REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7905285
Tiago de Oliveira Marinho
RESUMO: O presente artigo tem como objetivo discutir a importância da atuação do professor de Matemática frente ao espaço privilegiado para o processo de alfabetização matemática, bem como o entendimento da sala de aula como não sendo o único espaço de formação do educando e do processo do aprender a utilizar a matemática. O estudo foi realizado por meio de pesquisa bibliográfica e da pesquisa de campo em uma escola pública do município de Natalândia, MG. Os dados foram coletados por meio da observação direta do espaço da sala de aula e da análise dos documentos: Projeto Pedagógico da Escola, Proposta Curricular e Plano de Ensino dos anos finais do Ensino Fundamental e Ensino Médio. A sala de aula como ambiente mediador das práticas de aprendizagem, deve contribuir para o desenvolvimento das competências matemáticas dos alunos. Portanto, é necessária uma avaliação das instituições de ensino sobre a forma de atuação do professor regente das aulas de Matemática e do espaço oferecido para isso, reconhecendo sua importância como recurso de grande valor na educação e de forma lúdica para o processo de alfabetização.
Palavras-chaves: Sala de aula; Matemática; Educação Matemática; Alfabetização; Ensino; Aprendizagem;
1- INTRODUÇÃO
A escola como instituição de ensino, deve favorecer a aprendizagem de forma enriquecedora e atrativa a seus educandos. Partindo desse pressuposto, as habilidades matemáticas são uma das formas mais enriquecedoras de se ensinar, levando em consideração o uso correto da linguagem e o entendimento e trabalho com outras disciplinas, pois possibilita ao aluno ampliar o conhecimento acerca de sua própria história, sociedade, cultura e contribui significativamente para o desenvolvimento integral do ser humano. Assim, a sala de aula, como espaço mediador do conhecimento, é um recurso de suma importância para a formação do “gostar e aprender” Matemática, por oferecer um ambiente propício para as práticas de aprendizagem, enriquecimento do vocabulário e mesmo do processo de alfabetização, se levarmos em consideração que muitos dos alunos que chegam hoje aos anos finais do Ensino Fundamental ainda não foram totalmente alfabetizados, muitos tem pouco contato com livros (sem contar os livros didáticos), e aqueles presentes no Ensino Fundamental e Médio que não valorizam a Matemática como forma de se conhecer o mundo e de aprender.
Há uma vasta produção no campo teórico metodológico sobre a Matemática e sua importância, porém ainda existem escolas que apresentam dificuldades para o ensino da mesma de forma eficaz. As atividades nem sempre estimulam nos alunos o prazer de se saber matemática e o desenvolvimento do senso crítico. Ainda há falhas no tipo de aprendizagem que se tem privilegiado nas escolas. De acordo com Freire (2002), a memorização mecânica e a decodificação das palavras jamais representarão a real leitura de uma realidade. E se pensarmos a matemática como uma forma de representação, decodificação e interpretação de dados e informações, temos a não compreensão da mesma por nossos alunos, ao verificarmos um processo falho de alfabetização. É notório que a leitura e escrita são extremamente importantes para o crescimento pessoal, profissional e social do ser humano. No contexto atual, a escola ainda é a principal formadora dessas habilidades, sendo o professor o mediador na construção do conhecimento e aqueles envolvidos no processo.
Diante do exposto, esta pesquisa teve como finalidade investigar a atuação e contribuição do professor de matemática para a formação do aluno crítico em uma escola pública. Sendo assim, este artigo tentou responder aos seguintes questionamentos: Qual a contribuição do professor de Matemática na formação do aluno crítico a partir dos anos Finais do Ensino Fundamental e Ensino Médio? Para a discussão traçada neste estudo empregamos a pesquisa bibliográfica, as observações diretas e análise documental de uma escola pública do município de Natalândia, MG.
2- O ESPAÇO ESCOLAR: LUGAR DE ALFABETIZAR E FORMAR MATEMÁTICOS
A sala de aula deve proporcionar aos alunos atividades de leituras significativas de forma dinâmica e instigante. A acessibilidade a este espaço conduz ao aluno conhecimento científico e cultural. Como todo ambiente escolar, a sala de aula deve ser um espaço agradável e acessível a todos os alunos. Este espaço deve dispor de um ambiente estimulante, confortável e adequado conforme as faixas etárias dos alunos, mas não é o único que deve ser usado. Nesta perspectiva, Silva (2009) faz algumas considerações a respeito do espaço da biblioteca escolar como espaço também mediador da aprendizagem. Para o autor, a sala reservada para a biblioteca deverá comportar em média 35 (trinta e cinco) alunos, deve ter dois cômodos: uma para a área formal e outra para informal. Os móveis como, prateleiras, mesas, cadeiras, devem estar de acordo com a faixa etária dos alunos. Dessa forma, proporcionará aos alunos mais conforto durante as atividades de Matemática e privilegia o manuseio de objetos maiores que podem ajudar no entendimento e interpretação de questões. A biblioteca além de apresentar um espaço amplo, deve também dispor de acervos contextualizados e diversificados. A composição do acervo precisa não só estar de acordo com os interesses do público atendido, mas também fazer parte da realidade dos leitores, uma que, os alunos a partir dos seus saberes prévios, ampliarão seus conceitos e concepções acerca da realidade inserida.
A escola como instituição formadora deve proporcionar aos alunos caminhos para desenvolver as habilidades matemáticas. Por meio da linguagem, o indivíduo tem participação efetiva na sociedade, tem o acesso à informação, expressa suas ideias e defende seus pontos de vista. Assim, as atividades apresentadas pelo professor de matemática devem ensinar aos alunos como se organizam as informações proporcionando-os autonomia, o contato direto com os recursos do ambiente sempre os deixando livres para escolher, se localizar e retirar, interpretar informações, manusear objetos, caminhar no espaço, medir, contar, criar e recriar . Esses critérios são importantes para um ambiente promotor de alfabetização, incentivo e formação do aluno crítico, mas é necessário o ambiente oferecer uma boa iluminação, climatização e segurança, e principalmente, um professor criativo que saiba usar os recursos da escola.
Neste sentido, a escola como instituição social para a formação do cidadão deve direcionar ao indivíduo caminhos para desenvolver as habilidades tanto da leitura quanto da escrita, todavia este é um processo longo e precisa ser estimulado desde a infância. Neste contexto, a alfabetização matemática é um processo contínuo, que sem dúvida, deve partir da necessidade de cada aluno. Experiências malsucedidas com o conhecimento e com a aprendizagem do aluno podem influenciá-lo a não gostar da matemática, tê-la como algo intransponível ou dominar conceitos errôneos que o levem ao desânimo em soluções de problemas. Por meio do diálogo há trocas de experiências, e as práticas de leitura ultrapassam os limites escolares, contribuindo para vivenciar e entender a interioridade e a inserção na cultura dos números.
3. METODOLOGIA
Esta pesquisa de abordagem qualitativa está fundamentada no enfoque dialético o qual compreende o homem como ser social e criador de sua própria realidade através da prática, como enfatiza Fazenda (1997, p. 103) “nas pesquisas dialéticas, o homem é tido como ser social e histórico, embora determinado por contextos econômicos, políticos e culturais, é o criador da realidade social e transformadora desses contextos.” A investigação teve como objeto de estudo o ambiente da sala de aula e de outros espaços do ambiente escolar. Assim, o método de procedimento utilizado para esta pesquisa foi o observacional. Para Lüdke e André (1986, p. 26) esse método “possibilita um contato pessoal e estreito do pesquisador com o fenômeno pesquisado”.
A instituição pesquisada está localizada em uma área rural do município de Natalândia, MG, e os alunos são oriundos de famílias com baixo poder aquisitivo. A escola oferece a segunda etapa do Ensino Fundamental no turno matutino e vespertino, bem como Ensino Médio. Pode ser observado que a escola pesquisada tem uma biblioteca munida de diferentes gêneros textuais e um acervo literário riquíssimo, espaço de uso e multiuso, salas amplas, laboratório de pesquisas e experiências. As etapas utilizadas para montagem deste artigo partiu do levantamento de literaturas pertinentes à temática em questão, seguida de estudos, análises e fichamentos. Gonçalves (2007, p. 40) destaca que a pesquisa bibliográfica tem como função “colocar o investigador em contato com o que já produziu a respeito do seu tema de pesquisa”.
Assim, esta fase foi concretizada com intuito de aprofundar e sistematizar o conhecimento acerca da importância da alfabetização matemática na formação do aluno e o entendimento de sua importância e uso no dia a dia. Na segunda fase foi realizada a pesquisa de campo, a qual teve como objetivo a coleta e análise de dados por meio da observação do ambiente da sala de aula e outros espaços que poderiam ser utilizados para se “fazer matemática” e análise dos documentos: Projeto Pedagógico da Escola, Proposta Curricular e Planos de ensino sobre as ações que fomentam a alfabetização matemática, a qual teve como objetivo identificar as ações voltadas para as práticas de estudo da matemática.
4-. RESULTADOS E DISCUSSÕES
Durante o processo de pesquisa, observou-se a ótima localização e disposição das salas de aula dentro do ambiente escolar. O espaço é utilizado de forma adequada, o que privilegia a mobilidade dentro deste espaço.
Notou-se que no acervo da escola, mesmo não contendo jornais, havia periódicos, porém estavam atualizados. Silva (2009) afirma que para atrair a clientela para a análise de dados é necessário ampliar e atualizar o acervo pelo menos uma vez no ano. Para despertar o interesse dos alunos são necessárias obras contextualizadas com as vivências dos alunos, que estimulem e correspondam aos interesses dos educandos.
Observou-se também que havia vestimentas para teatro e fantoches, utilizados apenas nas datas comemorativas, e sabemos o quanto o uso desses instrumentos são relevantes para dinamizar as práticas de entendimento e interpretação se situações problemas. Na visão de Souza (2009), fazer uso de técnicas diversificadas na contação de histórias enriquece e cativa o leitor em formação. Assim, é fundamental que os educadores nas práticas de alfabetização utilizem diferentes técnicas e recursos para obter mais êxito e chamar a atenção dos ouvintes. Acredita-se que o aluno analisa, conclui e acerta as hipóteses criadas durante o estudo do conteúdo na sala de aula, aprendendo com a simples explanação teórica do professor na lousa, sem nenhuma aplicação ou experiência em situações concretas. O que acontece, no entanto, é a memorização das teorias matemáticas, de modo distante e sem nenhuma ligação com a sua prática cotidiana. Podemos apreender das pesquisas de Piaget que os alunos não são meros depositários das aulas dos professores. Pelo contrário, são participantes ativos na construção de sua aprendizagem. Suas pesquisas não sugerem aulas expositivas de matemática que excluam o aluno do pensar, refletir, relacionar, testar e intervir com o objeto de sua aprendizagem.
De modo geral, observou-se que as atividades na sala de aula e em outros espaços possibilitam aos alunos autonomia na escolha de formas de agir diante das situações e questões matemáticas e permitia o diálogo e a troca de experiências. Assim, segundo Marília Toledo e Mauro Toledo (1997), a matemática deve preparar o aluno para lidar com as mais diferentes situações que envolvam aspectos quantitativos da realidade. Nesse objetivo, o aluno não precisa ter as fórmulas decoradas para empregá- las no seu dia a dia, mas resolver as situações diárias utilizando hipóteses adequadas para a solução dos diferentes impasses da realidade; Favorecer situações que possibilitem ao aluno o estabelecimento de vínculos entre o que aprendeu na sala de aula e as situações do seu dia a dia.” Dessa forma, há sempre uma intervenção nas práticas que contribui de forma eficiente no processo de formação do aluno.
5- CONSIDERAÇÕES FINAIS
Na formação dos alunos do Ensino Fundamental e Médio aqueles que trabalham no espaço da sala de aula com a Matemática são parte fundamental para a ampliação e construção de conhecimentos, estimulando o gosto e o prazer no ato de aprender os usos e funções dos números. No entanto, é necessário que a comunidade escolar e os órgãos responsáveis pela educação repensem o papel da Matemática na perspectiva de contribuir para a formação de bons alunos. Com base na pesquisa bibliográfica e na pesquisa de campo evidenciou-se a importância da Matemática na escola e fora dela, além da percepção e reconhecimento da escola como um ambiente mediador das práticas matemáticas, uma vez que as atividades realizadas neste recinto possibilitam a formação de cidadãos que se utilizam dela. Verificaram-se por meio das observações e informações obtidas no Projeto Político Pedagógico da escola, Planos de ensino e na Proposta Curricular que há grandes ações significativas voltadas para a formação dos mesmos.
Portanto, através deste índice podemos dinamizar ainda mais as práticas de alfabetização matemática no espaço escolar e torná-lo imprescindível como um ambiente adequado, coletivo e efetivo com os professores e alunos para que as ações de alfabetização sejam articuladas ainda mais ao currículo escolar para contribuir na formação de alunos críticos, autônomos e interativos e que gostem de matemática.
REFERÊNCIAS
FAZENDA, Ivani (org.). Metodologia da pesquisa educacional. 4. ed. São Paulo: Cortez,1997.
GONSALVES, Elisa Pereira. Conversando sobre a iniciação à pesquisa científica. 4ª edição. Campinas, SP: Editora Alinea, 2007.
LUDKE,M; ANDRÉ, M. Pesquisa em Educação: abordagens qualitativas. São Paulo: EPU,1986.
Literatura: ensino fundamental. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, 2010. 204 p.
COLL, César; TEBEROSKY, Ana. Aprendendo matemática. Conteúdos essenciais para o ensino fundamental de 1ª a 4ª série. 1. ed. São Paulo: Ática, 2000.
TOLEDO, Marília; TOLEDO, Mauro. Didática da matemática – como dois e dois: construção da matemática. São Paulo: FTD, 1997.
D’AMBRÓSIO, Ubiratan. Educação Matemática: Da Teoria à Prática. Campinas, SP: Papirus, 1996.