TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO PARA A INCLUSÃO DE PESSOAS COM NECESSIDADES ESPECIAIS: DA FORMAÇÃO DOS PROFESSORES

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.8192902


Nilton Vieira Costa¹


Resumo

O presente estudo tem como objetivo investigar as mudanças na prática docente após o curso de formação continuada para uso de TIC com foco na educação especial buscando identificar se esses saberes têm contribuído para a prática pedagógica e para o crescimento profissional de professores atuantes na educação inclusiva nas escolas estaduais do município de Urucurituba – AM. Esta pesquisa foi desenvolvida a partir de uma metodologia qualitativa com abordagem etnográfica. O trabalho foi desenvolvido com professores do Ensino Fundamental nos anos finais, num total de sete docentes. A investigação foi feita através de questionários, estas pelo aplicativo WhatsApp alguns por intermédio de material impresso, direcionada aos professores que acompanham o processo pedagógico dos alunos com necessidades especiais nas salas regulares. Os resultados desta pesquisa demonstraram que os professores enfrentam como principais desafios a falta de infraestrutura e recursos materiais para lidar com o processo de inclusão escolar, além de destacarem a falta de capacitação para tanto. A formação continuada que realizaram para uso da TIC com alunos com necessidades especiais lhes possibilitou melhor entendimento sobre o que era realizado com os alunos na sala de AEE, todavia, como os recursos não são suficientes, não conseguem aplicar na sua prática. Ao final do estudo foi possível verificar a importância das SRM para o desenvolvimento integral dos alunos com necessidades especiais atendidos no AEE e, consequente, para a promoção da efetivação da inclusão escolar dessas crianças, com a manipulação de materiais adequados para o seu aprendizado, além de profissionais devidamente capacitados para lidar com suas necessidades.

Palavras-Chave: Inclusão Escolar. Formação Continuada. Tecnologias.

Abstract

The present study aims to investigate changes in teaching practice after the continuing education course for the use of ICT with a focus on special education, seeking to identify whether this knowledge has contributed to the pedagogical practice and professional growth of teachers working in inclusive education in state schools in the municipality of Urucurituba – AM. This research was developed based on a qualitative methodology with an ethnographic approach. The work was developed with Elementary School teachers in the final years, in a total of seven teachers. The investigation was carried out through questionnaires, these through the WhatsApp application, some through printed material, directed at teachers who follow the pedagogical process of students with special needs in regular classrooms. The results of this research showed that teachers face as main challenges the lack of infrastructure and material resources to deal with the process of school inclusion, in addition to highlighting the lack of training for this. The ongoing training they carried out for the use of ICT with students with special needs enabled them to better understand what was done with students in the AEE room, however, as the resources are not enough, they are unable to apply it in their practice. At the end of the study, it was possible to verify the importance of SRM for the integral development of students with special needs attended in the AEE and, consequently, for the promotion of the effectiveness of the school inclusion of these children, with the manipulation of adequate materials for their learning, in addition to professionals duly trained to deal with their needs.

Keywords: School inclusion. Continuing Education. Technologies.

Introdução

O presente trabalho traz um estudo sobre a importância da formação continuada para professores e o uso das TIC na educação inclusiva. Tendo em vista que uma educação de qualidade para todos, plena, voltada para a cidadania global, livre de preconceitos e que reconhece e valoriza as diferenças, dentre outros fatores, num redimensionamento de todo contexto escolar, considerando não somente a matrícula, mas, principalmente a valorização das aptidões e respeito às diferenças. É necessário que os professores tenham conhecimento sobre esta ferramenta de ensino não errando com a metodologia a ser adotada, pois as possibilidades de recursos são infinitas. Assim sendo, temos a Educação inclusiva como: Direito a diversidade.

Sabemos que um dos grandes desafios encontrado pela da educação inclusiva não é somente a resistência à inclusão por parte de educadores e pais de alunos sem deficiência, mas também, a falta de formação por parte dos docentes. No processo de inclusão, não é apenas o aluno que precisa adaptar-se à escola e, sim, a escola, que necessita preparar-se para receber este aluno.

Entende-se que paralelo à formação do professor também se deve investir em reformas e equipamentos das escolas para o atendimento, Mantoan (2006, p.57) diz que “a formação continuada do professor deve ser um compromisso dos sistemas de ensino comprometidos com a qualidade do ensino (…).”As instituições escolares, apoiadas pelas esferas federais, estaduais e municipais devem motivar os professores e dar subsídios para que possam exercer seu papel da melhor forma possível visando a inclusão dos alunos com deficiência e um ensino de excelência.

Nos dias atuais muito se discute o uso das TICs na prática docente, sendo que a utilização de forma planejada muito pode viabilizar e favorecer o desenvolvimento e aprendizado do aluno com necessidade educacional especial, e ainda pode contribuir no seu processo de inclusão no contexto escolar.

A prática docente através do uso de Tecnologias da Informação e de Comunicação se apresenta como um desses meios, sendo já atestada por vários autores, por exemplo, Valente (1997), que pesquisam, a validade do uso do computador pelos alunos com necessidades educacionais especiais, e que acreditam que este recurso auxilia qualquer que seja o grau de necessidade do aluno, até porque é composto de diversas ferramentas, e estas propiciam um trabalho lúdico-pedagógico, desde que mediado por profissionais qualificados.

A inclusão escolar é um tema atual e de interesse científico a demanda de como devemos educar crianças jovens e adolescentes com deficiência, que sempre se mostrou polêmica e até contraditória. O conhecimento de si mesmo, da sociedade, do meio ambiente onde habita, levou o homem a projetar o entendimento de buscar mecanismos tornando satisfatórios assuntos que até então eram obscuros e avanços no conhecimento da biologia humana, da psicologia, da antropologia, entre outras ciências humanas e sociais, permitiram a formação de ideias e critérios mais otimistas sobre estas pessoas, seu desenvolvimento, sua inclusãoe autonomia.

Nesse contexto, o presente estudo tem como objetivo investigar as mudanças na prática docente após o curso de formação continuada para uso de TIC com foco na educação especial buscando identificar se esses saberes têm contribuído para a prática pedagógica e para o crescimento profissional de professores atuantes na educação inclusiva nas escolas estaduais do município de Urucurituba – AM.

Metodologia

A pesquisa foi desenvolvida a partir de uma metodologia qualitativa com abordagem etnográfica. Os procedimentos que nortearam esta pesquisa empírica foram de forma online devido à pandemia Covid-19, tendo como objetivo verificar a importância e os desafios da educação inclusiva nas escolas estaduais no município de Urucurituba – AM.

A pesquisa etnográfica, de acordo com Macedo (2010), nasce da inspiração e da tradição etnográfica, direcionando seu interesse para compreender as ordens socioculturais em organização, constituída por sujeitos intersubjetivamente edificados e edificantes, ou seja, preocupa-se com os processos que constituem o ser humano em sociedade e em cultura, compreendendo-a como algo que transversaliza e indexaliza toda e qualquer ação humana e os métodos etnográficos que ali se dinamizam.

O trabalho foi desenvolvido com professores do Ensino Fundamental nos anos finais, num total de sete docentes. A partir de suas respostas foi analisado o uso das TICs pelos professores no processo de educação inclusiva, assim como, a formação dos docentes para a melhoria do aprendizado dos alunos com necessidades educacionais especiais. O estudo foi feito num período de 03 meses a partir da proposição de problemas e finalizou com análises de dados levantados.

Salienta-se que os professores que responderam esta pesquisa compõem o quadro de duas escolas estaduais Escola Estadual Professor Armando Kettle e Escola Estadual Maria Arruda localizada na sede urbana Urucurituba – AM. A Escola Estadual Professor Armando Kettle está localizada na Rua Olivia Gomes nº 62 no bairro de Aparecida (Figura 1). Seu corpo docente tem um total de 48professores, com 834alunos matriculados atualmente, dentre os quais, 8 possuem necessidades especiais. Dentre as necessidades, temos: 1 – Autismo infantil; 2 – Deficiência intelectual; 1– Deficiências múltiplas; 1 – Síndrome de Rett; 1– Transtorno Desintegrativo infantil; e 2 – Síndrome de Down.

De acordo com relato dos gestores, professores e imagens cedidas por eles, é notório que esta não possui estrutura física adequada para atender de forma agradável alunos com necessidades educacionais especiais; o espaço físico precisa de adaptações e ampliações para as crianças utilizarem, as escolas possuem pátio fechado, na qual as crianças quando querem brincar, usam o pátio externo das escolas. As escolas têm apenas rampas de acesso apenas pela frente, não existem rampas que fornecem aceso a área externa; as portas de entrada são inadequadas ao acesso por um cadeirante em uma das escolas, pois esta apresenta uma rampa muito inclinada. As duas escolas possuem Salas de Recursos Multifuncionais, mas precisam de mais recursos tecnológicos “TICs” que facilitem a vida dos alunos com necessidades especiais.

Estas duas instituições atendem alunos de toda cidade e do interior e estão localizadas: uma no centro da cidade e a outra no Bairro de Aparecida. Elas foram selecionadas por motivo que as mesmas possuem alunos com necessidades especiais inseridas no ensino regular. Esta pesquisa teve início no mês de novembro de 2020, fevereiro e março de 2021 e, por motivo da pandemia covid-19, todas as informações aos alunos são referidas ao ano de 2019 quando houve aulas presenciais, exceto as que se referem à quantidade de alunos matriculados no ano de 2021.

Os materiais utilizados nesta pesquisa foram: computador, smartphone, papel, caneta, impressora, agenda para anotações, etc. A proteção das pessoas pesquisadas é fundamental para o bom desenvolvimento do processo “é muito importante neste estudo, pois a condução deve ser balizada com o mais alto padrão ético, devendo priorizar o consentimento do participante, evitar qualquer uso indevido das informações fornecidas, protegendo, assim, a privacidade e a confidencialidade dos pesquisados” afirma Flick (2009).

A investigação foi feita através de questionários, estas pelo aplicativo WhatsApp alguns por intermédio de material impresso, direcionada aos professores que acompanham o processo pedagógico dos alunos com necessidades especiais nas salas regulares.

O estudo partiu da distribuição ou envio dos questionários via WhatsApp, e-mail e material impresso em PDF para a coleta de dados, pois através de questionários segundo Severino (2013, p. 125,) destina-se “a levantar informações escritas por parte dos sujeitos pesquisados, com vistas a conhecer a opinião dos mesmos sobre os assuntos em estudo”, no entanto as questões são de formas abertas, neste sentido “o sujeito pode elaborar as respostas, com suas próprias palavras, a partir de sua elaboração pessoal” (Severino, 2013, p. 126). O questionário foi composto por questões abertas (subjetivas), as quais estão apresentadas na Tabela 1.

Tabela 1. Questões destinadas aos professores

1. Fale um pouco sobre sua história como professor e as experiências vividas com a educação inclusiva.
2. Quando pensa na educação inclusiva qual a história mais marcante que vem em mente?
3. Quais as principais dificuldades que já vivenciou no processo de inclusão na educação?
4. Como faz o planejamento das aulas? Leva em consideração a presença desses alunos em sala de aula? Como você lida com isso?
5. Como você poderia descrever suas principais necessidades de preparo para lidar com o ensino de pessoas com deficiência? O que sente falta nesse contexto?
6. Como foi o processo de formação continuada para uso das TIC com foco na educação especial?
7. Já fez ou faz uso de alguma tecnologia com vistas a facilitar o ensino para alunos com deficiência?
8. Quais as dificuldades e dúvidas em relação à educação inclusiva que você ainda possui após a formação continuada?
9. O que mudou após a formação continuada no que diz respeito ao o uso da sala de recursos que favoreçam o ensino-aprendizagem dos alunos especiais?
10. Quais avanços e suportes na sua prática enquanto docente percebidos por você após a formação continuada sobre a inclusão nas escolas?
11. Você possui alguma sugestão para melhoria da prática docente no processo de inclusão nas escolas?
Fonte: Elaborada pelo autor (2021).

Segundo Kumar (2015), os questionários qualitativos são perguntas que são feitas diretamente aos sujeitos da pesquisa. Esses questionários podem ser informais e conversacionais, semiestruturadas, padronizadas e abertas ou uma mistura das três anteriores. Isso fornece uma grande quantidade de dados para o pesquisador que eles podem classificar. Isso também ajuda a coletar dados relacionais. Esse método de pesquisa de campo pode usar uma combinação de aplicação de questionários individuais, grupos focais e análise de texto.

Considerando as particularidades da pesquisa no campo educacional foram consideradas questões éticas, destacando-se o consentimento livre, após a autorização do coordenador estadual do município, bem como dos gestores das escolas estaduais. Além disso, foi explicado que seus nomes serão preservados, pois os questionários ou entrevistas que responderam não demandam preciso se identificar, pois neles estão seus nomes, endereços, idade, etc. Neste sentido, Merrian (1998) suscita questões éticas pertinentes que devem ser consideradas pelo pesquisador ao refletir se em nome da clareza e da transparência do estudo podem ser manifestados aspectos particulares ou mesmo ritos sacralizados pelo habitus do sujeito pesquisado, que poderiam vir a ser profanados se trazidos a público ou expostos de forma indevida.

Os dados recolhidos foram entregues as instituições da qual fazem parte para serem arquivados. As instituições que serão pesquisadas já foram comunicadas e esta pesquisa será autorizada através de um documento assinado pelos gestores das escolas. Merrian (1998) suscita questões éticas pertinentes que devem ser consideradas pelo pesquisador ao refletir se em nome da clareza e da transparência do estudo podem ser manifestados aspectos particulares ou mesmo ritos sacralizados pelo habitus do sujeito pesquisado, que poderiam vir a ser profanados se trazidos a público ou expostos de forma indevida.

Os possíveis riscos podem ser enumerados como: invasão de privacidade; discriminação e estigmatização a partir do conteúdo revelado; constrangimento do observado perante o observador durante o procedimento de coleta de dados. Ainda pode ocorrer a perda das informações escritas bem como dados de identificação dos participantes com a perda destes documentos, além de utilização do seu tempo ao responder a entrevista.

Contudo, o pesquisador firma o compromisso ético de cumprir o que está estabelecido na Resolução do Conselho Nacional de Saúde nº 466/12 respeitando as atitudes e habilidades do observado, se colocou à disposição para questionamentos sobre qualquer situação apresentada, visando minimizar tais riscos, seus dados foram mantidos em sigilo, sem que houvesse possibilidade de identificação.

A análise dos dados foi realizada a partir de abordagem qualitativa, considerando a técnica de Análise de Conteúdo proposta por Bardin (2011). Vale destacar, com base em Freitas, Cunha e Moscarola (1997), que a análise de conteúdo consiste em uma metodologia refinada, demandando de dedicação, paciência e tempo do pesquisador, visto que, além de se apoiar em dados como um estudo teórico, por exemplo, deverá também utilizar sua intuição, imaginação e criatividade, sendo necessário, assim, disciplina, perseverança e rigor por parte do pesquisador.

Gatti e André (2010) fizeram uma revisão referente à importância nos procedimentos de pesquisa qualitativa em Educação no Brasil, trazendo a diversidade das principais tendências da pesquisa qualitativa. Tem-se defendido que a apropriação de conhecimentos se dá com uma metodologia de independência realizada de modo com o outro e contra o poder do outro sobre a vida (Pineau, 2006).

Para discorrer acerca da metodologia utilizada para desenvolvimento deste estudo, apoia-se em Laurence Bardin, com sua publicação do ano de 2011 escolhendo o autor como base por ser uma referência atual em análise de conteúdo, o que não impede de também fazer uso de outros autores. A técnica foi utilizada com o intuito de alcançar os objetivos traçados neste estudo.

Na pré-análise, tem-se a organização do material a ser analisado, fazendo-se a leitura flutuante, que consiste no primeiro contato com os documentos da coleta de dados, em seguida, procede-se com a escolha dos documentos, demarcando-se o que será analisado, para que desse modo se possa formular as hipóteses e objetivos do estudo, por fim, fechando a etapa de pré-análise, referencia-se os índices e elabora-se os indicadores, o que é feito por meio de recortes de textos nos documentos de análise.

A exploração do material, segunda fase da análise de conteúdo, conforme Bardin (2011), consiste em definir as categorias de estudo e identificar as unidades de registro, ou seja, considerar qual será a unidade base. Trata-se de uma das etapas mais importantes da análise de conteúdo, visto que consiste na submissão do material coletado a um estudo aprofundado, o qual foi orientado pelos objetivos da pesquisa.

A exploração do material foi feita neste trabalho em três categorias: dificuldades e dúvidas em relação à educação inclusiva; desenvolvimento e aquisição dos recursos didáticos pedagógicos; avanços e suportes na prática docente; proposta de formação com uso de TICS para professores do ensino fundamental e médio sobre a inclusão de pessoas com necessidades especiais.

Na terceira fase da análise de conteúdo, tratamento dos resultados, inferência e interpretação ocorre a condensação e o destaque das informações necessárias para análise, se configurando como o momento de realizar uma análise crítica e reflexiva do estudo (Bardin, 2011). Assim, por meio da análise de conteúdo, desenvolveu-se este trabalho, utilizando de material teórico e prático para que os objetivos deste estudo fossem verificados e alcançados.

Resultados e Discussão

Neste capítulo são abordadas as categorias definidas na fase de análise dos dados, estando elas descritas e discutidas nos tópicos a seguir.

Dificuldades e dúvidas em relação à educação inclusiva

Nesta etapa são analisadas as dificuldades e dúvidas em relação à educação inclusiva na percepção dos professores. Para tanto, iniciou-se buscando conhecer suas experiências com a educação inclusiva, buscando identificar as nuances que envolvem essa prática. Na Tabela 2 são apresentados os relatos apresentados pelos professores que participaram desta pesquisa:

Tabela 2. Experiências vividas com a educação inclusiva

P1­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­Como professora, trabalhei alguns anos com componentes curriculares diferentes no ensino fundamental, e no ensino médio me deparei com alguns alunos com necessidades especiais e não tinha conhecimento da inclusão, o desafio era grande. Em 2012 a escola Maria Arruda foi contemplada com uma sala de recursos para atender os alunos com necessidades, fui lotada na mesma e tive que mudar minhas metodologias e planejamentos. Fui de encontro com diferentes necessidades e dificuldades de cada criança e   processo de ensino e aprendizagem, foi um desafio prazeroso. Aprendi a conviver com eles olhar diferente, valorizar mais a vida do ser humano, o amor dessas pessoas é verdadeiro e me ensinou a ser diferente. Descobri que a família é uma peça fundamental nesse processo, precisamos andar de mãos dadas para uma educação de qualidade.
P2Sou educadora desde dezoito anos de idade e comecei a enfrentar os desafios da sala de aula tendo como prioridade uma escola particular de ensino de alfabetização, 1ª, 2ª, 3ª e 4ª séries, o qual fiz uma provação do que eu realmente queria, trabalhei neste escola por um ano, depois ingressei na escola pública de 6º ao 9º anos, com o passar do tempo fiz concurso para a rede municipal e trabalhei com a alfabetização e a 4ª série, continuei na rede estadual no ensino fundamental de 6º ao 9º ano e logo em seguida ingressei no ensino médio. As experiências vivenciadas são boas porque fiz parte da educação infantil onde começou um trabalho de ensinar as primeiras letras, desenhos para as crianças, entre outras, na qual lecionei durante treze anos. Na alfabetização e na 4ª série que consegui diagnosticar os problemas de aprendizagem, onde muitos alunos custavam aprender as letras, números, tinham outras que não conseguiam memorizar, não sabiam ler e nem escrever, isso me fez refletir muitas vezes o processo de ensinar e como ensinar? Com o tempo fui estudando cada vez mais para entender essas dificuldades que atrapalhavam as aprendizagens dos alunos o qual estavam inseridos no processo educativo. Trabalhei com crianças que tinham problemas de aprendizagem por algum motivo especial, porém fui fazendo trabalhos diferenciados para entender as dificuldades encontradas e conseguir ensinar com desafios do cotidiano escolar. Fiz projetos em cima das dificuldades, depois de diagnosticadas fui trabalhar com materiais diferenciados incluindo todos os alunos a qual faziam parte do contexto escolar, refletindo cada vez mais a minha prática pedagógica, respeitando a aprendizagem de cada um, considerando a realidade socioeconômica e afetiva como um dos fatores que contribuem no processo ensino e aprendizagem.
P3Minha experiência na educação inclusiva iniciou quando aceitei o desafio de trabalhar como auxiliar de vida escolar no momento da pandemia, apesar de ter feito um curso voltado para a educação especial, tive a oportunidade de vivenciar na sala regular com alunos com necessidades como autistas, deficiência neurológicas , hiperativas e, isso foi marcante pelo fato de estar presente com um grande desafio de tentar trabalhar com todos ao mesmo tempo sem excluir ninguém, aprendi bastante, mas senti a necessidade de buscar métodos de ensinar
P4Atuo como professora desde 2018, mas como auxiliar de vida escolar apenas 2 anos. Experiência que me refletir o quanto a AEE transforma, traz acessibilidade e promove um caminho eficaz para os alunos com necessidades especiais.
P5Sou professor há 23 anos. Desde então, venho vivenciando muitos momentos de desafios, superação e aprendizagens, que é um desafio vivido diariamente com este tema que é a educação inclusiva, na qual houve muitas mudanças em que de alguns anos pra cá passamos a ter alunos com todo tipo de deficiência, sendo elas físicas, psicológicas e ao mesmo tempo socioeconômicas.
P6Sou professor há vários anos e vejo que a alguns anos atrás pouco se falava em educação inclusiva, neste sentido vejo que hoje há a necessidade de mais esclarecimentos e que ela está acontecendo dentro de nossas escolas e que vem transformando a forma de olhar a inclusão para com todos.
P7Sou muito recente no magistério, tenho apenas 7 anos ministrando aulas,  nesse período pude observar mudanças dentro das escolas, apesar de forma lenta, mas já vemos alunos com todo tipo de necessidades juntos com outros alunos em salas regulares, isso me surpreende muito e, em nossa escola não é diferente, infelizmente pra nós que não temos um preparo, uma formação voltada para lidar com esse tipo de situação fiquei surpreso e sem muito o que fazer quando em duas salas tinham alunos com autismo, fiquei muito atrapalhado, mas busquei através de experiências de outros colegas ajuda para poder ter êxito nas minhas aulas.
Fonte: Dados primários da pesquisa (2021).

Verifica-se que os professores já possuem experiência na educação inclusiva, com a educação inclusiva sendo mencionada por eles como um desafio, principalmente para aqueles que possuem experiência mais recente, além disso verifica-se em seus relatos as mudanças percebidas no contexto escolar em relação à inclusão de pessoas com deficiência, mencionando que apesar de ainda estar longe do modelo adequado, em muito já avançou. Esses resultados são enfatizados na Figura 3 que demonstra as principais palavras ditas pelos professores:

Figura 3. Nuvem de palavras – Experiências vividas com a educação inclusiva

Fonte: Elaborada pelo autor (2021).

Como é possível verificar na Figura 3, palavras como necessidades, desafios, dificuldades, alunos, educação, aprendizagem e ensinar são constantemente mencionadas pelos professores, o que evidencia que faz parte de sua vivência com a educação inclusiva. Para que se pudesse ter maior noção sobre a vivência dos professores nesse processo, foi pedido que mencionassem sobre histórias marcantes de sus práticas com alunos com deficiência. Os resultados estão apresentados na Tabela 4.

Tabela 4. Histórias mais marcantes

P1O que marcou minha vida durante esse tempo foi a chegada de um aluno com deficiência física e paralisia cerebral, pensei que o mesmo não fosse capaz de aprender e realizar suas atividades e, ao observar o aluno pegar o lápis e desenvolver a coordenação motora mesmo com dificuldade, mas com muita alegria, chorei emocionada, pois o mesmo nunca havia frequentado uma sala de aula.
P2Na educação inclusiva minha história marcante é quando todos os alunos estão incluídos na mesma sala e devemos saber como ensiná-los tentando entender cada dificuldade encontrada dando apoio necessário para todos os educandos, usando diferentes metodologias e técnicas para acontecer o processo de ensino e aprendizagem.
P3Acredito que uma das histórias marcantes que aconteceu comigo foi quando fui trabalhar em uma sala e nesta tinha alunos com muitos problemas, tanto com deficiência como alunos que eram excluídos por colegas pelo fato de dizerem que os mesmos não queriam nada, foi um grande desafio como professor e algo que marcou minha vida como profissional da educação.
P4O fato de acompanhar pela primeira vez uma aluna que apresentava epilepsia, obteve apoio dos familiares e conseguimos superar as dificuldades.
P5De uma aluna autista que fazia de tudo para terminar suas atividades primeiro que seus colegas, quando não conseguia, ficava mal e eu tinha que conversar com ela para trazê-la novamente ao grupo.
P6A história que vem em mente, quando se pensa na educação inclusiva é que se confunde com a educação especial. Todavia, educação inclusiva engloba a educação especial, mas vai além.
P7O desafio de encontrar a metodologia adequada que proporcione ao aluno um bom conhecimento de acordo com sua deficiência.
Fonte: Dados primários da pesquisa (2021).

Conforme verifica-se nos relatos apresentados pelos professores as histórias marcantes são relacionadas aos desafios vivenciados com os alunos com necessidades especiais, assim como pelas superações vistas em seus alunos no processo de ensino e aprendizagem. A figura 4 ilustra as palavras mais ditas pelos professores ao mencionar as histórias mais marcantes:

Figura 4. Nuvem de palavras – histórias mais marcantes

Fonte: Dados primários da pesquisa (2021).

É possível verificar as dificuldades e os desafios são persistentes na vida dos professores, desde o processo de ensino e aprendizagem, até as relações interpessoais, considerando tanto professor-aluno, quanto aluno-aluno. Nesse âmbito vale ressaltar que o sistema educacional tradicional atribui à aprendizagem a dicotomia entre cognição e afetividade. Para a escola o desenvolvimento intelectual de seus alunos depende apenas dos aspectos cognitivos. Assim, a educação trabalha de maneira mecânica priorizando a construção do conhecimento a partir da razão e distanciando-a das possíveis relações afetivas no ambiente escolar.

Desta forma, necessita-se “fabricar” uma educação que ultrapasse a barreira tradicional e ofereça aos educandos um trabalho que una aspectos cognitivos e afetivos na formação de conhecimentos. Incorporar emoções e sentimentos como objetivos de estudo na forma de projetos interdisciplinares perpassando os demais conteúdos é uma opção para o desenvolvimento do trabalho citado anterior. Além da capacidade de resolver problemas matemáticos, o aluno alcançará seus conflitos pessoais com maior êxito.

Nesta concepção, a educação afetiva pode levar o sujeito ao descobrimento das emoções e sentimentos próprios facilitando a compreensão do outro. Se esses forem respeitados como guias, tanto para o estado de seu próprio organismo como também dos outros, surge uma cultura em que os sentimentos e as emoções importam e motivam o indivíduo a responderem afetivamente e cognitivamente (Gerhardt, 2016).

A escola deve entender que da mesma maneira que os estudantes aprendem a ler e escrever é fundamental que conheçam a si mesmos. Sem a experiência social adequada com um adulto afetuoso, certamente o córtex da criança não se desenvolverá bem. Em pesquisas, observou-se que o volume do córtex é menor quando os primeiros relacionamentos da criança são precários, especialmente quando sofrem maus-tratos emocionais ou são negligenciadas.

Experiências afetivas precárias também dificultam o estabelecimento de vias neurais importantes. Quando essas ligações são fracas, o córtex não desempenha seu trabalho da melhor forma. Se os sentimentos e emoções forem respeitados como guias, tanto para o estado de seu próprio organismo como também dos outros, surge uma cultura em que os sentimentos dos outros importam e o indivíduo sente-se motivado a responder a eles (Gerhardt, 2016).

Ao perguntar as principais dificuldades já vivenciadas pelos professores para que se fosse mais incisivo em identificá-las, os professores apresentaram os relatos descritos na Tabela 5.

Tabela 5. Principais dificuldades já vivenciadas

P1Em primeiro lugar a família sem demonstrar interesse em matricular seu filho por medo, assim como, as escolas aceitarem os mesmos matriculados regulamente. Também temos alguns professores que não dão atenção e carinho com gratidão e respeito a esses alunos. Outra dificuldade é a falta de estrutura física das escolas, recursos tecnológicos, etc.
P2As principais dificuldades vivenciadas no processo de inclusão na educação é a formação, o despreparo, a falta de recursos, as escolas não possuem um ambiente favorável a inclusão, salas superlotadas, materiais didáticos em falta, materiais inadequados, pouco espaço para recreação, ausência de recursos tecnológicos, além da acessibilidade como rampas e banheiros, a comunicação com os alunos, o apoio da família, psicólogos e especialistas, por isso não atendem as necessidades dos educandos.
P3As principais dificuldades que vivenciamos na prática em adequação do espaço físico, material didático apropriado, formação continuada para todos os docentes, acompanhamento de profissionais parceiros (assistente social, psicólogo, entre outros).
P4O ato de alguns pais e responsáveis não participarem da vida escolar do seu filho(a) efetivamente que acaba influenciando na vida escolar do aluno.
P5A falta de formação e a falta de recursos, sendo elas estruturais e tecnológicas.
P6A principal dificuldade é vivenciada quando o professor se depara com aluno com necessidade especial. Isso. Acontece devido à falta de formação, o que dificulta o trabalho do docente.
P7A falta de condição adequada para receber esses alunos em um ambiente proporcional a sua deficiência.
Fonte: Dados primários da pesquisa (2021).

Como se pode verificar na Tabela 5, os professores concordam que as principais dificuldades e desafios vivenciados para inclusão escolar estão relacionados a falta de recursos materiais e humanos. Esse resultado é reforçado a partir da nuvem de palavras apresentado na Figura 5.

Figura 5. Nuvem de palavras – Principais dificuldades já vivenciadas

Fonte: Dados primários da pesquisa (2021).

De acordo com os professores, falta maior preparo da classe para lidar com esses alunos, além disso, as escolas não contam com infraestrutura adequada para recebê-los, verificando-se também problemas em recursos de ensino e aprendizagem, fator que corrobora com pesquisas como a de Silva et al. (2021) e Neves et al. (2019). No que diz respeito à composição das SRM, de acordo com o MEC tem-se:

Quadro 1. Equipamentos que compõem uma SRM

Equipamentos
2 Computadores
2 Estabilizadores
1 Impressora multifuncional
1 Roteador Wireless
1 Mouse com entrada para acionador
1 Acionador de pressão
1 Teclado com colmeia
1 Lupa eletrônica
1 Notebook Mobiliários
1 Mesa redonda
4 cadeiras para mesa redonda
2 Mesas para computador
2 Cadeiras giratórias
1 Mesa para impressora
1 Armário
1 Quadro branco Materiais Didáticos Pedagógicos
1 Software para comunicação aumentativa e alternativa
1 Esquema corporal
1 Sacolão criativo
1 Quebra cabeças superpostos – sequência lógica
1 Bandinha rítmica
1 Material dourado
1 Tapete alfabético encaixado
1 Dominó de associação de ideias
1 Memória de numerais
1 Alfabeto móvel e sílabas
1 Caixa tátil 1 Kit de lupas manuais
1 Alfabeto Braille
1 Dominó tátil
1 Memória tátil
1 Plano inclinado – Suporte para livro
Fonte: Dados primários da pesquisa (2021).

O acesso a uma sala de recursos multifuncionais é valioso para o aluno com deficiência. A partir disso salienta-se a importância da formação continuada para que seja possível melhorar os resultados da inclusão escolar.

Desenvolvimento e aquisição dos recursos didáticos pedagógicos

Sabendo das dificuldades e desafios vivenciados pelos professores, nesta etapa foi considerado os aspectos relacionados ao desenvolvimento e aquisição dos recursos didáticos pedagógicos, para tanto foi perguntado aos professores sobre o modo de planejamento das aulas e das principais necessidades de preparo para lidar com o ensino de pessoas com deficiência verificadas por eles. Os relatos apresentados pelos professores em relação ao modo de planejamento das aulas para inclusão de alunos com necessidades especiais estão descritos na Tabela 6.

Tabela 6. Modo de planejamento das aulas

P1Os planejamentos são diversificados de acordo com a necessidade de cada aluno e, muitas vezes eles não conseguem, então temos que replanejar para que consigamos chegar ao êxito.
P2O planejamento das aulas é feito a partir do diagnóstico da deficiência dos educandos, quando a escola recebe esses alunos, os atores do processo educacional se reúnem para definir os objetivos e as estratégias para determinar os conteúdos propostos e reinventar nossas práticas nas aulas dadas, pois deve ser contínuo e colaborativo valorizando os interesses e atendendo as necessidades dos educandos. Devemos levar em consideração as presenças dos alunos porque eles estão ali participando de algo que venha melhorar o seu aprendizado, descobrindo suas habilidades e dificuldades.
P3O planejamento das aulas na realidade é feito de maneira regular, atendendo somente para as atividades especificas para os alunos especiais, levando em consideração a presença do aluno juntamente com os demais.
P4O plano de estudo está sendo feito de forma semestral, pois a aluna acompanha as aulas de forma remota, apostilas impressas, áudios, vídeos por meio de WhatsApp e lidar com esta situação é desafiadora.
P5O planejamento é feito levando em conta a realidade de todos os alunos em sala de aula. Eu lido com isso, observando e buscando compreender a situação de cada aluno, com isso, busco a inclusão de todos.
P6Sim, o planejamento sempre leva em consideração a presença de todos os alunos visando proporcionar condições de aprendizagem para todos.
P7Sim, sabemos que existe essa necessidade de se planejar aulas diferenciadas devido à dificuldade dos mesmos em acompanhar os demais colegas.
Fonte: Dados primários da pesquisa (2021).

Conforme é possível verificar, os professores realizam o planejamento tendo como base a necessidade de cada aluno, fator que se faz fundamental, considerando que é preciso adaptar as aulas de modo a incluí-los. É preciso entender que uma pessoa cadeirante não terá as mesmas dificuldades de uma pessoa tetraplégica ou com deficiência mental, portanto, e de fato fundamental que esse planejamento seja adequado. Para que se tenha maior noção, a Figura 6 apresenta a nuvem de palavras relacionadas à questão:

Figura 6. Nuvem de palavras – Modo de planejamento das aulas

Fonte: Dados primários da pesquisa (2021).

Importante mencionar que os desafios nesse processo continuam sendo mencionados pelos professores, sendo o planejamento das aulas considerado como desafiador. No que diz respeito às principais necessidades de preparo para lidar com o ensino de pessoas com deficiência, os professores afirmaram que:

Tabela 7. Percepção das principais necessidades de preparo para lidar com o ensino de pessoas com deficiência

P1Deveríamos ter mais capacitação, pois a cada tempo aparecem mais meios e recursos para lhe darmos com situações diferentes. Temos ainda a falta de equipamentos de impressora, data show, internet, etc., até mesmo de profissionais da saúde para nos dar suporte e acompanhamento.
P2Minhas principais necessidades é o de não ter o curso superior na área para poder entender melhor essas deficiências, outro problema também é que as escolas não possuem estruturas adequadas para trabalhar com esses alunos, outro fator é que o estado não prepara seus educadores para enfrentar esses desafios que estão em sala de aula, por isso falta o interesse de investir mais na educação, sendo prioridade a inclusão, a formação continuada aos profissionais e o diálogo familiar.
P3Acredito que a falta palestras para conosco trazendo profissionais em inclusão para esclarecer melhor esse processo. Uma boa seria as oficinas, cursos que buscassem melhorar nosso trabalho diante dessa dificuldade de lidar com essas pessoas.
P4A falta de recursos, falta de treinamento na escola que possa nos orientar, pois em determinados momentos os alunos com necessidades especiais são deixados de lado.
P5As principais necessidades estão relacionadas a falta de formação nesse sentido, sinto falta de mais conhecimentos para melhor lidar com esse público.
P6Eu percebo necessidade de adquirir mais qualificação para lidar com pessoas com deficiência em sala de aula, pois há caso em que a falta de preparação deixa o professor sem saber o que fazer diante do aluno.
P7Sinto a necessidade de mais preparo, tais como capacitação dos professores, pois nossa formação não foi voltada para essa modalidade.
Fonte: Dados primários da pesquisa (2021).

A partir da Tabela 7 verifica-se a falta de capacitação para esses professores lidarem com a inclusão escolar é o principal problema relatado pelos professores, que apontam a necessidade de palestras, cursos e outras formas de capacitação para que melhor possam lidar com esses alunos. A Figura 7 ilustra as palavras mais repetidas pelos professores para falar sobre as necessidades de preparo para lidar com o ensino de pessoas com deficiência.

Figura 7. Nuvem de palavras – Principais necessidades de preparo para lidar com o ensino de pessoas com deficiência

Fonte: Dados primários da pesquisa (2021).

Diante do exposto, verifica-se a necessidade de intensificar o processo de formação continuada desses professores, acreditando-se ser esse o caminho para que seja possível melhor o processo de inclusão escolar de alunos com necessidades especiais. Sabe-se que as dificuldades vão além, envolvendo também a falta de recursos e de infraestrutura, todavia, acredita-se que a capacitação dos recursos humanos já é de significativa importância para melhoria desse processo.

Avanços e suportes na prática docente

Nesta etapa, considerando que os professores já tinham realizado um curso de formação continuada, buscou-se conhecer sua percepção sobre os resultados trazidos pelo curso de capacitação realizado por intermédio do setor público na melhoria de sua atuação na educação inclusiva. Os resultados verificados estão apresentados na Tabela 8.

Tabela 8. Percepção sobre o processo de formação continuada para uso das TIC com foco em Educação Especial

P1Em relação a formação contínua, fiz alguns cursos através do governo do estado para uma preparação para trabalhar com os alunos especiais, mas infelizmente muitas coisas não podemos colocar em prática por falta de recursos na nossa escola.
P2O processo de formação continuada foi voltada para a formação de reflexão da teoria e prática pedagógica no espaço escolar, por necessidade de uso das ferramenta que constituem as tecnologias de informação e comunicação, as quais permitem aprendizagens múltiplas, interativas e colaborativas, haja vista para um novo conhecimento, compreendendo as necessidades dos discentes no ambiente presencial ou virtual para o processo de ensino e aprendizagem.
P3Muito boa, mas infelizmente não podemos utilizar o que os cursos oferecem, pois nossas escolas não possuem muitos recursos tecnológicos que busquem oferecer uma metodologia diferente.
P4Este processo poderia fazer a diferença na nossa escola, a inserção de recursos tecnológicos na educação especial permitiria ajudar o aluno a adquirir independência, autonomia, favorecendo no seu aprendizado.
P5Participei de alguns cursos voltados para esta área, mas vejo a necessidade de mais qualificações com profissionais em educação inclusiva.
P6Sim, mas infelizmente não era um curso diretamente voltado a educação especial, tive poucas experiências direcionadas a AEE, mas muito ajudou a usar certas TICs com esses alunos.
P7Fiz uma especialização em mídias na educação, mas infelizmente tivemos poucas horas voltadas para trabalhar essas tecnologias com alunos com deficiência.
Fonte: Dados primários da pesquisa (2021).

Os professores afirmam que a formação continuada foi voltada para o uso das TICs para o ensino e aprendizagem de alunos com necessidades especiais, destacando que apesar da validade de seus ensinamentos, esbarram na falta de recursos materiais e de infraestrutura das escolas em que trabalha, o que não permite a aplicação do que aprenderam no processo de formação continuada com seus alunos. A Figura 8 apresenta as palavras mais repetidas pelos professores em relação ao assunto.

Figura 8. Nuvem de palavras – Processo de formação continuada para uso das TIC com foco em Educação Especial

Fonte: Dados primários da pesquisa (2021).

Nesse ponto faz-se importante mencionar que o ensino-aprendizagem no decorrer dos anos vem sofrendo modificações na metodologia de ensino, buscando formas que facilitem o trabalho do professor no processo de aprendizagem. As mudanças referentes aos recursos didáticos, principalmente os pedagógicos, incluem as tecnologias da informação e da comunicação que, quando usadas adequadamente tornam a aprendizagem menos mecânica e mais significativa e prazerosa para o aluno.

O uso das TIC pelo professor tem sido alvo de inúmeros estudos que buscam demonstrar a importância do seu uso em sala de aula. Todavia, muitos professores ainda possuem dificuldades para utilizar essas tecnologias, seja para fazer seu planejamento, seja para dar aulas.

As dificuldades são variadas, muitos dos professores possuem anos de formação e não tiveram uma formação continuada ficando alheios às novas tecnologias, rejeitam sua utilização ou mesmo sentem receio de utilizá-las. Os professores com formação mais recente sofrem com o fato de muitas faculdades ainda não incluírem em sua grade curricular disciplinas voltadas para uso das TIC em sala de aula, assim sentem-se perdidos para incluí-las em sua prática pedagógica. Outros apenas rejeitam o uso, acreditando ser desnecessário e em nada contribuir para a aprendizagem, não se esforçando para o aprendizado.

Acredita-se que o ambiente educativo não é somente o espaço físico escolar. Estas relações se estabelecem no dia a dia da comunidade, entre comunidade e sociedade, entre seus atores, nos embates ideológicos por hegemonia. Portanto, é movimento complexo das relações. Reafirma-se que a aprendizagem significativa, capaz de causar transformações, se dá na inserção do indivíduo no coletivo, atuando no processo de transformações sociais e sendo transformado pela experienciação de novas relações na construção de novas realidades. É possível afirmar que as Tecnologias da Informação e Comunicação contribuem grandiosamente para o aprendizado auxiliado pelo computador e ainda tem favorecido a preparação para serem cidadãos do século XXI.

É fundamental que o ensino seja difundido para inclusão de novas tecnologias, com associação entre diferentes teorias. As Tecnologias da Informação e da Comunicação (TIC) podem ser entendidas, de acordo com Mendes (2008), como o conjunto de recursos tecnológicos que oferecem a possibilidade de automação e comunicação entre os principais autores.

Ao fazer uso das TIC, o professor contribui para o desenvolvimento holístico do aluno, visto que o atrai para contribuir como agente de transformação social, considerando que um ambiente discursivo é criado, fazendo com que os alunos percebam a amplitude do mundo.  Assim, pode-se dizer que atua na ampliação da visão do aluno sobre seu próprio conhecimento, podendo aguçar a curiosidade para novas aprendizagens, observando que existem diferentes formas de vida e, ainda, diferentes formas de compreender os problemas.

De acordo com Barreto (2002, p. 7) os docentes podem utilizar o computador como um aliado em seus métodos de ensino já que as máquinas podem contribuir “ajudando a desenvolver a capacidade de aprender a aprender e personalizando a transmissão de conhecimento no processo de aprendizado contínuo”.

Segundo Martinez (2004), as TIC não consistem tão somente em tecnologias atreladas à internet, mas também a um conjunto de equipamentos e de aplicações tecnológicas que, na maioria das vezes, encontram na internet seu principal meio de propagação, tornando-se um canal de aprendizagem. Ainda que não substituam as tecnologias convencionais – como o rádio e a televisão – que permanecerão em uso e que possuem, cada qual sua própria função. O autor prossegue dizendo que no âmbito educacional, as TICs podem ser compreendidas como um instrumento de suporte, que devem se orientar de acordo com os objetivos do ensino, uma vez que angariar os melhores resultados dependerá da determinação clara e objetiva do que se pretende trabalhar em sala de aula, a fim de definir, posteriormente, qual seria a tecnologia que melhor se adéqua ao alcance do resultado esperado no processo de ensino e aprendizagem, isto é, a escolha inicialmente da tecnologia que será utilizada, que nem sempre trará os resultados satisfatórios, uma vez que diversos elementos que precisam de atenção neste sentido.

Cabe então ao professor a tarefa de conciliar os recursos digitais que tem ao seu dispor ao quadro e pincel, recursos existentes em todas as salas de aula, e ao seu gosto por ensinar para melhor preparar e lecionar as suas aulas. Dependendo da forma como as tecnologias são utilizadas pelo professor, o ensino poderá ser melhorado ou não, independente da disciplina que lecione.

Prosseguindo nesse contexto da formação continuada e do uso das TICs no processo de ensino e aprendizagem de alunos com necessidades especiais, foi perguntado aos professores sobre sua percepção sobre o uso de tecnologias para facilitar o ensino para alunos com deficiência. Os resultados verificados estão apresentados na Tabela 8.

Tabela 8. Uso de tecnologias para facilitar o ensino para alunos com deficiência

P1Sim, ultimamente através do WhatsApp, mas sempre que posso utilizo computador, caixa amplificada, jogos de celular para buscar motivá-los.
P2Sim, fiz uso de algumas tecnologias como computador, celular, data show, entre outros, para facilitar a comunicação entre os estudantes e educadores para entender melhor os conteúdos. Através das tecnologias todos tem a chance de aprender, de incentivar a concentração e o foco, exemplo de estudantes hiperativos ou déficit de atenção. Assistir vídeos educativos, gravar aulas e compartilhar os conteúdos com os colegas e alunos, pesquisar, criar e atualizar-se constantemente.
P3Sim, já utilizei computadores, tabletes, joguinhos de celulares, vídeos educativos como uma forma de incentivar suas concentrações.
P4Sim, alguns trabalhos de caráter pedagógicos, foram inseridas TICs como: celular, computador, impressoras, internet, entre outras, que se fez necessário para estimular o interesse do aluno.
P5Sim, utilizo principalmente jogos em celulares e computadores.
P6Sim, algumas vezes. Hoje em nossa escola temos um professor auxiliar de vida que nos ajuda para com esses alunos dentro de nossas salas.
P7Sim, geralmente as TICs que sempre utilizo é o computador e o celular.
Fonte: Dados primários da pesquisa (2021).

A Tabela 8 demonstra que o uso das TICs tem sido realizado pelos professores durante suas aulas, mesmo frente às dificuldades encontradas em relação à disponibilidade de recursos materiais. Ressalta-se que quando se menciona a palavra tecnologia, não se tem a intenção de destacar apenas computadores e softwares, também podem-se incluir: vídeos, projetor multimídia, calculadoras entre outras ferramentas. Diferentemente do que se ver em fontes impressas como livros, jornais e revistas, nos vídeos percebe-se elementos importantes como a apresentação das imagens de forma dinâmica e mais detalhada, com fatores estéticos capazes de aguçar o interesse do observador.

Rosa (2011, p.16), ainda aponta que a “utilização de um vídeo pode aguçar a curiosidade dos alunos, motivá-los a estudar e facilitar sua compreensão”. O uso da tecnologia na educação vai além da datilografia, digitação de textos, como muitos professores imaginam. Utilizar softwares educativos nas aulas pode facilitar a compreensão do aluno, na medida em que possa auxiliar os professores na forma de explorar determinado conteúdo com o uso das tecnologias para que haja um ensino mais significativo para o aluno.

O Smartphones tem se apresentado como um dispositivo com uso cada vez mais intensificado entre as pessoas, tratando-se de uma realidade disseminada nas diferentes classes sociais. Para que se possa discorrer sobre o uso de Smartphones como uma ferramenta de apoio no processo de ensino e aprendizagem se faz necessário compreender em que consistem esses dispositivos.

De acordo com Soffa e Torres (2009, p. 393), trata-se de um “celular que oferece recursos avançados similares aos de um notebook”. Ressalta-se que esses dispositivos móveis operam com um sistema operacional de terceiros, sendo os mais conhecidos o sistema Android, o IOS e o Windows Phone. Esses dispositivos são programáveis e capazes de operar aplicativos de terceiros.

Para Gomes e Lopes Neta (2016), coibir o uso de Smartphones nas escolas é ir contra a tendência da própria sociedade, onde se vivencia em um mundo onde a tecnologia está presente em todos os locais, correndo o risco de ser considerado como ultrapassado aqueles que não seguirem o avanço tecnológico. Todavia, se destaca a necessidade dos professores adequarem o uso desses dispositivos em sala de aula.

Dessa forma, verifica-se que os professores estão atualizados no processo de ensino e aprendizagem, devendo-se destacar que nos smartphones existem recursos que podem ser utilizados para alunos com necessidades especiais como aplicativos para pessoas com deficiência visual, auditiva, dentre outros. A Figura 9 apresenta as palavras mais ditas pelos professores em relação ao uso de tecnologias em seu processo de ensino.

Figura 9. Nuvem de palavras – Uso de tecnologias para facilitar o ensino para alunos com deficiência

Fonte: Dados primários da pesquisa (2021).

Verificou-se que, mesmo após formação continuada, os professores ainda possuem dificuldades e dúvidas, o que evidencia a necessidade de novos cursos de capacitação para que seja possível melhorar o processo de inclusão escolar. A Tabela 9 apresenta os relatos dos professores sobre o assunto.

Tabela 9. Dificuldades e dúvidas persistentes após formação continuada

P1Compreender melhor o processo de inclusão, principalmente saber lhe lidar com alunos especiais dentro das salas regulares.
P2A maior dificuldade é como proceder ao processo de ensino e de aprendizagem aos alunos que não se concentram, pois precisamos adaptá-los e ensiná-los para conseguirmos atender as expectativas do aluno, muitas vezes o aluno não participa de tudo, mas faz com que ele se sinta bem no ambiente educativo e não excluir os demais, por isso devemos motivá-los.
P3As dificuldades e dúvidas são muitas, pois precisamos estar atentos às novidades que surgem a respeito da educação inclusiva sendo um desafio para a educação brasileira pela falta de preparos dos professores e a falta de estruturas das escolas para lhe dar com a diversidade.
P4A informação e orientação direta para todos os professores e principalmente para os professores auxiliares de vida escolar, ou seja, específica.
P5Principalmente, o que e como fazer em cada situação de inclusão.
P6A educação inclusiva ainda é pouca discutida entre professores, porém compreendo que ela se constitui numa prática que proporcionam condições de aprendizagem igualmente para todos.
P7Não informado.
Fonte: Dados primários da pesquisa (2021).

Os resultados estão apresentados na Tabela 3.8 demonstram que as dificuldades e desafios que permanecem estão voltados para a adequação do processo de ensino e aprendizagem para os diferentes tipos de necessidades dos alunos, buscando incluir, principalmente aqueles que não consegue concentrar-se, sendo estes apontados como de maior dificuldade nesse processo. A Figura 10 apresenta as palavras mais ditas pelos professores em relação ao assunto.

Figura 10. Nuvem de palavras – Dificuldades e dúvidas persistentes após formação continuada

Fonte: Dados primários da pesquisa (2021).

Dando continuidade à análise dos questionários, verificou-se as mudanças percebidas pelos professores que participaram desta pesquisa após a formação continuada em relação ao uso da sala de recursos que favoreçam o ensino-aprendizagem dos alunos especiais. Os relatos dos professores estão apresentados na Tabela 10.

Tabela 10. Mudanças percebidas após a formação continuada em relação ao uso da sala de recursos que favoreçam o ensino-aprendizagem dos alunos especiais

P1Compreender melhor o processo de inclusão, principalmente saber lhe lidar com alunos especiais dentro das salas regulares.
P2O que mudou após a formação continuada quanto ao uso da sala de recurso que tem como finalidade atender os alunos com necessidades educativas especiais tendo organização de espaços na própria escola, materiais pedagógicos que auxiliam na promoção da escolarização, também tem um professor cuidador que prepara o aluno para desenvolver suas habilidades e utiliza instrumentos de apoio nas escolas regulares facilitando o aprendizado dos educandos.
P3O que mudou na sala de recurso foi o acompanhamento desses alunos os professores que pelo menos tiveram oportunidade de saber acompanhar o mínimo com esses alunos em suas atividades especificas de acordo com suas necessidades.
P4Na escola que atuo, não temos uma sala direcionada aos recursos multifuncionais, sendo que necessário a ida desses alunos a outra escola no contraturno, se tivesse seria de suma importância para o processo de ensino e aprendizagem.
P5A importância dos recursos em cada situação para favorecer a inclusão e a aprendizagem.
P6É que a sala de recursos busca favorecer a aprendizagem sendo esta manipulada por professores preparados para que haja aprendizado e tenha sentido na vida do educando com necessidade.
P7Apesar de ter feito esse curso de mídias, nossa escola dispõe de professor que trabalha diretamente na sala de recursos, sendo que sempre ela nos leva a conhecer os alunos e seus trabalhos confeccionados, até mesmo fazendo apresentações no pátio da escola.
Fonte: Dados primários da pesquisa (2021).

Conforme verifica-se, as mudanças percebidas pelos professores estão diretamente relacionadas ao conhecimento adquirido e a maior possibilidade de acompanhar seus alunos no uso dos recursos da sala de multimídias, visto que a sala possui um profissional específico para acompanhá-los, porém lhes permitiu saber o que de fato está sendo relacionado com seus alunos. A Figura 11 apresenta as palavras mais ditas pelos professores em relação ao assunto.

Figura 11. Nuvem de palavras – Mudanças percebidas após a formação continuada em relação ao uso da sala de recursos que favoreçam o ensino-aprendizagem dos alunos especiais

Fonte: Dados primários da pesquisa (2021).

Ratifica-se, assim, a formação continuada como caminho verificado pelos professores para favorecer o processo de ensino e aprendizagem dos alunos com necessidades especiais. Finalizando a análise desta etapa foi perguntado sobre os avanços e suportes na sua prática enquanto docente percebidos por você após a formação continuada sobre a inclusão nas escolas. Os relatos apresentados pelos professores estão apresentados na Tabela 11.

Tabela 11. Avanços e suportes na sua prática enquanto docente percebidos por você após a formação continuada sobre a inclusão nas escolas

P1Compreender melhor o processo de inclusão, principalmente saber lhe lidar com alunos especiais dentro das salas regulares.
P2Os avanços após a formação continuada sobre inclusão nas escolas temos a individualidade, o tempo de realização das atividades de cada aluno, a flexibilidade, a avaliação continua e dinâmica, a autoavaliação de acordo com as necessidades educacionais, a promoção, a valorização e a contribuição de cada aluno. O suporte para a visualização de textos de livros, fixação do papel ou caderno na mesa com fitas adesivas e outros artesanais.
P3Os avanços que tive foi a oportunidade fazer um curso e poder compreender melhor a necessidade trabalhar de forma correta com esses alunos olhando pelo lado mais humano e com respeito a todos.
P4Contribui com o aperfeiçoamento, apoio no ensino remoto e habilidades desenvolvidas pelos professores que são suportes para melhorar nossas metodologias e a prática na sala de aula.
P5Favoreceu a percepção mais ampla, assim como facilitou a forma e a maneira de melhor lidar com esses alunos+
P6Ao longo de minha profissão como educador, tenho adquirido muitas experiências, sempre busco conhecer e estudar assuntos recorrentes da educação, isso tem ajudado muito na minha práxis.
P7Quanto aos avanços acredito que foi a percepção de poder olhar de maneira diferente esses alunos e que eles podem estar presente dentro das salas regulares, assim como dentro de toda comunidade escolar.
Fonte: Dados primários da pesquisa (2021).

A nuvem de palavras apresentada na Figura 12 destaca as principais palavras mencionadas pelos professores sobre os avanços e suportes na sua prática enquanto docente percebidos por você após a formação continuada sobre a inclusão nas escolas.

Figura 12. Nuvem de palavras – Avanços e suportes na sua prática enquanto docente percebidos por você após a formação continuada sobre a inclusão nas escolas

Fonte: Dados primários da pesquisa (2021).

Diante do exposto verifica-se que houve avanços na educação inclusiva a partir da formação continuada que passaram, todavia, ainda existem desafios para que esses resultados sejam melhorados, principalmente no que diz respeito aos recursos materiais e de infraestrutura.

Conclusão

A inclusão contribui para que as mudanças aconteçam, tanto na educação, quanto na sociedade, à troca de experiências entre os alunos, a ajuda mutua e as intervenções feitas pelo professor, quando necessárias, proporcionam ao grupo o exercício da cidadania. Conviver com as diferenças e necessidades especiais de cada um, aprender a respeitar os limites do outro e contribuir para avanços no desenvolvimento devem ser condições encontradas na escola regular.

A formação continuada do trabalho pedagógico de profissionais que atuam com o alunado com necessidades especiais deve partir do uso de diferentes recursos para que essas crianças possam estar em contato com os conhecimentos dos diferentes conteúdos curriculares oferecidos pelo ambiente educacional. A parceria entre a família e escola é indispensável para aquisição do conhecimento e melhoria da independência e autonomia das mesmas, contribuindo não somente com a inclusão escolar, mas com sua inclusão social.

A formação dos professores tem sido constantemente relatada como uma das limitações para que educação inclusiva atinja os objetivos almejados, além da ausência de infraestrutura adequada e de materiais pedagógicos para lidar com esses alunos. Faz-se necessário que a formação dos professores não envolva apenas os aspectos teóricos da educação inclusiva, mas também os aspectos práticos, pois somente com essa experiência, ele poderá ter real noção acerca dos fatores que envolvem lidar com esses alunos, podendo refletir sobre sua prática, buscando sempre aprimorar os seus métodos de ensino.

Acredita-se que é preciso entender que dificilmente será possível preparar toda uma sociedade para lidar com as necessidades especificas dessas pessoas, assim, as estratégias precisam ser consideradas ao ponto de preparar os professores e a comunidade escolar para lidar com os mesmos, com o ambiente escolar podendo ser visto como o melhor espaço para ser trabalhado esse processo de inclusão dentro dos limites de cada aluno.

A inclusão requer uma transformação integrada das escolas regulares, tendo sempre por perspectiva uma educação de qualidade. É relevante que todas as pessoas sejam “educadas” para perceber, incorporar e trabalhar os múltiplos desafios que se fazem presentes na luta por uma educação democrática. O professor, peça fundamental a essa realidade, precisa ressignificar sua prática, ampliando parâmetros pedagógicos.

A partir dos resultados desta pesquisa verificou-se que os professores adotam um ensino mais tradicionalista, destacando os problemas que envolvem a falta de recursos e materiais de apoio para o processo de ensino e aprendizagem, acreditando-se que o uso de tecnologias poderia melhorar esse processo, modernizando o ensino.

O uso de tecnologias da informação e da comunicação foi visto como fator relevante para o ensino desses alunos, considerando que permitem uma maior interação, bem como possibilidade para assimilação dos conteúdos, todavia ainda são escassos os recursos disponíveis para o processo de ensino e aprendizagem desses alunos.

Além disso, vale destacar que as brincadeiras e os jogos têm sido demonstrados em diferentes estudos são capazes de aumentar o interesse das crianças pelo aprendizado, contribuindo para a construção do raciocínio lógico, a concentração e a curiosidade, e consequentemente ao desenvolvimento integral do aprendiz. Os resultados desta pesquisa demonstraram que os professores enfrentam como principais desafios a falta de infraestrutura e recursos materiais para lidar com o processo de inclusão escolar, além de destacarem a falta de capacitação para tanto.

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¹Universidad Internacional Iberoamericana