A CULTURA DIGITAL E A BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR: COMO AS SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS, MEDIADAS POR TECNOLOGIAS, PODEM COLABORAR NAS PRÁTICAS PEDAGÓGICAS?

DIGITAL CULTURE AND THE NATIONAL COMMON CURRICULUM BASE: SHOW CAN DIDATIC SEQUENCES, MEDIATED BY TECHNOLOGIES, COLLABORATE IN PEDAGOGICAL PRACTICES?

LA CULTURA DIGITAL Y LA BASE DEL CURRÍCULO COMÚN NACIONAL: CÓMO LAS SECUENCIAS DIDÁCTICAS, MEDIADAS POR TECNOLOGÍAS, PUEDEN COLABORAR EN LAS PRÁCTICAS PEDAGÓGICAS?

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.8136502


Laila da Rocha Neves
Sheila da Silva Ferreira Arantes
André Cotelli do Espírito Santo
Ana Paula Legey


RESUMO

Considerando o avanço da cultura digital na sociedade e no mundo, este artigo, através de uma pesquisa exploratória e bibliográfica, tem como objetivo analisar de que forma a cultura digital está exposta na Base Nacional Comum Curricular. Investigar os seus possíveis desdobramentos no ambiente escolar e como a construção de Sequências Didáticas, mediadas por tecnologias digitais, podem atuar como ferramentas facilitadoras no processo de inovação do conhecimento. Através do diálogo com diversos autores e a BNCC, nos aprofundamos no conceito e desenvolvimento da didática e concluímos que, por uma questão de democratização das tecnologias e redução das desigualdades, os professores devem se utilizar de sequências didáticas mediadas pelas tecnologias digitais para favorecer a apropriação da cultura digital no cotidiano escolar e um dos caminhos para que isso aconteça é o investimento na capacitação dos professores.

PALAVRAS-CHAVE: Cultura digital. Sequências didáticas. Tecnologias digitais. Práticas pedagógicas.

ABSTRACT

Considering the advance of digital culture in society and in the world, this article, through an exploratory and bibliographical research, aims to analyze how digital culture is exposed in the National Common Curricular Base. Investigate its possible consequences in the school environment and how the construction of Didactic Sequences mediated by digital technologies can act as facilitating tools in the knowledge innovation process. Through dialogue with several authors and the BNCC, we delved into the concept and development of didactics and concluded that, as a matter of democratizing technologies and reducing inequalities, teachers should use didactic sequences mediated by digital technologies to favor appropriation of digital culture in everyday school life and one of the ways to make this happen is to invest in teacher training.

KEYWORDS: Digital culture. Didactic sequences. Digital Technologies. Pedagogical practices.

RESUMEN

Considerando el avance de la cultura digital en la sociedady en el mundo, este artículo, através de una investigación exploratoria y bibliográfica, tiene como objetivo analizar cómo se expone la cultura digital en la Base Curricular Común Nacional. Investigar sus posibles consecuencias en el ámbito escolar y cómo la construcción de Secuencias Didácticas mediadas por tecnologías digitales pueden actuar como herramientas facilitadoras en el proceso de innovación del conocimiento. A través del diálogo con varios autores y el BNCC, profundizamos en el concepto y desarrollo de la didáctica y concluimos que, en una cuestión de democratizar las tecnologías y reducir las desigualdades, los docentes deben utilizar secuencias didácticas mediadas por tecnologías digitales para favorecer la apropiación de la cultura digital en el cotidiano escolar. Uma de las formas de hacer que esto suceda es invertir en la formación de profesores.

PALAVRAS-CLAVE: Cultura digital. Secuencias didácticas. Tecnologías digitales. Prácticas pedagógicas.

1 INTRODUÇÃO:

Cada vez mais a sociedade está imersa na tecnologia que se encontra presente nas casas, nas empresas, nos lares, lugares de lazer, nas ruas e até no espaço, materializadas em diferentes aparelhos que vão de simples smartphones e computadores a satélites com câmeras e sinais super potentes. Vemos uma geração de nativos digitais, que nunca viveram longe da tecnologia, seja direta ou indiretamente. Temos nos beneficiado do uso das tecnologias para nos comunicarmos, buscar informações, juntar e acrescentar os mais diversos conhecimentos tanto nas pesquisas científicas quanto educacionais.

Se nas gerações anteriores era imprescindível o indivíduo ter uma boa memória para ser considerado inteligente, conforme práticas pedagógicas de memorização e repetição utilizadas para o ensino e aprendizagem (TORRES, 2019; SILVA, 2018), hoje, um requisito importante é ter a capacidade de compreender e se utilizar das diversas ferramentas digitais disponíveis a fim de obter, organizar e guardar informações, assim como prestar serviços, comparar e analisar diferentes tipos de dados, afinal, “a memória, fonte insubstituível de verdade, pode ela própria estar sujeita aos erros e às ilusões”  (MORIN, 2000, P.22) Vivemos atualmente em um mundo globalizado e interligado por meio das tecnologias de informação e comunicação, portanto, saber lidar com a tecnologia e se adaptar a ela é imprescindível para o desenvolvimento de um processo de ensino e aprendizagem que preze pela qualidade. Diante disto, a escola, e nós educadores, principalmente os atuantes na escola pública, devemos favorecer a cultura de inovação e o uso das tecnologias pelas crianças e jovens estudantes, a fim de facilitar a expansão das aprendizagens, garantindo as mesmas oportunidades, ou seja, a equidade na educação brasileira para todos os estudantes.

Diante das questões apresentadas, percebemos a necessidade de buscar alternativas para uma reorganização das práticas pedagógicas, a fim de introduzir, no cotidiano escolar, atividades que favoreçam a cultura digital. Portanto, este artigo, através de uma pesquisa exploratória e bibliográfica, tem como objetivo analisar a forma que a cultura digital está exposta na Base Nacional Comum Curricular. Quais os seus possíveis desdobramentos em sala de aula e de que forma a construção de Sequências Didáticas mediadas por tecnologias digitais podem atuar como ferramentas facilitadoras no processo de inovação do conhecimento?  

2 A CULTURA DIGITAL NA BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR:

Para muitas crianças brasileiras o primeiro contato com livros e a cibercultura é através da escola. E muitas vezes essa é a única forma que possuem para conhecer as novas tecnologias, tão necessárias para a vida profissional e até pessoal hoje em dia. Isso demonstra a grande responsabilidade que a escola tem quanto à necessidade de introduzir a cultura digital na vida dos estudantes, através de processos de aprendizagem que utilize e manuseie as tecnologias na educação. (JESUS E HARTER et al, 2022).

A cultura digital está prevista no currículo de ensino, de forma transversal, através da Base Nacional Comum Curricular, que, entre suas dez competências gerais, tem descrito na competência de número cinco as habilidades a serem desenvolvidas com tecnologia pelos estudantes de toda a educação básica. Eles devem:

“Compreender, utilizar e criar tecnologias digitais de informação e comunicação de forma crítica, significativa, reflexiva e ética nas diversas práticas sociais (incluindo as escolares) para se comunicar, acessar e disseminar informações, produzir conhecimentos, resolver problemas e exercer protagonismo e autoria na vida pessoal e coletiva.” (BRASIL, 2018, p.9)

A cultura digital tem ressignificado as formas de lidar com o conhecimento, pois, o contato com o ciberespaço modifica o pensamento, a memória e a criatividade. As funções cognitivas se expandem ao explorar o ciberespaço, então é preciso se abrir para essas novas formas de pensar e de aprender. Os espaços do saber, diante da cultura digital e da cibercultura, não podem permanecer engessados, ao contrário, devem propiciar a liberdade e a criatividade, sem pré-requisitos, permitindo um fluxo constante e infinito de possibilidades (KENSKI, 2018). Muitos professores que utilizam a tecnologia em seu dia a dia ainda temem se utilizar delas na escola, para gerar novas formas de ensinar. O uso de atividades lúdicas, de jogos e propostas interativas, planejadas de forma integrada, com início, meio e fim, permeadas pelas novas tecnologias digitais da educação, são um caminho cheio de possibilidades no campo educacional. Cabe então um estudo para aprofundar o que pode ser trabalhado no cotidiano escolar e qual a melhor forma de lidar com as inovações tecnológicas a fim de facilitar o ensino e a aprendizagem.

A cultura digital expande as formas de vivência e interação social no planeta. As atividades humanas se modificam com a produção da cultura digital, pois esta potencializa a difusão de ideias em rede, interliga diferentes culturas e contribui para formar uma inteligência coletiva, ampliando o potencial criativo do cidadão (PRETTO e ASSIS, 2008). É compromisso da escola preparar as crianças e os jovens para a vida e é inegável que o cotidiano das pessoas já é mediado pelas tecnologias digitais, sendo assim, a escola deve se aproximar dessa realidade, utilizando as tecnologias digitais como ferramenta de aprimoramento do processo de ensino e aprendizagem. A tecnologia é um tema transversal no currículo escolar, podendo ser introduzida ou utilizada a qualquer momento e em qualquer disciplina.

Muitas das habilidades tecnológicas podem ser trabalhadas inclusive de forma desplugadas, através de atividades que utilizam essa lógica. Quanto mais liberdade e estímulos às crianças e jovens tiverem nos ambientes de aprendizagem, mais possibilidades haverá para a imersão nas tecnologias, sempre tendo como foco a reflexão sobre a responsabilidade de se defender dos diversos perigos que as redes sociais escondem, assim como também muitas oportunidades de aprendizagem e socialização. De acordo com BORTOLAZZO (2020), a palavra tecnologia pode representar o saber técnico, os conhecimentos científicos, como também expressam as habilidades cognitivas e os processos de pensamento necessários por parte dos sujeitos para utilizar e desenvolver a escrita, a imprensa, os automóveis, o rádio, o telefone, o computador e demais ferramentas criadas pela humanidade que demandam tempo de aprendizagem e adaptação para lidar com elas. Por isso, as tecnologias precisam ser enxergadas como armas de poder e ferramentas de representação social, para que seja possível dimensionar a necessidade de utilizá-las como ferramentas de e para aprendizagem.

O verbo criar, expresso na competência geral número cinco da BNCC, foi uma grande conquista, porque já não basta ao estudante só compreender e utilizar as tecnologias. O cidadão do século XXI deve ter a capacidade de criar tecnologias, produtos tecnológicos e ser capaz de desenvolver soluções para os problemas sociais e coletivos por meio da tecnologia. Capacitar para a valorização e utilização dos conhecimentos historicamente construídos pela humanidade, sobre o mundo, deve ser um compromisso dos educadores para com as crianças, exercitar a curiosidade intelectual e recorrer à ciência, fomentar a investigação, a reflexão, a análise crítica, a imaginação e a criatividade são passos para a formação de pertencimento social e cidadania. Para se ter uma formação humana e integral, que é o que desejamos para os estudantes brasileiros, é preciso saber dosar as diversas interações entre os sujeitos, os objetos que os cercam e suas descobertas para não tornar a aprendizagem enfadonha ou desatualizada para com a vivência das novas gerações.

Os modos de vida e as formas de comportamento das pessoas na sociedade vêm sendo moldados pelas tecnologias.  Podemos notar que a comunicação, as formas de se comunicar e até mesmo o consumo de produtos estão sendo cada vez mais influenciados pelas tecnologias e a esse fenômeno BORTOLAZZO (2020) denomina de Cultura Digital. “Esse processo de inserção/imersão de/nas tecnologias e mídias digitais que impactam os processos cognitivos criam, também, inúmeros desafios para a educação contemporânea.” (LIMA e FILIPE, 2020, p.2) Um desses desafios é a formação e capacitação de professores para planejar e executar aulas e projetos imersos na cultura digital. Afinal, como há de se trabalhar efetivamente, com aprofundamento as tecnologias digitais na educação, sem a devida preparação e formação dos profissionais para que possam lidar com isso? Por este motivo vemos a necessidade urgente de fornecer a capacitação aos professores em formação e muito mais aos que estão em exercício da função. A educação e o currículo se renovam tal qual as demandas da sociedade e do mercado de trabalho, para acompanhar essas mudanças que ocorrem cada vez mais rápido, devido a renovação constante das tecnologias, é preciso investimento constante na formação de professores. De acordo com as Diretrizes Curriculares Nacionais (BRASIL, 2019), “É necessário que a pesquisa como princípio pedagógico esteja presente em toda a educação escolar…” As habilidades tecnológicas estão muito mais ligadas à compreensão do funcionamento dos sistemas computacionais do que propriamente à capacitação de algum hardware ou software, pois, estes mudam muito rapidamente. Quando se compreende o funcionamento dos sistemas é possível aprender a aprender, ou seja, se aprende a lidar com novos sistemas mesmo sem novas capacitações. É preciso se chegar a esse nível de aprendizagem com os professores para que seja possível atingir uma aprendizagem significativa igualmente com nossas crianças.

A cultura digital, vivida na contemporaneidade, tem se tornado algo comum, que afeta a comunidade com o estabelecimento de vínculos estimulados pela infraestrutura digital. Os algoritmos tem incorporado valores, condutas e, através de filtros, criando suposições sobre o que deve ou não ser importante para os usuários da rede, criando com isso, práticas culturais à medida que instigam e estimulam comportamentos e estilos de vida BORTOLAZZO (2020). Essas práticas culturais podem ser consideradas artificiais, visto que não necessariamente existiriam, não fossem os algoritmos. Este ponto demonstra claramente as relações de poder e domínio estruturadas pela cultura digital e acende o alerta, principalmente no ambiente educacional, para abrir reflexões sobre os perigos da cibercultura e as formas de se utilizar com consciência, ética e responsabilidade. Embora a sociedade esteja imersa cotidianamente no digital, pouco se fala sobre as formas de defesa neste campo.

As interações e comunicações realizadas por meio de aparelhos digitais possibilitam a participação de usuários tanto como produtores, quanto consumidores, facilitando a integração das tecnologias na vida cotidiana. Essa interação, mediada pela grande rede, recebe intervenção dos logaritmos que podem, através de filtros, empurrar o foco e a atenção do usuário para certas opiniões, ignorando outras. Nos passos silenciosos da cibercultura, não há isenção ou neutralidade e claramente é exercido poder sobre a grande massa da população.  BORTOLAZZO (2020).

Para o autor, as tecnologias digitais também servem para a produção de saberes, além do controle econômico. Elas se integram aos vários setores da vida e, por isso, implicam na formação dos sujeitos. Trazem uma educação que se move conforme as próprias mudanças tecnológicas e as necessidades cotidianas, não havendo mais uma centralidade na transmissão de conhecimentos, antes, detida apenas pela figura do professor. Os saberes se movimentam de acordo com os artefatos digitais. Não permanecem fixos em uma biblioteca ou escola como antes, hoje são encontradas em vários formatos, como vídeos, textos, áudios e colaboram para a produção de novos conhecimentos. Há uma demanda na vida pessoal e profissional para que se desenvolvam as habilidades de operar os produtos digitais na contemporaneidade. Desta forma, a utilização de sequências didáticas, mediatizadas pelas tecnologias digitais, podem contribuir na produção de saberes, sendo uma ferramenta interessante que permite usar a tecnologia junto com as aulas, tornado a aprendizagem lúdica e dinâmica, o que favorece a aprendizagem e a introdução da cultura digital na escola, sendo assim, vamos dialogar sobre a utilização das Sequências Didáticas, mediadas pelas tecnologias digitais, como facilitadora do processo de ensino e aprendizagem escolar.

3 A SEQUÊNCIA DIDÁTICA:

Para falar em sequência didática, primeiro vamos delimitar o conceito de didática. Quando se pensa em um planejamento didático é necessário refletir sobre alguns pontos importantes: De acordo com (GALVÃO, 2019), precisamos identificar o público alvo, ou seja, a quem vamos nos dirigir? É preciso estar muito claro, pois, de acordo com o público é que vamos definir a linguagem e os tipos de materiais a serem utilizados. Após determinar este ponto, precisamos nos perguntar quando e onde deverá ser aplicada a didática. O lugar também influência no planejamento didático pedagógico.

Quando estamos em uma quadra, um pátio, uma sala de aula ou sala de multimedia, cada lugar demanda um tipo de planejamento e estratégia diferenciado.  Também deve estar claro quando vai ocorrer à aula, o tempo que temos disponível influencia em cada detalhe de um planejamento. As atividades devem ocorrer em sincronia com o tempo ou corremos o risco de trabalhar algo de forma inacabada. Mas, isso não significa que precisamos esgotar um tema no mesmo dia. A partir deste momento, que já determinamos para quem, onde e em que tempo vamos trabalhar, passaremos a escolha do tema que será abordado. Todas as atividades pedagógicas devem ser guiadas por uma metodologia e um objetivo de aprendizagem. Após as atividades serem planejadas e implementadas, é preciso pensar na avaliação que é um dos componentes da didática (GALVÃO, 2019). Ela pode ser contínua, quando realizada ao longo do processo, pode ser formativa, para direcionar os passos seguintes do planejamento, que pode e deve ser realinhado de acordo com o retorno de compreensão e aprendizagem dos alunos.

A Sequência Didática é um caminho de aprendizagem que perpassa por etapas continuadas e interligadas entre si, permeadas por um tema central e objetivos bem delineados que se constituem como objeto de conhecimento a ser alcançado. A didática de aprendizagem exige um planejamento ordenado para que o aprendizado aconteça dentro de uma sequência lógica, com início, meio e fim estabelecidos. Uma das formas de se promover essa sequência lógica é por meio da Sequência Didática, SD. Arantes (2019).

Vamos explicar aqui os moldes de construção da sequência didática dentro do framework que faz parte de uma metodologia idealizada pela professora Sheila Arantes (2019), em sua pesquisa de mestrado, para ajudar aos professores na elaboração e aplicação das atividades de aquisição da leitura e escrita, propostas a seus alunos. Foi comprovado, através dos estudos e pesquisa de campo da pesquisadora, que o uso das novas tecnologias digitais da educação durante as aulas de alfabetização e letramento aumentou o encanto e interesse das crianças pela aprendizagem e até reduziu as faltas nas turmas que se aplicou o estudo, principalmente, pelo uso dos cadernos digitais para a escrita. Ainda, segundo a autora, acredita-se que as sequências didáticas facilitam as interações entre alunos e professores, oferecendo oportunidades de novos conhecimentos a partir da valorização dos saberes, vivências e curiosidades dos estudantes. As crianças atuais, consideradas nativos digitais, sentem-se protagonizadas diante das oportunidades de uso dos cadernos digitais na escola. O instrumento desenvolvido na pesquisa para criar as sequências didáticas foi o framework, pensado a partir de um fluxograma em seis etapas pedagógicas que será explicado a seguir.

  1. Eixo temático – Nessa primeira etapa de formulação da sequência didática o professor vai escolher e registrar um tema de estudo para a sequência;
  2. Tomada de consciência com diagnose – Nesta etapa é importante dialogar com a criança e relatar o que vai acontecer na rotina da aula, quais os objetivos de aprendizagem, e já inserir a criança no conceito;
  3. Atividades significativas – Uma boa sequência didática relaciona a temática das aulas com as habilidades que se constituem pelo objetivo de aprendizagem. Cada atividade planejada deverá se relacionar com a realidade dos estudantes e seus conhecimentos de mundo (conhecimentos prévios).
  4. Atividades lúdicas – O ator principal do palco da aprendizagem deve ser o aluno. É importante favorecer a autonomia e o protagonismo da criança no processo de ensino e aprendizagem, para que seja significativo e permanente. É preciso favorecer a construção dos alunos, sejam elas individuais ou coletivas, mas devemos possibilitar que o estudante construa seu próprio aprendizado, sendo mediado pelo professor, por ferramentas tecnológicas e digitais.
  5. Fixação de conteúdo – De acordo com GRISA et al (2022), estudos da neurociência apontam a necessidade de se resgatar todo o conteúdo estudado, para que a aprendizagem se ancore na parte cognitiva do estudante, ocupando a memória permanente, que dura por mais tempo. Neste processo, as atividades de revisão podem trabalhar a fixação do conteúdo e ou tema estudado.
  6. Avaliação significativa – Para que se conheça a dimensão do que foi aprendido a fim de validar ou readequar uma metodologia utilizada, é importante a realização das atividades avaliativas antes, para diagnosticar, conhecer o aluno; durante o processo de aprendizagem, para refletir sobre a prática pedagógica utilizada e, ao fim de uma sequência didática, para consolidar as aprendizagens. 

 Quanto à sequência didática, é recomendado que seja mediada por atividades lúdicas, que englobem entre outras tecnologias, as digitais.  Segundo a BNCC, “A cultura digital perpassa todos os campos, fazendo surgir ou modificando gêneros e práticas.”  (BRASIL, 2018, p.85) Diante da cultura digital que está presente no cotidiano social, a escola precisa incluir atividades que favoreçam as habilidades para lidar com essa cultura, seja para se beneficiar dela, seja para se proteger dela. Devemos lidar com as tecnologias digitais de forma responsável, ética e reflexiva, mas, não há como, se não a conhecermos profundamente. Daí a grande responsabilidade que a escola tem com isso.

É preciso democratizar o uso das tecnologias, mas, não de uma forma passiva. É necessário saber solucionar problemas se utilizando das ferramentas digitais de uma forma consciente. Cada cidadão deve se apossar do poder que a tecnologia fornece, lidando com a cultura digital de forma crítica, ética e responsável. É preciso saber se comunicar e compreender a linguagem que pulsa no ambiente digital. Para que haja equidade no sistema educacional e se diminua as diferenças sociais é preciso conscientizar que a educação transformadora tem esse poder. Por isso, na BNCC diz que

“… é imprescindível que a escola compreenda e incorpore mais as novas linguagens e seus modos de funcionamento, desvendando possibilidades de comunicação (e também de manipulação), e que eduque para usos mais democráticos das tecnologias e para uma participação mais consciente na cultura digital. Ao aproveitar o potencial de comunicação do universo digital, a escola pode instituir novos modos de promover a aprendizagem, a interação e o compartilhamento de significados entre professores e estudantes.” (BRASIL, 2018, p. 59)

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS:

As tecnologias digitais da educação têm potencial para gerar inovações pedagógicas capazes de reestruturar as formas de aprender e ensinar, tornando-as não só mais eficazes, como também mais interessantes para o próprio estudante, visto que estamos diante de uma geração de nativos digitais, que é como são chamados aqueles que convivem com computadores, celulares e diversos equipamentos digitais desde que nasceram.

Concluímos que para criar experiências de aprendizagem para as crianças, os educadores precisam se reconhecer como cidadãos digitais, para isso, é importante que se invista na formação dos profissionais da educação, a fim de que desenvolvam as competências e habilidades necessárias ao uso das tecnologias em sala de aula. Os cursos de formação de professores, até pouco tempo, não tinham em sua carga de disciplinas, uma formação para o uso e planejamento didático nos ambientes digitais de aprendizagem, esse é um dos fatores que corrobora com as dificuldades ora sentidas pelos educadores na relação com a tecnologia.

Apenas lidar com as tecnologias digitais não é suficiente para se desenvolver senso crítico sobre as relações de poder exercidas no ambiente da cibercultura. É necessário desenvolvermos uma formação escolar ativa, onde haja produção de conhecimentos e criação de produtos digitais, onde os estudantes não sejam meros consumidores de tecnologia, mas, tenham autonomia sobre ela. Não há como voltar atrás em relação à cultura digital. Cada vez mais estamos imersos nela e há ainda que se desvendar o que está por trás das telas, como agem os algoritmos e a serviço de que estão programados. Neste sentido, há ainda muito trabalho a ser desenvolvido no sistema educacional, pois, as tecnologias se expandiram muito rapidamente e a escola ainda não evoluiu a tal ponto.

REFERÊNCIAS

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