco na defasagem, compreender a relação socioeducacional frente à aprendizagem e analisar a importância da intervenção psicopedagógica nesse contexto. Em síntese, a fim de alcançar os pontos previamente delimitados, a metodologia da pesquisa contou com uma revisão de literatura, por meio da seleção de artigos e trabalhos indexados em plataformas acadêmicas que fossem capazes de ampliar o entendimento sobre o assunto.

Palavras chave: Defasagem. Desenvolvimento. Escola. Pandemia. Psicopedagogia.

1. Introdução

Em um primeiro momento, com o intuito de discorrer acerca da aprendizagem dos educandos, é importante trazer em pauta que a qualidade do ensino da educação brasileira tem se mostrado defasada. Nesse sentido, é evidente que as intervenções sejam desenvolvidas a fim de alcançar o pleno desenvolvimento dos alunos, tomando como parâmetro as dificuldades observadas. Dessa forma, convém salientar também que o processo de formação dos alunos está intimamente ligado à atuação paralela dos pais e da escola.

Diante disso, vale trazer em pauta que os alunos precisam alcançar as competências e as habilidades previamente delimitadas pela Base Nacional Comum Curricular, uma vez que esse documento aponta para questões que proporcionem o pleno desenvolvimento dos alunos. Com base no exposto, é evidente que a defasagem da aprendizagem dos educandos pode ser corrigida sob a perspectiva de uma intervenção orientada para o valor. Dessa forma, a presente pesquisa orientará a atenção para a atuação do piscopedagogo institucional em relação a busca pela manutenção da qualidade da aprendizagem, bem como o desenvolvimento dos alunos.

Neste ínterim, a pesquisa discorrerá sobre a participação do psicopedagogo em relação ao contexto aqui abordado, de modo a buscar por formas de reduzir as dificuldades dos alunos e, consequentemente, promover o pleno desenvolvimento. Para tanto, a problemática consiste em compreender a defasagem na educação dos alunos visto que acomete inclusive no processo de formação dos educandos enquanto cidadãos. Logo, o tema que abordado é: a importância da intervenção psicopedagógica frente a defasagem na aprendizagem dos educandos.

De acordo com as dificuldades de aprendizagem dos alunos, a psicopedagogia deve atuar como forma de minimizar esse impacto, assim como para auxiliar no processo de desenvolvimento pleno dos alunos. Dessa forma, torna-se indubitável que a participação dos pais, dos professores, bem como do psicopedagogo, é fundamental para que a formação e a aprendizagem sejam efetuadas. Ademais, esse profissional tem relevância na aprendizagem dos educandos no processo de formação e no alinhamento dos objetivos para que o corpo discente alcance o desenvolvimento integral ao final da educação básica.

Nesse sentido, o questionamento norteador da pesquisa é: de qual forma o profissional atuante da psicopedagogia atua nas dificuldades de aprendizagem dos educandos? É importante também trazer em pauta que a hipótese orientada para a pergunta, de modo a buscar uma corroboração ao final do artigo, é: que a intervenção de acordo com o estudo individual de cada aluno faz com que a aprendizagem e o desenvolvimento sejam adequados às necessidades encontradas.

Congênere a isso, o objetivo geral da pesquisa visa estabelecer a importância psicopedagógica frente ao processo de desenvolvimento dos alunos, com o intuito de reduzir as defasagens nas aprendizagens. Ao passo que os objetivos específicos consistem em perceber o impacto da aprendizagem na atualidade, orientando a atenção para a defasagem; compreender a relação entre o contexto em que os alunos estão inseridos e as dificuldades de aprendizagem; e, por fim, analisar a importância de uma intervenção psicopedagógica orientada para os alunos, de modo que haja a redução da defasagem escolar.

Ademais, a metodologia aqui empregada consiste em uma revisão de literatura por meio de uma pesquisa documental, com a intenção de ampliar os conhecimentos acerca dos pontos delimitados. A pesquisa tem caráter básico, orientação qualitativa com o intuito de interpretar os textos previamente selecionados. E, a fim de alcançar os objetivos, serão utilizadas a descrição e a exploração.

Em síntese, de acordo com o que fora apresentado, pretende-se compreender a importância da intervenção psicopedagógica em relação à redução da defasagem escolar educacional. Para isso, o desenvolvimento do artigo contará com quatro tópicos, sendo eles: a importância da atuação psicopedagógica frente à redução da defasagem na aprendizagem; o ensino-aprendizagem no Brasil e a defasagem educacional; a defasagem na aprendizagem e o contexto social; e, por fim, aplicação de uma intervenção psicopedagógica orientada para o pleno desenvolvimento dos alunos.

2. A importância da atuação psicopedagógica frente à redução da defasagem na aprendizagem

A atuação psicopedagógica em relação a defasagem educacional dos alunos é fundamental no que concerne às intervenções em prol do sucesso escolar do corpo discente. Com isso, ao orientar a atenção para as questões que envolvem a aprendizagem, os psicopedagogos, em paralelo aos demais profissionais e documentos da educação, devem objetivar o pleno desenvolvimento dos educandos.

Nesse sentido, a psicopedagogia abarca o entendimento sobre as principais dificuldades na aprendizagem dos alunos, fazendo com que as intervenções sejam eficientes nesse contexto (AZEVEDO, 2004). Para tanto, é importante que os profissionais sejam capacitados e busquem, constantemente, por formas promover formas de auxiliar na manutenção da aprendizagem. Congênere a esse cenário, as dificuldades de aprendizagem podem ser compreendidas por meio das formas como o ensino é manifestado, bem como em relação ao processo de formação dos alunos (POLITY, 1998).

Ainda sobre as dificuldades que podem ser observadas na aprendizagem dos alunos, é possível perceber que as relações interpessoais também contribuem com isso (SENA, 2004). Neste ínterim, com o intuito de que essas dificuldades sejam minimizadas, a participação psicopedagógica deve contemplar a observação e análise dos principais pontos que envolvem esse entrave. Logo, não apenas as avaliações, mas também os diferentes métodos psicopedagógicos precisam ser condicionados aos problemas de aprendizagem, respeitando a singularidade de cada aluno.

Dessa forma, a redução da defasagem na aprendizagem favorece na inclusão dos alunos, de modo a contribuir com o alcance das competências gerais dispostas na Base Nacional Comum Curricular. Análogo a isso, a intervenção psicopedagógica deve ser aplicada de maneira individual ou coletiva, após o entendimento das motivações das dificuldades encontradas (NASCIMENTO, 2013). Posto isso, essas informações precisam estar em paralelo às necessidades dos alunos, abarcando a aprendizagem e o processo de formação integral dos alunos.

Assim sendo, ao abordar o processo de formação, é fundamental que os psicopedagogos considerem as experiências advindas das relações interpessoais como parte da forma de aprendizagem dos educandos. Além disso, a interação social e os recursos de cunho social e educacional contribuem com a aprendizagem e com o desenvolvimento, uma vez que quando os alunos estão inseridos em ambientes estressantes, a forma como lidam com o estudo é diferente quando comparado aos alunos que vivem em um ambiente calmo (VYGOTSKY, LURIA, LEONTIEV, 1998). Dessa forma, a aprendizagem e o processo de formação devem ser analisados sob a mesma perspectiva, com o intuito de que as intervenções psicopedagógicas reduzam as dificuldades na aprendizagem.

Portanto, a forma como os profissionais da psicopedagogia atua é primordial para que sejam aplicadas soluções acerca das dificuldades de aprendizagem e, por conseguinte, do desenvolvimento integral (WEISS, 2015). O apoio psicopedagógico, contemplando a intervenção, deve envolver, inclusive, uma entrevista com a família, a fim de que as informações coletadas nas instituições de ensino sejam condizentes com as necessidades orientadas para a formação plena dos educandos. Assim, a atuação psicopedagógica é indispensável, haja vista a busca por formas de fazer com que as competências e as habilidades educacionais sejam alcançadas ao final da educação básica (SOUSA, 2011).

Em síntese, torna-se evidente que a participação dos psicopedagogos nas instituições de ensino é fundamental para que, em parceria com os professores, os alunos usufruam do desenvolvimento pleno. Assim, por meio de testes, jogos, entrevistas e afins, as intervenções precisam envolver formas de auxiliar os educandos em relação ao processo cognitivo, intelectual, interativo e ocupacional. Diante disso, as intervenções se mostram necessárias para que seja possível promover a aprendizagem do corpo discente, recuperar as defasagens de ensino e favorecer no processo de formação, respeitando a individualidade de cada aluno.

2.1 Ensino-aprendizagem no Brasil e a defasagem educacional

Uma vez que a defasagem educacional é compreendida à luz dos diferentes contextos em que os educandos estão inseridos, faz-se necessária a aplicação de uma intervenção psicopedagógica. Essa intervenção deve buscar por formas de auxiliar os alunos a alcançarem o pleno desenvolvimento, tomando como parâmetro a aprendizagem dos alunos. Dessa forma, o tópico aqui apresentado discorrerá sobre o ensino e a aprendizagem no Brasil, com foco nas motivações da defasagem educacional.

Nesse sentido, em um primeiro momento, é fundamental trazer em pauta que, de acordo com Cagliari (1998, p. 37)

A aprendizagem é sempre um processo construtivo na mente e nas ações do indivíduo. O ensino não constrói nada: nenhum professor pode aprender por seus alunos, mas cada aluno deverá aprender por si, seguindo seu próprio caminho e chegando onde sua individualidade o levar. Por isso, a aprendizagem será sempre um processo heterogêneo, ao contrário do ensino, que costuma ser tipicamente muito homogêneo.

Posto isso, é possível perceber que a aprendizagem se relaciona com o contexto em que os alunos estão inseridos, envolvendo a família, a escola e a comunidade. Nesse viés, as relações interpessoais devem ser observadas sob a ótica de como cada uma influencia no senso crítico e na aprendizagem dos alunos. Logo, Papalia e Feldman (2013) pontuam que o desenvolvimento cognitivo é parte dos aspectos socioculturais, envolvendo a classe social e o grau de instrução de educação dos pais.

É indubitável que a aprendizagem se dá por meio da comunicação entre a família e a escola, sendo parte da formação dos alunos. Para tanto, Bossa (1994) Promove um conhecimento maior uma vez que em seu ver é importante “analisar um processo inclui questões metodológicas, relacionais e socioculturais, englobando o ponto de vista de quem ensina e quem aprende, abrangendo a participação da família e da sociedade”. Com isso, quando se faz menção à aprendizagem, é evidente que a família e a escola precisam estar alinhadas aos objetivos máximos da educação, de modo a reduzir a defasagem educacional dos alunos.

É indubitável que, após o período de pandemia causado pelo coronavírus, os alunos apresentaram maior dificuldade em relação à aprendizagem. Todavia, o período posterior ao ensino remoto possibilita a recuperação dessa defasagem em função da atuação psicopedagógica no contexto institucional. Análogo a isso, é importante que seja enfatizado que a formação dos alunos tem uma relação intima com o processo de aprendizagem e, consequentemente, em relação ao desenvolvimento do senso crítico como parte do processo de socialização (OLIVEIRA, 2022).

A defasagem educacional se mostra atualmente maior quando comprada ao ensino remoto em função da possibilidade de ter um contato mais próximo com os alunos e com as famílias, e assim poder coletar dados com mais precisão. Assim como fora salientado, a atuação psicopedagógica deve estar em paralelo à escola e à família, com o intuito de fazer com que os alunos se recuperem dessa defasagem (HUDSON, 2019). Com isso, torna-se evidente que o processo de formação integral dos alunos precisa ser condizente com o processo de aprendizagem (FREINET, 2013).

Logo, o desenvolvimento cognitivo e intelectual dos alunos deve ser analisado com base na questão da aprendizagem, uma vez que esta é parte imprescindível em relação ao desenvolvimento pleno dos alunos enquanto cidadãos. É importante também que os pais estimulem a aprendizagem com o intuito de fazer com que a aprendizagem seja consolidada de maneira eficiente e benéfica para o aluno (ANASTÁCIO, PASUCH, 2011). Para tanto, ao considerar a defasagem educacional é necessário orientar a atenção para formas de favorecer no desenvolvimento das competências e das habilidades dispostas na base nacional comum curricular.

No entanto, assim como é possível ser observado, os pais não são os únicos responsáveis pelo processo de aprendizagem, uma vez que a escola, com foco nos professores, precisa desenvolver métodos e práticas pedagógicas que sejam eficientes nesse contexto. Dessa forma, é importante que haja uma adaptação em prol do desenvolvimento e também da aprendizagem dos alunos em todas as disciplinas que precisam ter acesso na educação básica. Assim, as dificuldades e as defasagens, apesar de serem oriundas de diferentes caminhos, carecem da atuação profissional do psicopedagogo enquanto desenvolvedor de intervenções para a manutenção da aprendizagem (OLIVEIRA, 1995).

Em síntese, com base no exposto, é possível concluir que a defasagem na aprendizagem pode ser oriunda de diferentes contextos e, apesar disso, é importante que as famílias e as escolas mantenham se alinhadas em prol de desenvolvimento dos alunos. Nesse contexto, as questões endoculturais são parte de como a aprendizagem é manifestada, uma vez que o meio social favorece na aprendizagem, bem como na defasagem da aprendizagem. Logo, é indubitável que a aplicação de uma intervenção psicopedagógica orientada para a especificidade do aluno, deve ser considerada com o intuito de que, por meio dos documentos oficiais da educação, o aluno consiga alcançar o pleno de desenvolvimento.

2.2 A defasagem na aprendizagem e o contexto social

É fato que a defasagem da educação não pode ser resumida ao contexto familiar, uma vez que a escola também deve ser atuante na promoção da formação dos alunos. É evidente, portanto, que a defasagem na aprendizagem está correlacionada à vida dos alunos, de modo que o amparo e a infraestrutura em que estão inseridos favorecem nesse contexto. Além disso, convém orientar a atenção para a busca por formas de promover a recuperação dessa defasagem, com base em intervenções que relacionem pais e escolas.

Diante do exposto, a atuação psicopedagógica em relação ao processo de aprendizagem dos alunos amplia a atenção para os busca pelas origens das dificuldades dos alunos. Para tanto, o entendimento dessas origens contempla o processo de intervenção psicopedagógica em prol do desenvolvimento dos alunos. Assim, as origens das dificuldades favorecem no entendimento sobre a motivação da defasagem educacional que, por sua vez, estão intimamente relacionados com questões pessoais, familiares, emocionais, pedagógicas sociais e, até mesmo, em relação a infraestrutura (GONÇALVES, et al., 2017).

Já sobre processo de desenvolvimento cognitivo, intelectual e pessoal dos educandos, é evidente que a família a escola deve andar lado a lado, com o intuito de que as intervenções psicopedagógicas favoreçam no desenvolvimento pleno desses alunos. Dessa forma, o profissional da psicopedagogia precisa atuar em diferentes questões que contemplam a participação dos pais da equipe pedagógica em relação à aprendizagem (FREINET, 2013). O tópico aqui apresentado visa discorrer sobre a defasagem educacional em relação ao contexto social em que os alunos estão inseridos.

Nesse momento, deve ser observada a relação entre a educação e a construção do aluno enquanto cidadão, de modo que Kupfer (1989, p. 46) afirma que:

A educação da criança deve primar a dominação dos instintos, uma vez que tem que inibir, proibir, reprimir. Sabe-se que a ausência de restrições e de orientações pode deseducar em vez de promover uma educação saudável. As angústias são inevitáveis, mas a repressão excessiva dos impulsos pode originar distúrbios neuróticos. O problema, portanto, é encontrar um equilíbrio entre proibições e permissão – eis a questão fundamental da educação.

Com base na afirmação supracitada, as questões que envolvem a autoconfiança e a consolidação da aprendizagem são, em sua maioria, transmitidas de pais para filhos. Já a dificuldade de aprendizagem, sendo ela compreendida, nesse momento, como a defasagem da aprendizagem, pode ser oriunda de diferentes contextos. Com isso, essas expressões envolvem todos os contextos em que os alunos estão inseridos, de modo que a intervenção psicopedagógica se mostra necessária, após uma investigação sobre a forma como os alunos se relacionam (POLITY, 1998).

Ao saber que a aprendizagem não pode ser considerada um processo linear, uma vez que o aluno deve ser visto como alguém único, a intervenção psicopedagógica deve abarcar a história de cada educando. Para isso, o psicopedagogo deve, por meio da anamnese com os responsáveis, coletar informações que disponham sobre o estilo de vida, os acessos aos recursos que contemplem a educação formal, bem como a relação com a família. Dessa forma, ao considerar o aluno como um ser único a intervenção orientada para a defasagem de aprendizagem, com base no contexto em que o indivíduo está inserido se mostra mais eficiente (OLIVEIRA, 1995).

Em que pese ao período de pandemia em que foi necessário a adaptação no ensino aprendizagem o ensino remoto emergencial se mostrou parte da defasagem encontrada atualmente (LACERDA, JUNIOR, 2021). Com isso, as dificuldades anteriormente eram orientadas apenas para leitura, escrita e matemática, de forma que a atuação psicopedagógica poderia buscar pelo desenvolvimento social em paralelo a essa recuperação (ALMEIDA, 2016). No entanto, atualmente, além das dificuldades de aprendizagem que ainda são perceptíveis as intervenções, devem contar com a participação dos pais e demais fatores que envolvam as relações interpessoais em que os alunos estão envolvidos (GONÇALVES, et al., 2017).

A defasagem educacional se mostra responsável também pela dificuldade em os alunos encontrarem o pleno desenvolvimento ao final da educação básica (GOMES, et al., 2021). Com isso, questões que envolvem a infraestrutura e a forma como os conteúdos são ministrados em sala, são parte que devem ser amplamente consideradas no processo de intervenção psicopedagógica. A aprendizagem plena, em relação ao desenvolvimento e processo de formação dos alunos, precisa envolver todos os pontos dispostos nas competências gerais da BNCC. Congênere a isso, Nonato, Sales e Cavalcante (2021, p. 19) afirmam que:

Por parte dos docentes e estudantes, a indisponibilidade de acesso à internet e de equipamentos para acesso à internet. Aqui o problema infraestrutura é candente em seu aspecto material: não há que se falar em enculturação digital sem o mínimo de investimento infraestrutural em Tecnologias Digitais da Informação e Comunicação – TDIC. Isto significa disponibilidade de hardware e software e acesso à internet de qualidade nas instituições de educação, mas também sob a posse de professores e estudantes dessas instituições (grifo pessoal)

Em resumo, torna-se evidente que o pleno desenvolvimento dos alunos em relação a defasagem educacional é um fator que depende do alinhamento de objetivos entre família e escola. Tomando como parâmetro isso, é importante ter ciência sobre os trabalhos que devem ser executados pelos psicopedagogos, com o intuito de recuperar o pleno desenvolvimento dos alunos e, sobretudo, minimizar ou mitigar a defasagem educacional. Assim sendo, faz-se necessário orientar a atenção para a aplicação de uma intervenção psicopedagógica frente ao pleno desenvolvimento dos alunos ao final da educação básica.

2.3 Aplicação de uma intervenção psicopedagógica orientada para o pleno desenvolvimento dos alunos

No que concerne à psicopedagogia, Bossa (2007, p. 24) afirma que:

A psicopedagogia se ocupa da aprendizagem humana, que adveio de uma demanda – o problema de aprendizagem, colocado em um território pouco explorado, situado além dos limites da psicologia e da própria pedagogia – e evoluiu devido a existência de recursos, ainda que embrionários, para atender a essa demanda, constituindo- se assim, em uma prática. Como se preocupa com o problema de aprendizagem, deve ocupar-se inicialmente do processo de aprendizagem. Portanto, vemos que a psicopedagogia estuda as características da aprendizagem humana: como se aprender, como essa aprendizagem varia evolutivamente e está condicionada por vários fatores, como se produzem as alterações na aprendizagem, como reconhecê-las, tratá-las e a preveni-las.

As dificuldades educacionais acerca da aprendizagem podem ser minimizadas por uma intervenção psicopedagógica com o intuito de que os alunos possam alcançar o processo de formação integral (SENA, CONCEIÇÃO, VIEIRA, 2004). Diante disso, é importante que os psicopedagogos sejam capacitados para o entendimento sobre como devem intervir nas dificuldades de aprendizagem dos educandos. Além disso, é função desse profissional estar alinhado aos objetivos da escola e, por conseguinte, com as atividades exercidas pelos professores (GONÇALVES, 2017).

Com base no exposto, é fundamental que o psicopedagogo no contexto institucional oriente a sua participação em dois meios, sendo eles, segundo Santos (2011, p. 2):

O primeiro diz respeito a uma psicopedagogia voltada para o grupo de alunos que apresentam dificuldades na escola. O seu objetivo é reintegrar e readaptar o aluno à situação de sala de aula, possibilitando o respeito às necessidades e ritmos. Tendo como meta desenvolver as funções cognitivas integradas ao afetivo, desbloqueando e canalizando o aluno gradualmente para a aprendizagem dos conceitos conforme os objetivos da aprendizagem formal.

Dessa forma, é evidente que a participação do psicopedagogo na aprendizagem dos alunos envolve todos os contextos que contemplam o desenvolvimento discente (WEISS, 2015). Nesse sentido, o desenvolvimento de uma intervenção psicopedagógica para tal dificuldade deve ser feito com base em cada aluno, a fim de compreender a origem das dificuldades. Logo, quando se faz menção à defasagem educacional, faz-se necessário considerar a aplicação de recursos em relação com a família e a escola, em prol da consolidação das competências gerais dispostas na BNCC.

Congênere ao exposto, o psicopedagogo deve, obrigatoriamente, contemplar três níveis em relação ao processo de aprendizagem nos educandos. Esses níveis devem buscar por formas de reduzir os problemas de aprendizagem, tratar esses problemas e mitigar os transtornos encontrados na anamnese (BOSSA, 2007). Todavia, para o desenvolvimento do presente trabalho foram consideradas apenas o primeiro e o segundo nível, com o intuito de compreender a participação psicopedagógica no contexto institucional, tomando como base a intervenção.

Assim, as dificuldades de aprendizagem envolvem também o processo de desenvolvimento e formação dos alunos, uma vez que o objetivo máximo na educação é a busca pelo sucesso escolar. Ainda em relação ao sucesso escolar, é necessário compreender que a intervenção é imprescindível a fim de que haja o pleno desenvolvimento dos alunos, com o intuito de reduzir as chances de fracasso escolar. Análogo a isso, Fernandez (2001, p. 32) afirma que:

Fracasso escolar afeta o aprender do sujeito em suas manifestações sem chegar a aprisionar a inteligência: muitas vezes surge do choque entre o aprendente e a instituição educativa que funciona de forma segregadora. Para entendê-lo e abordálo, devemos apelar para a situação promotora do bloqueio.

Dessa forma, a busca por formas de reduzir as dificuldades escolares na aprendizagem, bem como as formas de promover o processo de informação integral dos alunos, demonstra a importância da participação psicopedagógica em relação ao entendimento sobre a origem desses problemas. Ainda acerca da intervenção é fundamental que esta atue de maneira a prevenir os impactos negativos em relação ao desenvolvimento global dos alunos, não apenas em relação ao contexto educacional, mas também social (SÁ, 2013). Ademais, a intervenção deve atender a singularidade dos alunos, respeitando a idade o nível de desenvolvimento os recursos ofertados e principalmente a relação entre família e escola (SANTOS, 2011).

Portanto, é possível concluir que as dificuldades na aprendizagem são fatores que colocam em risco o plano de desenvolvimento dos alunos, de modo que acaba por se relacionar com as dificuldades para alcançar o sucesso escolar. Convém enaltecer também que, apesar de as intervenções visarem a aprendizagem dos alunos, a participação familiar deve ser amplamente considerada, uma vez que a formação individual se dá por meio das relações interpessoais. Logo, a participação do psicopedagogo no processo de aprendizagem é indispensável, uma vez que esse profissional atua na prevenção, investigação e delimitação de formas de recuperar a defasagem encontrada.

3. Considerações finais

Com base na pesquisa aqui realizada, foi possível perceber que a atuação psicopedagógica no contexto da aprendizagem dos alunos é imprescindível a fim de que por meio da intervenção os alunos consigam alcançar o pleno desenvolvimento. Vale salientar também que os psicopedagogos devem buscar por formas de intervir nas dificuldades apresentadas pelos alunos, contribuindo para a busca por formas de alcançar o sucesso escolar ao final da educação básica. Nesse sentido, foi possível corroborar a hipótese previamente delimitada, uma vez que quando o psicopedagogo entende a singularidade do aluno, a intervenção é orientada para as necessidades ali encontradas.

Congênere a hipótese, o psicopedagogo deve intervir nas dificuldades de aprendizagem dos alunos por meio de informações sobre as motivações e sobre as relações interpessoais. Esse profissional, nas aplicações práticas da intervenção, deve fazer o uso de atividades e práticas lúdicas que favoreçam aos pontos fortes dos alunos e minimizem as dificuldades. Todavia, é importante que a intervenção seja consolidada por meio da anamnese, envolvendo uma observação aplicação de testes e entrevistas com familiares e profissionais que participam do processo de educação formal dos alunos.

É indubitável, portanto, que a presença e a participação psicopedagógica no contexto institucional são imprescindíveis a fim de que as dificuldades de aprendizagem dos alunos sejam minimizadas. Além disso, sua participação é fundamental com o intuito de que a defasagem na aprendizagem seja reduzida, com base em estratégias orientadas para o processo de formação integral de cada aluno. Sendo assim, a aprendizagem é pautada em diferentes questões que vão desde a infraestrutura à relação interpessoal em que os alunos são inseridos, não apenas no contexto educacional, mas também familiar

Portanto, torna-se evidente que as principais dificuldades de aprendizagem envolvem também o processo de desenvolvimento dos alunos, de acordo com as competências gerais previstas pela Base Nacional Comum Curricular. É importante que as instituições ofertem infraestrutura de qualidade e atenção as relações familiares dos alunos, de modo que pais e escola andem lado a lado em prol do objetivo máximo socioeducacional. Ademais, a intervenção psicopedagógica em relação à defasagem na aprendizagem deve buscar por formas não apenas de reduzir as dificuldades, mas também de capacitar os pontos positivos portes dos alunos em busca do pleno desenvolvimento.

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[1] costaxanchito@gmail.com

[2] marygorete/@hotmail.com