THE APPLICABILITY OF KING AND PEPLAU THEORIES IN PRIMARY HEALTH CARE BY NURSES: INTEGRATIVE REVIEW
REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/dt10202505311801
Kaila Karine Silva de Oliveira1
Karine Silva da Silva2
Kellen Carneiro Cruz3
Leilaine Saburi Cintas Ruiz4
RESUMO
A Teoria de Florence Nightingale, uma das mais influentes no campo da enfermagem, revolucionou a forma de entender o processo do cuidar, nesse sentido as teorias de enfermagem, como as de Peplau e King, oferecem estruturas conceituais que podem melhorar a relação enfermeiro-paciente. Investigar a influência das teorias de Peplau e King no manejo do paciente a adesão do tratamento clínico, identificar cenários possíveis em que podem ser aplicadas na APS, e compreender a aplicabilidade destas teorias, de forma integrada. Trata-se de uma revisão integrativa com abordagem qualitativa, foi realizada nas diferentes bases de dados Lilacs, PubMed, Portal de Periódicos CAPES e Scielo, publicados nos idiomas inglês e português nos últimos 10 anos. Os estudos evidenciaram lacunas na integração das teorias frente aos cenários aplicados, entretanto mesmo trabalhadas isoladamente elas se complementam, reforçando a integração na prática do enfermeiro. A valorização da comunicação e da interação enfermeiro paciente, presentes nas Teorias de Peplau e King, reforça a importância de sua integração para promover um cuidado alinhado às necessidades do paciente, evidenciando o papel essencial do enfermeiro na Atenção Primária à Saúde.
Palavras-chave: Atenção Primária, Comunicação, Relacionamento, Peplau, King.
1. INTRODUÇÃO
A Teoria de Florence Nightingale, uma das mais influentes no campo da enfermagem, revolucionou a forma de entender o processo do cuidar. Pela abordagem de Nightingale (1860, apud Siqueira et al., 2024), o ambiente influencia na recuperação dos pacientes, ao comprovar que fatores como ventilação, nutrição, iluminação e controle de infecções são essenciais para o bem-estar e a recuperação. Nesse viés, o ambiente deve ser considerado como um fator fundamental para a promoção e prevenção de doenças, sendo uma premissa de boas práticas ao longo da história da enfermagem.
Para Rigel et al. (2021), a impulsão da Teoria de Florence Nightingale não só permitiu que a prática de enfermagem se tornasse mais holística e dinâmica, como também impulsionou a criação de novas teorias, que moldam a assistência de enfermagem nos dias de hoje, refletindo as necessidades emergentes da saúde pública e constante avanço na Atenção Primária.
Conforme Brasil (2002), a Declaração de Alma Ata sobre cuidados primários propõe aos países integrantes firmar o compromisso de fortalecimento da Atenção Primária de Saúde (APS), visando alcançar a redução de desigualdades em países em desenvolvimento. Nesse contexto, a APS brasileira estrutura-se pela Estratégia Saúde da Família e Equipes de Atenção Básica (EABS), direcionando uma de suas atenções ao primeiro contato com o usuário (Heidemann, et al., 2023).
Nesta acepção, a Teoria das Relações Interpessoais descrita por Peplau (1952, apud Almeida; Lopes; Damasceno, 2005) é fundamental na Atenção Primária, pois busca entender o comportamento humano em quatro fases, sendo a orientação, identificação, exploração e solução. Mediante o exposto, a fase da identificação visa à compreensão dos fatores que envolvem o quadro clínico do paciente, seguida pela fase de exploração, na qual o enfermeiro incentiva o indivíduo a buscar alternativas para lidar com o problema apresentado. Desse modo, a fase da exploração destina-se ao envolvimento do usuário ao processo terapêutico, por fim, na fase de solução, o paciente atinge os objetivos pessoais e o enfermeiro consolida o processo do cuidado.
De acordo com (Moraes; Lopes; Braga, 2006), para que o processo interpessoal e terapêutico das etapas da Teoria das Relações Interpessoais seja eficaz, é necessário que haja a interação entre pelo menos duas pessoas, de modo que ambas se beneficiem. À medida que o profissional trabalhe a relação interpessoal, os métodos e princípios aplicados na prática clínica tornam-se mais eficientes para solucionar as necessidades do indivíduo.
Por conseguinte, a Teoria do Alcance de Metas desenvolvida por King (1981 apud Silva et al., 2024), busca descrever e analisar a interação da produção da comunicação efetiva do enfermeiro e paciente. Análogo a isso, devendo ter uma relação mútua influenciada pela percepção e reciprocidade, englobando a classe I sendo o acolhimento e classe II a adesão ao tratamento.
Diante disso, o indivíduo é inserido em três sistemas interativos: pessoal, interpessoal e social. Logo, o sistema pessoal envolve o enfermeiro e o paciente como indivíduos com suas necessidades e experiências únicas, já o sistema interpessoal refere-se à comunicação e interação entre ambos, partindo assim, para o sistema social onde aborda o contexto em que o cuidado ocorre (Silva et al., 2023).
Segundo Xavier, Tenório e Santos (2024), o enfermeiro como integrante da equipe de saúde e líder da enfermagem, desempenha um papel crucial na promoção da humanização na atenção básica. A interação entre a equipe de enfermagem e os pacientes pode aumentar as chances de um atendimento eficaz.
A atenção básica é a porta de entrada do sistema de saúde, desempenhando um papel fundamental na promoção da saúde, prevenção de doenças e na gestão do cuidado. Em um contexto em que a demanda por serviços de saúde é crescente e as necessidades da população se tornam cada vez mais complexas, é essencial que os profissionais de enfermagem adotem práticas fundamentadas em teorias que garantam um cuidado integral e humanizado.
As teorias de enfermagem, como as de Peplau e King, oferecem estruturas conceituais que podem ser utilizadas para guiar a prática e melhorar a relação enfermeiro-paciente. A compreensão da aplicabilidade dessas teorias na atenção básica é crucial, pois pode contribuir para a formação de profissionais mais capacitados e para uma gestão de saúde mais eficaz.
A aplicação da teoria de Peplau, permite que o enfermeiro compreenda e atue nas diferentes fases do relacionamento terapêutico, enquanto na teoria de King auxilia na definição de objetivos claros e alcançáveis, respeitando a individualidade do paciente. Ambas as teorias se complementam, pois, quando combinadas, oferecem uma base sólida para a prática de enfermagem, destacando a importância da comunicação eficaz, da colaboração e da promoção da saúde de maneira integral.
Apesar disso, a literatura atual apresenta uma lacuna em estudos que abordem especificamente a integração dessas teorias na prática da enfermagem na atenção básica. Sendo assim, compreender como essas teorias podem ser implementadas de forma integrada e quais os impactos na qualidade do cuidado é uma necessidade premente.
Neste estudo investigamos a influência das teorias de Peplau e King no manejo do paciente a adesão do tratamento clínico, identificamos cenários possíveis em que a Teoria das Relações Interpessoais e Teoria do Alcance de Metas podem ser aplicadas, e compreendemos a aplicabilidade destas teorias, de forma integrada na Atenção Primária à Saúde, visando aprimorar a interação entre enfermeiros e pacientes, bem como a qualidade do cuidado oferecido.
2. METODOLOGIA
Esta pesquisa efetuou-se por meio de uma revisão integrativa de abordagem qualitativa, conforme definido por Denzin e Lincoln (2006), que a entendem como um tipo de estudo investigativo voltado para a compreensão dos significados, experiências e contextos, buscando uma interpretação abrangente e holística dos fenômenos estudados. A busca foi realizada em diferentes bases de dados eletrônicas como a Scientific Electronic Library Online (SciELO), a U.S. National Library of Medicine (PubMed), Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS) e o Portal de Periódicos CAPES, com a inclusão de artigos nos idiomas português e inglês.
Para a realização da busca literária, foram empregados termos extraídos dos Descritores em Ciências da Saúde (DeCS), disponibilizados pela Biblioteca Virtual em Saúde (BIREME) como: Atenção Primária, Adesão ao Tratamento, Consulta de Enfermagem, Enfermagem e Relações Interpessoais. Entretanto, escolheu-se por não utilizar apenas os descritores do DeCS, pois termos como “Imogene King”, “Hildegard Peplau”, não estão padronizados nesse vocabulário. A inclusão dessas palavras-chave foi fundamental para abranger as teorias específicas relacionadas ao estudo e garantir uma quantidade suficiente de resultados. Isso permitiu explorar uma variedade maior de artigos e ampliar a pesquisa, indo além das limitações da padronização do DeCS.
A estratégia de pesquisa foi estruturada mediante a utilização dos operadores booleanos AND e OR, a fim de possibilitar a combinação adequada dos termos e ampliar a abrangência dos resultados pertinentes. Optou-se pela não utilização do operador booleano NOT, considerando que os descritores escolhidos apresentavam especificidade suficiente em relação ao objeto de estudo. Dessa forma, eventuais publicações que não correspondessem ao escopo da Atenção Primária à Saúde foram excluídas na fase de análise crítica e seleção final dos materiais, sem a necessidade de limitação prévia durante a etapa de busca.
Em complemento, utilizaram-se operadores booleanos e descritores alinhados ao objetivo de analisar a aplicação integral da Teoria de Peplau e King na Atenção Primária. A combinação “Imogene King” AND “Atenção Primária” e “Imogene King” AND “Primary Health Care”foi utilizada para localizar estudos sobre a Teoria do Alcance de Metas no contexto da APS. Já “Hildegard Peplau” AND “Atenção Primária à Saúde” AND “Enfermagem” e “Hildegard Peplau” AND “Primary Health Care” buscou captar a importância do vínculo terapêutico segundo Peplau. Seguida pela estratégia “ Peplau” AND “King” AND “Enfermagem” e “Peplau “AND “King” AND “Nursing” com o intuito de encontrar a integração das duas teorias. Essas estratégias garantiram a coerência entre a fundamentação teórica e a seleção dos artigos.
A base da pesquisa se deu pelo método PICO, organizado da seguinte maneira: o “P” corresponde a profissionais de enfermagem da atenção básica, o “I” envolve o cenário identificado para a aplicabilidade das teorias, especificamente a Teoria das Relações Interpessoais de Peplau e a Teoria do Alcance de Metas de King, e o “Co” refere-se ao contexto de melhoria na interação entre enfermeiro e paciente, visando aprimorar a qualidade do cuidado oferecido.
Os critérios de inclusão para a seleção dos artigos foram: publicações eletrônicas nos últimos 10 anos, estudos realizados no contexto da (APS) e prática de rotina do consultório de enfermagem. Por outro lado, os critérios de exclusão englobam estudos que não se concentrem na enfermagem ou na atenção básica e artigos incompletos.
A questão central da pesquisa é: “Como as teorias de enfermagem de Peplau e King podem ser aplicadas de forma integrada na prática da Atenção Primária à Saúde, para melhorar a interação entre enfermeiros e pacientes?”.
A análise dos artigos selecionados foi realizada com base no fluxograma PRISMA, com o intuito de sintetizar as evidências encontradas e as contribuições para a prática de enfermagem, proporcionando uma visão mais aprofundada sobre a aplicação das teorias de enfermagem na atenção primária à saúde e sua influência na relação enfermeiro-paciente.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
A partir da busca realizada aplicando-se os critérios descritos acima, foram localizados 24 registros, dos quais 10 foram eliminados por serem duplicados e 5 excluídos por não atenderem os critérios de inclusão. Após a leitura dos títulos e resumos, 09 publicações foram selecionadas para os registros de triagem. A leitura na íntegra resultou na seleção de 09 estudos que foram incluídos na revisão e cujos dados foram analisados (Figura 1).
Figura 1- Fluxograma de seleção dos artigos, elaborado conforme recomendações do PRISMA.

O Quadro 1 apresenta os principais achados dos estudos incluídos nesta revisão, distribuído por título do estudo, teoria identificada, influência da teoria e cenário da APS que foram aplicadas. Essa organização dos dados possibilita a visualização estruturada das informações, favorecendo a análise crítica sobre a aplicabilidade das Teorias de Peplau e King no contexto da APS.
Quadro1- Síntese dos estudos sobre a aplicação das teorias de Peplau e King na APS.



A análise dos estudos selecionados revelou uma predominância significativa da aplicação da Teoria do Alcance de Metas, de Imogene King, em comparação à Teoria Interpessoal de Hildegard Peplau, especialmente no contexto da Atenção Primária à Saúde (APS). Observou-se que a maior concentração das produções científicas está localizada na região Nordeste do Brasil, seguida pela região Sudeste, o que suscita questionamentos sobre a limitação geográfica dos estudos e a possível subutilização dessas abordagens teóricas em outras regiões do país. Os dados evidenciam que a Teoria de King tem sido amplamente incorporada na prática assistencial da APS, enquanto a Teoria das Relações Interpessoais de Peplau ainda é pouco explorada nesse nível de atenção, apesar de seu potencial equivalente. Embora fundamentado na Teoria do Alcance de Metas de King, o estudo de (Borges et al., 2019) destaca a importância de elementos como empatia, comunicação e reconhecimento dos papéis sociais — componentes igualmente centrais na teoria de Peplau, embora esta não seja referenciada diretamente. Por sua vez, (Paes, 2019), ao empregar a Teoria Interpessoal no cuidado a pessoas vivendo com HIV, enfatiza a espiritualidade e a relação terapêutica como facilitadores da adesão ao tratamento, especialmente durante a fase de identificação, sem, contudo, integrar conceitos da teoria de King, como o estabelecimento de metas. Essa análise comparativa revela uma lacuna importante na literatura quanto à integração dessas duas teorias, que, por abordarem dimensões complementares do cuidado, podem ser combinadas de forma estratégica na APS.
Tal ausência reforça a necessidade de ampliar o reconhecimento da teoria de Peplau nesse cenário, considerando sua aplicabilidade em processos comunicacionais e relacionais, fundamentais à prática do enfermeiro na atenção básica.
A pesquisa também revelou que o grupo de usuários abordado nos estudos sobre a aplicação das teorias de enfermagem na Atenção Primária à Saúde (APS) manteve-se majoritariamente composto por pacientes com diabetes mellitus e hipertensão arterial sistêmica. Em menor número, foram identificadas produções voltadas ao cuidado de pessoas vivendo com HIV e, de forma isolada, apenas um estudo voltado ao tratamento da tuberculose. Na comparação dos estudos sobre hipertensão e diabetes, ambos fundamentados por King observou-se que , o foco esteve na percepção e como o paciente ou usuário compreende o profissional enfermeiro, sendo uma autocrítica de qual forma o serviço pode ser melhor ofertado (Bezerra et al., 2020). Já nos estudos do paciente diabéticos a teoria foi aplicada de forma a corresponsabilizar não só o papel do enfermeiro na condução do caso clínico, como também o próprio paciente, pois a adesão do tratamento é de acordo com suas mudanças de hábitos alimentares e de vida (Araújo et al, 2018).
Além dessas condições crônicas prevalentes, dois estudos analisados destacaram o papel da enfermagem frente à aceitação do diagnóstico de agravos que envolvem maior carga emocional e estigma social, como o Transtorno do Espectro Autista (TEA) e o HIV. No caso do TEA, a Teoria Interpessoal de Peplau embasa uma prática de cuidado centrada na relação enfermeiro-família, evidenciando que o vínculo e a escuta qualificada favorecem a identificação precoce dos sinais e o acolhimento da família no enfrentamento do diagnóstico (Oliveira, 2024). Por sua vez, o estudo voltado à descentralização do cuidado às pessoas vivendo com HIV, guiado pela Teoria de King, reforça a importância da comunicação segura e da construção de metas compartilhadas como forma de fortalecer a adesão ao tratamento e promover a autonomia do paciente (Lima et al., 2021). Apesar de cada estudo adotar uma teoria de forma isolada, é possível observar que ambas se complementam ao abordar dimensões fundamentais do cuidado: enquanto Peplau foca na construção do vínculo terapêutico e no processo comunicacional, King contribui com a visão holística e o planejamento de ações em parceria com o usuário.
Ainda com base na Teoria de Imogene King, destaca-se um estudo voltado ao cuidado de pessoas com tuberculose, que reforça a corresponsabilização do paciente no processo terapêutico. A aplicação da teoria favoreceu o fortalecimento do vínculo terapêutico, a adesão medicamentosa e a superação de estigmas, ao mesmo tempo em que destacou a autonomia do enfermeiro diante dos desafios da educação permanente na APS (Silva et al., 2024). Esses achados ampliam as evidências sobre a aplicabilidade da teoria de King em contextos clínicos marcados por vulnerabilidades sociais, reafirmando seu potencial na promoção de um cuidado participativo e humanizado.
Em síntese, Oliveira et al. (2021) demonstram que, ao aplicar a Teoria do Alcance de Metas de Imogene King no cuidado a pacientes hipertensos, a comunicação eficaz entre enfermeiro e paciente favorece o estabelecimento de metas e a adesão ao tratamento. Por outro lado, Silva et al. (2015), ao utilizarem a Teoria Interpessoal de Peplau no acompanhamento de idosos, evidenciam a importância dos papéis de liderança e substituição na construção de vínculos terapêuticos. Ambas as abordagens, embora aplicadas de forma isolada, compartilham a valorização das relações interpessoais, apontando para o potencial de integração entre as teorias como estratégia para fortalecer um cuidado mais humano e centrado na APS.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A presente revisão integrativa alcançou plenamente seus objetivos, mesmo diante da delimitação cronológica adotada na seleção dos estudos e da ausência de estudos recentes que integrem formalmente as teorias de Peplau e King. Embora essa articulação direta não tenha sido identificada no período investigado, observou-se que os conceitos, práticas e a linguagem dos estudos analisados revelam afinidade com os fundamentos da Teoria das Relações Interpessoais de Peplau e com os princípios da Teoria do Alcance de Metas de King. Ainda assim, o desconhecimento teórico por parte dos profissionais limita a aplicação consciente dessas abordagens na Atenção Primária à Saúde (APS).
A investigação revelou que ambas as teorias, mesmo quando analisadas separadamente, contribuem para qualificar o cuidado, ao favorecer uma prática centrada na interação, na escuta e na corresponsabilização do paciente sobre seu processo de saúde. Esse achado dialoga diretamente com os objetivos deste estudo: investigar a influência dessas teorias no manejo clínico e na adesão ao tratamento, identificar os cenários possíveis de aplicação e compreender o potencial de sua integração na APS como estratégia de aprimoramento da relação profissional-paciente.
Conclui-se, portanto, que, embora a produção científica recente ainda não ofereça exemplos consolidados da integração das teorias de Peplau e King, os elementos conceituais analisados indicam que essa articulação é teoricamente promissora. Quando consideradas em conjunto, ambas as abordagens oferecem subsídios potentes para fortalecer o vínculo terapêutico, a comunicação efetiva e o planejamento colaborativo do cuidado.
Ademais, à luz dos resultados obtidos, a pergunta norteadora — “Como as teorias de enfermagem de Peplau e King podem ser aplicadas de forma integrada na prática da Atenção Primária à Saúde, para melhorar a interação entre enfermeiros e pacientes?” — foi adequadamente respondida no plano conceitual. A análise permitiu inferir que, embora essa integração ainda não esteja consolidada na produção científica atual, há bases compatíveis que apontam para sua aplicabilidade e relevância no fortalecimento da prática profissional. Diante disso, recomenda-se o aprofundamento de investigações voltadas à construção de modelos teóricos integrados, que possam ser utilizados como instrumentos formativos e práticos por profissionais e acadêmicos. Assim como Florence Nightingale lançou as primeiras luzes sobre a importância do conhecimento sistematizado na enfermagem, é essencial que os estudos atuais continuem a expandir as fronteiras teóricas da profissão, fortalecendo o cuidado clínico, a autonomia profissional e o compromisso com a qualidade do atendimento prestado na Atenção Primária à Saúde.
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1Discente do Curso Superior de Enfermagem da Faculdade Martha Falcão – Wyden. e- mail: Kailakarine@icloud.com
2Discente do Curso Superior de Enfermagem da Faculdade Martha Falcão- Wyden. e- mail: Karinne2@hotmail.com
3Docente do Curso Superior de Enfermagem da Faculdade Martha Falcão- Wyden. Graduada em Psicologia e Mestra em Ciências e Meio Ambiente (UFPA). e- mail: kellen.cruz@professores.fmf.edu.br
4Docente do Curso Superior de Enfermagem da Faculdade Martha Falcão- Wyden. Graduada em Fisioterapia, Licenciada em Dança, Bacharel em administração e Mestre em Turismo e Hotelaria (UNIVALE). e- mail: leilaine. saburi@gmail.com