REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ni10202502200733
Marcus Alexandre Borges Pires1
Yleana do Socorro dos Santos Lima2
José Carlos Guimarães Júnior3
Resumo
O tema abordado nesse trabalho é a atuação do pedagogo em espaços não escolares, em especial as empresas. O problema que gerou a necessidade de discorrer sobre esse assunto foi a percepção de que ainda há desafios a serem enfrentados pelos profissionais da área no campo da Pedagogia Empresarial. O objetivo geral foi definir o papel do pedagogo nos espaços não escolares. Os objetivos específicos são compreender a importância do pedagogo nas empresas, no contexto das mudanças no mundo do trabalho; conhecer a magnitude do trabalho do pedagogo e de como esta atuação pode contribuir nas mudanças sociais, na construção de espaços educativos voltados para a possibilidade de formar sujeitos capazes de pensar e agir criticamente a respeito da própria atuação na empresa onde trabalham. Dessa forma, são trazidos para discussão as atividades que ele deve desenvolver nas organizações, com o uso de estratégias e metodologias que busquem informações, conhecimentos e realizações, traçando objetivos com antecedência, no sentido de aprimorar a qualificação profissional e pessoal dos funcionários, orientando-os com o intuito de formar sujeitos capazes de pensar e agir criticamente. A metodologia utilizada foi a pesquisa bibliográfica em uma abordagem qualitativa, fundamentada por autores relevantes que abordam o tema.
Palavras-chave: Pedagogia. Pedagogia empresarial. Espaços não escolares.
Abstract
The topic addressed in this study is the role of the pedagogue in non-school environments, particularly in companies. The issue that motivated this discussion was the recognition that professionals in the field still face challenges in the domain of Corporate Pedagogy. The general objective was to define the role of the pedagogue in non-school spaces. The specific objectives include understanding the importance of pedagogues in companies in the context of changes in the labor market, recognizing the scope of their work, and analyzing how their role can contribute to social change by creating educational spaces that empower individuals to think and act critically within their workplace. Therefore, the discussion highlights the activities that pedagogues should develop in organizations, employing strategies and methodologies to gather information, knowledge, and achievements, while setting goals in advance to enhance both professional and personal qualifications of employees. The methodology used was a bibliographic review with a qualitative approach, supported by relevant authors who discuss the topic.
Keywords: Pedagogy, Corporate Pedagogy, Non-school Spaces.
1. Introdução
Existe uma nova concepção de mercado de trabalho e de gestão de pessoas, a valorização dos colaboradores está em alta, com isso, as empresas investem cada vez mais no desenvolvimento de seus funcionários através de treinamentos e formação continuada com o objetivo de motivar e agregar valor ao seu negócio, tendo o Pedagogo um papel fundamental neste processo educacional, uma vez que existe.
Desse modo, o tema desse estudo discorre sobre a Pedagogia de âmbito não uma nova concepção de mercado e de gestão de pessoas, a valorização dos colaboradores está em alta, com isso, muitas empresas investem cada vez mais no desenvolvimento de seus funcionários através de treinamentos e formação continuada com o objetivo de motivar e agregar valor ao seu negócio, tendo o pedagogo um papel fundamental neste processo. Essa pesquisa se insere na Pedagogia Empresarial e foi delimitada ao tema que também foi escolhido como título, a atuação do Pedagogo em Instituições não escolares, com o tema atuação do Pedagogo nessas organizações, com o foco nos desafios e perspectivas.
O problema elucidado está no questionamento, quais são os papéis do pedagogo que atua em espaços não escolares?
A justificativa para a realização desse estudo se deve ao fato de que por muito tempo, o pedagogo era somente visto como parte do corpo docente das instituições escolares, podemos atuar ali. Atualmente a profissão se adentrou no mercado de modo mais vasto, preenchendo necessidades da sociedade e das empresas no que tange a qualificação e ampliação das capacidades profissionais. Por meio das transformações no mundo do trabalho e do fortalecimento das relações humanas, foram surgindo outros campos de atuação para os profissionais da pedagogia com novos desafios. A realidade das empresas hoje demanda uma base específica de profissionais que admiram a segurança de resultados e soluções para as dificuldades existentes, com agilidade e eficácia. Assim, este novo panorama da educação em espaços não escolares tem em vista, por meio de ações bem determinadas, desenvolver o potencial humano.
Ressalta-se que o pedagogo sendo um estudioso das áreas educativas seja ela social, cultural ou intelectual, compete a ele administrar o relacionamento humano na empresa, objetivando métodos formativos que ocasionem como consequência uma maior efetividade social e profissional, garantindo contentamento ao trabalhador e a empresa respectivamente.
Desse modo, essa pesquisa mostra o contexto histórico da Pedagogia Empresarial, que surgiu em um período de alterações e de novas demandas do mercado por um novo perfil de trabalhador, exigindo novos conhecimentos do pedagogo que atua em espaços não escolares.
Levando em conta, essas considerações iniciais, o objetivo geral é definir o papel do pedagogo que atua profissionalmente em espaços não escolares. Os objetivos específicos são contextualizar historicamente a Pedagogia Empresarial; compreender a importância do pedagogo nas empresas, no contexto das mudanças no mundo do trabalho e conhecer a dimensão do trabalho do pedagogo e de como esta atuação pode contribuir para mudanças e transformações sociais, na construção de espaços educativos voltados para a possibilidade de formar sujeitos capazes de pensar e agir criticamente a respeito da própria atuação na empresa onde trabalham.
2. A pedagogia empresarial
“Pedagogia é uma área que busca a realidade educativa no geral e no particular, onde a ciência pedagógica pode demandar para si, partes de estudos próprios dedicados aos vários âmbitos da prática educativa, concluídos com outras ciências” (LIBÂNEO, 2010, p. 51), ou seja, a atuação do pedagogo é ampla e ultrapassa o contexto escolar.
Nesse tocante, o pedagogo pode atuar muito além dos muros da instituição escolar, desempenhando seu papel em espaços que precisam de uma ação educativa, com aspirações e necessidades específicas que se modificam conforme o contexto socioeconômico e cultural de cada grupo de indivíduos que compõem a sociedade.
Holtz (2006, p. 27-28) determina “a pedagogia como ciência que delibera o objetivo da educação, através da investigação e da prática, e como arte, ao aplicar e executar as tecnologias e o resultado das pesquisas conhecidas pelo pedagogo, para atingir os objetivos da educação”.
O autor explica que embora o tempo da sua existência, a pedagogia demorou muito tempo para ser considerada ciência, sendo como um conjunto sistematizado de verdades demonstradas sobre a educação.
A pedagogia estuda e aplica doutrinas e princípios para um programa de ação, com os meios mais eficientes e estímulos das faculdades de personalidade humana, de acordo com ideais e objetivos adequados a uma determinada concepção de vida (HOLTZ, 2006, p. 28)
Perante tal declaração, constata-se que a pedagogia deseja conhecer, examinar as dificuldades seja do aluno, do funcionário, do ambiente de trabalho, por fim, criar atividades investigativas referentes para que ocorra a aprendizagem e adaptando o sujeito, às condições do meio onde está inserido.
Desse modo, vale ressaltar que para Holtz (2006, p. 32), “o processo de influências recebidas pelo educando ou participante de uma empresa em que trabalha, é a educação”, a apropriação de hábitos que possam melhorar suas condições, para a construção de conhecimentos específicos, com vistas a aprimorar os caminhos para a aprendizagem referente aos recursos humanos.
“Pedagogia Empresarial” é um termo criado por Holtz, na década de 80 do século XX, para nomear todas as atividades realizadas com objetivo de promover o desenvolvimento profissional e pessoal realizado nas empresas, relativas ao andamento de seus cursos, projetos e programas de treinamento e desenvolvimento (OLIVEIRA, 2012, p. 6-7).
A Pedagogia na Empresa se distingue por diversificar a formação e atuação do pedagogo para atender a demandas que se estabeleceram fora do âmbito escolar. O profissional formado com a possibilidade de atuar fora do sistema educacional escolar surgiu para atender a necessidades da gestão de Recursos Humanos empresariais. No entanto, nem sempre as empresas se preocupam em inserir um pedagogo para auxiliar a gestão de pessoas, com vistas a promover o sucesso empresarial.
Nessa perspectiva, Ribeiro (2010, p. 11) argumenta dizendo que “a pedagogia empresarial se ocupa basicamente com os conhecimentos, as competências, as habilidades e as atitudes diagnosticados como indispensáveis/necessários à melhoria da produtividade”. Assim se faz necessário trabalhar nas empresas as relações humanas e procurar dentro das pessoas o que estas têm de melhor, ensinando-as a pôr este melhor serviço nelas próprias e na empresa que trabalham.
Enquanto articulador de propósitos organizacionais e individuais, o Pedagogo Empresarial pode ser considerado um líder que interage com outros líderes dentro da dinâmica organizacional. Desse modo, assume esse papel e entender suas nuances em si e nos outros permite o desenvolvimento de habilidades gerais e específicas, especialmente em termos da emissão de juízos acerca dos comportamentos, das competências e das habilidades a serem desenvolvidas (RIBEIRO, 2010, p. 10)
Para Holtz (2006, p. 42), “o pedagogo empresarial enfrenta, na empresa o desafio de contrabalançar os efeitos desequilibradores da especialização profissional, limitante e muitas vezes castradora”. Os fatores que mais colaboram para o desafio da carreira do pedagogo empresarial é essa cooperação que deve ser doada de forma natural pelo colaborador e pelo líder e a habilidade de trabalhar em equipe, dirigir um grupo de trabalho, conduzir reuniões, enfrentar e analisar em conjunto situações complexas, práticas e problemas profissionais.
Diante do exposto, pode-se compreender que o pedagogo da empresa é um profissional que apoia o funcionário a desenvolver das competências e habilidades para atender suas necessidades e aquelas que a empresa demanda. Além disso, o pedagogo pode resolver dúvidas, lidando com diversas culturas simultaneamente, o que possibilita resultados positivos em um mercado de concorrência que pode ser bastante competitiva.
3. Breve histórico sobre a pedagogia
A pedagogia, campo de conhecimento da área da educação se originou na Grécia antiga. Onde o pedagogo era o nome dado ao escravo que acompanhava crianças até o local de aprendizado/escola sendo ele o responsável por repassar às crianças as normas da educação em busca da melhoria de seu comportamento. “A palavra pedagogia vem do grego paidós (criança) e agogé (condução) = paidagogos, e significa que conduz a criança” (FERREIRA, 1988, p. 490). Com o passar dos anos, o sentido se amplia para designar as reflexões feitas em torno da educação.
A concepção diz que a pedagogia é a parte normativa do conjunto de saberes que precisamos adquirir e manter se quisermos desenvolver uma boa educação, é mais ou menos consensual entre os autores que discutem a temática da educação (GRECO, 2005, p. 4).
Segundo Pascoal (2007, p. 89), “o curso de Pedagogia surgiu no Brasil na década de 1930 e desde então há a preocupação eminente com a formação do educador para trabalhar na educação formal, regular e escolar”.
Assim, a primeira regulamentação do curso se deu através do estabelecimento do Decreto-lei nº. 1.190/1939, organizado pela Faculdade Nacional de Filosofia da Universidade do Brasil. Esse decerto “instituiu o chamado “padrão federal” aos currículos básicos dos respectivos cursos oferecidos por outras instituições de ensino superior no Brasil que tiveram que se adaptar” (SÁ, 2006, p. 75).
Houve outras mudanças do curso nos anos de 1939, 1962 e 1969 que trouxeram um currículo mínimo implantado como referencial nacional. Porém, estas regulamentações flexibilizaram pouco e trouxeram poucas inovações nos projetos das instituições de formação, já que o currículo era mínimo e com direcionamento que inibiam modificações.
“Em 1996, o currículo mínimo passou a ser “diretrizes curriculares”, permitindo assim maior diversidade nos projetos pedagógicos. A partir da tramitação debateu-se a formação a profissão de pedagogo” (PASCOAL, 2007, p. 89-90). Essas discussões facilitaram a possibilidade de atuação do pedagogo em espaços não escolares.
Em 1999, a Comissão de Especialistas de Ensino de Pedagogia (CEEP), nomeada pela Portaria SESU/MEC n. 146 de 10 de março de 1998, composta por educadores vinculados a faculdades de educação de universidades brasileiras, elaborou uma proposta de diretrizes curriculares para o curso.
Scheibe (2007, p. 50) relata que “a proposta trouxe uma concepção de docência em que as funções do pedagogo ultrapassam o magistério, abrangendo de forma igualitária a gestão e a pesquisa como instrumento de produção e propagação do conhecimento”.
O curso de Pedagogia forma o profissional da educação para atuar no ensino, na organização e gestão de sistemas, unidades e projetos educacionais e na produção e difusão do conhecimento, em diversas áreas da educação é, ao mesmo tempo, uma licenciatura – formação de professores – e um bacharelado – formação de educadores/cientistas da educação (ENCONTRO NACIONAL DA ANFOPE, 2006, p. 25).
Esta proposta surgiu das sugestões advindas do movimento dos educadores como uma necessidade diante da diversidade da realidade educacional brasileira. O documento propunha que o pedagogo poderia atuar tanto na docência da educação infantil, dos anos iniciais do ensino fundamental, das disciplinas de formação pedagógica do nível médio, quanto “na organização de sistemas, unidades, projetos e experiências educacionais escolares e não escolares, na produção e difusão do conhecimento científico e tecnológico do campo educacional e nas áreas emergentes do campo educacional” (COMISSÃO DE ESPECIALISTAS, 1999, p. 3).
Desse modo, o objetivo das diretrizes curriculares propostas vem de encontro aos interesses dos alunos e das demandas sociais. Esses interesses e demandas se materializariam em uma estrutura curricular orientada pela idéia de núcleos de estudo, apresentados como alternativa aos currículos mínimos. “Tal estrutura curricular foi organizada em três núcleos assim delineados: núcleo de estudos básicos, um de aprofundamento e diversificação de estudos, e um de estudos integradores” (BRASIL, 2005, p. 10).
Segundo Brasil (2005, p. 11), o núcleo de Conteúdos Básicos é considerado o articulador da relação teoria e prática, referentes aos contextos:
a) histórico e sociocultural – compreendendo os fundamentos filosóficos, históricos, políticos, econômicos, sociológicos, psicológicos e antropológicos;
b) da educação básica – compreendendo estudos dos conteúdos curriculares, os conhecimentos didáticos, o estudo dos processos de organização do trabalho pedagógico e o estudo das relações entre educação e trabalho;
c) do exercício profissional em âmbitos escolares e não escolares – articulando saber acadêmico, pesquisa e prática educativa (BRASIL, 2005, p. 11).
O núcleo de Estudos de Aprofundamento e/ou Diversificação da Formação referem-se “à pluralidade da formação do pedagogo onde se torna necessário atender às diferentes demandas sociais e a articulação entre a formação e os aspectos inovadores que se apresentam no mundo atual” (COMISSÃO DE ESPECIALISTAS, 1999, p. 3). Vale ressaltar ainda, que o núcleo de aprofundamento e diversificação de estudos podem trabalhar com investigações sobre processos educativos e gestoriais, em diferentes situações institucionais – escolares, comunitárias, assistenciais, empresariais, entre outras.
Já os Estudos Independentes são realizados mediante monitorias e estágios, programas de iniciação científica, estudos complementares, cursos em áreas afins, integração com cursos sequenciais correlatos à área, participação em eventos científicos do campo da educação, entre outros.
De acordo com Scheibe (2007, p. 52), “após o ano de 1999, outros documentos foram encaminhados ao Conselho Nacional de Educação (CNE) reafirmando o conteúdo da proposta elaborada pela CEEP”. Mas somente no ano de 2005 foi elaborado e aprovado o parecer CNE/CP 05/2005 – “Diretrizes curriculares para os cursos de Pedagogia”.
A proposta da CEEP definia:
A estrutura curricular geral fundada em três princípios – docência como base comum da formação, flexibilização do currículo e organização de conteúdos por meio de diversas formas didáticas. Já o Parecer do CNE determina uma configuração diferenciada, sob a justificativa de que o curso pode trabalhar com um repertório de informações e habilidades composto por pluralidade de conhecimentos, fundamenta-se nos princípios da interdisciplinaridade, contextualização, democratização, pertinência e relevância social, ética e sensibilidade afetiva e estética (SCHEIBE, 2007, p. 58)
O exposto situou a pedagogia em uma posição inovadora no tocante à educação além dos muros da escola, trazendo debates sobre os desafios de se formar pedagogos para atuar em instituições não escolares para intervir de modo educativo nesse contexto, ampliando o campo de atuação desses profissionais.
Desse modo, a pedagogia passou a ser um caminho para as organizações seguirem quando exista a necessidade de promover um ambiente de conhecimento, colaboração e participação ativa dos funcionários, envolvendo-os em “uma aprendizagem autônoma e contínua em favor de uma inteligência coletiva” (CARBONELL, 2016, p. 12).
Isso gera um ambiente de trabalho condizente com as demandas que valorizem tanto o trabalho quanto o trabalhador, em um clima de aprendizagens visíveis ou invisíveis, formadas através de intervenções educativas que visem transformar os sujeitos, levando a eles modelos e alternativas para conhecimento e reconhecimento do trabalho, inovando, dialogando para a construção de pontes permanentes entre o conhecimento daquilo que é produzido dentro e fora a instituição como um modo de transferir a cultura adotada por esta.
Nessa perspectiva, surgem várias aproximações sobre o conhecimento e cultura praticados e que deixam transparecer as contribuições da empresa para a sociedade onde ela está inserida (CARBONELL, 2016, p. 13).
Portanto, o trabalho dos pedagogos é relevante para as instituições, como diz Holtz (2006, p. 6) que “a pedagogia e a empresa andam juntas” no que se refere à organização do conhecimento, do ambiente de satisfação de seus colaboradores e empresários. Desse modo, a atuação do pedagogo nas instituições não escolares pode trazer resultados que envolvem o reconhecimento da empresa no meio social onde elas estão inseridas.
4. O pedagogo empresarial
A pedagogia empresarial no Brasil surgiu pela demanda de melhorar a formação pessoal dentro das organizações que buscavam aprimorar o desempenho e a qualidade profissional de seus funcionários. Esse campo de trabalho é ainda recente, conforme Prado, Silva e Cardoso (2013, p. 66), “foi incentivado até mesmo por ações governamentais para viabilizar sua operacionalização, como, por exemplo, o estabelecimento da lei nº 6.297/75”, referente aos incentivos fiscais para a “formação profissional” nas empresas (BRASIL, 1975, p. 1).
Além dos conhecimentos gerais que o pedagogo traz consigo do curso de pedagogia, outros conhecimentos que também contam para que ele seja considerado elemento importante no bom funcionamento das empresas, são: “conhecer recursos auxiliares de ensino, entender do processo de ensino-aprendizagem, saber avaliar seus programas e elaborar projetos” (PRADO; SILVA; CARDOSO, 2013, p. 68).
A função do pedagogo empresarial é buscar meios para trabalhar a qualificação de pessoal nas diferentes áreas do saber empresarial, gerando qualidade e produtividade. Dessa forma, o pedagogo é o articulador no desenvolvimento de estratégias organizacionais no departamento de recursos humanos. Corroborando, Ribeiro (2010, p. 10) afirma que:
Em outras palavras, as ações deste departamento ultrapassam os aspectos instrumentais e tornam-se mais sensíveis a dinâmica das relações entre indivíduo e sociedade; compreendem que o espaço organizacional é, sobretudo, um espaço de valorização da dimensão e da dignidade humana (RIBEIRO, 2010, p. 10).
Sendo assim, conclui-se que o pedagogo pode transformar os indivíduos de maneira a valorizá-lo e gerar mudanças positivas dentro do grupo organizacional, com vistas a garantir estratégias para o aprimoramento de conhecimento com idéias e objetivos pré-definidos e provocar assim mudanças no desempenho individual de cada colaborador em benefício dele próprio e da empresa.
Para Ribeiro (2003, p. 32-36), o desafio na carreira do pedagogo está às demandas que encontra no seu cotidiano para desenvolver diariamente a habilidade de “trabalhar em equipe”, dirigir um grupo de trabalho, conduzir reuniões, enfrentar e analisar em conjunto situações complexas, e os problemas profissionais existentes na empresa”.
Dessa forma, podemos afirmar que o pedagogo empresarial tem uma gama de atuação nas organizações muito vasta, trabalhando junto a outros profissionais de gestão, onde prepara os indivíduos para desempenhar seu papel de maneira satisfatória para com o todo.
A partir das transformações no mundo do trabalho e do fortalecimento das relações humanas, foram surgindo outros campos de atuação para os profissionais da pedagogia com novos desafios.
5. Perfil do pedagogo empresarial
“O pedagogo pode atuar muito além dos muros da instituição escolar” (MARTINS, M.; MARTINS, G.; MARTINS, J.; 2017, p. 6), desempenhando seu papel em espaços que precisam de uma ação educativa, com aspirações e necessidades específicas que modificam conforme o contexto socioeconômico e cultural de cada grupo de indivíduos que compõem a sociedade.
Segundo Ceroni (2006, p. 11), “o perfil do pedagogo para atuar em espaços não escolares é o de profissional que precisa possuir competência e habilidade na busca de soluções” para enfrentar os desafios que aparecem no dia-a-dia, agilidade ao realizar ações propostas, informação e conhecimento sobre gestão participativa, devendo ter capacidades em planejar, liderar, explorar e monitorar, para poder ampliar suas competências, garantindo assim, a qualidade do trabalho realizado.
É importante ressaltar que onde houver prática educativa intencional haverá pedagogia. Dessa maneira, o pedagogo empresarial possui um amplo campo de atuação, tanto quanto as práticas educativas na sociedade, abrangendo empresas de todos os tipos tais como: construção civil, órgãos municipais, estaduais e federais, escolas, hotéis, ONGs, instituições de capacitação profissional e assessoria de empresas.
Sendo assim, pode-se afirmar que o perfil do pedagogo desejado pelas empresas fundamenta-se nas seguintes habilidades: capacidade de realização, pensamento estratégico, criatividade, busca por inovação, compromisso com resultados, trabalho em equipe, direção de grupos de trabalho, condução de reuniões, enfrentamento e análise em conjunto das dificuldades cotidianas que venham a surgir no cotidiano das empresas, bem como problemas profissionais dos colaboradores.
Greco (2005, p. 13) comenta que esse profissional deve atuar somado à experiência de outros profissionais de gestão, “na busca da elaboração e consolidação de planos de trabalho, projetos e ações que visem cooperar para a melhoria da atuação dos colaboradores, bem como para melhora do desempenho da empresa”.
Além desses pré-requisitos que são indispensáveis à função, outros se fazem necessários para uma boa atuação profissional:
O Pedagogo Empresarial precisa de uma formação filosófica, humanística e técnica sólida a fim de desenvolver a capacidade de atuação junto aos recursos humanos da empresa. Via de regra sua formação inclui disciplinas como: Didática Aplicada ao Treinamento, Jogos e Simulações Empresariais, Administração do Conhecimento, Ética nas Organizações, Comportamento Humano nas organizações, Cultura e Mudança Nas Organizações, Educação e Dinâmica de Grupos, Relações Interpessoais nas Organizações, Desenvolvimento organizacional e Avaliação do Desempenho (RIBEIRO, 2003, p. 10).
Diante do exposto, pode-se concluir que o pedagogo empresarial precisa ter um perfil inovador, observador, técnico, responsável, mediador e outras competências para trabalhar a gestão de conhecimentos da empresa, levando em conta que existem outros gestores com os quais deve dividir suas ideias de modo a unir força com eles para trabalhar junto ao RH que possui um perfil preestabelecido para os colaboradores que admite, o que permite entender que o pedagogo pode ter um papel importante na contratação de novos funcionários, além de primar pela gestão de conhecimentos daqueles colaboradores que já fazem parte da empresa.
5.1 Papel do Pedagogo Empresarial
De acordo com Gonçalves (2017, p. 5), “o pedagogo deverá ser um profissional capacitado para lidar com fatos e situações diferentes da prática educativa em vários segmentos sociais e profissionais, buscando compreender as situações na sua totalidade e globalidade, além da relação de poder”. Desta maneira, ele precisa ser capaz de romper pouco a pouco o conceito de que sua atuação deve-se manter somente dentro das instituições de ensino.
Dentro das organizações, o pedagogo terá como função o planejamento, a execução, coordenação e avaliação de programas e projetos educacionais através do acompanhamento do desenvolvimento e desempenho dos colaboradores da empresa direcionando-o como agente de mudanças de mentalidade e cultura.
Segundo Pascoal (2007, p. 95), “as atribuições do pedagogo dentro de uma empresa abrangem cinco campos de atividades, as pedagógicas, as técnicas, as organizacionais, as sociais e as administrativas”, que têm como objetivo:
Conceber, planejar, desenvolver e administrar atividades relacionadas à educação na empresa; diagnosticas a realidade institucional; elaborar e desenvolver projetos, buscando conhecimento também em outras áreas profissionais; coordenar a atualização em serviço dos profissionais da empresa; planejar, controlar e avaliar o desempenho profissional dos funcionários da empresa; assessorar as empresas no que se refere ao entendimento dos assuntos pedagógicos (PASCOAL, 2007, p. 95).
O pedagogo empresarial, a partir de seus conhecimentos, técnicas e práticas, deve trabalhar na construção de instrumentos importantes para a gestão de pessoas, na coordenação de equipe multidisciplinares e no desenvolvimento de projetos, visando formas de aprendizagem organizacional significativas, gerando mudanças no ambiente e na definição de políticas voltadas ao desenvolvimento humano permanente.
Tendo em vista que toda sua atuação está pautada na dimensão humana, o pedagogo empresarial deve se voltar ao entendimento do comportamento humano no contexto organizacional.
O trabalho desse profissional não se resume a conduzir dinâmicas de grupo e preparar material de treinamento para a qual as pessoas não estão engajadas ou enxergando uma necessidade imediata como pensam muitos. Entretanto, seu grande desafio nas organizações é “observar cuidadosamente o capital humano (termo comumente utilizado nas empresas ao referir-se a seus colaboradores) para que assim seja possível desenvolver estratégias que venham favorecer a humanização dentro da empresa” (GONÇALVES, 2017, p. 3-4)
Para tanto, o pedagogo empresarial deve além de observar, também mostrar envolvimento, criatividade e o desejo efetivo para descobrir e seguir uma linha de trabalho que atenda não só a organização, mas também suas possibilidades e habilidades profissionais.
Desta forma, o profissional poderá sugerir programas de treinamento com vistas a aprimorar a empresa em seus aspectos produtivos e humanos. Através de seu trabalho o pedagogo empresarial poderá direcionar as pessoas conduzindo-as a funções e a desempenhar suas verdadeiras habilidades, não implicando assim a mudança de seu comportamento, mas colaborando para que o funcionário a descubra e desenvolva seu verdadeiro potencial, de acordo com as demandas de cada organização.
Nesse sentido o pedagogo empresarial deve ser valorizado nas organizações, pois esse profissional trabalha de forma a entender e atender as exigências do mercado, contribuindo para o processo de crescimento dos indivíduos e das empresas por meio de atividades formativas, com a finalidade de desenvolver o lado humano dos funcionários, para mobilizar o trabalhador nas dimensões: intelectuais, físicas, emocionais, atitudinais, entre outras.
6.2 Contribuição do Pedagogo para Mudanças Sociais
Desde o início da vida, o ser humano está aprendendo, inicialmente no seio da família, depois no espaço escolar, nos espaços sociais, no trabalho e outros. Desse modo, pode-se afirmar se torna difícil pensar em um homem sem conhecimento, porque ele estará em algum lugar onde pode aprender em um processo sem fim. Nesse âmbito, o pedagogo empresarial atua visando a melhoria do trabalho prestado, bem como de seu perfil pessoal de qualificação profissional.
Nesse sentido, é comum falar em aprendizagem e educação e logo pensar na educação escolar, o que significa ver apenas uma parte da realidade. O espaço formal da escola não é o único lugar em que ocorre o aprendizado e a sistematização pedagógica. O espaço não escolar ou as outras educações, chamadas de educação não formais ou informais, são áreas do conhecimento ainda em construção que proporcionam o desenvolvimento educativo além dos muros da escola.
Para distinguir a educação no espaço escolar da educação no espaço não escolar, pode-se dizer que a educação formal é aquela que está presente no ensino escolar institucionalizado, representada principalmente pelas escolas e universidades, cronologicamente gradual, possui diretriz educacional centralizada como o currículo, estruturas hierárquicas e burocráticas, determinadas em nível nacional, com órgãos fiscalizadores dos ministérios da educação.
No tocante à educação no espaço não escolar, ou não formal, define-se como qualquer tentativa educacional organizada e sistemática que, normalmente, se realiza fora dos quadros do sistema formal de ensino, é aquela na qual qualquer pessoa adquire e acumula conhecimentos ao longo da vida, através de experiência diária em casa, no trabalho e ou lazer.
Para Silva, Souza Neto e Moura (2009, p. 32), “a educação é global, é social e se dá ao longo de toda a vida. O objetivo da educação é capacitar o indivíduo para viver em sociedade e comunicar-se […]”. Dessa forma, o pedagogo deve contribuir para a formação integral da pessoa, envolvendo o crescimento pessoal, a conscientização da cidadania e a percepção de mundo priorizando o modo de ensinar voltado aos interesses dos educandos em questão, tendo o cuidado de respeitar seus conhecimentos prévios, sua cultura, sua história e seu meio social.
Além disso, o pedagogo deve reconhecer a pessoa como um ser que pensa, age, sente e traz consigo uma cultura que precisa ser respeitada para que ele possa crescer e se desenvolver no ambiente no qual está inserido, pois a cultura faz parte da identidade do ser humano e os valores são imprescindíveis em sua formação.
Assim, a educação não escolar ou não formal poderá desenvolver nos indivíduos:
– Consciência e organização de como agir em grupos coletivos; a construção e reconstrução de concepção de mundo e sobre o mundo;
– Contribuição para um sentimento de identidade com uma dada comunidade; forma o indivíduo para a vida e suas adversidades;
– A educação não formal contribui para o resgate do sentimento de valorização de si próprio. Ou seja, dá condições aos indivíduos para desenvolverem sentimentos de autovalorização, de rejeição dos preconceitos que lhes são dirigidos, o desejo de lutarem para ser reconhecidos como iguais (enquanto seres humanos), dentro de suas diferenças (raciais, étnicas, religiosas, culturais, etc.);
– Os indivíduos adquirem conhecimento de sua própria prática, os indivíduos aprendem a ler e interpretar o mundo que os cerca (GOHN, 2006, p. 30-31).
Segundo Giroux (1999, p. 41), o pedagogo precisa atuar com um ser sempre em construção e que precisa estar sempre aprendendo, com o intuito de desenvolver “o profissionalismo, com integridade humana e responsabilidade por suas ações, com capacitação mediadora que não seja apenas mero executor para se tornar um intelectual transformador das relações da gestão de conhecimentos”.
Em outras palavras, “o pedagogo é um mediador do processo de ensino-aprendizagem, além disso, é também pesquisador e gestor” (GIROUX, 1999, p. 41). Dessa forma o pedagogo é capaz de contribuir com a formação integral dos indivíduos, pois a educação continuada tem como objetivo formar cidadãos que sejam capazes de conhecer a si e de compreender e conviver positivamente com as pessoas que o cercam.
Atualmente, as empresas buscam um diferencial em seu quadro de colaboradores, por esse motivo têm investido mais nos recursos, bem como na construção do conhecimento de seus funcionários, pois elas estão com o foco na comunicação entre os indivíduos.
Para Gonçalves (2017, p. 6) “essa realidade demanda a interação entre pedagogo e empresa, deixando notório que assimilar o saber é consolidar a aprendizagem, a construção de saberes sobre o trabalho por cada indivíduo a sua maneira”, e este conhecimento encontra o sentido do porquê e para que aprender ao modo de cada pessoa, sendo que este conhecimento se torna estabelecido se ele possui o sentido do porquê e para que aprender.
Na era da informação na qual estamos, é importante que os profissionais se mantenham atualizados. As habilidades e competências são aptidões necessárias para executar, analisar e desenvolver com sucesso as tarefas. Nesse processo de aprendizagem o pedagogo empresarial deve ter a habilidade, o olhar, a consciência de que está desenvolvendo projetos com seres humanos e que os mesmos devem ser parte ativa nesse processo.
Para Gonçalves (2017, p. 7):
A atuação do pedagogo empresarial, à educação integral, isto é, ao processo de influenciar e sugestionar positivamente os funcionários em todos os aspectos da sua personalidade. Vão proporcionar o desenvolvimento da produtividade pessoal nas mais diversas atividades. Portanto, deve demonstrar com o seu trabalho prático, na empresa, os efeitos benéficos da adoção de várias atividades educativos (GONÇALVES, 2017, p. 7).
Desenvolver pessoas é mais do que informar, é proporcionar a elas a capacidade de desenvolvimento de todas as suas habilidades e de se tornarem eficientes no que se propõe a fazer. O pedagogo deve construir a educação como forma de humanizar os indivíduos.
7. METODOLOGIA
A pesquisa realizada teve caráter bibliográfico, que, segundo Gil (2008, p. 50), “é desenvolvida a partir de material já elaborado, constituído principalmente de livros e artigos científicos”. Esse tipo de abordagem permite analisar e sintetizar o conhecimento já existente sobre um determinado tema, proporcionando uma compreensão mais aprofundada e fundamentada a partir de diferentes perspectivas teóricas.
Para tanto, buscou-se embasamento nos pensamentos de autores renomados, cujas contribuições possibilitam a construção de uma visão crítica e ampla sobre a atuação do pedagogo em espaços não escolares. A pesquisa se concentrou especialmente na literatura que discute a importância da Pedagogia em ambientes corporativos, organizações do terceiro setor, hospitais, museus e outros espaços educativos não tradicionais.
A abordagem qualitativa foi adotada para permitir uma análise detalhada das contribuições dos pedagogos nesses contextos, indo além de uma visão meramente quantitativa e explorando as dinâmicas subjetivas e interacionais que caracterizam a atuação desses profissionais. De acordo com Minayo (2001), a pesquisa qualitativa busca interpretar os fenômenos a partir da perspectiva dos sujeitos envolvidos, considerando suas experiências e significados atribuídos ao contexto estudado.
A pesquisa bibliográfica com abordagem qualitativa foi, portanto, essencial para identificar como ocorre o trabalho de pedagogos fora das instituições escolares, permitindo compreender as práticas, desafios e possibilidades dessa atuação. No contexto empresarial, por exemplo, a Pedagogia Empresarial tem se consolidado como um campo fundamental para a formação continuada de funcionários, o desenvolvimento de programas de treinamento e a promoção de um ambiente organizacional mais dinâmico e inclusivo.
Além do ambiente corporativo, pedagogos também desempenham um papel crucial em hospitais, auxiliando na humanização do atendimento e no suporte educacional de crianças hospitalizadas. Em espaços culturais, como museus e bibliotecas, eles contribuem para a mediação do conhecimento e a democratização do acesso à informação, promovendo atividades educativas e formativas para diferentes públicos.
A revisão da literatura demonstrou que, apesar da crescente valorização do pedagogo em espaços não escolares, ainda há desafios a serem superados, como a falta de reconhecimento profissional, a necessidade de maior regulamentação dessa atuação e a adaptação das práticas pedagógicas às especificidades de cada ambiente. Assim, torna-se fundamental que a formação acadêmica do pedagogo contemple essas novas demandas, preparando-os para atuar de maneira eficaz em contextos diversificados.
Dessa forma, a presente pesquisa buscou contribuir para a ampliação do debate sobre a Pedagogia em espaços não escolares, ressaltando a importância da atuação pedagógica em diferentes setores da sociedade. A partir da análise da literatura, reafirma-se a necessidade de fortalecer essa área de atuação, promovendo maior visibilidade e reconhecimento para os pedagogos que atuam além do ambiente escolar tradicional.
8. Considerações finais
Este estudo discorreu sobre o papel do pedagogo que atua em espaços não – escolares através de uma pesquisa bibliográfica e respondeu ao questionamento inicial levantado pelo presente trabalho por pontuar e compreender os desafios enfrentados pelo pedagogo que exerce a sua profissão além dos muros da escola.
Os objetivos deste trabalho também foram alcançados à medida que foi possível contextualizar historicamente a pedagogia empresarial, definir e compreender a importância do pedagogo nas empresas e no contexto atual no mundo do trabalho, além de permitir conhecer a dimensão do trabalho do pedagogo e de como sua atuação pode contribuir para mudanças e transformações sociais.
A realização desta pesquisa permitiu perceber que o curso de pedagogia, é um campo que agrega conhecimentos vastos que abrangem espaços escolares formais e espaços não escolares, como empresas, organizações não governamentais, hospitais, enfim, instituições diversas. E que apesar do foco principal em formar profissionais para atuar em espaços escolares, o curso tem ampliado seus horizontes possibilitando a formação de profissionais capacitados para além do campo da educação escolar.
A função do pedagogo é a de formar cidadãos conscientes por meio das ferramentas da educação e do desenvolvimento da prática de ensino-aprendizagem em qualquer espaço tem sido cada vez valorizada e aproveitada em hospitais, ONGs, empresas, entre outros.
Além disso, a presente pesquisa aponta que a pedagogia empresarial é um campo ainda novo, mas que se faz de suma importância para desenvolver as competências do trabalhador dentro das organizações de forma a torná-lo um colaborador ativo e essencial para o desenvolvimento de suas competências e dos objetivos traçados pela empresa, sem deixar que se torne apenas capital humano.
Normalmente, a presença do profissional da pedagogia é requisitada por organizações que tem como foco o desenvolvimento de pessoas. E para que o trabalho de desenvolvimento de pessoas ocorra de forma satisfatória, o pedagogo deve possuir uma formação interdisciplinar, para compreensão dos problemas da empresa de forma ampla e específica e para que haja assertividade do planejamento e da execução de ações, ou seja, é necessário conhecer e saber articular na prática conhecimentos educacionais diversos para alcance dos objetivos traçados.
O pedagogo empresarial pode usar ferramentas de ensino, praticar a gestão de conhecimentos, controlar e avaliar a aprendizagem com o intuito de promover a melhoria do trabalho na empresa. O pedagogo deve ainda planejar a formação continuada voltada às necessidades da empresa, de forma a desenvolver a sensibilidade e a atitude dos indivíduos, atendendo tanto as aspirações dos colaboradores quanto da organização. Desse modo, esse profissional favorece a formação de um ambiente de aprendizagem, colaboração e de trabalho em equipe.
Além disso, outro fator importante enfatizado nesta pesquisa diz respeito ao trabalho multiprofissional, que diz respeito ao trabalho coletivo, em que se envolvem diversos profissionais, especialmente os que desempenham funções de gestão, para desenvolvimento das atividades. Sobre esse aspecto, o pedagogo tende a se adaptar bem por possuir um perfil adequado, haja vista que a gestão e o trabalho coletivo multiprofissional fazem parte de sua formação profissional.
Ademais, o pedagogo empresarial tem a necessidade de ser crítico, criativo e aberto a mudanças para assim, contribuir efetivamente com processo empresarial. O pedagogo deve refletir sobre as organizações, entendendo-as como ambientes próprios para a aprendizagem e motivação para o indivíduo se desenvolver profissional e pessoalmente, pois ele tem a responsabilidade de ser o articulador entre a empresa e os colaboradores e promover a interação dentro das organizações e assim colaborar significativamente na dinâmica de funcionamento e crescimento, como um todo das empresas.
Conclui-se, portanto, que o pedagogo possui habilidades para trabalhar em áreas que demandam trabalhos educativos em escolas ou empresas. Portanto, as perspectivas são positivas e promissoras para os pedagogos que visam à atuação em empresas, mesmo que possivelmente alguns desafios ocorram, o que não diminui as possibilidades de atuação desses profissionais.
Esse trabalho poderá contribuir para outras pesquisas sobre o papel do pedagogo a luz do exercício da profissão em espaços não escolares.
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1Laboratório de Carcinologia / Instituto de Estudos Costeiros (IECOS), Universidade Federal do Pará (UFPA), Campus Universitário de Bragança. Alameda Leandro Ribeiro s/n, Bairro: Aldeia, 68600-000, Bragança, PA, Brasil; marcusalexandre159@gmail
2Secretária de Educação do Estado do Pará (SEDUC-PA);
3Pós Doutor em Ciências da educação- USA