OS DESAFIOS DO TRANSTORNO DE DÉFICIT DE ATENÇÃO E HIPERATIVIDADE (TDAH) DA INFÂNCIA À VIDA ADULTA

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.8422854


Mário Jorge Souza da Silva1
Valdenora da Silva Pereira2
Orientador: Samuel Reis e Silva3


RESUMO 

O transtorno do Déficit de Atenção e hiperatividade é um transtorno neuropsiquiátrico que afeta adultos e crianças e apresenta sintomas caracterizados pela desatenção, a hiperatividade e a impulsividade, que se manifestam de acordo com a idade do indivíduo. Objetivos: este artigo busca analisar os aspectos do Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), explorando sua etiologia, os sintomas e os desafios enfrentados pelos portadores de TDAH ao longo da vida. Além disso, este artigo visa enfatizar a importância da abordagem multidisciplinar no diagnóstico e no tratamento do TDAH e o impacto das políticas públicas voltadas ao suporte dos indivíduos portadores deste transtorno. Metodologia: Para atingir esses objetivos, este artigo utilizou uma abordagem de pesquisa qualitativa e quantitativa, onde foram revisadas as literaturas cientificas e clínicas relacionadas ao TDAH, destacando resultados de estudos longitudinais, análises epidemiológicas e relatórios de casos. Também foram coletados dados através de entrevistas com profissionais da saúde e indivíduos diagnosticados com TDAH. Resultados: Os resultados provenientes desta pesquisa revelam que o TDAH é uma condição complexa, influenciada por fatores genéticos e ambientais. Os sintomas do TDAH apresentam uma variedade de consequências aos indivíduos acometidos pelo transtorno ao longo da vida, e o diagnostico torna-se fundamental para um tratamento eficaz. A importância da colaboração entre diferentes profissionais propicia um manejo adequado para o tratamento de TDAH, principalmente por meio de políticas públicas de inclusão. Conclusão: Com base nos resultados desta pesquisa é possível concluir que o TDAH é uma condição neuropsiquiátrica complexa que afeta significativamente a vida das pessoas com essa condição. Esse estudo contribui para uma compreensão sobre o TDAH e fornece diretrizes para profissionais de saúde, educação e políticas publica no manejo dessa condição neuropsiquiátrica. Em resumo, esta pesquisa oferece uma análise aprofundada do TDAH, abordando sua complexidade, diagnostico, sintomas e desafios ao longo do ciclo de vida, enfatizando a necessidade de uma abordagem multidisciplinar para lidar com o Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade.

Palavras-chave: TDAH, Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade, diagnóstico, sintomas, tratamentos, impactos.

ABSTRACT: 

Attention Deficit Hyperactivity Disorder is a neuropsychiatric disorder that affects adults and children and presents symptoms characterized by inattention, hyperactivity and impulsivity, which manifest depending on the individual’s age. Objectives: this article seeks to analyze aspects of Attention Deficit Hyperactivity Disorder (ADHD), exploring its etiology, symptoms and challenges faced by people with ADHD throughout their lives. Furthermore, this article aims to emphasize the importance of a multidisciplinary approach in the diagnosis and treatment of ADHD and the impact of public policies aimed at supporting individuals with this disorder. Methodology: To achieve these objectives, this article used a qualitative and quantitative research approach, where scientific and clinical literature related to ADHD was reviewed, highlighting results from longitudinal studies, epidemiological analyzes and case reports. Data were also collected through interviews with health professionals and individuals diagnosed with ADHD. Results: The results from this research reveal that ADHD is a complex condition, influenced by genetic and environmental factors. The symptoms of ADHD present a variety of consequences to individuals affected by the disorder throughout their lives, and diagnosis becomes essential for effective treatment. The importance of collaboration between different professionals provides adequate management for the treatment of ADHD, mainly through public inclusion policies. Conclusion: Based on the results of this research, it is possible to conclude that ADHD is a complete neuropsychiatric condition that significantly affects the lives of people with this condition. This study contributes to an understanding of ADHD and provides guidelines for health, education and public policy professionals in the management of this neuropsychiatric condition. In summary, this research offers an in-depth analysis of ADHD, addressing its complexity, diagnosis, symptoms and challenges throughout the life cycle, emphasizing the need for a multidisciplinary approach to dealing with Attention Deficit Hyperactivity Disorder.

Keywords: ADHD, Attention Deficit Hyperactivity Disorder, diagnosis, symptoms, treatments, impacts.

1 INTRODUÇÃO 

Este trabalho visa descrever “Os desafios do transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) da infância a vida adulta: uma revisão bibliográfica” como forma de auxiliar população a obter acesso a respeito desse tema, além de possibilitar a apreciação por parte de outros profissionais e estudantes da área saúde e educação de uma temática que já se encontra estabelecida na sociedade. 

O TDAH é um transtorno mental e crônico pois se manifesta no decorrer da vida, podendo até a fase adulta; é multifatorial, pois existe vários fatores envolvidos no seu desenvolvimento, sendo o fator predominante e também determinante o genético, mas acrescentam-se outros como: problemas durante a gestação, uso de cigarro, álcool ou drogas pela gestante, intercorrência durante o nascimento, ou outros fatores do cérebro como um traumatismo (Arruda, 2006 apud ALBUQUERQUE et al, 2022, p.3) * Aluno do Curso de Graduação xxxx da Universidade Federal de xxxxxxx. 

Além dos estudos sobre TDAH em crianças neste trabalho também serão abordados os desafios do transtorno na vida adulta. O interesse pelo transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) em adultos é demonstrado pelo significativo aumento de publicações a esse respeito nos últimos anos. 

Estudos revelam que, em média, 5 a 8 % da população infantil do mundo possui TDAH e 5 a 6 % da população adolescente brasileira possui TDAH; é um transtorno de grande impacto pois seus desdobramentos negativos na vida individual, familiar e social do portador vão mais longe do que se podia mensurar há alguns anos, incluindo tentativas de suicídio, divórcios, uso de drogas e desajuste social e apresenta três principais sintomas que, de acordo com a combinação ou predominância de um ou mais e suas manifestações clínicas, definem os subtipos de TDAH que o indivíduo possui e que são: o déficit de atenção ou desatenção que é o sintoma central do transtorno (mais comum em meninas); a hiperatividade que é o mais facilmente identificado e a impulsividade é o sintoma que geralmente os pais não reconhecem pois pode passar desapercebido como uma pequena ansiedade (Arruda, 2006 apud ALBUQUERQUE et al, 2022, p.3).

 É de relevante importância a compreensão desse estudo acerca do transtorno e dos desafios visando a eficácia da psicologia, ainda mais considerando que o tratamento psicológico é essencial para a melhoria da qualidade de vida do indivíduo. 

O que vai de encontro aos objetivos desse trabalho, sendo que o objetivo geral se dá na compreensão do TDAH e seus sintomas já descritos na infância à vida adulta e relacioná-los aos desafios na adaptação psicossocial. Enquanto nos objetivos específicos será destacado as principais contribuições sobre TDAH no intervalo temporal de 2012 a 2022, a classificação dos sintomas do transtorno de déficit de atenção e hiperatividade na infância e vida adulta e por fim relacionar os sintomas do TDAH aos desafios psicossociais na vida adulta e seus amparos legais.

 Com base neste entendimento, se abre a possibilidade de ampliar o conhecimento levando uma completa compreensão dos fatos. O que capacita a construção deste estudo, ou seja, a busca através de objetivo do estudo exploratório por meio de pesquisa bibliográfica com levantamento de dados coletados através de artigos indexados das plataformas eletrônicas Google Acadêmico e Scielo (Scientific Electronic Library Online), periódicos e revistas científicas, com abordagem qualitativa, onde o intuito é fornecer o entendimento e a contribuição da psicologia em frente aos desafios do transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH). 

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 

2.1. Os Percursos Históricos do TDAH 

Há muito tempo, olhares clínicos começaram a se voltar em torno das doenças infantis, entre elas mais observadas em crianças no seu desenvolvimento cognitivo foram a falta de atenção, hiperatividade, isolamento social, desvio de atenção e muitos outros sintomas. No século passado iniciouse na Europa o estudo comportamental de crianças na escola que possuíam hábitos diferentes das demais daí surgiu o estudo do transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH). 

Por mais que atualmente haja um número bastante acentuado de casos que são encaminhados para a clínica infantil, a percepção do TDAH vem ocorrendo desde muito antes do que imaginamos. Um dos primeiros relatos de uma possível relação da condição que descrevemos hoje como sendo TDAH é do filósofo e médico Hipócrates.  

Em 493 a.c o filósofo e médico Hipócrates descreveu pacientes que apresentavam comportamento impulsivo e baixa capacidade de concentração. O médico atribuiu essa condição a um desequilíbrio do fogo em relação à água. O tratamento proposto por Hipócrates consistia na alimentação rica em cevada em substituição ao pão, no consumo de peixe em vez de carne vermelha, na ingestão de líquidos e na prática de atividade física. (TEIXEIRA, 2013, p.15). 

Mais tarde, no ano de 1613 o autor William Shakespeare fez menção ao distúrbio da atenção em sua peça de teatro, chamada “A famosa História da vida do rei Henrique VIII”. Porém, um dos primeiros relatos médicos sobre este transtorno, foi feito pelo médico escocês Alexander Crichton e ocorreu no ano de 1798. O autor falou sobre uma inquietação cerebral que poderia prejudicar a aprendizagem escolar e denominou esta inquietação de “doença da atenção”. 

No ano de 1937 iniciou-se o uso medicamentoso para o tratamento deste transtorno. Quem fez a descoberta de que, com o uso de benzedrina (estimulante) uma visível melhora ocorria, foi o médico americano Charles Bradley. Após vinte anos, o metilfenidato também passou a ser utilizado. 

Em 1937, o médico Charles Bradley publicou um estudo em que um grupo de crianças com problemas comportamentais apresentou uma melhora no quadro de hiperatividade, impulsividade e agressividade, com a utilização de Benzedrina, um medicamento estimulante. Vinte anos mais tarde, em 1957, outra substância, o metilfenidato, começou a ser comercializada para o tratamento da então chamada lesão cerebral mínima, e é até hoje um dos medicamentos mais utilizados em todo o mundo para o tratamento de transtorno de déficit de atenção/hiperatividade. (TEIXEIRA, 2013, p. 17). 

O interesse em entender a neuropsicologia dos Transtornos de Déficit de Atenção/Hiperatividade (TDAH) se faz presente desde a primeira metade do século XX, estudos referentes à neurologia e à psicologia da aprendizagem verificaram que algumas crianças com inteligência preservada apresentavam dificuldades em reter informações o que comprometia a aprendizagem (Kaefer, 2008 apud SANTOS et al 2017, p.5).

Importante salientar que a primeira descrição do transtorno em um jornal médico (Lancet) foi feita por um pediatra, George Still, em 1902. Entretanto, a nomenclatura desse transtorno vem sofrendo alterações contínuas. Na década de 40, surgiu a designação lesão cerebral mínima, que, já em 1962, foi modificada para disfunção cerebral mínima, reconhecendo-se que as alterações características da 4 síndrome se relacionam mais as disfunções em vias nervosas do que propriamente a lesões nas mesmas (Rohde, 2004 apud SANTOS et al 2017, p.4). 

Até o ano de 1950, este transtorno foi nomeado “lesão cerebral mínima”. Em 1960 a médica Stella Chess nomeou-a “síndrome da criança hiperativa”, pois não havia nenhuma lesão orgânica comprovada nesta patologia. Ainda surgiram nomenclaturas como “disfunção cerebral mínima” e “reação hipercinética da infância”. Até o final da década de 70, a ênfase era centrada no sintoma hiperativo, que logo veio a ser substituído pela desatenção, porém, estes sintomas já não estavam mais se adequando ao novo olhar psiquiátrico, que vinha surgindo, em relação a este transtorno, então, mais uma vez houve uma renomeação do transtorno juntamente com uma nova percepção, onde a hiperatividade poderia ou não fazer parte da síndrome, sendo que em 1980, a APA (Associação Psiquiátrica Americana) descreveu o transtorno de déficit de atenção no Manual Diagnóstico e Estatístico dos Transtornos Mentais (ELY, 2014). 

Em 1993, o CID 10 manteve a nomenclatura Transtorno Hipercinético, sendo denominado, em 1994, pelo DSM-IV, como Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade, utilizando, de forma equivalente para a realização do diagnóstico, tanto os sintomas de desatenção quanto de hiperatividade/impulsividade (Rotta, 2006 apud SANTOS et al 2017, p.5). 

Kaefer (2006) destaca que o interesse em entender a neuropsicologia dos Transtornos de Déficit de Atenção/Hiperatividade se faz presente desde a primeira metade do século XX. Estudos referentes à neurologia e à psicologia da aprendizagem verificaram que algumas crianças com inteligência preservada apresentavam dificuldades em reter informações o que comprometia a aprendizagem. Tais crianças apresentavam comportamentos predominantes como falta de constância na atenção, a hiperatividade e a impulsividade; este conjunto era descrito como comportamento agitado e sem parada (Kaefer, 2006 apud BONADIO et al 2013, p. 26).

 Bonadio e Mori (2013) relatam que os pesquisadores começaram a estudar outras possíveis causas de uma lesão cerebral e como se manifestava no comportamento da criança. Os estudos ampliaram-se para doenças como encefalite, sarampo, epilepsia, traumatismos cranianos e traumas natais, os quais foram associados a comprometimentos comportamentais e cognitivos, acrescentando-se a impulsividade, a hiperatividade e os problemas na atenção, sintomas típicos do TDAH.

 Duarte (2021, p.67) O diagnóstico de TDAH é confiável e válido quando avaliado com critérios padrão para transtornos psiquiátricos, sendo usadas escalas de classificação e entrevistas clínicas que facilitam o diagnóstico e auxiliam no manejo. Tais metodologias são baseadas e padronizadas de acordo com os critérios de diagnósticos presentes no DSM-V. Também foi observado que as taxas de TDAH não estão relacionadas ao tipo de teste empregado na avaliação, mas ao profissional que as utiliza. Dessa forma, podese concluir que o diagnóstico do transtorno é de grande dependência do examinador. Essa dependência mostra que outros modos de investigação ainda precisam ser desenvolvidos para o estabelecimento de critérios mais claros e funcionais para serem usados no diagnóstico e tratamento. 

 De acordo com a Associação Brasileira de Déficit de Atenção (ABDA), as leis e projetos de leis federais que versam a respeito do TDAH no âmbito educacional são: PL Senado nº 3.517/2019 Antigo PL 7081/2010 (Substitutivo da Câmara dos Deputados ao PL do Senado nº 402/2008) – Dispõe sobre o diagnóstico e tratamento do TDAH e Dislexia na rede pública de Educação ‘Básica; PL nº 1.492/2019 RJ – Dispõe sobre o acompanhamento integral para educandos com TDAH, Dislexia e outros transtornos de aprendizagem, na cidade do Rio de Janeiro; PL nº 949/2019 SP – Institui o Programa de Diagnóstico e apoio aos alunos com Dislexia e TDAH na Rede Estadual de Ensino. Em âmbito estadual, a ABDA pontua no Rio de Janeiro: Lei nº 9153/2020 – Dispõe sobre a transferência de matrícula, sem anuência dos pais, em escolas e creches da Rede Estadual de Educação, p/ as pessoas c/ Deficiência, Transtornos Globais de Desenvolvimento, Altas Habilidades/Superdotação, TDAH e dislexia; Lei nº 8.192/2018 – Dispõe sobre a obrigação das escolas públicas e privadas, no âmbito do Estado do Rio de Janeiro a disponibilizarem cadeiras em locais determinados aos alunos com TDAH; Lei nº 7.354/2016 – Institui o programa de diagnóstico e tratamento do Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade – TDAH no Estado do Rio de Janeiro; Lei nº 6.308/2012 – Institui a Semana Estadual de Informação e Conscientização sobre o Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade – TDAH (Abda; 2019; apud CARVALHO; et al p.4). 

2.2. Características do TDAH 

Segundo a Associação Brasileira de Déficit de Atenção (ABDA) o transtorno de déficit de atenção com hiperatividade é um transtorno neurobiológico, de causas genéticas, que aparece na infância e frequentemente acompanha o indivíduo por toda sua vida. Ele se caracteriza por sintomas de desatenção, inquietude e impulsividade. Estes três laços são centrais, porém, não é necessário que estes três sintomas estejam presentes conjuntamente para que seja possível chegar ao diagnóstico do Transtorno de Déficit de atenção e Hiperatividade (ABDA, 2022). 

O TDAH tem início nos primeiros anos escolares quando a criança começa a se deparar com atividades que exigem concentração e atenção. O transtorno pode persistir durante a adolescência e a vida adulta, mas é necessário ressaltar que a maneira e intensidade como estes comportamentos irão acontecer será diferente, visto que durante esses períodos é exigido do indivíduo maiores obrigações e certo grau de responsabilidade (MORAES, et al 2018). 

Ribeiro (2014) apud MORAES et al (2018), afirma que, o TDAH vem sendo construído dentro de um conceito cultural, que abrange a interação entre escola, profissionais de saúde e pais, ou seja, todos aqueles que convivem com uma criança que apresenta o transtorno, estão de alguma forma ligados a esta questão. 

 O TDAH em adultos muitas vezes tem sido visto como uma doença camuflada, devido ao fato de os sintomas serem mascarados, ocorrendo problema de relacionamento afetivo e interpessoal, de organização, problemas de humor, abuso de substâncias, ou seja, caracterizados pela comorbidade. 

De forma geral, o indivíduo com TDAH pode apresentar desempenho abaixo do esperado, alcançar escolaridade menor, e apresentar maior probabilidade de desemprego, insucesso profissional, e problemas de relacionamento interpessoal no trabalho. Além disto, tais indivíduos também são mais suscetíveis a se envolver em acidentes automobilísticos, violar regras de trânsito e adotar práticas sexuais de risco. Na idade adulta, a hiperatividade pode ser manifesta por excesso de atividades ou trabalho. Por sua vez, os traços de impulsividade podem ser observados em exemplos como a direção imprudente no trânsito ou relacionamentos amorosos de curta duração. As alterações do sono também são comuns e manifestas por dificuldades em manter um horário para dormir, não acordar nos horários previstos e sonolência diurna (CASTRO; LIMA, 2018 p.63). 

Moraes; et al (2018) Concluíram em suas pesquisas que o TDAH é um transtorno aprendido, que pode variar entre os indivíduos, tendo o ambiente como estímulo causador das diferentes características. Conclui-se também que é necessária uma atenção especial por parte dos pais e educadores, visando identificar as possíveis manifestações do transtorno bem como procurar iniciar o tratamento o mais cedo possível, visto que quando o transtorno chega até a vida adulta, os inconvenientes são muito maiores. É necessário também, que haja uma adequação e mudança no comportamento dos pais e demais familiares, pois os mesmos podem ser estímulos reforçadores para o comportamento da criança. Necessita-se de uma atenção especial por parte da escola para com o aluno com TDAH, buscando incluí-lo da melhor maneira possível nas atividades, visando um melhor aproveitamento e aprendizagem. 

2.3. Diagnósticos do TDAH 

O diagnóstico de TDAH deve ser realizado por uma equipe multiprofissional composta por profissionais da saúde e educação: médico, fonoaudiólogo, nutricionista, psicólogo, psiquiatra, professor, psicopedagogo etc. Todos que tem um papel na vida da criança, além dos pais, devem receber informações e capacitação a respeito do assunto, para poder lidar melhor com o portador do Transtorno de déficit de atenção e hiperatividade. 

Desde os anos iniciais, mais precisamente nos primeiros anos escolares, quando a criança começa a se deparar com atividades que exigem concentração e atenção, pode ser detectado o TDAH e a partir daí iniciar o tratamento adequado. Quando não detectado no início, ele pode persistir durante a adolescência e a vida adulta, mas a maneira e intensidade como estes comportamentos irão acontecer será diferente. 

Ribeiro (2014) afirma que, o TDAH vem sendo construído dentro de um conceito cultural, que abrange a interação entre escola, profissionais de saúde e pais, ou seja, todos aqueles que convivem com 7 uma criança que apresenta o transtorno, estão de alguma forma ligados a esta questão (Ribeiro apud MORAES; et al 2018). 

Pacientes com TDAH revelam, em estudos de imagem cerebral, alterações no córtex frontal e em suas conexões. Tem sido dada ênfase a estruturas como o córtex pré-frontal dorsolateral, o córtex frontal medial superior, o córtex do círculo anterior e a regiões do lobo parietal, como o lobo parietal inferior e o sulco interparietal. 

A área 101 de Brodmann, parte lateral (na parte anterior do córtex pré-frontal) e regiões anteriores da ínsula e do operculum frontal têm sido também implicadas nas disfunções atencionais e executivas do TDAH. (Matthews; et al, apud Dalgalarrondo 2018) 

Em sua obra Dalgalarrondo (2018) relata que há perturbação da inibição de respostas no TDAH, com déficits nas respostas inibitórias que, por sua vez, envolvem disfunção nas funções executivas frontais. As respostas de inibição implicam inibir ou suprimir respostas inapropriadas em determinado contexto, em favor das respostas alternativas mais apropriadas. Tal autocontrole, fundamental para a regulação emocional, é exercido pelos circuitos frontoestriatais e frontosubtalâmicos. A inibição de respostas, assim como a seleção de respostas, são fatores-chave para o comportamento dirigido a objetivos, sendo os déficits em tais funções fundamentais no TDAH. 

Em função da complexidade do diagnóstico do TDAH, recomenda-se que os profissionais utilizem em seu julgamento clínico os critérios do DSM-IV juntamente com informações obtidas junto aos pais e professores, buscando conhecer o comportamento da criança em diferentes contextos, seu desempenho acadêmico, seu rendimento escolar em relação à sua idade cronológica e série escolar, suas relações sociais e familiares, seus interesses, suas habilidades, sua autonomia e independência na rotina diária do lar, entre outros (Dreshc; Alda, 2020).

 2.4. Os desafios do TDAH da infância a vida adulta

 Muitos são os desafios para uma pessoa que tem na família alguém com Transtorno de déficit de atenção e hiperatividade. Na escola também exige maior conhecimento da causa, para o professor ter menos dificuldade de entender e saber como lidar com o aluno portador de TDAH. Atualmente tem se falado mais a respeito do assunto e ampliado a conscientização das pessoas a respeito dos vários transtornos e deficiências existentes, para dessa forma, diminuir o preconceito e ampliar o interesse das pessoas que necessitam buscar ajuda profissional.

 Quando esse déficit é descoberto na vida adulta, vai ajudar o indivíduo a se entender, e também entender as várias situações embaraçosas pelas quais passou durante a vida e não tinha respostas. Dessa forma poderá buscar alternativas com o profissional e mudar seus hábitos que prejudicam no dia a dia.

Ainda a esse respeito Dreshc e Alda (2020) afirmam que: 

Apesar do Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) se constituir num transtorno neurobiológico que afeta grande parte da população mundial, os estudos sobre o tema só tiveram início no meio do século XIX. O termo, no decorrer dos anos, teve várias nomenclaturas, como, por exemplo, Lesão Cerebral Mínima, Reação Hipercinética da Infância, Distúrbio do Déficit de Atenção ou Distúrbio de Hiperatividade com Déficit de Atenção/Hiperatividade. Porém, até alguns anos atrás, acreditava-se que o TDAH era um transtorno que afetava somente as crianças e que na fase adulta este simplesmente sumia.

Segundo Dalgalarrondo (2018) o TDAH, transtorno bastante importante na infância e na adolescência, mas também significativamente presente em adultos, há dificuldade marcante de direcionar e manter a atenção a estímulos internos e externos, pois o paciente tem a capacidade prejudicada em organizar e completar tarefas, assim como graves dificuldades em controlar seus comportamentos e impulsos. 

O Transtorno de déficit de atenção implica em problemas de aprendizagem devido seus sintomas e problemas de socialização dos diagnosticados. Faz-se necessário maior amplitude de informações para atingir de forma mais notável os que precisam de ajuda. A partir do início ao tratamento poderá obter melhor aprendizagem como relacionamentos interpessoais, afetividade, vínculos, entre outros. As políticas públicas devem abraçar a causa e promover a inclusão não somente de alunos com necessidades especiais como alunos com outras dificuldades de aprendizagem, o que fomenta possíveis discussões futuras envolvendo políticas públicas e inclusão social através da Educação.

2.5. Papel do psicólogo no TDAH 

O papel do profissional de Psicologia é de suma importância para a ocorrência do diagnóstico preciso ao portador de TDAH. Em resumo, o psicólogo contribui para um diagnóstico mais aprofundado e assim, evitar que pacientes sejam diagnosticados erroneamente e que não passem despercebidos na sociedade como alguém que necessita de ajuda profissional. Além disso, também faz parte da função do psicólogo propor um tratamento adequado de acordo com cada paciente, tendo em vista que a ma julgam ser incapazes de realizar determinadas tarefas devido ao TDAH. 

Para MISSAWA e ROSSETTI (2014, P. 82) é importante compreender que estratégias e instrumentos que os profissionais da área da Psicologia têm utilizado para realizar o diagnóstico e o tratamento do TDAH. Este pode ser diagnosticado e tratado de formas diversas e subjetivas devido à complexidade e especificidade que possui. Desta forma, faz-se necessário que os profissionais das diversas áreas que realizam intervenções com pessoas com TDAH possuam uma linguagem comum para que os pacientes possam receber um tratamento que contemple características específicas desse transtorno. 

As ciências médicas já estudam sistematicamente o transtorno, pois o tratamento usualmente preconizado se faz por meio da utilização de medicamentos. Contudo, faz-se necessário entender a 9 complexidade desse transtorno para além de uma explicação biológica de causa-efeito, o que denota a importância de ampliar os estudos acerca do TDAH no campo da Psicologia. 

3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

3.1 Tipos de pesquisas 

A pesquisa bibliográfica foi feita a partir do levantamento de dados coletados através de artigos indexados das plataformas eletrônicas Google Acadêmico e na biblioteca digital de periódicos Scielo (Scientific Electronic Library Online) e Psicologia.pt, local que possui artigos acadêmicos e revistas científicas. Tendo abordagem qualitativa, onde o intuito é fornecer o entendimento e a contribuição da psicologia em frente aos desafios do transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH). Na área acadêmica a pesquisa é uma das principais atividades universitária, na qual os pesquisadores buscam a produção de conhecimento científico para contribuir com a ciência e claro, o seu próprio desenvolvimento pessoal e profissional (CESÁRIO, et al 2020). A realização de pesquisas científicas, requer dois conjuntos de habilidades, a teórica e a metodológica, que são necessárias para operar nos níveis teórico e empírico, respectivamente. As habilidades metodológicas são relativamente padronizadas e pouco variáveis entre as disciplinas, também são facilmente adquiridas por meio da formação de pesquisadores nos programas de mestrado e doutorado. No entanto, habilidades teóricas são consideravelmente mais difíceis de serem dominadas, pois requerem anos de observação e reflexão. As habilidades teóricas não podem ser “ensinadas”, pois somente são adquiridas com a experiência acadêmica (Ollaik; Ziller, 2012 apud CESÁRIO; et al 2020). A metodologia é uma ciência que abrange os procedimentos, ferramentas e caminhos para se atingir a realidade teórica e prática. Portanto, e com base nas informações do padrão metodológico, este conteúdo tem caráter bibliográfico, ou seja, desenvolvido a partir de materiais e conteúdos já disponíveis (FONSECA, 2012). 

3.2 Critérios de Inclusão e Exclusão

 3.2.1. Critérios de Inclusão 

  • Serão incluídos no estudo pesquisas referentes à temática, com foco no transtorno de déficit de atenção e hiperatividade em crianças, adolescentes e adultos; 
  • Serão incluídos estudos contendo pesquisas de 2012 a 2022; 
  • Serão incluídas pesquisas científicas de plataformas eletrônicas como: Scielo, Psicologia.pt, etc.

3.2.2. Critérios de Exclusão 

  • Serão excluídos do estudo pesquisas que se utilizavam de estereótipos pejorativos para referenciar crianças e adultos com TDAH; 
  • Serão excluídos estudos que não tenham embasamento científicos

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) é um transtorno neuropsiquiátrico que afeta tanto crianças quanto adultos. Este artigo destacou a complexidade do TDAH, incluindo sua etiologia, sintomas e desafios enfrentados pelos portadores ao longo da vida. Através desta pesquisa é possível compreender que o TDAH é uma condição multifatorial, influenciada por fatores genéticos e ambientais. Os sintomas do TDAH podem ocasionar consequências significativas em diferentes áreas da vida, como educação, trabalho, relacionamentos interpessoais e saúde mental, sendo fundamental o diagnóstico precoce, de modo a garantir o tratamento adequado e a melhoria na qualidade de vida dos portadores de TDAH. Também se destacou no conteúdo desta pesquisa, a relevância da abordagem multidisciplinar no diagnostico e tratamento do TDAH. A colaboração entre diferentes especialidades oferece um manejo mais eficaz do transtorno. O papel do psicólogo é fundamental no processo de identificação dos sintomas de TDAH, a avalição psicológica e o psicodiagnóstico do paciente fornecem informações fundamentais sobre os aspectos mentais e comportamentais do sujeito colaborando para a análise minuciosa de características que possam identificar os sintomas do TDAH e assim, realizar os prognósticos e encaminhamentos necessários para o tratamento adequado. Em síntese, este artigo fornece uma base solida para a compreensão do TDAH, abordando sua história, características, diagnósticos e desafios associados, também ressalta a importância da colaboração entre profissionais e a necessidade de políticas públicas que promovam a inclusão e o apoio as pessoas com TDAH.

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1Acadêmico – E-mail: mariojorgesouzadasilva778@gmail.com
2Acadêmico – E-mail: Valdenora.sp@gmail.com
3Especialização em Neuropsicologia – E-mail: psisamreis@gmail.com