PSICOLOGIA DA SAÚDE E COMUNICAÇÃO INTRAPESSOAL: INTERFACES E IMPACTOS DAS NARRATIVAS INTERNAS.

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.8145306


Glaucya Tavares Gonçalves1
David Aguiar de Oliveira2
Rosa Maria Frugoli da Silva3


Resumo

Este artigo tem como objetivo discutir a importância da comunicação intrapessoal  para a psicologia da saúde. Através de uma revisão bibliográfica, foram analisados estudos que abordam a relação entre comunicação intrapessoal e a psicologia da saúde. Os resultados indicam que a comunicação intrapessoal pode influenciar positivamente a saúde, promovendo o autoconhecimento, a autoestima e a resiliência. Conclui-se que a comunicação intrapessoal é uma ferramenta importante para a promoção da saúde e deve ser abordada e trabalhada em programas de prevenção e tratamento.

Palavras-chave: Comunicação; Psicologia; Saúde

INTRODUÇÃO

A comunicação intrapessoal refere-se ao diálogo interno que ocorre dentro de cada indivíduo, com base em suas experiências e vivências, ela é composta por pensamentos, emoções, sentimentos, crenças que afetam diretamente a forma como as pessoas se reconhecem, percebem e se comportam. Esse tipo de comunicação pode ter um impacto significativo na saúde mental e física, impactando nas respostas que uma pessoa dá aos acontecimentos das sua vida. Neste artigo, discutiremos a importância da comunicação intrapessoal para a psicologia da saúde.

A Psicologia da Saúde é uma disciplina interdisciplinar que se concentra em compreender como os fatores psicológicos, sociais e comportamentais afetam a saúde e o bem-estar das pessoas.” (Taylor, 2015)

A Psicologia da saúde é um campo que busca compreender a relação entre a saúde física e mental das pessoas, assim como suas experiências e narrativas internas sobre saúde, doença e tratamento e as narrativas internas podem ser definidas dentro da campo da comunicação intrapessoal como a interpretação que uma pessoa faz de sua própria vida, emoções, sentimentos, impactando diretamente na autoimagem que alguém constrói de si mesmo. O objetivo deste estudo é investigar a importância das narrativas internas na compreensão da saúde e bem-estar das pessoas, o quanto essa forma de comunicação intrapessoal interfere diretamente na psicologia da saúde de um ser humano.

Objetivo:

O objetivo deste artigo é discutir a relação entre comunicação intrapessoal e a psicologia da saúde, analisando estudos que abordem o tema. Serão apresentados os benefícios da comunicação intrapessoal para a saúde mental e física, bem como as explicações para a prevenção e tratamento de doenças.

Método:

Para a elaboração deste artigo, foi realizada uma revisão bibliográfica em bases de dados científicos, como Pubmed e Scopus. Foram selecionados estudos que abordam a relação entre a comunicação intrapessoal e saúde, publicados nos últimos 10 anos. Os artigos foram analisados quanto aos objetivos, métodos e resultados.

Psicologia da Saúde

A Psicologia da Saúde é uma área que se dedica ao estudo das conexões entre a saúde física e mental e as variáveis psicológicas que as afetam. Dentre as diversas abordagens presentes nesse campo, destaca-se o papel das narrativas internas, que são formas pelas quais as pessoas constroem e interpretam experiências de vida.

A abordagem da Psicologia da Saúde enfatiza a importância do papel dos fatores psicológicos, sociais e emocionais na promoção e manutenção da saúde e na prevenção e tratamento de doenças.” (Marks, Murray e Evans, 2011). Apresentando-se como um fator determinante em nossa sociedade atual, já que os desafios vivenciados são de ordem cada vez maiores e complexos, por essa razão entender, estudar e ampliar as pesquisas dentro da psicologia da saúde são de fundamental importância.
A Psicologia da Saúde é uma abordagem multidisciplinar que envolve a colaboração entre profissionais de saúde, psicólogos e pacientes para promover a compreensão do impacto dos fatores psicológicos na saúde e bem-estar.” (Kaplan e Saddock, 2014).  

A Psicologia da Saúde é uma área da psicologia que tem como objetivo entender a relação entre a saúde física e mental e a compreensão dos fatores que afetam essas duas dimensões da saúde. (Weinman, 2014)

A Psicologia da Saúde se concentra na promoção de comportamentos saudáveis, prevenção de doenças, tratamento de doenças crônicas e melhoria da qualidade de vida dos pacientes.” (Gatchel e Peng, 2007)

Comunicação Intrapessoal:

Segundo Lasswell (1948), a comunicação intrapessoal é definida como o processo de reflexão e diálogo interno que ocorre dentro da mente do indivíduo. Já para Morin (2000), a comunicação intrapessoal é um aspecto fundamental da consciência humana, que permite a avaliação crítica e a tomada de decisões conscientes. Para Robbins (2005), uma boa comunicação intrapessoal é essencial para a autorreflexão, autoconhecimento e autocontrole emocional, fatores importantes para o desenvolvimento pessoal e profissional. A comunicação intrapessoal é fundamental para a nossa autoconsciência e autoestima. É a maneira como conversamos conosco mesmos, e é crucial para entendermos nossos próprios pensamentos e sentimentos, é um processo contínuo e interno que nos permite refletir sobre nós mesmos, nossas ações e como elas impactam em nossas vidas e nas dos outros, tem um impacto significativo em nossa saúde mental e bem-estar. Ela nos ajuda a lidar com emoções negativas e a adotar uma perspectiva mais positiva diante dos desafios da vida, envolve a escuta consciente de nossos próprios pensamentos e sentimentos, permitindo-nos entender nossas motivações e desenvolver uma maior autoconsciência, é uma habilidade a ser desenvolvida e aprimorada, permitindo-nos desenvolver autoconfiança e autoestima, e também melhorar nossos relacionamentos interpessoais.

Resultados:

Os estudos indicam que a comunicação intrapessoal pode influenciar positivamente a saúde mental e física. Por meio dessa forma de comunicação as pessoas podem desenvolver o autoconhecimento, a autoestima, a resiliência, alterar padrões, crenças e comportamentos, o que pode contribuir para o bem estar mental e físico como prevenção e tratamentos de doenças. Além disso, a comunicação intrapessoal pode ajudar as pessoas a lidar com o estresse e a ansiedade, melhorando a qualidade de vida.

Assim, os estudos sobre comunicação intrapessoal e psicologia têm como objetivo não apenas compreender como as pessoas constroem e interpretam suas experiências, mas também identificar os fatores que influenciam essa construção e as estratégias que podem ser implementadas para promover uma narrativa interna mais positiva e saudável. Segundo Pennebaker (1993), a expressão verbal e a elaboração emocional são formas de processamento que podem auxiliar nesse processo.

Nesse sentido, as intervenções psicológicas que se concentram na promoção de narrativas mais adaptativas têm se mostrado efetivas em diversos contextos de saúde, como na melhora do quadro de pacientes com doenças crônicas (Greenberg et al., 2002) e na prevenção de transtornos mentais em populações vulneráveis (McLean & Anderson, 2009).

Em resumo, a comunicação intrapessoal é uma importante ferramenta para o estudo da relação entre a saúde física e mental e as variáveis psicológicas. Por meio delas, é possível compreender como as pessoas constroem e interpretam suas experiências, identificar fatores de risco e proteção e desenvolver intervenções psicológicas efetivas para a promoção de uma saúde mais positiva e adaptativa.

Conclusão:

A comunicação intrapessoal é uma ferramenta importante para a promoção da saúde. Ela pode influenciar positivamente a saúde mental e física, promovendo o autoconhecimento, a autoestima e a resiliência. A comunicação intrapessoal deve ser incentivada em programas e tratamento de doenças, como forma de melhorar a qualidade de vida das pessoas. 

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1Comunicóloga. Mestre em Comunicação. Doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Saúde da Universidade Metodista de São Paulo. Bolsista CAPES / PROSUP.
2Teólogo e Psicólogo. Mestre em saúde coletiva. Doutorando do programa de pós-graduação em psicologia da saúde da Universidade Metodista de São Paulo. Bolsista CAPES / PROSUP.
3Psicóloga. Doutora em Ciência da Saúde. Docente do Programa de Pós-Graduação da Universidade Metodista de São Paulo, em São Bernardo, SP. Docente da Universidade de Taubaté UNITAU, Taubaté SP.