MULTICULTURALISMO E DIFERENÇAS SOCIAIS NAS ESCOLAS

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.8382948


Léia Rodrigues da Silva1
Érik Serafim da Silva2


Resumo

Vivemos em uma sociedade com diversas culturas, níveis sociais, etnias entre tantas outras diversidades e características particular de cada ser humano. Enfrentamos ainda nos dias atuais muitas formas de preconceito na nossa sociedade, começando dentro das escolas brasileiras. Essa pesquisa visa buscar caminhos dentro das escolas, de forma que possamos fazer com que acabe as diferenças entre todos que fazem parte do mesmo cenário escolar, não havendo assim espaço para preconceito, e descriminação de acordo as características de cada um, trazida consigo de acordo a maneira em que foi criado ou até mesmo traços físicos, trazidos de acordo a sua origem ou níveis sociais. Buscamos uma forma de inclusão de qualidade onde todos têm direito a educação, onde a escola possa ser um ambiente acolhedor que cada um possa se sentir livre para expressar suas ideias, cultura, etnias, sem se sentir excluído por possuir características e pensamentos diferentes uns dos outros. Ao fim desta pesquisa mostraremos que ainda há esperança de uma escola mais Justa e sem preconceito, usando metodologias de autores renomados que se dedicam a criar projetos e métodos que se executados nas escolas com certeza teremos assim no futuro escolas de um ambiente favorável para todos com uma educação  de qualidade em um ambiente acolhedor.

Palavras-chave: Diversidade, Inclusão, Coexistência, características culturais.

1. INTRODUÇÃO

Fazemos parte de uma sociedade com muitas pluralidades culturais, étnicas, de pensamentos e sociais, essa pesquisa busca meios para acabar ou pelo menos diminuir de forma significativa as diferenças dentro das escolas, se alcançarmos os objetivos dessa pesquisa fazendo com que acabe as diferenças dentro das escolas.

Desta forma, Fonseca (2020) esclarece que o conceito de multiculturalismo está ligado a uma abordagem de política social que visa reconhecer as minorias sociais e suas diversidades. Contudo, apenas o reconhecimento não se mostra plenamente eficaz. Segundo Bonetto e Neira (2017), é mais intrigante abordar essas questões através do questionamento, da desconstrução e da ressignificação.

Assim, um ambiente favorável, ondes todos possam se sentir iguais uns aos outros, acolhidos e inclusos de fato para um ambiente que favoreça para uma aprendizagem de qualidade e formando futuros cidadãos capazes conviver em meios tantas pluralidades existente em meio a sociedade tendo em si o respeito mútuo por todos que os cercam, no dia a dia, preparado para o trabalho em equipe, capazes de serem flexíveis para enfrentar os desafios que vivemos e enfrentamos no convívio em meio a sociedade.

Considerando o ambiente escolar como um local propício para o questionamento, a desconstrução e a ressignificação, bem como um ponto de encontro de diversas culturas, tornam-se essencial reservar espaço para a promoção da diversidade. Nessa mesma perspectiva, Salles e Ivenicki (2021, p. 836) ressaltam: “[…] ao dar voz às culturas silenciadas, ao combater discursos preconceituosos e ao transformar a escola em um ambiente de reflexão e produção cultural”. Evidencia-se, portanto, que abordar o tema do multiculturalismo na área da educação é uma afirmação clara no combate a contextos e situações de discriminação e opressão enfrentados diariamente por grupos culturalmente subjugados por uma cultura que se coloca acima das demais (MOREIRA; CANDAU, 2013).

Há uma preocupação com o futuro da sociedade, e nessa pesquisa o propósito é mostrar que, é possível sim, lutar contra todas as diferenças nos ambientes escolares, buscando caminhos novos capazes de acabar ou de uma forma significativa diminuir as diferenças culturais e sociais dentre outras.

Não podemos nos acomodar, com tudo o que se passa nos ambientes escolares e fingirmos que nada está acontecendo, ainda há muito preconceito, racismo dentro das escolas, então esse estudo se faz necessário na luta contra as diferenças e garantir a todos um ambiente escolar favorável e acolhedor para todos. 

Este estudo demonstra como o interesse da comunidade científica pode impactar a importância e o avanço do conhecimento em uma área específica. O objetivo é, contribuir na luta contra as diferenças e garantir direitos iguais para todos dentro das escolas.  Buscando formas de conscientizar todos no ambiente escolar de que somos todos iguais independentes da nossa cor, etnias, cultura e pensamentos ou nível social. E que todos temos o mesmo direto a aprendizagem na escola, sem sermos excluídos por termos características e níveis sociais diferentes.

É importante essa pesquisa pois visa melhorar a convivência e respeito entre todos atores que formam o cenário escolar. Formando para o futuro da sociedade, pessoas conscientes de que mesmo tendo culturas e etnia e pensamentos diferentes, somos todos iguais e possuímos os mesmos direitos amparados pela lei do nosso país.  

2. CULTURA E SOCIEDADE NA EDUCAÇÃO ESCOLAR

Trabalhar o multiculturalismo e sociedade nas escolas tem sido um dos grandes desafios para educadores brasileiros, temos uma grande barreira a ser quebrada ainda, no sentido cultura e sociedade, mas já temos visto um grande esforço das equipes de educação para que os currículos escolares sejam compostos de trabalhos e temas voltados para educação social e cultural do nosso país. 

Nos dias atuais não podemos nos acomodar nos modelos educacionais que no passado norteavam a nossa sociedade. Não tem sido fácil a tarefa de incluir todos na educação, em um mesmo patamar de qualidade, pois sabemos que não basta incluir, mas sim como incluir, ser incluído com respeito e qualidade na educação é direito de todos, sem exceções de cultura, raça, cor, nível social etc. Nesta visão nos diz Mantoan (2004), que:

As diferenças culturais, sociais, étnicas, religiosas, de gênero, enfim, a diversidade humana está sendo cada vez mais desvelada e destacada, e é condição imprescindível para entender como aprendemos e como entendemos o mundo e a nós mesmos. (p.37)

Tem que haver interesses e investimentos governamentais, profissionais qualificados para educar e lidar com todos tipos de  situações  que surgem ao longo do processo educativo no contesto escolar, quando se trata de incluir um aluno e trabalhar com todos os tipos de diversidades  culturais e sociais, e que possa de fato alcançar todos os objetivos desejados que é educar mentes sadias capazes de conviver em meio a sociedade, e conscientes que mesmo com culturas, característica e níveis sociais diferentes, ainda assim, somos todos iguais  e que todos temos direito a uma educação de qualidade.

Os profissionais, devem estar preparados conforme os currículos propostos para praticas pedagógicas e necessidades dos alunos que irão ser ensinados por eles. É notório que ainda há uma dificuldade muito grande em relação à inclusão educativa sem preconceito, principalmente nas redes públicas, a inclusão enfrenta barreiras que precisam ser eliminadas, para um educar qualificado para todos. Sendo sim faz necessário preparação de teoria e metodologias educacionais para trabalhar mentes para o futuro como nos diz (GIROUX, apud CANDAU, 2002).

Os (as) educadores (as) não poderão ignorar, no próximo século, as difíceis questões do multiculturalismo, da raça, da identidade, do poder, do conhecimento, da ética e do trabalho, que, na verdade, as escolas já estão tendo de enfrentar. Essas questões exercem um papel importante na definição da escolarização, no que significa ensinar e na forma como as (os) estudantes devem ser ensinados (as) para viver em um mundo que será amplamente mais globalizado, high tech e racialmente mais diversos do que em qualquer outra época da escola (GIROUX, apud CANDAU, 2002).

É preciso buscar novos caminhos, adotar métodos e atitudes para tornar a educação de fato inclusiva de qualidade e nesse âmbito, é de suma importância à capacitação dos docentes, um apoio governamental, acessibilidade, e comprometimento também da comunidade escolar. É possível incluir a todos sem indiferença, formando assim uma educação sem preconceito Candau (2000; 2002) e Forquin (1993) enfatizam a relação existente entre escola e cultura e instigam a buscar melhor compreensão acerca da importância da cultura no processo de aprendizagem e nas práticas pedagógicas. Segundo Carvalho (2002, p. 70), “pensar em respostas educativas da escola é pensar em sua responsabilidade para garantir o processo de aprendizagem para todos os alunos, respeitando-os em suas múltiplas diferenças”.

3. DIVERSIDADE RACIAL NAS ESCOLAS

Vamos falar um pouquinho da história e cultura afro-brasileira e indígenas nas escolas, um dos países mais popularizados por negros do mundo é o brasil devido aos grandes números de negros trazido como escravo no comercio escravocratas no passado, mas mesmo que os negros alcançaram sua liberdade e foram abolidos da escravidão, ainda assim até os dias atuais sofrem muito preconceito em meio a sociedade e começando dentro das escolas. 

As leis foram criadas para defender os direitos afros nas escolas, assim como a obrigatoriedade de se ensinar a história e cultura afro-brasileira nas escolas, em 2003, foi promulgada a Lei nº 10.639, que estabelece a inclusão no currículo e a obrigatoriedade do ensino da História e Cultura afro-brasileira (BRASIL, 2012). Posteriormente, em 2008, foi sancionada a Lei nº 11.645, que alterou a lei anterior para incluir a temática indígena (BRASIL, 2012).

Lembrando que “a identidade cultural não é uma forma fixa ou congelada, mas um processo dinâmico, enriquecido pelo diálogo e pelas trocas com outras culturas” (BARBOSA, 1998, p. 14).  Sendo assim se faz necessário trabalhar com métodos que para que aos poucos acabar com todo e qualquer tipo de preconceito racial nas escolas. Um dos métodos propostos por vários teóricos é buscar jogos e brincadeiras, culinária, nas danças e músicas afros para se trabalhar em sala de aula, de uma forma onde todos possam participar e a interagir uns com culturas dos outros, sem que aja preconceito por motivo algum, e partir de aí trabalhar mentes capazes de compreender que somos todos iguais e que ninguém vale mais ou menos que o seu próximo,  

Como já falamos acima em 2008, foi sancionada a Lei nº 11.645, que alterou a lei anterior para incluir a temática indígena, vivemos em constante luta para acabar de fato com o racismo na sociedade e dentro das escolas, pois sabemos que toda identidade é um processo que se constrói com o tempo e convivência com culturas e origens diferentes dialogando e interagindo entre si (BRASIL, 2012).

Sendo assim, cabe à escola buscar construir relações de confiança para que a criança possa perceber-se e viver antes de mais nada, como ser em formação, e para que a manifestação de características culturais que partilhe com seu grupo de origem possa ser trabalhada como parte de suas circunstâncias de vida, que não seja impeditiva do desenvolvimento de suas potencialidades pessoais (BRASIL, 1997, p. 40).

Não demos manter uma imagem única em relação aos indígenas, sabemos que há várias origens indígenas em nosso país, cada grupo tem seus códigos de condutas, hábitos e costumes trazidos por suas tradições e origem.

Nas escolas temos várias oportunidades para trabalhar a criatividade e o conhecimento sociocultural dos alunos. Por exemplo, o dia 19 de abril é uma das datas propicia para se adentrar e falar, ensinar e conhecer mais sobre do povo indígena, temos também o Dia Nacional da Consciência Negra, comemorado em 20 de novembro, passou a existir oficialmente com a lei nº 12.519, de 10 de novembro de 2011. Mas os dias comemorativos não deve ser a única oportunidade de trabalhar os povos e culturas que fazem parte do nosso país, que são parte da nossa história. Temos que trabalhar culturas em sala de aula de forma reflexiva e sem que seja uma forma generalizada ou fixa como temos visto muito por aí. 

Pode se trabalhar de forma continua as culturas do nosso país dentro das escolas, como documentários, filmes, mitos, lendas, sonoridade, brincadeiras e também no preparo de comidas típicas trazidas por cada origem. Em um mundo atualizado em vivemos com tanta tecnologia cabe aos professores buscar sair da forma tradicional de trabalhar cultura em sala de aula, para que de fato possam ensinar a realidade afro ou indígena dentro das escolas.

A diversidade de cultura e a luta para acabar com o preconceito e garantir seus direitos é a realidade dos tempos atuais em que vivemos. A diversidade, implica muitas questões, sendo assim se os educadores não deixar as formas tradicionais que baseavam as maneiras de ensinar na nossa educação não poderemos alcançar nossos objetivos de acabar de fato com todo e qualquer preconceito racial na nossa sociedade e principalmente dentro das escolas que é onde se constrói uma parte da nossa   identidade e a maneira em que viveremos em meio a sociedade. Segundo Carvalho (2002, p. 70), “pensar em respostas educativas da escola é pensar em sua responsabilidade para garantir o processo de aprendizagem para todos os alunos, respeitando-os em suas múltiplas diferenças”.

Completaram se 20 anos nesse dia 9 de janeiro de 2023 a Lei 10.639, que incluiu oficialmente nos currículos escolares o ensino de história e cultura afro-brasileiras. Mas como já citamos acima não é apenas criar as leis, mas sim fazer com que elas aconteçam, seja para defender a cultura afro ou indígena ou qualquer cultura existente na nossa sociedade. Sendo assim se faz necessário o preparo profissional dos docentes, a alteração dos livros didáticos, os livros paradidáticos, para que de fato a inclusão cultural aconteça dentro das escolas.

Devemos buscar novas formas para acabar com todo e qualquer tipo de exclusão nas escolas, que todos tenham o mesmo direito na educação. Buscar formas de como conduzir cada momento, dentro do espaço escolar com as diversidades culturais que fazem parte desse cenário, preparar espaço, conteúdos e profissionais capacitados para trabalhar o tema em questão.

Segundo a Base Nacional Comum Curricular – BNCC (2017), diz que, “O multiculturalismo pode, ainda, favorecer a compreensão dos contextos históricos da Ciência frente às diversidades e às suas variadas formas de intervenção ou de engajamento na sociedade, de modo a formar sujeitos que vejam a diferença como um fator de prosperidade”.

4. DESIGUALDADES SOCIAIS NAS ESCOLAS X EXCLUSÃO

Nossa sociedade foi construída no passado com base na desigualdade, começando lá nos tempos dos negros e índios, que foram escravizados, mortos, maltratados, e mesmo alcançando a tão sonhada liberdade, não foi o bastante para abolir também com os preconceitos raciais e sociais praticados até os dias de hoje pela nossa sociedade. 

“O mito da ‘cultura da pobreza’, segundo a qual os pobres não melhoram suas condições de vida porque não querem, desfaz-se, sempre na dura frieza das evidências, empíricas e históricas” (ABRANCHES, 1998, p.16). 

Sabemos por exemplo que o mundo do trabalho não é tão acessível e as oportunidade nem sempre são as mesmas para todos na nossa sociedade, tanto que se fez necessário a criação de leis que garantem uma porcentagem de vagas nas empresas particulares e órgão públicos para negros, deficientes e. O Estatuto da Igualdade Racial, objeto da Lei nº 12.288, de 2010, destina-se a garantir à população negra a igualdade de oportunidades e a defesa dos direitos étnicos e individuais, coletivos e difusos. Além disso, busca combater a discriminação racial e quaisquer outras formas de intolerância étnica.

Nos dias atuais muitas coisas mudaram diferente do passado, quando falamos de direito a educação, não e só o direito de o aluno estar dentro da escola, mas sim o que está sendo oferecido, para o melhor desempenho educativo desse aluno, na sua aprendizagem, na sua formação como futuro cidadão, capaz de conviver com as amplitudes de diversidade culturais e sociais que fara parte do cotidiano de cada pessoa em convívio com a sociedade. 

O aluno está sendo respeitado independente da sua cultura, independente do seu nível social, está tendo por parte dos profissionais da educação de fato um trabalho voltado a inclusão sem preconceito, está sendo trabalhado o tema em questão? Podemos questionar, então, qual é o cerne desse assunto? Pois é amplamente reconhecido que uma educação verdadeiramente inclusiva depende de qualidade, propósito, planejamento, profissionalismo, igualdade de atenção e, acima de tudo, de um amor genuíno pelo ato de ensinar. 

Como Mantoam (2004), uma destacada teórica da inclusão, defende, escolas que abraçam e valorizam as diferenças incorporam em seus projetos educacionais a inclusão como princípio central. O ensino que oferecem difere substancialmente da abordagem padrão, adaptando-se para atender às necessidades específicas dos alunos que, por diversas razões, podem não acompanhar o ritmo de seus colegas de turma, seja devido a deficiências ou outras dificuldades de ordem relacional, motivacional ou cultural.

Nesse contexto, elas desafiam as abordagens tradicionalmente empregadas para lidar com as diferenças nas escolas, tais como adaptações curriculares, a simplificação de tarefas e programas de reforço ou aceleração do aprendizado em casos de defasagem idade/série escolar. A superação do modelo educacional convencional é uma meta que devemos urgentemente alcançar. 

Essa transformação envolve tanto o conteúdo do que ensinamos aos nossos alunos quanto a maneira como o fazemos, com o objetivo de capacitá-los a crescer e se desenvolver como indivíduos éticos e justos, preparados para enfrentar o desafio de tornar o mundo mais humano. A reestruturação desse paradigma está intrinsecamente relacionada ao nosso conceito de qualidade na educação (MANTOAN, 2003, p. 34/35).

Ao falarmos do tema inclusão social nas escolas temos que, ter em mente que se trata de um marco social, que representa um avanço enorme, frente à nossa sociedade, pois no passado não havia direitos iguais para todos, tendo um nível de exclusão muita alta para pessoas de um nível social mais baixos, que faziam parte da classe pobre da sociedade, há tempos atrás a classe pobre, eram cruelmente excluídos de tudo e de todos. Mas acreditam-se ainda, em grandes futuras conquistas na inclusão social, focada a princípio dentro das escolas, pois é onde começa a formação social do indivíduo para o futuro. Se os profissionais, comunidade e governos se deixar levar pelo desejo de alcançar objetivos para melhorar, a educação inclusiva social, étnica e racial do nosso brasil com certeza teremos resultados positivos e bons reflexos futuros na nossa sociedade.

Com esforços de uns e resistência de outros, os caminhos se abrem para uma nova era dentro do processo de inclusão social, racial e cultural educacional no nosso brasil. A barreira na construção da escola inclusiva está relacionada, quanto a sociedade, com uma prática que vá nesse sentido. A cooperação, entendida como aprendizagem cooperativa e a diferenciação pedagógica, ainda que mencionada como inclusiva, muitas vezes presentes no contexto da formação, só têm razão de ser se, os professores souberem pôr em prática atividades e estratégias que, vão ao encontro das capacidades de aprendizagem, de cada um.

Não podemos esquecer que, a inclusão é uma questão de direitos, é também um desafio. E porque é um desafio, constitui-se como um valor, uma vez que nos obriga a tomar mais consciência da heterogeneidade e da, ou das respostas a que ela nos obriga, também quando estamos na esfera da educação (RODRIGUES, 2003; LEITÃO, 2006; SILVA, 2011).

Incluir é possível, se aceitarmos que, a diferença não é necessariamente o que impede a aprendizagem e que todos aprendam com os outros, como a investigação já tem nos mostrado. É imprescindível promover mudanças em nossas escolas, mas é importante reconhecer que essa tarefa não é simples. Exige a redefinição de abordagens pedagógicas que assegurem igualdade de oportunidades e direitos a todos os alunos. Além disso, é essencial priorizar a aprendizagem como o principal objetivo da escola, pois é nesse ambiente que os alunos adquirem conhecimento e se preparam para o futuro.

Não podemos esquecer que cada aluno traz consigo as circunstâncias de sua vida e família, sem culpa de sua origem social, racial ou étnica. É crucial respeitar essa realidade diversa. E não podemos encerrar a discussão sem destacar a importância de valorizar o papel do professor, incentivando-o a buscar contínua formação. Afinal, é o professor quem desempenha a função central em qualquer instituição escolar: facilitar a aprendizagem dos alunos, como enfatiza Mantoan (2003):

A inclusão é fundamental e indispensável para aprimorar as condições escolares, possibilitando a formação de gerações mais bem preparadas para abraçar a vida em sua plenitude, desfrutando da liberdade e quebrando barreiras e preconceitos. Não podemos hesitar em buscar soluções, mesmo que o custo seja elevado, pois jamais será tão alto quanto o resgate de uma experiência escolar marginalizada, a evasão de estudantes, ou o estigma injusto que recai sobre uma criança (p. 29).

No livro “Desafios da diferença na escola” de Mantoan (2003, p.77) relata que a tarefa da escola, não termina só na transmissão de informações, vai muito, além disso, que a educação tem necessidade de transmissão de valores humanos, para que haja transformação em meio a sociedade e que a inclusão só é possível onde se tem respeito a diferença.

5. POLÍTICAS PÚBLICAS E MÉTODOS DE INCLUSÃO

Vamos falar um pouquinho de instituições públicas que com apoio dos governos promovem e fazem acontecer de fato inclusão dentro das escolas, no quesito social, racial e cultural oferecendo ensino nível técnico e para ensino superior, um dos nossos exemplos de instituições de promovem a inclusão em todos os âmbitos é o instituto IFRO, (INSTITUTO FEDERAL DE RONDONIA), entre outras como UNIR (UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA) entre outras existentes pelo nosso país.

O Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Rondônia (IFRO), Autarquia federal vinculada ao Ministério da Educação (MEC), foi criado através da Lei nº. 11.892, de 29 de dezembro de 2008. “A IFRO tem o objetivo de contribuir para o desenvolvimento socioeconômico sustentável de Rondônia e do Brasil, consolidando-se, cada vez mais, como referência local, regional e nacional nas suas áreas de atuação e, dessa forma, continuará mudando vidas e transformando, positivamente, realidades em nosso Estado e País”, ressalta o Reitor Uberlando Tiburtino Leite (2017).

Isso devida diversidade de cursos ofertados e a maneira de como são ofertados esses cursos, de formas que o aluno não seja excluído de estudar por causa de suas condições de acesso as instituições, ou dificuldade financeira nem cor ou cultura etc. Por isso são cursos ofertados gratuitamente presencial e modalidade EAD, distribuído de forma justa, dando o privilégio de cada um escolher a forma mais acessível de realizar os cursos oferecidos pela instituição. Oferecendo também através de programas sociais ajuda financeira para transporte, alimentação e até acesso à internet, entre outros benefícios, na luta contra a desigualdade e com o objetivo de construir para o futuro, uma sociedade mais justa preparada em todos os âmbitos, tanto social como profissional e segura de si, uma sociedade flexível para conviver em meio tantas diversidades sociais, culturais, étnicas presentes no nosso meio.

Tratar da educação multicultural e social nas escolas é uma forma de lutarmos pela dignidade social, dando valor nas culturas e colaborando para a superação das diferenças. É por meio de valorizar e ser valorizado, ensinar e aprender que iremos juntos transformar as pessoas para uma sociedade mais justa. E com as instituições junto aos programas de governamentais, que ofertam oportunidades de estudo com formação inicial, o técnico e de nível superior, facilidade de acesso as aulas seja EAD ou presencial no intuito de acabar com a desigualdade e promovendo de fato a inclusão de todos, esse é o caminho de um mundo melhor, dando oportunidades de aprendizagem desde os primeiros passos até a formação profissional é um caminho que com certeza levara ao sucesso de muitos para uma vida mais digna e sem preconceito.

As políticas públicas são um conjunto de decisões governamentais tomadas na forma de programas, de planos, de ações ou de projetos, para garantir os direitos estabelecidos pela Constituição Federal – que em seu artigo 6° coloca o direito à educação, por isso, elas são destinadas a todos os cidadãos, independente de raça, classe social ou gênero.

A mais importante lei da educação do nosso país é a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB 9394/96), de 1996, responsável por todo o sistema educacional no Brasil, a LDB é quem defini como a União, os Estados e os Municípios devem executar suas ações na formação do ensino público. São leis criadas com o intuito de acabar com as desigualdades e garantir a qualidade dos sistemas educacionais. Alguns exemplos de políticas educacionais brasileiras são:

– Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA);

– Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE);

– Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (FUNDEB);

– Programa Caminho da Escola.

A responsabilidade na condução das políticas públicas de educação é do Ministério da Educação (MEC), das secretarias estaduais e das municipais de educação. Pois como já citado não basta que exista as leis, mas que também alguém faça com que seja devidamente executada na luta contra todo e qualquer tipo de preconceito, racial social, étnicos ou cultural. 

6. METODOLOGIA 

As metodologias propostas de pesquisa serão embasadas nas fundamentações teóricas de Giroux (1995), apud Candau (2002), Mantoan (2003), entre outros.  Identificando o multiculturalismo e diferenças sociais dentro das escolas, para o desenvolvimento do indivíduo na sua aprendizagem e como cidadão. Inicialmente, um estudo exploratório da revisão literária em fontes primárias e secundárias acerca do tema em questão e posteriormente, a análise, planejamento, reflexão e elaboração dos dados coletados, caracterizando a pesquisa como qualitativa. Acervos digitais por meio de literatura cinzenta em plataformas de pesquisa científica como o Google Acadêmico, Biblioteca Eletrônica Científica Online – SciELO e Portais Governamentais.

7. RESULTADOS E DISCUSSÕES 

Os resultados nos mostram que existem leis para tais fins, porém ainda falta muito para serem evidenciadas na prática, muitas ficam só em projetos e leis que não se cumprem, se essas fossem executadas com destreza com certeza teremos resultados extraordinários dentro das escolas. Essa ideia de que não basta educar, mas sim como educar, nos diz Mantoam (2003, p. 7-8): “existem distinções e semelhanças, e nem tudo deve ser uniforme, nem tudo deve ser diverso. É fundamental que tenhamos o direito de ser distintos quando a uniformidade nos despersonaliza e o direito de ser uniformes quando a diversidade nos subestima.” 

De acordo com Freitas (2011), ao longo da história, as diversas culturas ao redor do mundo têm desenvolvido uma rica tapeçaria de valores, normas e estilos de vida. Esses padrões culturais são assimilados pelos indivíduos e os identificam como membros de suas comunidades. Com o passar do tempo, esses símbolos culturais sofrem transformações, gerando novos códigos, normas e modos de viver, trazendo vitalidade às sociedades. Em consonância, Bonetto e Neira (2017, p. 72) esclarecem que a “[…] sociedade está impregnada por intensos processos de hibridização cultural […] A realidade é que não existe uma cultura pura, nem tampouco uma cultura superior ou universal”.

A inclusão e como de fato ela deve acontecer. Pois sabemos que nem todo profissional leva a sério e luta de fato contra as diferenças, e que não se dedica de verdade para que haja mudança nesse sentido dentro das escolas deixando a desejar enquanto sua função de educar com um ensino de qualidade, nessa pesquisa deixamos claro que não há vitória sem que haja luta (MANTOAN, 2002).

A questão surge quando a cultura predominante impõe seus valores, normas e estilos de vida aos grupos culturais considerados “minoritários”, seja por meio de persuasão ou violência física, o que resulta na perda de suas identidades culturais em um processo denominado aculturação (FREITAS, 2011).

Segundo Giroux, apud Candau (2002), nos diz que os (as) educadores (as) não poderão ignorar, no próximo século, as difíceis questões do multiculturalismo, da raça, da identidade, do poder, do conhecimento, da ética e do trabalho, que, na verdade, as escolas já estão tendo de enfrentar. 

Não temos como fugir da realidade das diversidades existentes nas escolas e em meio nossa sociedade, então a solução é tirar do papel os projetos e leis existentes e fazer com que de fato tudo isso seja executado dentro do tema, Diversidades dentro das escolas, só assim teremos de contar com educação de qualidade.

Nas sociedades, não há uma educação escolar que exista à parte do contexto cultural, pois, como afirmou Freitas (2011, p. 30), “a educação, em seu sentido mais amplo, reflete a cultura de um povo”. De acordo com Moreira e Candau (2013, p. 13), é impossível conceber uma experiência pedagógica desprovida de cultura.

Assim, para Bonetto e Neira (2017, p. 76-77), é crucial que as questões relacionadas à discriminação e preconceito sejam permanentemente incorporadas ao currículo, a fim de possibilitar a análise crítica dos discursos sobre as atividades corporais. Isso visa promover um ambiente inclusivo, baseado na participação democrática e colaborativa de toda a comunidade escolar.

É fundamental que a comunidade escolar manifeste interesse pela diversidade cultural, demonstre disposição para explorar novas perspectivas, mesmo que não as endosse integralmente, e esteja aberta ao diálogo e à negociação cultural. Isso implica na concepção de um currículo com práticas pedagógicas mais alinhadas com as demandas atuais, assegurando o reconhecimento do outro.

8. CONCLUSÃO

Percebe-se que já houve grandes avanços em relação à inclusão escolar, sem preconceito em relação de cor, raça, social  e até mesmo em relação a deficiência, mas mesmo com tantas leis que assegura esse direito notamos que ainda, há muito a ser feito na busca de novos caminhos  em relação à inclusão, muitos teóricos como Mantoan em seus relatos crítica, as formas de leis e métodos tradicionalistas usados ainda na escola que, se dizem serem formas de inclusão, mas que, na verdade, acabam excluindo, ao em vez de incluir.

São grandes as expectativas, em torno processo de inclusão, na luta contra a o preconceito e desigualdade dentro das escolas, e sabemos que nessa luta faltam ainda muitos degraus a serem escalados, para alcançarmos o objetivo desejado, para eliminar as diferenças nas escolas, que é uma questão ainda não resolvida.

Quando falamos ainda que não se resolveu é pelo fato de que as leis foram criadas, muitas tentativas realizadas, mas ainda não alcançamos o objetivo desejado. Pois sabemos que ao incluir esses alunos já nos deparamos com muita dificuldade devido a vários problemas, como a questão da preparação dos professores, fiscalização para saber de fato as leis estão sendo executada adequadamente, trabalhar mais os temas em questão no dia a dia nas escolas, buscar projetos e metodologias de acordo com a necessidade de cada região pois sabemos que cada região tem os seus dilemas e suas dificuldades. Sabemos que, sem o apoio e união da escola, comunidade, governos será impossível acabar com as desigualdade e preconceito nas escolas.

A luta pela não inclusão não pode parar, pelo contrário, ela deve acontecer e é de fundamental importância para o futuro da nossa sociedade, mas deveria ser planejado de maneira prática e devidamente preparado para que isso fosse implementado, pois apenas a lei no papel, sem ser executada não traz o efeito desejado. 

Segundo o ponto de vista de vários autores, em destaque nesse trabalho, temos Mantoan, que busca mostrar a todos que é preciso acordamos enquanto há tempo, e enfrentar com firmeza o desafio da inclusão de todos na escola, formando assim escolas que realmente inclua, acabando com o faz de conta da inclusão.

REFERÊNCIAS

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CANDAU, Vera Maria. Interculturalidade e Educação Escolar. Petrópolis, RJ: Vozes, 2002.

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FREITAS, F. S. A diversidade cultural como prática na educação. Curitiba, PR: Ibpex, 2011.

FONSECA, J. G. Multiculturalismo-Brasil Escola, 2020. 1 vídeo (12 min). Publicado pelo canal Brasil Escola. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=4vji3JUEg84&t=13s.Acesso em: 25 setembro. 2023.

GIROUX, H. “Praticando estudos culturais nas faculdades da educação”. In: SILVA, T.T. (org.), Alienígenas na sala de aula. Rio de Janeiro: Vozes, 1995.

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1Discente do Curso Superior de Tecnologia em Gestão Pública do Instituto Federal de Rondônia Campus Porto Velho Zona Norte

2Docente do Curso Superior de Tecnologia em Gestão Pública do Instituto Federal de Rondônia Camus Porto Velho Zona Norte. Especialista em Gestão Pública (CENES) Mestre em Ciências Agrárias Agroecologia (UFPB)