THE IMPACT OF CASH BURN ON STARTUPS: FINANCIAL AND STRATEGIC IMPLICATIONS
REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.8347153
Juliano Carneiro
Resumo: Este trabalho analisa o conceito de cash burn nas startups e suas implicações. Demonstramos como a rápida depleção de capital pode ser prejudicial para a sustentabilidade de negócios emergentes e discutimos estratégias para mitigar esses riscos.
Palavras-chave: Cash Burn. Startups. Planejamento estratégico
Abstract: This work analyzes the concept of cash burn in startups and its implications. We demonstrate how rapid capital depletion can be detrimental to the sustainability of emerging businesses and discuss strategies to mitigate these risks.
Keywords: Cash Burn. Startups. Strategic planning
INTRODUÇÃO
Em um mundo cada vez mais dominado por inovações tecnológicas e transformações digitais, as startups surgiram como protagonistas na remodelação do ambiente econômico global.
Por definição, startups são empresas emergentes, normalmente no setor tecnológico, que buscam resolver um problema de mercado por meio de um modelo de negócios inovador e escalável. Elas operam em um cenário de incertezas, onde a rapidez na adaptação e a capacidade de inovação são cruciais para a sobrevivência e o sucesso. Este ambiente econômico é caracterizado por uma combinação de oportunidades de mercado vastas, concorrência acirrada, e, muitas vezes, uma corrida contra o tempo para alcançar relevância e sustentabilidade.
Neste cenário, o conceito de cash burn (ou “queima de caixa”, em tradução livre) tornou-se uma métrica fundamental para entender a saúde financeira e a longevidade das startups. O cash burn refere-se à velocidade com que uma empresa gasta seu capital de reserva antes de alcançar um fluxo de caixa positivo. Em outras palavras, é a taxa na qual a empresa “queima”1 seu dinheiro, muitas vezes em busca de crescimento acelerado ou para ganhar uma vantagem competitiva no mercado. A compreensão desta métrica é vital, pois ela pode indicar o tempo que uma startup tem antes de precisar de novos investimentos ou, no pior dos casos, enfrentar a insolvência.
Ao longo deste trabalho, exploraremos a dinâmica do cash burn e suas implicações para startups, analisando tanto seus riscos quanto às estratégias para sua gestão eficaz. Em um ambiente econômico onde a velocidade muitas vezes supera a sustentabilidade, entender o equilíbrio entre investimento, crescimento e rentabilidade torna-se fundamental para qualquer empreendedor.
2 FÓRMULA DO CASH-BURN
Segundo McClure (2022), o cash burn refere-se à quantidade de dinheiro que uma empresa está gastando em excesso das receitas que ela está gerando. Embora existam várias nuances sobre como calcular o cash burn dependendo do contexto específico (por exemplo, cash burn operacional vs. cash burn de investimentos), a fórmula básica para calcular o cash burn é: Cash Burn = Despesas – Receitas. O valor resultante lhe dirá quanto dinheiro a empresa está perdendo (ou ganhando, se o número for negativo) em um determinado período.
Além disso, conforme Fonseca (2023), outra métrica comum associada ao cash burn é a runway (pista, em tradução livre), que se refere ao tempo em que a empresa pode continuar operando antes de ficar sem dinheiro, assumindo que o cash burn atual permaneça constante. A fórmula para calcular a runway é:
Runway = Saldo de caixa atual / Cash Burn (por mês)
Por exemplo, se uma empresa tem $1 milhão em caixa e está queimando $100.000 por mês, sua runway é de 10 meses.
É importante ressaltar que as startups muitas vezes têm um cash burn positivo (ou seja, estão gastando mais dinheiro do que estão gerando) durante seus primeiros anos, à medida que investem em crescimento e desenvolvimento. No entanto, é crucial monitorar essa métrica para garantir a sustentabilidade financeira a longo prazo.
3 POR QUE STARTUPS EXPERIENCIAM ALTAS TAXAS DE CASH BURN?
O fenômeno do cash burn é comumente associado às startups, e isso não é coincidência. As startups, por sua natureza inovadora e orientação para crescimento, muitas vezes experienciam altas taxas de cash burn, especialmente durante seus estágios iniciais. A questão crucial é: por que isso acontece? Vamos explorar alguns dos principais fatores que contribuem para esse fenômeno.
1. Custos Iniciais e Investimentos: Antes que uma startup possa começar a gerar receita significativa, ela precisa estabelecer sua base operacional e de produção. Isso inclui investimentos em pesquisa e desenvolvimento para criar ou aprimorar um produto ou serviço, contratação de pessoal, estabelecimento de infraestrutura (como escritórios, equipamentos e tecnologia), e atividades de branding e marketing para lançar a marca no mercado. Muitas startups também podem precisar de licenças, certificações e outros requisitos regulatórios, que têm seus próprios custos associados. Todos esses investimentos iniciais são feitos com a expectativa de retornos futuros, mas, no curto prazo, contribuem significativamente para o cash burn (BERRY, 2023).
2. Crescimento e Expansão Acelerada: Segundo Borges (2016), para muitas startups, a velocidade é essencial. Em setores inovadores e em rápida evolução, ser o primeiro a entrar no mercado ou alcançar uma escala crítica pode ser a diferença entre o sucesso e a obscuridade. Portanto, muitas startups optam por uma estratégia de “crescimento a todo custo”, o que significa investir agressivamente em aquisição de clientes, expansão para novos mercados e desenvolvimento de produtos. Esse foco no crescimento acelerado frequentemente vem à custa da lucratividade a curto prazo, resultando em um cash burn elevado.
3. Mercados Competitivos e a Necessidade de Ganhar Participação de Mercado: Para Andrelo (2016), o ambiente startup é inerentemente competitivo. Muitas vezes, várias empresas estão tentando resolver o mesmo problema ou atender à mesma necessidade do cliente, levando a uma corrida para ganhar participação de mercado. Em tais cenários, as startups podem optar por estratégias agressivas de precificação, oferecendo descontos, promoções ou até mesmo serviços gratuitos para atrair e reter clientes. Além disso, altos gastos com marketing e publicidade são comuns, pois as empresas buscam se destacar em um mercado lotado. Embora tais táticas possam ser eficazes em ganhar clientes e estabelecer uma presença de mercado, elas também aumentam o cash burn.
4 IMPLICAÇÕES NEGATIVAS DO CASH BURN ELEVADO NAS STARTUPS
O cash burn é uma característica intrínseca ao ciclo de vida de muitas startups, especialmente aquelas em estágios iniciais. No entanto, taxas elevadas e sustentadas de cash burn podem trazer implicações severas, comprometendo a viabilidade e o crescimento de uma empresa.
Vamos explorar algumas das principais consequências negativas de um cash burn elevado.
1. Risco de Insolvência: a primeira e mais direta implicação de um cash burn elevado é o risco iminente de insolvência. Se uma startup continua a gastar mais dinheiro do que gera, eventualmente seus fundos se esgotaram. Sem um capital suficiente para cobrir as operações e as obrigações financeiras, a empresa pode ser forçada a encerrar suas atividades ou declarar falência. Este risco é ainda mais acentuado para startups que não têm acesso fácil a fontes adicionais de financiamento (DIÉZ et al., 2021).
2. Dependência de Financiamento Externo e Diluição de Participação Acionária: para combater o cash burn, muitas startups recorrem a rodadas contínuas de financiamento. De acordo com Eppinger e Neugebauer (2022), embora captar capital possa fornecer o fôlego necessário, também vem com suas desvantagens. Cada rodada de financiamento normalmente envolve a emissão de novas ações, resultando em diluição para os acionistas existentes, incluindo os fundadores. Isso não apenas reduz sua participação percentual, mas também pode diminuir seu controle sobre a empresa e a direção estratégica.
3. Pressões de Curto Prazo que Comprometem a Estratégia de Longo Prazo: startups com elevados níveis de cash burn frequentemente se encontram em uma posição reativa, focando em soluções de curto prazo para estabilizar suas finanças. Isso pode levar a decisões apressadas, como cortes de custos drásticos, pivôs estratégicos sem planejamento adequado ou a aceitação de termos desfavoráveis de financiamento. Tais movimentos podem desviar a startup de sua visão e missão originais, comprometendo sua estratégia de longo prazo (WEFORUM, 2019).
4. Erosão da Moral dos Funcionários e Percepção Negativa do Mercado: um cash burn elevado e as consequentes dificuldades financeiras são frequentemente sentidos por toda a organização. Funcionários podem começar a questionar a estabilidade de seus empregos e a direção da empresa, levando a uma moral reduzida e, possivelmente, a uma maior rotatividade. Externamente, parceiros, clientes e investidores podem perceber a empresa como arriscada ou mal gerenciada, dificultando novas parcerias, vendas ou rodadas de financiamento (FLAHERTY; SANDERS; WHILLANS, 2021).
5 ESTUDOS DE CASO
Vários exemplos históricos de startups destacam as consequências potenciais de taxas de cash burn insustentavelmente altas. Algumas dessas empresas enfrentaram grandes obstáculos e até mesmo faliram, enquanto outras ajustaram suas estratégias a tempo. Aqui estão alguns exemplos notáveis:
1. Fab.com: Originalmente lançada como uma rede social para a comunidade LGBTQ, Fab.com pivotou para se tornar um e-commerce de design. Crescendo rapidamente e captando mais de $300 milhões em capital, a empresa rapidamente expandiu suas operações, contratou massivamente e gastou abundantemente em marketing. No entanto, as receitas não acompanharam o ritmo de gastos, levando a um cash burn insustentável. Em 2015, após demissões em massa e múltiplos pivôs, a empresa foi vendida por uma fração de sua avaliação anterior (OCA, 2021).
2. Quirky: Quirky era uma plataforma de invenção comunitária que permitia a qualquer pessoa submeter uma ideia de produto, que, se popular entre a comunidade, seria produzida e vendida. Embora o modelo fosse inovador, a empresa queimava dinheiro rapidamente, gastando em produção, inventário e parcerias de alto perfil. Em 2015, após enfrentar uma dívida crescente e cash burn insustentável, Quirky declarou falência (WU, 2017).
3. MoviePass: MoviePass oferecia uma assinatura mensal que permitia aos usuários assistir a um número ilimitado de filmes nos cinemas. Embora o modelo tenha atraído rapidamente milhões de assinantes, a empresa estava pagando o preço total dos ingressos para os cinemas, resultando em enormes perdas a cada filme assistido por um assinante. Apesar de várias tentativas de ajustar o modelo de negócios, o cash burn da empresa continuou insustentável, e ela encerrou suas operações em 2019 (MARSHALL, 2019).
4. Theranos: Embora o caso Theranos não seja estritamente um exemplo clássico de problemas derivados do cash burn, a empresa gastou enormes somas de dinheiro tentando desenvolver uma tecnologia revolucionária de teste de sangue. As alegações de fraude e a incapacidade de entregar o que foi prometido levaram a problemas legais e de imagem pública. Eventualmente, a empresa desmoronou sob escrutínio regulatório e pressão mediática (BRIEN, 2022).
6 ESTUDOS DE CASOS DE STARTUPS BRASILEIRAS
O cenário de startups brasileiras, assim como em muitos outros lugares do mundo, é composto por uma mistura de histórias de sucesso e fracassos. Algumas startups enfrentam problemas devido a taxas elevadas de cash burn.
Aqui estão alguns exemplos:
- Peixe Urbano: fundado em 2010, o Peixe Urbano foi um dos pioneiros do modelo de compras coletivas no Brasil. A startup cresceu rapidamente, expandindo sua presença em várias cidades e diversificando sua gama de ofertas. No entanto, a rápida expansão e a concorrência intensa neste segmento levaram a um aumento nos gastos. A empresa passou por várias rodadas de demissões e reestruturações. Embora tenha sido adquirida pelo Baidu em 2014, o modelo original de compras coletivas não se mostrou sustentável a longo prazo, e a empresa teve que se adaptar (KNOT, 2021).
- Rapiddo: Fundada em 2012, a Rapiddo oferecia uma plataforma para entrega expressa, conectando entregadores a empresas e pessoas físicas. A empresa iniciou com um forte investimento em marketing e expansão, mas enfrentou forte concorrência de outras startups no segmento de logística. Com o cash burn elevado e dificuldades em atingir a rentabilidade, a Rapiddo foi adquirida pela iFood em 2017 (STENZEL, 2018).
- Spring Wireless: Atuando na área de software empresarial para dispositivos móveis, a Spring Wireless captou dezenas de milhões em investimentos no início dos anos 2000. No entanto, apesar do forte investimento e crescimento inicial, enfrentou desafios em relação à monetização e escalabilidade do seu modelo de negócio. O alto cash burn, combinado com a dificuldade de alcançar um modelo de receita sustentável, levou a empresa a passar por reestruturações e focar em nichos específicos do mercado (VITO, 2023).
Estes exemplos demonstram a importância de equilibrar crescimento e sustentabilidade financeira. Enquanto o investimento em marketing, tecnologia e expansão é fundamental, é igualmente crucial ter uma estratégia clara para alcançar a rentabilidade e controlar o cash burn.
7 ESTRATÉGIAS PARA GERENCIAR E REDUZIR O CASH BURN NAS STARTUPS
Em um ambiente em que startups são frequentemente pressionadas a crescer rapidamente, o cash burn pode tornar-se um desafio significativo. No entanto, adotar uma abordagem estratégica na gestão dos recursos financeiros pode fazer uma diferença significativa. Aqui estão algumas estratégias cruciais para gerenciar e reduzir o cash burn:
De acordo com Ross, Westerfield e Jordan (2023) apresentam um programa de planejamento financeiro que contempla a ideia de um planejamento estratégico rigoroso, da seguinte forma:
- Visão Holística: Ter uma visão abrangente das finanças é essencial. Isso inclui entender tanto as receitas quanto as despesas em detalhes e projetar fluxos de caixa futuros.
- Previsões Regularmente Atualizadas: O ambiente de startups é dinâmico. Portanto, é vital revisar e ajustar regularmente as projeções financeiras com base em dados e performances reais.
- Cenários Alternativos: Desenvolva múltiplos cenários financeiros, incluindo o melhor, o esperado e o pior caso. Isso permite à empresa estar preparada para diferentes eventualidades e tomar decisões informadas.
Sobre este tema, Teixeira (2020) aponta como estratégia, o foco na Monetização e Geração de Receita Desde o Início. O discurso do autor destrincha as seguintes ideias para para Gerenciar e Reduzir o Cash Burn nas Startups:
- Validação do Modelo de Negócio: Antes de escalar, é crucial validar a proposta de valor e garantir que os clientes estão dispostos a pagar por ela.
- Fontes Diversificadas: Ao invés de depender de uma única fonte de receita, considere múltiplos fluxos, como vendas diretas, assinaturas, licenciamentos ou parcerias.
- Ajustes Rápidos: Em caso de desempenho abaixo do esperado, seja ágil em identificar o problema e ajustar o modelo de negócios ou estratégia de precificação.
Da mesma forma, Teixeira (2020) aponta a gestão eficaz de custos e despesas, como outra estratégia, desenvolvida da seguinte maneira:
- Priorização: Nem todos os gastos são igualmente cruciais. Determine quais são essenciais para o crescimento e quais podem ser adiados.
- Negociação: Seja com fornecedores, prestadores de serviços ou locadores, sempre busque os melhores termos possíveis. Um bom negócio pode reduzir significativamente os custos.
- Automatização e Outsourcing: Utilize tecnologias para automatizar processos e considere terceirizar funções não essenciais para manter a estrutura enxuta.
Dorf e Blank (2018) também apresentam uma estratégia que se adequa a este contexto das estratégias para reduzir o cash burn apontando a busca estratégica de investimentos, e a explicam a partir dos seguintes passos:
- Avaliação Correta: Avalie sua startup de forma realista para evitar diluição excessiva de participação acionária.
- Investidores Alinhados: Busque investidores que compartilhem da visão da empresa e possam agregar valor além do capital, seja por meio de mentoria, rede de contatos ou expertise.
- Termos Claros: Certifique-se de que os termos do investimento são claros e justos, protegendo os interesses da empresa a longo prazo.
8 INFLUÊNCIA DA REDUÇÃO DE OFERTA DE CAPITAL DE RISCO EM STARTUPS COM ALTO CASH BURN
Startups, especialmente aquelas em estágios iniciais e com modelos de negócios agressivos, muitas vezes operam com cash burn elevado na expectativa de crescimento acelerado e conquista de participação de mercado. Essas empresas, com frequência, dependem do capital de risco (VC) para financiar suas operações, desenvolvimento de produtos e expansão. No entanto, quando ocorre uma redução na oferta de capital de risco no mercado, as consequências para essas startups podem ser significativas.
A redução do capital de risco disponível pode ter várias implicações para as startups. A mais imediata e óbvia é a dificuldade ampliada em obter financiamento. Conforme a revista Forbes (2023) Startups com alto cash burn e projeções de receitas futuras podem enfrentar um escrutínio muito mais rígido por parte dos investidores. Sem um fluxo constante de capital de risco, muitas dessas empresas podem se encontrar em apuros financeiros rapidamente1. Com recursos limitados à disposição, as startups podem ser forçadas a repensar e modificar seus modelos de negócios. Isso pode significar reduzir o ritmo de expansão, focar em caminhos mais curtos para a monetização ou até mesmo pivotar para abordagens mais sustentáveis (ASHKENAS, 2019).
Um mercado com oferta reduzida de capital de risco pode levar a uma queda na valuação das startups. Investidores podem negociar termos mais duros, levando a uma diluição maior para os fundadores e investidores iniciais (GOEDHART; KOLLER; WESSELS, 2016).
De acordo com Heater et al. (2022), no pior cenário, startups que não conseguem se adaptar à nova realidade e não encontram alternativas de financiamento podem ter que encerrar suas operações. Especialmente aquelas que já estavam à beira da insolvência e contavam com uma nova rodada de investimento para continuar operando.
Uma menor disponibilidade de capital de risco pode impulsionar startups a focar mais em eficiência operacional e caminhos claros para rentabilidade. Isso pode, em alguns casos, resultar em empresas mais robustas e resilientes no longo prazo
Finalmente, de acordo com a Forbes (2023), as startups podem começar a buscar outras formas de financiamento, como crowdfunding, empréstimos tradicionais ou parcerias estratégicas, para suprir a lacuna deixada pelo capital de risco.
CONCLUSÃO
O universo das startups é intrinsecamente ligado à inovação e ao crescimento acelerado. No entanto, no coração dessa aceleração está o conceito de cash burn, que, se mal administrado, pode ser a ruína de projetos promissores. A capacidade de uma startup compreender, monitorar e gerenciar seu cash burn não é apenas uma questão de sobrevivência financeira, mas também é indicativa de sua maturidade operacional e prontidão para enfrentar os desafios inerentes à sua jornada.
Entender e monitorar o cash burn é crucial porque ele serve como um barômetro da saúde financeira de uma startup. Uma taxa de queima que é sustentável em relação às entradas de capital indica que a empresa está gerindo seus recursos de forma eficaz. Por outro lado, um cash burn elevado, especialmente em face de receitas incertas ou distantes, pode sinalizar problemas subjacentes na estratégia ou execução. Em termos simples, o cash burn é um sintoma, e monitorá-lo ajuda as startups a identificar e corrigir problemas antes que se tornem incontroláveis.
Porém, há uma nuance vital a ser considerada: o equilíbrio entre crescimento e sustentabilidade. Em seus estágios iniciais, muitas startups operam em um déficit deliberado, investindo pesadamente em desenvolvimento de produtos, marketing e expansão, na expectativa de conquistar participação de mercado e alcançar lucratividade futura. Esse é o dilema clássico: crescer rapidamente à custa de lucros de curto prazo ou crescer de maneira mais moderada e sustentável. Não existe uma resposta única, pois as circunstâncias variam de uma startup para outra. No entanto, o equilíbrio ideal é aquele que alinha o crescimento com a visão de longo prazo da empresa, ao mesmo tempo que mantém a saúde financeira intacta.
Em conclusão, a dança entre crescimento e sustentabilidade é delicada, e o cash burn é uma das métricas mais reveladoras nesse cenário. As startups que conseguem equilibrar esses dois imperativos não apenas solidifica sua posição no mercado mas também pavimentam o caminho para um futuro próspero e resiliente.
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1Aspas minhas