A ATUAÇÃO DA FISIOTERAPIA UTILIZANDO A HIDROTERAPIA NO TRATAMENTO DE ARTRITE REUMATOIDE EM IDOSOS

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CINDY AUREA SANTOS SOUSA

Trabalho de Conclusão do Curso de Fisioterapia, Uninassau, para obtenção do título de Fisioterapeuta.
Orientador: Prof. Francisco Carlos Santos Cerqueira

DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho aos meus pais Cintia Monteiro dos Santos e Haroldo de Sousa Santos com muito amor e carinho, pois não mediram esforços para que eu chegasse até esta etapa de minha vida, por todo apoio e incentivo no decorrer dessa trajetória acadêmica. Sem eles talvez não tivesse conseguido enfrentar os obstáculos ao longo dessa caminhada. OBRIGADA

AGRADECIMENTO
Agradeço primeiramente a Deus por ter me dado sabedoria, saúde e capacidade para superar as dificuldades, pois com a minha fé pude prosseguir adiante.
Aos meus pais e meu irmão pela ajuda financeira, apoio incondicional e incentivo aos meus estudos e conquistas.
Aos professores e preceptores que se disponibilizaram a contribuir com seus ensinamentos para minha carreira profissional.
E ao meu orientador pela atenção, incentivo e empenho na elaboração desse artigo.

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Prof. Francisco Carlos Santos Cerqueira

EPÍGRAFE
“O sucesso nasce do querer, da determinação e persistência em se chegar a um objetivo. Mesmo não atingindo o alvo, quem busca e vence obstáculos, no mínimo fará coisas admiráveis” – José de Alencar.

RESUMO

TEMA: O presente artigo sobre A atuação da Fisioterapia utilizando a hidroterapia no tratamento de artrite reumatoide em idosos se propõe a verificar influência dos princípios terapêuticos da água na qualidade de vida. OBJETIVO DO ESTUDO: O objetivo deste artigo é mostrar como os princípios físicos da água provocam modificações fisiológicas durante os exercícios em água aquecida e os benefícios do tratamento com a fisioterapia. METODOLOGIA: Este estudo baseou-se em uma pesquisa exploratória, através de método qualitativo, utilizando a revisão bibliográfica a fim de buscar literaturas que abordassem a hidroterapia e seus resultados em pacientes com Artrite Reumatoide. Sendo pesquisados artigos publicados entre o ano de 2000 ao ano de 2020 nas referidas fontes: Scielo e Google acadêmico. RESULTADOS: Ressaltar a importância do resultado que o efeito da água aquecida pode causar nas extremidades periféricas do corpo, permitindo a melhora no quadro álgico, relaxamento da musculatura e diminuição do impacto das articulações.

Palavras-chaves: Hidroterapia, Tratamento Fisioterapêutico, Artrite Reumatoide.

ABSTRACT

BACKGROUND: This article on the role of Physiotherapy using hydrotherapy in the treatment of rheumatoid arthritis in the elderly aims to verify the influence of the therapeutic principles of water on the quality of life. STUDY OBJECTIVE: The purpose of this article is to show how the physical principles of water cause physiological changes during exercises in heated water and the benefits of treatment with physiotherapy. METHODOLOGY: This study was based on exploratory research, through a qualitative method, using the bibliographic review in order to search for literature that addressed hydrotherapy and its results in patients with Rheumatoid Arthritis. Articles published between 2004 and 2019 were searched in the referred sources: Scielo and Google academic. RESULTS: Emphasize the importance of the result that the effect of heated water can cause on the peripheral extremities of the body, allowing improvement in the pain, relaxation of the muscles and reduction of the impact of the joints.

Keywords: Hydrotherapy, Physiotherapy, Rheumatoid Arthritis.

  1. INTRODUÇÃO

  A artrite reumatoide é uma doença autoimune inflamatória e crônica que afeta aproximadamente 1% da população adulta mundial. A doença caracteriza-se pela inflamação do tecido sinovial de múltiplas articulações, levando a destruição tecidual, dor, deformidades e redução na qualidade de vida do paciente. Sua etiologia é complexa e em grande parte desconhecida, porém estudos demonstram a influência de fatores genéticos e ambientais em sua patogênese.

Devido à forte influência genética, familiares de pacientes com AR formam um grupo de risco para o desenvolvimento da doença, principalmente em sua forma mais grave. Apesar de seu elevado potencial incapacitante, o curso da artrite reumatoide pode ser modificado por meio do diagnóstico precoce e do manejo adequado do paciente. No entanto, o diagnóstico precoce da artrite reumatoide é ainda bastante difícil diante da heterogeneidade das manifestações clínicas da doença, o que acaba retardando a implantação terapêutica.

Além da terapia medicamentosa, também são adotadas medidas como educação do paciente e terapias psico-ocupacionais. Atualmente, estudos têm se voltado à identificação de fatores preditores de doença mais grave, como auto anticorpos como fator reumatoide (FR) e anticorpo antipeptídio cíclico citrulinado (anti-CCP), que constituem importantes marcadores imunológicos de diagnóstico e prognóstico da AR.

A fisioterapia é essencial para o tratamento de doenças inflamatórias reumáticas, assim como a terapia medicamentosa. Atualmente não há um único tratamento totalmente eficaz. Intervenções de fisioterapia para pessoas com AR são predominantemente orientadas para amenizar as deficiências resultantes de manifestações das doenças articular e periarticular, e fornecer orientações e educação para melhorar a capacidade funcional e qualidade de vida.

Por ser uma doença com potencial deformante, criaram-se diretrizes para a gestão de pacientes com AR. Uma dessas diretrizes estabelece que o acesso a fisioterapeutas deva ser oferecido a todas as pessoas com AR, objetivando avaliar o impacto e tratar as consequências dessa doença. Estabelecem, ainda, que o tratamento deve incluir uma variedade de modalidades como, por exemplo, proteção articular, eletroterapia, dispositivos de apoio, talas, calor, mobilização conjunta, exercício para melhorar a força, a flexibilidade e aumentar a capacidade funcional. Diante da grande variedade de recursos fisioterapêuticos descritos na literatura, encontram-se a termoterapia (calor úmido, gelo, parafina), os agentes eletroterapêuticos (como exemplo, o ultrassom, a estimulação elétrica transcutânea e o laser), a cinesioterapia, a hidroterapia, as terapias manuais (mobilização articular e massagem), as orientações gerais, dentre outras.

O artigo tem como intuito levantar as ideias para uma pesquisa sobre a atuação da Fisioterapia, utilizando a hidroterapia para tratar a artrite reumatoide em mulheres idosas entre 60 a 80 anos de idade. Utilizando artigos científicos para pesquisas entre 2000 a 2020 baseados no tema escolhido. Se a hidroterapia é capaz de tratar a artrite reumatoide recorrente em idosos diminuindo a dor e a rigidez causada nas articulações, ela é eficaz?

O tema é útil para os profissionais da Fisioterapia porque estará enfatizando o quão benéfica é a água e o quanto ela pode contribuir a favor do tratamento fisioterápico. É importante para os portadores dessa doença, pois, assim enfatiza o quanto esse tratamento pode devolver a qualidade de vida dos mesmos que enfrentam grandes dificuldades no decorrer da vida após o diagnóstico dessa patologia.

  1. DESENVOLVIMENTO

2.1 ARTRITE REUMATOIDE

A artrite reumatoide (AR) é uma doença inflamatória crônica de etiologia desconhecida. Ela causa destruição articular irreversível pela proliferação de macrófagos e fibroblastos na membrana sinovial após estímulo possivelmente autoimune ou infeccioso. Além das manifestações articulares, a AR pode cursar com alterações de múltiplos órgãos e reduzir a expectativa de vida, sendo o aumento de mortalidade consequente a doenças cardiovasculares, infecções e neoplasias.

As consequências da artrite reumatoide são: piora da qualidade de vida, incapacidade funcional, perda de produtividade e altos custos para a sociedade. Há poucos estudos de prevalência de AR na América Latina. No México, um estudo revelou a prevalência geral de 1,6%, com maior frequência entre as mulheres. No Brasil, um estudo realizado em Minas Gerais encontrou prevalência de 0,46%. A AR é mais frequente em mulheres e na faixa etária de 30 a 50 anos, com pico de incidência na quinta década de vida. Todavia, o histórico familiar de AR aumenta o risco de desenvolvimento da doença de 3 a 5 vezes.

Além disso, avanços no diagnóstico e no monitoramento da atividade da doença favoreceram a identificação precoce e o tratamento oportuno nas suas fases iniciais, reduzindo a destruição articular e melhorando os resultados terapêuticos. Na prática médica, o tratamento visando, principalmente, à remissão ou baixa atividade da doença em pacientes com AR de início recente (menos de 6 meses de sintomas) tem melhorado significativamente esses resultados. (MINISTÉRIO DA SAÚDE, PORTARIA CONJUNTA Nº16, DE 05 DE NOVEMBRO DE 2019).

2.2 ALTERAÇÕES FISIOLÓGICAS DO IDOSO E COMO ISSO O DEIXA VULNERÁVEL AO SURGIMENTO DA ARTRITE REUMATOIDE

O envelhecimento é um fenômeno que atinge todos os seres humanos, independentemente. Sendo caracterizado como um processo dinâmico, progressivo e irreversível, ligados intimamente a fatores biológicos, psíquicos e sociais (BRITO E LITVOC, 2004).

No sistema cardiovascular, quando o idoso é submetido a um esforço, ocorre uma diminuição na capacidade do coração de aumentar o número e a força dos batimentos cardíacos. Com o envelhecimento, ocorre também redução da frequência cardíaca em repouso, aumento do colesterol, como também da resistência vascular, com o consequente aumento da tensão arterial (DE VITTA, 2000; HAYFLICK 1997).

Shephard (2003) compreende, por sua vez, que o envelhecimento mostra uma caixa torácica enrijecida, com diminuição na elasticidade pulmonar. Afirma, ainda, que a capacidade vital decresce enquanto o volume residual aumenta. Porém a capacidade pulmonar total apresenta poucas alterações.

Para De Vitta (2000), modificações tornam-se também evidentes com o envelhecimento no sistema musculoesquelético com a respectiva diminuição no comprimento, elasticidade e número de fibras. Também é notável a perda de massa muscular e elasticidade dos tendões e ligamentos (tecidos conectivos) e da viscosidade dos fluidos sinoviais.

O sistema articular além de sofrer com a fraqueza muscular própria da pessoa senil, pois está sujeita a diminuição de sua amplitude de movimento, pode também ser submetido a um processo degenerativo, principalmente nas articulações sinoviais, pois o envelhecimento promove alterações na cartilagem articular e no número de celular cartilaginosas, os condrócitos que está diminuído. A quantidade de água e de proteoglicano também está diminuído, no entanto o número de fibras colágenas está aumentado, o que torna a espessura cartilaginosa mais fina e com rachadura e fendas na superfície (BALSAMO & SIMÃO, 2005; CHIARELLO & DRIUSSO, 2007; RAMOS, 2007). No sistema nervoso do idoso pode ocorrer diminuição do peso e do volume cerebral, havendo atrofia da massa encefálica e, em contrapartida um aumento do volume dos ventrículos encefálicos. Estas alterações podem estar diretamente relacionadas com as disfunções intelectuais que o indivíduo porventura pode apresentar, tais como: déficit de memória, atenção, julgamento, abstração, orientação, linguagem, capacidade de resolver problemas, habilidade de reconhecer objetos (gnosia), capacidade de executar gestos em uma sequência adequada (praxia) e etc. (DELIBERATO, 2002; REBELATTO & MORELLI, 2007; CHIARELLO & DRIUSSO, 2007). Com o envelhecimento inúmeras patologias podem se instalarem na vida do idoso, principalmente as que se tornam cônicas e uma delas pode ser a Artrite Reumatoide (AR) que por definição a AR é um distúrbio inflamatório que pode afetar muitos tecidos e órgãos – pele, vasos sanguíneos, coração, pulmões e músculos – mas ataca principalmente articulações, produzindo sinovite não supurativa.

2.3 TÉCNICAS UTLIZADAS NA HIDROTERAPIA

No Brasil, a hidroterapia científica teve seu início na Santa Casa do Rio de Janeiro, com banhos de água doce e salgada, com Artur Silva, em 1922, que comemorou o centenário do Serviço de Fisiatria Hospitalar, um dos mais antigos do mundo sob orientação médica. No tempo em que a entrada principal da Santa Casa era banhada pelo mar, eles tinham banhos salgados, aspirados do mar, e banhos doces, com a água da cidade.

2.3.1 BAD RAGAZ

A proposta inicial dessa técnica foi a de promover a estabilização do tronco e extremidades, e também trabalhar com exercícios resistidos. Os exercícios foram primeiramente executados num plano horizontal. O paciente era auxiliado com flutuadores (anéis) no pescoço, quadril e tornozelos, e por isso a técnica ficou conhecida como “método dos anéis”.

As técnicas modernas do Bad Ragaz incorporaram as de movimento com planos diretos e padrões diagonais com resistência e estabilização realizadas pelo fisioterapeuta. Foram utilizados exercícios com o paciente posicionado horizontalmente, com auxílio de flutuadores, ou estabilizado na borda da piscina.

As técnicas consistiam em: redução do tônus, treino de marcha, estabilização do tronco e exercícios ativos e resistidos. Estas foram utilizadas em pacientes com problemas ortopédicos e neurológicos (KNUPFER, 1957).

2.3.2 HALLIWICK

A proposta inicial foi a de auxiliar pessoas com problemas físicos a tornarem-se mais independentes para nadar. A ênfase inicial do método era recreativa com o objetivo de independência na água.

Com o decorrer dos anos, McMillan manteve a sua proposta original e adicionou outras técnicas a esse método. Mais recentemente, essas técnicas têm sido usadas por muitos terapeutas para tratar crianças e adultos com enfermidades neurológicas, na Europa e Estados Unidos. O método Halliwick enfatiza as habilidades dos pacientes na água e não suas inabilidades (JAMES MCMILLIAN, 1949).

Adaptação ambiental: envolve o reconhecimento de duas forças, gravidade e empuxo que, combinados, levam ao movimento rotacional;

Restauração do equilíbrio: enfatiza a utilização de grandes padrões de movimento, principalmente com os braços, para mover o corpo em diferentes posturas e ao mesmo tempo manter o equilíbrio;

Inibição: é a capacidade de criar e manter uma posição ou postura desejada, através da inibição de padrões posturais patológicos;

Facilitação: é a capacidade de criar um movimento que desejamos mentalmente e controlá-lo fisicamente, por outros meios, sem utilizar a flutuação.

2.3.3 WATSU

Esse método foi considerado mais eclético e criativo que as formas tradicionais do Shiatsu, que utilizava estritamente pontos específicos. São utilizados alongamentos passivos, mobilização das articulações e relaxamento, assim como pressão em pontos de acupuntura para balancear a energia dos meridianos.

Zen Shiatsu e Watsu utilizaram muitos termos e conceitos alheios à medicina ocidental. Também a filosofia oriental adotou a relação de integração corpo mente que não era utilizada no conceito tradicional de reabilitação aquática. Watsu foi criado como uma forma de massagem na água e era utilizada para qualquer pessoa. Entretanto, os terapeutas que realizam reabilitação aquática têm usado essa técnica para pacientes com doenças neuromusculares e musculoesqueléticas, sem muito sucesso.

No Watsu o paciente permanece flutuando e a partir dessa postura são realizados alongamentos e rotações do tronco, que auxiliam para o relaxamento profundo, vindo por meio do suporte da água e dos movimentos rítmicos dos batimentos cardíacos. De acordo com Morris16, Watsu pode ser descrita como uma reeducação muscular dirigida que utiliza basicamente alongamentos. Essa técnica deverá ser realizada com cautela, pois se não for realizada de forma correta poderá causar danos específicos como estiramentos musculares e lesões articulares (HAROLD DULL, 1980).

2.3.4 HIDROCINESIOTERAPIA

A hidrocinesioterapia é a principal técnica realizada em pacientes reumatológico, foi descrito alguns planos de tratamento com sua utilização, entretanto Biasoli (2012) a conceitua como um conjunto de técnicas terapêuticas fundamentadas no movimento humano. É a fisioterapia na água ou a prática de exercícios terapêuticos em piscinas, associada ou não aos manuseios, manipulações, hidromassagem e massoterapia, configurada em programas de tratamento específicos para cada paciente.

O autor ainda acrescenta que um programa de hidrocinesioterapia adequado a cada paciente pode representar um grande incremento no seu tratamento, obtendo-se os efeitos de melhora em tempo abreviado e com menor risco de intercorrências, tais como dor muscular tardia e microlesões articulares decorrentes do impacto.

Sendo a hidrocinesioterapia uma das principais técnicas utilizadas no tratamento de pacientes com Artrite Reumatoide, abaixo iremos detalhar um tratamento proposto por Resende et. al.(2008), com ilustrações retiradas do próprio autor, o qual poderão ser aplicados em nossos pacientes e com a criatividade que nos é peculiar, até acrescentá-lo quando for o caso.

As técnicas são subdivididas em três fases: Adaptação ao meio aquático, Alongamento, Exercícios para equilíbrio estáticos e dinâmicos e fortalecimento.

2.4 MOSTRAR COMO OS PRINCÍCIPIOS DA ÁGUA PROVOCAM MODIFICAÇÕES FISIOLÓGICAS DURANTE OS EXERCÍCIOS EM ÁGUA AQUECIDA E OS BENEFÍCIOS DA HIDROTERAPIA

A hidroterapia é um dos recursos mais antigos da fisioterapia, sendo definida como o uso externo da água com propósitos terapêuticos. É um recurso muito utilizado no processo de reabilitação especialmente em pacientes reumáticos, por possuir algumas vantagens devido às propriedades físicas e efeitos fisiológicos propiciados pelo meio aquático. É frequentemente recomendada para pacientes com artrite, pois proporciona uma gama de benefícios incluindo redução de edema, dor e da sobrecarga sobre as articulações já lesionadas.

Muitos efeitos terapêuticos benéficos obtidos com a imersão na água aquecida (como o relaxamento, a analgesia, a redução do impacto e da agressão sobre as articulações) são associados aos efeitos possíveis de se obter com os exercícios realizados quando se exploram as diferentes propriedades físicas da água, como:

Densidade relativa – determina a capacidade de flutuar de um objeto ou corpo. A densidade da água é igual a 1, já a de um corpo humano é de 0,93, por isso ele flutua;

Força de empuxo ou de flutuação – é a força de sentido oposto ao da gravidade. Ou seja, ao inspirar, o indivíduo boia e ao expirar ele afunda, pois com 5% da estrutura corporal acima da água, o corpo humano flutua. Essa propriedade é utilizada como resistência ao movimento, sobrecarga natural, estímulo à circulação periférica, fortalecimento da musculatura respiratória, facilitação do retorno venoso e participante do efeito massageador da água;

Tensão superficial – atua como resistência ao movimento. Possui valor apenas quando o músculo é pequeno ou fraco;

Pressão hidrostática – a água, como qualquer líquido, exerce pressão no objeto nela imerso. Se o objeto estiver em repouso (relaxamento), a pressão exercida em todos os planos será igual. Se o objeto estiver em movimento e a água também, ver-se-á a pressão reduzida bem como o empuxo provocando certo afundamento que, se controlado, é parcial. Segundo a lei de Pascal, cada tipo de massa (corpo, líquido, gasoso ou sólido) recebe e transmite uma pressão determinada, dependendo da profundidade de imersão. Quanto maior a profundidade em que o corpo se encontra, maior será a pressão exercida sobre ele. Isto significa que um indivíduo em pé na água sofrerá maior pressão nos pés. A pressão hidrostática possui efeitos terapêuticos, promovendo aumento do débito cardíaco, da pressão pleural e da diurese;

Impacto – ao contrário dos exercícios no solo, os aquáticos são executados em baixa velocidade, diminuindo o impacto, o que faz diminuir também os problemas advindos de tal formação, quando em solo.

2.4.1 EFEITOS TERAPÊUTICOS DA ÁGUA AQUECIDA

Preventivo: Previne deformidades e atrofias; Previne piora do quadro do paciente; Diminui o impacto e a descarga de peso sobre as articulações.

Motor: Melhora da flexibilidade; Trabalho de coordenação motora global, da agilidade e do ritmo; Diminuição do tônus (diminuindo as referências fusais); Reeducação dos músculos paralisados; Facilitação do ortostatismo e da marcha; Fortalecimento dos músculos.

Sensorial: Estimula o equilíbrio, a noção de esquema corporal, a propriocepção e a noção de espacial, já que a água é um meio instável; Facilita as reações de endireitamento e equilíbrio, visto que não existem pontos de apoio e o paciente é obrigado a promover alterações posturais (flutuação e turbulência); Diminui os estímulos proprioceptivos à medida que aumenta a profundidade, diminuindo a descarga de peso.

A hidroterapia promove reações diferentes daquelas experimentadas em solo, melhorando a circulação periférica, beneficiando o retorno venoso, além de proporcionar um efeito massageador e relaxante, atuando dessa forma nas principais queixas de pacientes com AR. Os exercícios na água são muito bem tolerados, especialmente em água aquecida, pois o ambiente morno ajuda a reduzir a dor e espasmos musculares. A água oferece suave resistência durante os movimentos e, ainda, a oportunidade de treinamento em várias velocidades. Esses componentes fazem com que o exercício aquático seja um excelente método para aumento da resistência e força muscular.

Por décadas o repouso foi, juntamente com a medicação, o tratamento predominante para AR em adultos e crianças (AR juvenil). Essa atitude vem mudando, uma vez que os benefícios do tratamento com exercícios físicos regulares em pacientes com artrite são cada vez mais evidentes. Vários estudos pilotos utilizando diferentes programas de tratamento vêm sendo realizados, porém existe grande necessidade de padronização e controle dos protocolos propostos16.

Segundo Foley et al. que fizeram um levantamento de trabalhos utilizando a hidroterapia no tratamento de artrites, achados positivos foram detectados na maioria dos trabalhos avaliados, mas em nenhum deles foi alcançada de maneira satisfatória uma conclusão baseada em evidências, quanto à eficácia da hidroterapia para pacientes com AR.

Por ser uma doença crônica, a AR interfere diretamente na qualidade de vida incluindo aspectos físicos, psicológicos e sociais; é tradicionalmente considerada a doença de maior impacto em todos os aspectos de qualidade de vida. Assim, as intervenções terapêuticas propostas no tratamento dessa patologia visam a melhora na qualidade de vida dos pacientes.

2.4.2 ANÁLISE

Ao analisar os estudos de uma pesquisa exploratória qualitativa, utilizando a revisão bibliográfica, buscando nas literaturas assuntos que abordaram a atuação da Fisioterapia utilizando a hidroterapia como tratamento da artrite reumatoide em idosos, nota-se nessas pesquisas segundo os autores citados que a intervenção fisioterapêutica, através da hidroterapia tem seus benefícios, atua diretamente no processo de recuperação motora, das atividades funcionais, redução de edema, dor, e da sobrecarga sobre as articulações, promovendo melhor conforto ao paciente.

Contudo nota-se uma carência de estudos com evidências que comprovem os efeitos dos programas de reabilitação aquática para pacientes portadores de artrite reumatóide, o que pode consequentemente interferir na motivação clínica para despertar nos profissionais o interesse em utilizar tal recurso terapêutico, visto que a realização do tratamento poderia contribuir para que o paciente realizasse suas atividades funcionais diárias e reduzisse o uso de medicamentos, melhorando sua qualidade de vida.

Sugerem-se mais estudos para elucidar o tema em questão, onde novos estudos controlados com severidade metodológica adequada sejam realizados.

  1. DISCUSSÃO

Nos estudos investigados, pode-se perceber que a hidroterapia aplicada ao tratamento do paciente portador da AR têm sido ressaltada na literatura como uma forma de tratamento segura e eficaz. Notou-se que há uma ascendência da terapêutica aquática em termos de otimização do tratamento quando confrontado com os tratamentos em solo e que estes tendem a melhorar a amplitude de movimento (ADM) das articulações, a força muscular, a capacidade cardiovascular e o equilíbrio postural, colaborando assim na evolução da capacidade funcional do paciente.

As melhoras funcionais se devem aos princípios físicos da água, que contribuem no aumento da ADM através da força de flutuação que atua facilitando o movimento articular, através da viscosidade da água que contribui no melhor desempenho da força muscular, na pressão hidrostática que ajuda no condicionamento cardiovascular. Todas as propriedades da água somam-se melhorando a funcionalidade do paciente com AR. Sabe-se que a capacidade física e funcional dos pacientes portadores de AR apresenta-se reduzida devido ao quadro de dor, rigidez, inflamação articular, mobilidade articular diminuída e descondicionamento cardiovascular que comprometem a capacidade física e contribuem para a redução da qualidade de vida.

  1. RESULTADOS

Os estudos de Ferreira et al. e Foley et al. investigaram a utilização da hidroterapia no tratamento das formas de artrite e detectaram achados positivos quanto à eficácia da hidroterapia para os pacientes acometidos.

Ferreira et al. avaliaram oito pacientes do sexo feminino submetidas à um protocolo de exercícios em piscina aquecida entre 28ºC e 32ºC. O tratamento efetuou-se em 10 sessões de fisioterapia, duas vezes por semana com duração de 45 minutos cada sessão. Antes e após o tratamento todas foram submetidas à avaliação fisioterapêutica, à aplicação do Questionário Short-Form 36 (SF-36) e à ponderação da rigidez matinal, dor e qualidade do sono, por escalas analógico-visuais. Concluíram que o protocolo de hidroterapia executado possibilitou melhorias na qualidade de vida relacionada à saúde, diminuição dos sintomas de dor e rigidez matinal, além de melhora da qualidade do sono das portadoras de AR.

A hidroterapia mostra-se como um instrumento potencialmente benéfico para diminuir a dor e a rigidez articular, além de proporcionar maior qualidade do sono em pacientes portadores de AR, através de seus efeitos físicos e fisiológicos, que levam a respostas como melhoria do condicionamento físico, relaxamento muscular e redução da sobrecarga articular.

Eversden et al. realizaram estudo para comparar os efeitos da hidroterapia em piscina aquecida a 35°C com os efeitos do exercício no solo. Foram avaliados 44 voluntários divididos em grupos, onde os mesmos tipos de exercícios foram executados nos dois meios distintos. Foram realizadas sessões de 30 minutos, uma vez por semana, com duração total de seis semanas. Todos os grupos alcançaram efeitos idênticos nos questionários sobre o estado de saúde (EQ-5D), de funcionalidade física (HAQ), de saúde relacionado à qualidade de vida (EQ-5D VAS), na escala de dor e no tempo de caminhada de 10m. Concluíram que após o término das sessões, os indivíduos submetidos ao tratamento hidroterápico referiram sentir-se melhor ou muito melhor do que os que realizaram atividades no solo.

Da mesma forma, o estudo desenvolvido por Almeida et al. compararam as atividades em piscina aquecida e em solo destinadas ao tratamento de pacientes com AR. Trinta pacientes, de ambos os sexos, foram separados em dois grupos, onde 15 fizeram atividades em solo e 15 realizaram exercícios hidroterápicos. Os autores inferiram perceber uma redução no tempo de rigidez matinal e melhorias nos aspectos emocionais dos pacientes tratados na fisioterapia aquática, embora sem diferença estatisticamente significante.

A hidroterapia proporciona resistência suave, amplitude máxima de movimento e possibilidade de se exercitar em várias velocidades, tornando-se um extraordinário procedimento para somar resistência e força.

Os pacientes que participam de exercícios na piscina podem ter um alívio do quadro álgico e ainda uma minimização da depressão e da irritabilidade. Acredita-se que a influência positiva nos aspectos psicológicos se devam ao fato de que, na água o indivíduo se movimenta mais facilmente, levando-o à ter progressos mais rápidos em seu tratamento. Consequentemente a adesão à terapêutica e as perspectivas de uma melhor recuperação aumentam, principalmente, para aqueles que precisam enfrentar um longo tratamento. Desse modo, o paciente se torna mais consciente e assume um papel mais ativo no processo de reabilitação para alcançar seus objetivos.

  1. CONCLUSÃO

O artigo trata da atuação da Fisioterapia utilizando a hidroterapia como tratamento para pacientes com artrite reumatoide, por isso, foi apresentado os seguintes pontos: O conceito da artrite reumatoide; Alterações fisiológicas do idoso e como isso o deixa vulnerável ao surgimento da artrite reumatoide; Técnicas utilizadas dentro da hidroterapia; Princípios da água, efeitos fisiológicos da água, modificações e os benefícios da hidroterapia.

No acesso da pesquisa, investigando e analisando cada artigo, nota-se que os autores possuem argumentos semelhantes relacionadas à atuação da hidroterapia no tratamento da artrite reumatoide. É necessário que haja mais pesquisas relacionadas a este tema, de maneira a qual seja explorado mais afundo as técnicas utilizadas no tratamento, para que sejam atualizados e divulgados os estudos aos acadêmicos, profissionais e a comunidade.

Sendo assim, irá atingir mais pessoas ao compartilhar as informações essenciais aos indivíduos que apresentam essa patologia, com a finalidade de expandir a importância que tem a hidroterapia como tratamento.

Ao final desse trabalho pode-se concluir que a hidroterapia é eficaz e indicada para pacientes com artrite reumatoide, pois são comprovados os resultados que água aquecida pode influenciar no auxílio do tratamento fisioterapêutico, por possuírem benefícios que favorecem o conforto e melhor qualidade de vida ao indivíduo. Dessa forma, o paciente que recebe esse tipo de tratamento consegue realizar suas atividades de vida diárias normalmente, com mais conforto, bem estar físico e psicológico.

  1. GRÁFICOS
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