A AFETIVIDADE NAS RELAÇÕES E NA FORMAÇÃO DO DOCENTE NOS CURSOS DE LICENCIATURA EM QUÍMICA E MATEMÁTICA NO INSTITUTO FEDERAL DE SERGIPE, CAMPUS ARACAJU

Affection in relationships and teacher training in the Chemistry and Mathematics Degree courses at the Federal Institute of Sergipe, Campus Aracaju

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.11669212


Michael Douglas Santos Monteiro
Marcos Vinícius Quirino dos Santos
Iasmin Alves Ribeiro


Resumo

A sala de aula é um ambiente onde os personagens presentes no processo de ensino são permeados pelas relações. Onde a compreensão da afetividade e do seu papel é de fundamental importância para a formação humana, das interações e convivências no processo de ensino-aprendizagem. Dessa forma, foram realizadas 19 entrevistas com discentes e docentes dos cursos de Licenciatura em Química e de Matemática do Instituto Federal de Sergipe Campus Aracaju, entre novembro de 2015 e março de 2017. Com o objetivo de analisar e compreender a afetividade na relação professor-aluno, na sua formação docente. As entrevistas demostram que a afetividade na prática pedagógica, como um dos pilares da formação, no intuito de fortalecer os cursos de licenciatura, como também refletir e repensar sobre a afetividade nos projetos pedagógicos do docente em formação.

Palavraschave: Wallon, Educação, Ensino-arprendizagem.

Abstract

The classroom is an environment where the characters present in the teaching process are permeated by relationships. Where the understanding of affectivity and its role is of fundamental importance for human formation, interactions and coexistence in the teaching-learning process. In this way, 19 interviews were conducted with students and professors of the Chemistry and Mathematics Degree courses at the Federal Institute of Sergipe Campus Aracaju, between November 2015 and March 2017. In order to analyze and understand the affectivity in the teacher-student relationship, their teacher training. The interviews show that affectivity in pedagogical practice, as one of the pillars of training, in order to strengthen undergraduate courses, as well as reflect and rethink about affectivity in the pedagogical projects of the teacher in training.

Keywords: Wallon, Education, Teaching-learning.

Introdução

A importância da reflexão sobre a metodologia nos processos de ensino-aprendizagem na sala de aula e na formação dos docentes são abordados em diversos estudos. Onde a evasão, a falta de interesse por parte dos estudantes e outras problemáticas, são produtos tanto da metodologia de ensino-aprendizagem, quanto das interações entre os seres humanos (Borges et al., 2014; Figueiredo & Salles, 2017; Louis, 2005; Negreiros et al., 2017; Ribeiro & Jutras, 2006).

As relações entre os personagens presentes no processo de ensino são permeadas pela afetividade. A afetividade é a capacidade do ser humano ser afetado por sensações agradáveis e desagradáveis pelo mundo interno e externo, sendo essa responsável pelas emoções, sentimentos e pela paixão, segundo Henri Wallon. A ausência da relevância desse fator no processo da formação e da atuação do profissional agrava as problemáticas pedagógicas, devido as relações docente-discente serem mediadas por crenças, sentimentos, motivações e habilidades  (Barbosa & Müler, 2016; Reis et al., 2012; Rezende & Isobe, 2017).

A afetividade se apresenta em diferentes níveis e situações, na Educação infantil, no Ensino fundamental, no Ensino superior, no Ensino A Distância (EAD), entre professores e em relações em outros processos.   

O desenvolvimento do profissional é o objetivo elementar da formação educacional. Entretanto, muitas disciplinas pedagógicas desconsideram que a sala de aula seja também, um espaço de formação humana, de interações e convivências. No ensino superior, segundo os trabalhos na literatura, o sistema de ensino é baseado em um “contrato”, onde o docente atua como um tutor a distância, ausente de interação e desconsiderando que essas relações sejam permeadas pelo sentimento de acolhimento, respeito, simpatia e apreciação, além da aceitação e compreensão. Esses processos se dão, devido o engessamento das relações no Ensino superior, além do conceito de afetividade ser entendido como um envolvimento de amizade e intimidade (Quadros et al., 2010; Rodríguez & Cruz, 2009; Tonelli et al., 2015).

Por esse motivo, esse artigo objetiva discutir sobre a afetividade na relação professor – estudante nos cursos de Licenciatura, contribuir na formação dos futuros docentes, na reflexão sobre a afetividade nos projetos pedagógicos dos cursos de Licenciatura, discutir a afetividade na prática pedagógica, como um dos pilares da formação e favorecendo o fortalecimento dos cursos de licenciatura. Os estudos foram realizados através de entrevistas semiabertas, realizadas com 10 estudantes e com 9 professores do Instituto Federal de Sergipe – Campus Aracaju, ressaltando a importância da afetividade nessas relações e o quanto ainda permanecem lacunas na formação docente.

Material e métodos

Em consonância com a visão de homem integradora proposta por Wallon, realizou-se a pesquisa no cunho qualitativo, uma vez que se propôs-se a compreender as relações humanas, suas representações e intencionalidades, buscando significados dos motivos, dos valores, das atitudes e suas implicações.

Dessa forma, objetivando compreender a percepção dos mesmos em relação a afetividade na relação professor-estudante, na sua formação docente e de acordo com a metodologia escolhida foram realizadas 10 entrevistas com discentes dos cursos de Licenciatura em Química e de Matemática, entre novembro de 2015 e fevereiro de 2016. Onde o número de aprovação do Comitê de Ética é 61420316.9.0000.8042. A delimitação na escolha desses personagens baseou-se nos seguintes critérios: alunos do último ano de curso, que estivessem devidamente matriculados, e que estivessem cursando ou que já tenham realizado os estágios obrigatórios da licenciatura. Foi realizada a escolha por esses alunos, pelo fato destes já terem vivido maior parte do curso de licenciatura e estarem iniciando o estágio docente, faltando poucos meses para serem professores licenciados.

Em consonância com os resultados obtidos, foram realizadas entre novembro de 2016 e março de 2017, entrevistas com 9 professores dos cursos de Licenciatura em Química e de Matemática. Buscando analisar os mesmos quesitos sobre a relação professor-estudante. Os critérios de escolhas dos docentes, passava-se pela necessidade, dos mesmos trabalharem na Instituição, sendo atuantes na formação dos futuros docentes, no curso de Licenciatura em Química e/ou Matemática.

Esse número de sujeitos não foi definido a priori uma vez que, de acordo com a metodologia adotada, o número só é definido após o início das entrevistas, quando for percebido que houve saturação dos dados. As interlocuções foram realizadas separadamente e individualmente, em uma estrutura semiaberta tanto com os alunos, quanto com os professores. Estas foram gravadas mediante a autorização para a utilização do gravador e após a assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido pelos sujeitos, assegurando o sigilo e o anonimato. Favoreceu-se assim a relação intersubjetiva do entrevistador com o entrevistado e por meio de trocas verbais e não verbais, permitiu a compreensão dos significados, dos valores, e das opiniões dos atores sociais.

As entrevistas foram realizadas face a face, entrevistado frente entrevistador, onde estão ambos sujeitos a influências verbais (o que é dito e perguntado), não verbais (comunicação cronêmica – pausas e silêncios, cinéstica – movimentos corporais e para-linguísticos – volume e tom da voz), e visualizações das expressões faciais do interlocutor.

Após os encontros, realizava-se as transcrições e as análises das entrevistas, que foram feitas no período entre fevereiro e abril de 2016, para as dos estudantes e entre abril e maio de 2017, para as dos docentes. Essas eram executadas a partir dos áudios salvos no gravador usado durante as coletas dos dados, em que o entrevistador ouve o áudio por quantas vezes forem necessárias para que não se tenha dúvida do que foi dito pelo entrevistado, e por seguinte é digitado em paralelo ao áudio, exatamente como foi mencionado pelos discentes colaboradores.

A transcrição de material verbal foi feita a maneira mais detalhada que é a transcrição literal de uma entrevista gravada com a inclusão de sinais indicando entonações, sotaques, regionalismo e “erros” de fala. É a transcrição mais completa, mais informativa. Em seguida fez-se a representação de dados formando um elo com a técnica da coleta de dados, a construção de sistemas descritivos a partir da transcrição faz a ligação com a interpretação dos dados. Embora a pesquisa qualitativa seja mais indutiva do que dedutiva, não há como afirmar que a construção de um sistema descritivo seja totalmente livre de perspectivas, valores e emoções de quem prepara um sistema de categorização de eventos.

As análises, foram feitas através da observação, bem como das transcrições das entrevistas, o que permite uma compreensão detalhada dos valores e contextos específicos dos discentes entrevistados. A partir das transcrições, foram divididas as falas que remetiam ligação com a temática estudada, e por seguinte agrupou-se entre elas em unidades de significados, ao qual as mesmas remetiam similaridade e sinais de equidade. Os nomes dos sujeitos que contribuíram com esta pesquisa foram substituídos por nomes presentes no vocábulo da química, onde os devidos pseudonomes atribuídos de forma hipotética, seguiam-se ao lado da fala juntamente com o período do citado discente colaborador.

Resultados e discussão

A observação e a análise de todas as entrevistas, apresentaram diversos pontos em comum que explicam as dificuldades nos processos de ensino aprendizagem, as problemáticas nas relações entre os diversos personagens que influem a sala de aula (dentro e fora dela) e as influências da formação da pessoa (professor e estudante) nesse ambiente educacional.  Observando essas noções a colaboradora Platina, demonstrou um ponto criterioso para uma boa interação no ambiente da sala de aula. Comprovando que essas metodologias que vêm se perpetuando, na visão única do conteúdo gera diversas lacunas, ao não considerar o estudante e os aspectos fundamentais para a relação nessas interações.

“Comprometimento, companheirismo, uma ligação que a gente teria de respeito, que eu acho que o principal papel que seria relacionado a afetividade seria o respeito que eu teria entre… entre os meus alunos e comigo” […] quando você tem uma relação de respeito com o professor você torna as coisas mais fáceis pra você… não torna aquela coisa mais difícil…” […] ensino-aprendizagem pra mim só significa uma coisa… uma relação afetiva, se tem respeito o aluno é capaz de aprender… o professor é capaz de ensinar… é capaz dessa ponte entre ensino e aprendizagem…” (Platina, 8ª período).

O relato da estudante ressalta o quão a teoria walloniana de afetividade está no desenvolvimento dos personagens da sala de aula. Henri Wallon aponta que o desenvolvimento do ser humano se processa de forma integrada, a partir do afetivo, do motor (movimentos) e do cognitivo, além de que, para o pensador a afetividade é o pilar que constitui a base do desenvolvimento cognitivo (Boato, 2009; Conti & Palma, 2016; Santos et al., 2017). O discurso de Platina reforça a ideia de que a afetividade é respeito, que é um fator determinante na aprendizagem do discente, o que firma o pensamento de integração dos pilares que constituem o ser enquanto pessoa, ou seja, o afetivo se comunica com o cognitivo de forma integrada, não de forma separada, e sim constituindo-se mutuamente. Ressaltando dessa forma, que não há aula sem respeito e não há capacidade de aprendizado sem essa conexão, inviabilizando o processo.

A discente denominada Amina, demonstra através da sua fala, o quão a “afetividade positiva”, a boa relação, o respeito, permite a admiração. Ponto crucial para o desenvolvimento e do gostar do professor, chegando assim a possíveis interações mais efetivas na sala de aula.  Permitindo notar, o quanto essas ações de respeitar contribuíram para a formação da pessoa (Pereira & Abib, 2016).

“é questão de relacionamento… relacionamento bom e ruim… a proximidade… ajuda “né”… um gostar… da pessoa… é uma afetividade positiva… “eh” se retrata de respeito… admiração” (Amina, 8º período).

O que foi exposto por Amina, corrobora com a afetividade como um dos fatores fundamentais para análise e percepção para um profissional atuar de uma forma adequada na sala de aula. Pois, demonstra a importância de um plano pedagógico para nortear as práticas que conecte tantos aspectos que acabam não sendo considerados em relação a sala de aula, refletindo na resolução de problemas, na atuação na sala de aula, nas avaliações, na identidade profissional e pessoal do docente (Longarezi & Alves, 2010).

Através das falas de Alceno e Carboxila, a afetividade se dá mediante relação com o outro, expressa nos atos e na comunicação entre os sujeitos. Situa-nos o quanto a mobilização de sentimentos e as manifestações afetivas estão ligadas por sensações de bem-estar com o próximo e a interação nos conhecimentos, onde tais critérios são correlacionados também como os sentimentos mobilizam as ações (Pereira & Abib, 2016).

“se você ver que a pessoa precisa de ajuda… não é necessário a gente pedir… mas… o cara se sentir voluntariamente… então isso daí eu creio que seja afetividade… você se importar como outro… querer ajudar espontaneamente…”(Alceno, 8º período).
“afetividade é estar em interação com pessoas proporcionando coisas boas… enfim uma troca de favores… de compreensão… de conversas… a forma de você “tá” interagindo… você “tá” contribuindo para o conhecimento do outro… tanto profissional quanto emocional… isso é importante “pra” que a gente consiga evoluir enquanto seres humanos. […] porque por exemplo… ai uma pessoa tem dificuldade em química orgânica…ai outro já sabe aquela matéria… vai ajudar… mas esse que sabe química orgânica vamos supor… físico-química ele já não sabe…” (Carboxila, 7º período).

Alceno e Carboxila inferem que as boas relações entre os estudantes permitem a formação e o desenvolvimento, devido as suas interações e experiências. Em consonância a esses critérios, o ensino superior, segundo Quadros, et. al. e Rodríguez e Cruz, há uma diferença alarmante nas interações entre professores e estudantes, chegando ao caso de constatarem que o professor de Ensino Superior é visto como um ser autoritário e com que pouco acessível para diálogo e relações afetivas, diferentemente do professor da Educação Básica (Quadros et al., 2010; Rodríguez & Cruz, 2009; Tonelli et al., 2015). Expondo assim, o quão à medida que outros níveis de ensino vão sendo alcançados, o docente altera o foco do seu trabalho de forma conteudista apenas, causando afastamento do docente em relação ao discente.

“no ensino superior nós estamos lidando com adultos e… adultos também tem problemas… em casa… pode ser com o namorado… o esposo.. com os pais.. e… eu acho importante que o professor tenha assim… aquele respeito com seu aluno… e busque entender porque esse aluno “tá” faltando as minhas aulas… porque esses alunos “repete” muito as disciplinas… porque ele reprovou…” (Carbonila, 7º período).

Dessa maneira, os sujeitos apresentaram a importância da influência do ambiente e da interferência desse em nossas sentimentos e ações. Por isso, é necessário que o professor reconheça essa faceta no seu discente, é importante a compreensão do aspecto humano da relação professor-estudante. Sendo assim, para manter a relação de afetividade, um dos pilares é conhecer o discente, tomando conhecimento de quem ele é, do que ele traz, é estar ciente das interfaces sócio-históricas que constitui o aluno, para que assim possa percebê-lo em sua totalidade.

“grupos de estudo “né”… você quando “tá” com… seus colegas ou… até no ambiente familiar mesmo… as vezes você com seu parente… você ter determinado parente… que você não… não tenha essa afetividade… você mantem determinada distância… e outros parentes… vocês já são mais próximos… tem um… um maior proximidade… a mesma coisa é em grupos… de amigos de.. de… você pode encontrar isso… um exemplo bem sucinto assim é na faculdade… aqui você tem os grupos que se relacionam bem e outros grupos você percebe uma determinada distância…” (Éter, 7º período).

A visão de afetividade para Wallon, está presente em várias esferas da vida, e onde há o descuido desse pilar, o que predomina é o distanciamento, a abnegação do estar perto, porém todo ser humano possui afetividade, sendo esta expressada de maneiras diferentes. É notável o quanto uma aproximação tanto para o personagem Éter quanto para o Platina, são importantes para a construção de diálogos, discursões e até debates. Estes aspectos são importantes para a relação do professor aluno, como já discutido anteriormente. A compreensão reciproca, mediante a fala citada anteriormente é completamente necessária.

“Se o aluno for também capaz de compreender que o professor as vezes “tá” de mal humor, se as vezes… acorda com o pé “direito” que… o filho do professor “tá” louco da vida… “tá” aquela coisa… que o professor não “tá” naquele jeito…  se o aluno é capaz de compreender aquilo… ele vai ser… “eh”… capaz de aprender o que o professor “tá” passando…” Platina, 8ª período.

Para a fala de Platina é visto a “humanização do ser professor”, em muitas ocasiões não é construído um diálogo com o professor pelo sentimento que alguns alunos tem de que o professor é superior ou está ali para fazê-lo estudar forçadamente. E, portanto, é necessária essa desconstrução para uma maior efetividade e companheirismo do professor com os alunos, e para o contrário também.

A escola é um espaço educativo que vai além da sala de aula, é um meio que possibilita a existência de grupos variados. Grupos espontâneos, formados pelo interesse das crianças, e grupos dirigidos pela instituição, como o grupo de classe, os grupos de trabalhos na sala de aula, os grupos de jogos, onde pode experimentar diferentes papéis, ora em situação que precisa aprender; ora obedecendo regras, ora alternando as regras postas. Dessarte, o grupo escolar apresenta grandes potenciais. A importância do trabalho em grupo, representando que gera socialização, redução dos impulsos agressivos, adaptação às normas estabelecidas, demonstrando a influência da aprendizagem no desempenho de papéis sociais e a superação do egocentrismo, entre outros.

Elucidaram assim, que o Instituto Federal de Sergipe – IFS, por ser um espaço de porte dimensional pequeno, que possui um esse fator em sua historicidade, de um corpo de alunado e professores relativamente pequeno ao compararmos com as outras instituições de ensino superior do Estado de Sergipe. Fator esse que favorece essa relação de proximidade, que permite uma maior interação e comunicação.

“aqui no IFS é pequeno então você tem aquela relação mais próxima com o professor… mais próxima com os colegas… não necessariamente “né”… porque tem gente que eu não conheço…” (Platina, 8ª período).

 “eu acho que um dos pontos positivos daqui do Instituto é justamente esse… não se é porque é… um.. um… uma instituição menor em relação as outras universidades… mas você acaba tendo quase sempre… essa relação… de afetividade com o professor…” (Amida, 7º período).

Tomando esses aspectos em suas múltiplas formas e influencias, a relação de proximidade, de comunicação entre professor e aluno nutre uma boa conexão, em que o professor ouve e dá voz ao aluno, ele se permite estar para, de forma a manter uma horizontalidade ao aluno. Ao se manter nessa relação horizontal ele pode perceber o desenvolvimento da sua turma, pode saber as dificuldades, se está havendo desenvolvimento e mutualidade das instâncias que compõe do ser como pontua Wallon. Demonstrando que tanto os professores, quanto os estudantes, ressaltam como relações ideais para um bom desenvolvimento cognitivo e uma boa relação com seus alunos e apresentaram também situações que não favoreciam esse desenvolvimento.

“tem muitos professores mesmos que não se preocupa com o aluno… ele só que jogar conteúdo… conteúdo… mas se preocupar com o aluno… ter aquele carinho pelo aluno… não só ensinar por ensinar… mas ensinar porque gosta da gente assim… gosta do aluno… eu acho que é muito importante ele ter esse lado também… essa relação pessoal entre professor e aluno.” (Carboxila7º período).

 ‘‘…eu não quero que as pessoas tenham medo de mim, que o aluno tenha medo de mim. E aí, as pessoas começam a concentrar toda a, a, a a atividade da disciplina, no medo, no rigor do professor e tal, ou seja, você fomenta no fundo, um ambiente, onde o afeto primordial é o medo, é o medo, onde todo mundo, ta meio que ansioso e pensa na prova, no trabalho […] eu trato os alunos de modo geral, como os meus iguais, é, não são diferentes de min, embora estejamos em posições distintas, do ponto de vista, do significa uma aula, o que significa uma disciplina, mas eu particularmente, os vejo como, como meus iguais”. (Arsênio, professor de filosofia)

Além desse critério relacional, a metodologia, a didática e o ambiente da sala de aula, são apresentadas como aspectos criteriosos e tão importantes quanto a afetividade, estando entre as responsabilidades do educador tornar e demonstrar que as disciplinas podem ser atrativas, e quanto a relação negativa traz problemas no desenvolvimento na sala de aula.

“A matemática, ela bicho de sete cabeças, ela é o bicho papão, ela é horrível, ela é difícil, ela é complexa, todos esses adjetivos são jogados pra matemática, então veja que a responsabilidade é enorme, enorme, justamente pra ver se essa quebra desse preconceito… …então é, ai quando você vai quebrando essas arestas e o preconceito que existe da matemática que isso começa bem cedo…” (Európio, professor de matemática)

“…cabe sim ao professor, criar um ambiente favorável, né, no ponto de vista sentimental, para que as pessoas se sintam bem na aula, para que as pessoas se sintam é, é, é, é, é, livres, pra, pra, pra desempenhar as suas atividades por que se não, não faz sentido”. (Arsênio, professor de filosofia)

Como o aspecto didático, os estudantes demonstram que é tão fundamental quanto, as disciplinas terem mais ligação com as vivências dos estudantes e com aplicabilidades no cotidiano. Em relação a esses critérios, tanto as entrevistas, quanto diversos estudos são congruentes (Martins et al., 2017).

“Então, olha, interligar disciplinas, o pessoal diz que é necessária transversalidade, essas coisas, agora, para fazer isso não é simples, entendeu, certo? E talvez complique mais o ensino né? (…) Por que a matemática tem umas técnicas dela, ta entendendo? (…) Mas ela tem essas técnicas e tem muitos alunos que, onde é que vou usar isso? Você está fazendo engenharia? Eu não digo, mas eu penso, ta fazendo engenharia? Não está fazendo matemática?” (Cromato, professor de matemática)

Essas falas culminam na importância do professor, quanto um ser com potencial de educador na sala de aula (Albuquerque, 2016). Entretanto, da mesma forma, segundo as próprias entrevistas, o mesmo pode se perceber quanto reconhecedor da possibilidade de cometer falhas e que essa visão implica nos movimentos do ambiente escolar.

“E a gente pode cometer erros na sala de aula, né? E você tem que ser  forte pra você dizer rapaz eu errei isso aqui ou dizer eu não sei, tem que ser muito forte, entende? Pra assumir que você não conhece, mas você tem dizer eu vou pesquisar e amanha eu trago, porque já aconteceu comigo. Entendeu? Então eu não sou perfeito, não sei tudo da matemática. O aluno fez uma pergunta assim. Rapaz eu não sei lhe responder não! Mas amanhã eu vou pesquisar e amanhã eu trago”. (Európio, professor de matemática)

Gerando com essa interpretação, o próprio docente pode mudar a sua visão em relação ao estudante, mas também, enxergar-se como um ser que pode e deve evoluir sempre. Como muito bem pontuado pelo professor Európio, o professor está sujeito a erros. Às vezes é difícil admitir para o aluno que não se sabe sobre aquele assunto, ou ainda, sobre a resposta daquele questionamento. E é totalmente normal não se saber de tudo, o aprender está na essência do ser humano, logo se estar em constante aprendizado. Uma boa relação professor aluno facilitará essa comunicação em relação a esses pontos.

“… comecei a ver as pessoas, o aluno como um ser humano também e não como a relação que muitos pedagogos, teóricos ou educadores ou empresários de escola visam, dizendo o aluno como cliente, o aluno, a relação com um cliente é fria. E ai eu comecei a perceber que eu podia melhorar, minha relação, meu diálogo, ouvindo, parando minha aula para ouvir, o que vocês acham da aula”? (Sulfato, professor de química)

Culminando assim, que a ausência dessa visão origina diversas visões distorcidas. Classificando e apresentando um docente com uma postura distante e inacessível, que inviabiliza uma relação mais efetiva tanto no aspecto afetivo e cognitivo do estudante. Em relação a esses pontos, Európio, professor de Matemática, opina o quanto a postura de “superioridade” implica nessas vivências, sendo consideradas como posturas negativas para a saúde dos componentes da sala de aula.

“…de repente tem um aluno que tem um conhecimento maior do que você naquela disciplina, né? Então você tem que se juntar a ele. Entende? E não você ficar lá, aqui quem manda sou eu aqui quem sabe sou eu e por aí vai. Quando o professor faz isso ele é forte de pedra, ele é fraco de personalidade. Ele quer ser supremo na sala de aula que ele que mandar que ele que sabem na realidade pra você dominar a sala de aula não é necessariamente você tem que ser imperativo eu quero que todos vocês fiquem enfileirados eu quero que vocês caladinhos na sala de aula, sabe? Então eu acho que não é assim”! (Európio, professor de matemática)

Igualmente, Sulfato retrata que a figura do professor, quanto em uma posição hierárquica, e a influência dessa para uma possível relação, que causasse um distanciamento e medo do aluno para com o professor. Sendo essa vivência, caracterizada como uma marca na passagem do conteúdo, sem uma preocupação relacional. Tornando uma relação fixa e unicamente conteudista.

É necessária uma maior igualação na relação professor aluno, tendo em vista uma relação mais reciproca e menos forçada a possível “hierárquica” existente. Faz se necessário um diálogo consistente e aproximativo.

 “…, mas as disciplinas de química, do curso de química, elas são assim, é, de transferir o conhecimento e pronto, eles nem se aproximavam, nem davam abertura para aproximação, né? Então, existia um, um, uma hierarquia muito grande, um respeito ao professor, mas assim, o respeito com outro, medo, muito temor…” (Sulfato, professor de química)

Reforçando assim, o quanto a ideologia está constantemente implícita e explicita na atuação docente. Esses ressaltam a necessidade no estudo e avaliação constante das formações dos professores, pois esses quesitos são as bases para os passos desse na sala de aula, além do desejo contínuo do mesmo procurar a formação contínua.

 “…é, então a gente tá em processo sempre de crescimento constante, então toda eu, eu você. Ate eu! Eu sou doutor em matemática eu sei tudo é? Não! Eu só sei um pouquinho então a gente aprende por fazer essas relações com os professores e agente ate muda sabia, né”? (Európio, professor de matemática)

“O professor também não é um produto acabado, ele aprende no dia a dia. E ai, você diz, puxa, eu já tenho vinte e cinco anos, cinqüenta, trinta de magistério, eu aprendi tudo? Não. A gente nunca deixa de aprender, por que sempre virão, novos, novos alunos, novos, novos valores, novas formas, novas legislações de ensino…” (Sulfato, professor de química)

 Em consonância a importância da formação, a afetividade se apresenta como é fundamental o mesmo encontrar base e firmeza para levar o curso em frente e até o final quando encontra em sua jornada. Docentes que nutrem uma aproximação com o estudante, que mantém uma boa relação entre os mesmos. A aproximação respeitável alimenta a vontade de ser professor, de concluir o curso. Assim, a afetividade fortalece o aprendizado, a continuidade, o querer aprender, estimula.

[…] “então “pra” mim a afetividade aqui no IFS seria os professores que eu tenho mais entrosamento… vamos dizer assim… e nem tanto a disciplina… mas sim a pessoas que o professor é. […] quando você tem uma relação boa com o professor você consegue tirar mas dúvidas… não ter medo de falar com ele qualquer momento.. você tem uma comunicação melhor… você consegue tirar dúvidas com mais facilidade… seja do ambiente acadêmico ou não. […] eu acredito que quando:: a gente tem um professor que é mais companheiro que… é mais humano vamos dizer assim… que não limita a conteúdo apenas.. você consegue aprender mais… por que você se esforça por… simplesmente pelo simples fato de gostar… do professor…” (Aldoxila, 7º período).

Para tal, as entrevistas dos estudantes ressaltam que o afeto se dá com aqueles professores ao qual se tem uma maior proximidade, a forma como o professor age, como trata os alunos e a disciplina. Ou seja, ambos são ativos no processo de construção dessa afetividade, detendo o poder de fazer e manter a relação ensino-aprendizagem ou não, quando é mantido uma boa relação entre esses, um vínculo onde o aluno possa falar, perguntar e ser ouvido, permitindo um processo de ensino-aprendizagem que flui de maneira positiva para um e outro.

Ressaltando assim que os docentes foram influenciados na sua formação, tanto nos aspectos da atuação, como na sua visão de mundo, sendo critério que constroem uma futura atuação docente, ficando claro também que algumas vivências proporcionaram reflexão na prática docente. Expressando que há relações construtivas, entre docentes-discentes, quando esses aprendem e ensinam no processo e nas vivências.

“Por que você como, formando, pesquisador da licenciatura, você vai se espelhar em alguém, alguém é exemplo pra você, uns podem ser exemplo do lado cartesiano, o outro pode ser exemplo do rigor da disciplina, outro pode ser exemplo da didática…” (Sulfato, professor de química)

  “ E já teve, tive um professor que ia pra aula sorrindo. Ele dava aula com alegria e ele aproveitava cada coisinha que cada aluno falava, você poderia falar coisa errada, se tivesse algo certo, ele aproveitava aquilo. E eu achava aquilo muito interessante, ele conseguia envolver a turma, ele conseguia ganhar a turma, mesmo sendo uma das disciplinas mais difíceis do curso. E eu dizia, eu quero ser assim”. (Carboxila, professora de matemática)

“…ele era uma pessoa extremamente… …sem controle no ponto de vista emocional. …ele achou que um momento, que as pessoas estavam caçoando dele e assim, esse cara fez um escândalo na sala de aula, e depois pegou suas coisas da sala de aula e foi embora … ele marcava aluno… …tipo, esse cara foi um péssimo exemplo pra mim”. (Arsênio, professor de filosofia)

Dessa forma, constata-se que a visão do professor influencia nas relações da sala de aula. Essa percepção demonstra que diversos pontos que influenciam e que também são vistos, podendo dificultar ou piorar problemas nas relações e no desenvolvimento intelectual. Porém, foi apresentada a problemática existente entre a teoria e a ausência de vivências para os futuros docentes compreenderem a prática. Para, dessa forma, uma melhor atuação foi indicado, que a satisfação é um importante aspecto constituidor da vivência e do estímulo do professor. A diferença da relação entre os professores de exatas, e os da educação, em que temos de um lado os professores das exatas que aparentemente demonstram menos afeto e por outro lado os da educação, estes já mantêm uma maior aproximação ao aluno, um grau de afetividade.

Com essas situações, foram abordadas também os momentos que os professores podem apresentar problemas, seja de ordem emocional, financeira e outras. Expondo dessa forma, que há a necessidade do cuidado do professor, de não prejudicar o desenvolvimento e a relação na sala de aula, por causa de problemas individuais. Fica claro, o quanto o professor é um ser humano, constituído de emoções e experiências que afetam o ambiente educacional.

Sendo também ressaltado que pode haver uma dificuldade por parte do professor em observar e entender o afeto nas relações e as situações vividas por cada estudante. Assim, quando esses critérios não menos compreendidos, podem gerar problemas no processo de ensino-aprendizagem e no desenvolvimento do discente. Notando assim, que os docentes não tiveram discussão, nas academias, sobre essas situações e não houve um preparo para entender esse aspecto do aluno.

“Mas eu não sei se nós estamos preparados para perceber esse tipo de, de, de movimentação de forma mais incisivo, é, por que? Por que, por que talvez, a gente mesmo, os professores, já estejamos numa vibe completamente diferente, em outra afeto também (risos), né? Em um afeto que tem muito mais haver no que você está fazendo ali, e muitas vezes você tem dificuldade para perceber o que está acontecendo ao redor ali, esquece que pode até ter dificuldade para fazer isso. Eu tenho particularmente”. (Arsênio, professor de filosofia)

Da mesma forma, na sala de aula, temos um ambiente de constante observação, onde alunos e professores passam uma análise mútua. Cabe ao professor observar seus alunos e dessa forma, é possível constatar problemas que transpassam o ambiente escolar, pois quando o professor passa a ver que o aluno traz uma vivência, que este está inserido num meio característico, com um social e histórico, o professor pode levantar respostas para os problemas que possam surgir na sala de aula, e tentar ajudar o aluno, para que este possa ter um desenvolvimento e que a relação ensino-aprendizagem seja alcançada (Camargo, 2017).

Tendo a necessidade do professor mostrar para o aluno, que ele está na sala de aula à disposição, que está para o diálogo, que está para o aluno, ele consegue assim manter cada vez mais o ensino-aprendizagem num gráfico crescente de desenvolvimento. Que posturas contrárias a esta, mostram-se negativas ao desenvolvimento do aluno, desenvolve barreiras, como o medo por exemplo, faz com que haja uma retração no crescimento do aluno, interrompe o cognitivo, fazendo com que o aluno seja passivo e não ativo no processo de ensino-aprendizagem.

Assim, todos os estudantes e professores concordarem que a afetividade é importantíssima, entretanto um importante quesito apresentado, foi o cuidado na relação docente-discente, e que essa tem alguns limites, seja sobre respeito, a integridade física ou até emocional. Cabe ao professor estabelecer os limites da relação professor-aluno. É preciso demostrar que ele está ali para o aluno, mas que ambos possuem um papel diante aquela situação sala de aula, que existem regras e que precisam ser respeitadas. Manifestando assim, o cuidado que há na relação construída entre os indivíduos na sala de aula, para que não sejam mal interpretadas, infringindo a integridade física e/ou moral desses.

“você sabe que o mundo é cheio de pessoa e essas pessoas agem de maneira diferente… alguns professores eles estão mais abertos a… a saber como é que você “tá” indo…  até se importa se você tirar uma nota baixa… ou se você não “tá” bem… ele consegue perceber… vai lá… conversa… ele ajuda… outros… ou por alguns problemas pessoais ou por não querer se envolver por medo de perder talvez até a autoridade com o aluno “né”… prefere não se manifestar assim… e eu vejo que… que os alunos pelo que eu vejo comentar… eles gostam mais de estar perto daqueles professores o que? Que estão sempre dispostos a escuta-los o que eles têm a dizer… tanto questão vida acadêmica como vida pessoal…” (Carboxila, 7º período).

Portanto, é colocado que a afetividade tem um papel muito importante para a aprendizagem, que abre caminho para que os alunos se sintam parte da aula, parte da disciplina, que estejam dentro do contexto ensinar-aprender, por mais difícil que seja para dispor de um “gostar” por uma determinada matéria, quando se tem a presença da afetividade esse caminho se torna menos árduo, não que o professor o aprove de imediato, mas o ajudem com estímulos mediados por conversas, por ouvir o aluno se permitir-se estar horizontalmente como seu alunado. Fatores estes que resultam no desenvolvimento do aluno. E que a depender do meio e contexto, o mesmo professor possa não assumir esta postura positiva com outros alunos, em outras turmas, pois isto depende da mutualidade do Ser professor-aluno e suas visões de completude.

“Então a gente é, tem um potencial enorme de transformação, transformar o sujeito”. (Európio, professor de matemática)

 “…ai eu fui percebendo que o aluno, é mais que um aluno, mais do que a razão, de estar na sala de aula, de estar na hora da prova, quantos valores são, traz, quer dizer, esforço, desprendimento, de vir a pé, estudou, eu não consegui visualizar aquilo naquele momento, que você não consegue fazer uma leitura de mundo de todos os alunos, que é impossível e a partir dai, eu comecei a ter um tratamento diferente com os meus alunos”. (Sulfato, professor de química)

Assim mesmo, para manter a relação ensino-aprendizagem ou estabilizá-la, é preciso nutrir a afetividade, tomando ações que recorram anteriormente ao lado afetivo, de forma a resolver problemas cognitivos numa determinada classe. Por isso é preciso tentar criar uma afetividade, principalmente quando é um primeiro contato, onde é preciso dar-se a tentativa, lembrando que cada aluno possui um universo, suas particularidades, onde estes, podem por um contexto histórico-social, não abrir espaço para esse tipo de interação.

Desse modo, quando o afetivo está em paralelo com cognitivo, ambos agindo de forma mútua, sem haver a separação destas instâncias, a relação ensino-aprendizagem é nítida, só o fato do professor conhecer o aluno, já incentiva ao aluno, por esse se importar, o aluno sente-se reconhecido, que tem um papel, e que é um ator importante no processo de ensino-aprendizagem como também na relação professor-aluno. A afetividade através das relações entre o professor-aluno, tem papel fundamental a construção do cognitivo e consequentemente para a construção do ser completo. Assim, o professor tem o papel de motivar, como é citado, motiva o aluno até mesmo em tomar aquela profissão como exemplo e querer assim levar a diante. O afeto na interação professor-aluno é de suma importância, uma vez que ela está para o desenvolvimento do Ser, do aluno. Então nutrir essas ações pode ocasionar a permanência e/ou o interesse do aluno na aula no curso.

Conclusão

Os achados apontam a importância de pôr em discussão e inserir a temática da afetividade no meio acadêmico, uma vez que esta observou-se que esta é um elemento importante e de extrema relevância para o processo ensino-aprendizagem. As entrevistas demostram que a afetividade na prática pedagógica, como um dos pilares da formação, no intuito de fortalecer os cursos de licenciatura, como também refletir e repensar sobre a afetividade nos projetos pedagógicos do docente em formação. A visão de homem trazida e evidenciada pelos sujeitos, implicam diversas repercussões na área da educação, implicando numa revisão das práticas pedagógicas, pois, a partir dessa visão integradora, é preciso caracterizar as relações de ensino-aprendizagem enquanto um processo afetivo, cognitivo e motor.

Nessa perspectiva, a atuação do professor e a forma como este procede na relação professor-aluno pode acarretar profundos efeitos no processo de ensino-aprendizagem. Destaca-se também a repercussão das práticas pedagógicas desenvolvidas pelo professor em sala de aula. Assim, afetividade precisa ser discutida no meio acadêmico, uma vez que parece existir uma carência de reflexão sobre a ideia integradora de homem, como pontua Wallon em seu postulado.  

Os dados apontam que a dimensão afetiva parece estar sendo negligenciada tanto na prática educativa dos professores, o que nos leva a pensar também se esta está também enquadrada nos currículos dos cursos de formação docente no ensino. As falas apontaram que quando os professores e alunos contribuem para uma relação afetiva positiva, isso parece implicar diretamente no processo ensino-aprendizagem, permanência no curso, motivação, e construção do ser aluno ao ser futuro professores.  Uma vez que as vivências acadêmicas são de importância para a constituição do Ser professor, através da vivência, constitui um fator de grande importância no processo de desenvolvimento do indivíduo e na relação com o outro.

As entrevistas apontaram que a dimensão afetiva parece estar sendo percebida pelos professores nas suas vivências educativas, porém, esses não têm a formação que possibilitem um arcabouço de conhecimento sobre a atuação nas diversas situações da sala de aula e a ausência do debate desses temas entre os docentes. Essa reflexão dar-se uma relevância ainda maior por tratar-se de alunos em formação docente e que serão futuros professores da educação básica e/ou superior. Dessa forma, refletir e buscar como está sendo a percepção sobre a afetividade da relação professor-aluno dos cursos de licenciatura é poder contribuir para uma atenção básica constituída por docentes que valorizam o aluno em sua integralidade.

AGRADECIMENTOS

Agradecemos a professora doutora Shirley Santos Teles Rocha por ter nos afetado positivamente e nos guiado em pesquisas e ótimas experiências, aos professores e os docentes do Instituto Federal de Sergipe, Campus Aracaju.

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