LIBRAS NA EDUCAÇÃO REGULAR

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.8086311


SILVA, Camila Cristina da
GOMES, Eneli de Oliveira Silva
MATOS, Jeane Cristina Borges de Araujo
ARAUJO, Jozy Pereira
COSTA, Maria Imaculada Moreira da
OLIVEIRA, Maria Luciana de
SILVA, Marilza Conceição da
SILVA, Natália Aniceta da
OLIVEIRA, Nágela Moreira Lopes de
TERRA, Viviane Aparecida Monteiro
LOPES, Wângeska Alves Vieira


RESUMO

O artigo tem como principal propósito colocar em discussão a importância das libras na educação regular. A pesquisa partiu-se da certeza da urgência de colocar professores como protagonistas no processo de inclusão social. Embora algumas escolas já trabalham com a integração dos surdos em salas regulares, a libras ainda não faz parte do currículo escolar, o que ainda torna difícil a comunicação entre ouvintes e surdos. Outra justificativa para a escolha do tema foi que a linguagem de sinais nas escolas pode oportunizar que surdos não abandonem os estudos e possam assim como os demais alunos almejar fazer uma faculdade e consequentemente ter uma profissão. Isso nos mostra que incluir a linguagem de sinais em alunos de séries regulares pode também, favorecer não só aos alunos não ouvintes, mas a todos os envolvidos, que aprenderam um novo meio de comunicação, bem como melhorar o relacionamento de forma geral entre os indivíduos, otimizando de maneira significativa o processo de aprendizagem.

PALAVRAS-CHAVE: Linguagem, Libras, Inclusão.

ABSTRACT

The main purpose of this article is to discuss the importance of Libras in regular education. The research was based on the certainty of the urgency of placing teachers as protagonists in the process of social inclusion. Although some schools are already working with the integration of deaf people into regular classrooms, Libras is not yet part of the school curriculum, which still makes communication between hearing and deaf people difficult. Another justification for choosing the theme was that sign language in schools can provide opportunities for deaf people not to drop out of school and, like other students, to aim to go to college and consequently have a profession. This shows us that including sign language in regular grade students can also favor not only non-hearing students, but everyone involved, who will learn a new means of communication, as well as improve the relationship in general between individuals. , significantly optimizing the learning process.

KEYWORDS: Language, Libras, Inclusion.

1 INTRODUÇÃO

O artigo apresentado tem como foco colocar em discussão a importância e a necessidade de se implantar no currículo escolar, a linguagem dos sinais e como tornar seu acesso possível para todas as pessoas com deficiências auditivas, bem como, para as ouvintes proporcionando assim a inclusão social. Será ainda apresentado quais ferramentas de aprendizagem vem tornando-se acessíveis para a comunicação visual evidenciando a necessidade de promover a Língua de Sinais. A pesquisa se baseou em análise de textos de diversos autores e pesquisadores que ofereceram contribuições à educação inclusiva, observando a valorização das diferenças na convivência e o reconhecimento do potencial de todo ser humano. Uma vez que   estamos uma busca diária da construção de um caminho pedagógico para o Atendimento Educacional Especializado – AEE, com um olhar voltado à perspectiva inclusiva, com bases em princípios decorrentes de novos paradigmas. Com objetivo de buscar práticas pedagógicas que desenvolvam o potencial cognitivo, de linguagem, sócio afetivo e cultural do ser. Visto que muitos desafios precisam ser enfrentados e as propostas educacionais precisam de incessante revisão, levando em consideração as novas práticas de ensino e aprendizagem consistentes e produtivas para a educação inclusiva. Faz-se necessário reorganizar as formas de conceber a escola e suas práticas pedagógicas, saindo dos modos lineares do pensar e agir no que se refere à escolarização.

Já existem alguns projetos que oportunizam a inclusão do surdo na escola regular, porém faz-se necessário um intérprete o que ao ver desta acadêmica gera curiosidade nos alunos ouvintes, o que vem a ser o primeiro passo para a transformação de uma educação inclusiva. Por este motivo, esse artigo vem para fomentar a ideia de que educadores precisam de uma formação ainda que inicial em línguas de sinais, bem como de que todos os alunos tenham, esta, como matéria semanalmente. 

2 LIBRAS NA EDUCAÇÃO REGULAR

No século XII, é que quando crianças eram identificadas com surdez, eram vistos não mais como humanos, eram destituídos da herança da família, não frequentavam nenhum meio social e eram proibidos de se casarem. Na Idade Média, com o feudalismo, os surdos começaram a ter atenção diferenciada pelo clero (Igreja), como a confissão era algo muito importante, tinha-se uma preocupação para os que não a praticavam. Porém observou-se que não se tratava de uma aberração ou tão pouco má sorte de pessoas que não faziam parte da nobreza da atualidade. Levando em consideração que os nobres muitas das vezes casavam-se com mulheres consanguíneas para manter a riqueza na família e com isso, nasceu-se muitas crianças como essa limitação.

Para Strobel (2006), na Idade Média (476-1453), os surdos não recebiam tratamento digno. Eram dizimados em grandes fogueiras e alvos constantes de “chacotas”. Referente à questão religiosa eram proibidos de comungar, pois eram incapazes de confessar os pecados cometidos. Não podiam casar-se, somente com a permissão do Papa. Não recebiam heranças, não votavam, no fim não tinha nenhum direito sobre sua cidadania.

As aproximadamente duas centenárias discute-se a necessidade de que a surdez não pode ser vista como fator limitante no processo de aprendizagem, sendo que até hoje esse assunto é colocado em pauta para descobrir novas políticas públicas que venham a beneficiar esse público.

  Em 1880, aconteceu o Congresso Mundial de Professores de Surdos em Milão, na Itália, levantando a discussão, do qual, seria o melhor método para a educação dos surdos. Nesse congresso ficou resolvido que o melhor método era o oral puro, sendo proibida a utilização da língua de sinais a partir desta data. Claro que o resultado foi negativo, uma vez, que utilizavam de métodos desumanos, onde as crianças surdas, muitas vezes, tinham suas mãos amarradas para trás e eram obrigadas a sentarem em cima das mãos em sala de aula, para não utilizar a língua de sinais. 

No Brasil, a primeira lei que viabiliza o uso da Língua Brasileira de Sinais como a primeira língua dos surdos foi assinada em novembro de 2002 pelo Presidente Fernando Henrique Cardoso.      

Até a década de 1990, as políticas públicas educacionais, na área da surdez, desenvolveram e apoiaram ações favorecendo a permanência das crianças surdas em escolas especiais e, sempre que possível, sua integração em escolas regulares. A LDB/96 (Lei 9394) apresenta a educação especial como parte integrante do sistema educacional brasileiro e que sua oferta deve passar por todos os níveis de educação e ensino. O artigo 58 da Lei supracitada afirma: 

Professores com especialização adequada em nível médio ou superior, para atendimento especializado, bem como professores do ensino regular capacitado para a integração desses educandos nas classes comuns.

Os sinais foram evidenciados pelo Abade francês Charles Michel de L‟Epée, que a partir do século XVIII, inicia o trabalho de instrução formal com surdos a partir dos sinais utilizados por eles nas ruas de Paris o que difundiu sua metodologia gestual tornando-se conhecida, respeitada e tida como o caminho correto para a educação de surdos. 

No convívio com os surdos, o abade L‟Epée percebe que os gestos cumpriam as mesmas funções das línguas faladas e, portanto, permitiam uma comunicação efetiva entre eles. E assim inicia-se o processo de reconhecimento da língua de sinais. Não apenas em discursos, mas em práticas metodológicas desenvolvidas por ele na primeira Escola Pública para Surdos em Paris. Além disso, para o abade, os sons articulados não eram o essencial na educação de surdos, mas sim a possibilidade que tinham de aprender a ler e a escrever através da língua de sinais, pois essa era a forma natural que possuíam para expressar suas ideias. A língua utilizada no processo educativo era a de sinais. É interessante realçar que, nessa época, a educação de surdos tinha os mesmos objetivos que a educação dos ouvintes, ou seja, o acesso à leitura. Para o abade, a comunicação em sala de aula se efetivou graças ao domínio que ambos, professores e alunos, tinham da língua de sinais (SILVA, 2006, p. 23).

O processo de inclusão pode se dar, por exemplo, por meio da Educação Especial. Essa modalidade de ensino está prevista na Constituição Federal (CF), na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN) e em diversos documentos e legislações nacionais.

 O Ministério da Educação desenvolve a política de educação inclusiva que pressupõe a formação do Ensino Regular e da Educação Especial e, nesta perspectiva, são inseridas as diretrizes e ações que organizam os serviços de Atendimento Educacional Especializado, oferecidos aos alunos com deficiência, visando à complementação da sua formação e não mais a substituição do ensino regular (MEC, 2007).

 A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) tem como objetivo o desenvolvimento de habilidades e competências, e principalmente garantir uma aprendizagem comum, o que pode gerar uma oportunidade de inserir e/ou expandir a inclusão no ambiente escolar. A BNCC é uma enorme conquista para a educação brasileira, porque a torna mais igualitária, trazendo assim, oportunidades para uma educação mais inclusiva, que parta do olhar para o aluno e suas singularidades. Ampliando as possibilidades para que as escolas busquem novas alternativas para ensinar a todos, trabalhando o cognitivo e as emoções. Dessa forma, dialoga com os princípios do Desenho Universal para a Aprendizagem (DUA), que são: proporcionar diversos meios para a aprendizagem; proporcionar diferentes formas para expressão do que foi aprendido; manter a motivação e permanência dos estudantes. 

Segundo Koslowski (2000), de forma que, possuem o potencial. Falta-lhe, apenas, o meio, o respeito e a concretização dos direitos adquiridos. E a Língua Brasileira de Sinais é o principal meio que se apresenta para deslanchar esse processo, para que o aluno com surdez tenha sucesso na escola regular e que as potencialidades deste se concretizem.

De acordo com Mazzotta (1996), é importante salientar que a inclusão social é algo muito além de legislações, ela demanda ações reflexivas, dialogadas. Apenas conhecer a história dos surdos não é suficiente para obter conhecimento sobre sua trajetória. É preciso fazer reflexões e levantar questionamentos sobre os vários fatos ocorridos e relacionados a essa 21 educação desde o início. Em nossa sociedade, poucas pessoas têm conhecimento sobre a Língua Brasileira de Sinais, o que representa uma problemática para a comunicação com os surdos, uma vez que os ouvintes não têm como objetivo a visualidade.

A inclusão social é um assunto muito comentado na atualidade, entretanto ainda há muito a ser explorado. No caso de crianças com limitações auditivas é imprescindível que os educadores e as instituições de ensino estejam aptas a oferecer um ensino de qualidade e a comunicação é a principal ferramenta.

Por meio de Grande (2006, p. 37). 

Quanto mais à criança interage espontaneamente com situações diferenciadas mais ela adquire o genuíno conhecimento, sendo assim, a inclusão é benéfica a todos, pois faz com que as crianças tenham oportunidade de conhecer e conviver com a vida humana em todas as suas dimensões e desafios (GRANDE, 2006, p. 19)

Alunos surdos que frequentam o ensino regular, são acompanhados por uma intérprete para que lhe seja traduzido o conteúdo apresentado pela professora. Afirmação essa que reforça a necessidade de que a linguagem de sinais seja apresentada desde os primeiros anos, para que a compreensão seja por parte de todos facilitando assim o processo de aprendizado.

Por meio de Koslowski (2000), percebe-se a importância do professor de LIBRAS e do intérprete, para articular as experiências vivenciadas pelo aluno com surdez em diferentes espaços, portanto é essencial ao processo ensino e aprendizagem desta clientela.

A transmissão do conhecimento das instituições de ensino acontecem na sua grande maioria tendo como ferramenta principal a comunicação auditiva, o que torna mais difícil o processo de aprendizagem para alunos surdos, bem como também, compromete-se em alguns momentos a capacidade emocional do aluno de lidar com as diferenças pela dificuldade de acompanhar seus amigos de classe.

3. METODOLOGIA

A pesquisa favoreceu a visualização de alguns temas, e identificar o processo de inclusão desses alunos com necessidades especiais, em turmas do ciclo regular no ensino fundamental, nesses casos a surdez e suas dificuldades em se comunicar com os demais alunos e vice-versa. Sendo uma pesquisa bibliográfica, com perfil qualitativo, partindo-se do estudo de artigos científicos.

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

As escolas e professores necessitam estar dispostos para entender cada pessoa e seus potenciais, características, diferenças e em seus contextos. Conforme a Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva Inclusiva – PNEE (2008), o termo “necessidades especiais “ressalta a interação das características individuais dos alunos com o ambiente educacional e social, chamando a atenção do ensino regular para o desafio de atender às diferenças”.  

A linguagem de sinais existe a muito tempo, porém ainda não foi efetivada como uma matéria do currículo escolar obrigatório o que ao ver da acadêmica aqui apresentada precisa ser repensado, pois é contraditório quando se fala de inclusão social onde o indivíduo deve ser visto de forma igualitária pelos seus colegas de sala, mas o mesmo é o único portador de uma deficiência que se faz necessário o acompanhamento de um intérprete de uma linguagem que só ela e o intérprete conheça.

5. CONCLUSÃO

No desenvolvimento deste artigo alcançou-se as expectativas desejadas trazendo a consciência de que é de caráter emergencial colocar em discussão, novas políticas públicas que venha favorecer os alunos tanto da rede de ensino privada como pública, de modo a trabalhar a inclusão social e em conjunto otimizar o aprendizado. Para que isso seja possível, viu-se a necessidade que seja trabalhada a linguagem de sinais nas escola de modo que venha a diminuir os problemas de comunicação que muitas vezes limitam a capacidade de evolução de alunos surdos, levando em consideração que nem todos os alunos estão aptos a trabalhar com esse tipo de linguagem.

A linguagem de sinais existe a muito tempo, porém ainda não foi efetivada como uma matéria do currículo escolar obrigatório o que ao ver da acadêmica aqui apresentada precisa ser repensado, pois é contraditório quando se fala de inclusão social onde o indivíduo deve ser visto de forma igualitária pelos seus colegas de sala, mas o mesmo é o único portador de uma deficiência que se faz necessário o acompanhamento de um intérprete de uma linguagem que só ela e o intérprete conheça. Por esse motivo, reforça-se a importância de se tornar mais ativa a linguagem de sinais nas escolas e consequentemente oferecer capacitação gratuita aos profissionais da educação para que estes possam acolher seus alunos e com ele poder ter um diálogo mais efetivo.

6.  REFERÊNCIAS

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