A AFETIVIDADE NA EDUCAÇÃO INFANTIL

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.8083764


SILVA, Camila Cristina da
GOMES, Eneli de Oliveira Silva
MATOS, Jeane Cristina Borges de Araujo
ARAUJO, Jozy Pereira
COSTA, Maria Imaculada Moreira da
OLIVEIRA, Maria Luciana de
SILVA, Marilza Conceição da
SILVA, Natália Aniceta da
OLIVEIRA, Nágela Moreira Lopes de
TERRA, Viviane Aparecida Monteiro
LOPES, Wângeska Alves Vieira


RESUMO

Há muitos anos, psicólogos, pedagogos, psicopedagogos e professores discutem a eficácia da afetividade no desenvolvimento dos alunos. É necessário considerar que as relações afetivas precisam ser estabelecidas com o propósito de tornar a busca pelo conhecimento prazerosa, impactando positivamente nos processos cognitivos. As políticas públicas voltadas para educação exigem o cumprimento de um planejamento e alguns profissionais e instituições se prendem a cumprir o cronograma sem se preocuparem com as ligações estabelecidas para com os alunos. É imprescindível que a escola seja vista como um ambiente que possibilite ao aluno criar memórias e fortalecer vínculos além do seu convívio familiar. No processo educacional a afetividade deve ser vista de maneira favorável por toda a equipe para que no decorrer da vida escolar os alunos sejam beneficiados e consecutivamente a instituição escolar também obtenha facilidade desde a socialização, tanto quanto manter altos os índices de assertividade do processo de aprendizagem.

Palavras-chave: Afetividade, Escola. Educação, Ferramenta.

ABSTRACT

For many years, psychologists, pedagogues, psycho pedagogues and teachers have discussed the effectiveness of affectivity in the development of students. It is necessary to consider that affective relationships need to be established with the purpose of making the search for knowledge pleasurable, positively impacting cognitive processes. Public policies aimed at education require the fulfillment of a plan and some professionals and institutions are bound to comply with the schedule without worrying about the connections established with the students. It is essential that the school is seen as an environment that allows the student to create memories and strengthen bonds beyond their family life. In the educational process, affectivity must be viewed favorably by the entire team so that students are benefited throughout their school life and consecutively the school institution also obtains ease from socialization, as well as maintaining high levels of assertiveness in the learning process 

KeywordsAffection, School. Education, Tool.

1 INTRODUÇÃO

A educação infantil a algum tempo vem buscando novas ferramentas que otimizem o processo de aprendizagem, sendo que este, pode sofrer alterações a partir de ações externas, como por exemplo fatores sociais e econômicos. Com isso faz-se necessário que todos os profissionais atuantes da educação, desenvolvam suas habilidades e trabalhem a afetividade como uma ferramenta favorável. O cuidar na educação é importante para que o aluno sinta-se em um ambiente com o qual ele se identifica e tendo empatia por ele fica mais fácil que este aluno veja a escola como um lugar acolhedor, onde ele poderá viver muitas aventuras necessárias para sua formação intelectual e social, facilitando de maneira positiva o aprendizado. 

Segundo Vila (2000, p. 41): “A educação Infantil tem três atores: crianças, famílias e profissionais da educação […]”.  O que enfatiza o quão importante é, acompanhar as crianças a tornarem protagonistas de suas próprias histórias, construindo suas identidades, sendo necessário que a afetividade seja a norteadora deste propósito. Ressalvando sempre que a família em parceria com a escola tem um papel fundamental para que isso seja possível.

A afetividade está diretamente ligada a criar vínculos e possibilitar fazer com que o indivíduo se reconheça entre a sociedade como alguém realizado e feliz. Podemos ainda conceituar dizendo que afetividade, nada mais é do que dar afeto e através dele criar laços de confiança que permita, motivo esse pelo qual, justifica-se a importância de se abordar este tema, trazendo como principal objetivo colocar tem evidência os impactos positivos da afetividade como ferramenta de aprendizagem e construção do caráter do indivíduo.

2 A AFETIVIDADE NA EDUCAÇÃO INFANTIL

A afetividade pode ser conceituada a partir de várias áreas, como psicológica, filosófica e o que neste momento nos interessa que é voltada para área pedagógica. No Aurélio (1994) a afetividade é conceituada como, “Conjuntos de fenômenos sobre a forma de emoções, sentimentos e paixões, acompanhados, sempre da impressão de dor ou prazer, de satisfação ou insatisfação, de agrado ou desagrado de alegria ou tristeza”.

Ao analisar o significado da palavra afetividade é possível vislumbrá-la como a capacidade dos seres humanos em estabelecer ligações a partir de vínculos emocionais expressados a partir de demonstrações de sentimentos de amor, carinho, compaixão e afeto. Afirmação reforçada por Piaget no artigo Mundo Educação (Psicologia, maio de 2010), quando ele reforça que essas expressões de sentimentos podem influenciar de maneira positiva e impulsionadora no processo de aprendizagem.

É possível conceituar a educação infantil como uma etapa da educação básica para crianças de zero a cinco anos de idade e ocorre, dentro de instituições de ensino, sendo elas públicas ou privadas. Onde têm-se como principal objetivo promover a socialização, utilizando como ferramentas atividades lúdicas: Através de músicas, brincadeiras, jogos, histórias.

Na educação infantil os educadores trabalham na construção de atividades que desenvolvam a criatividade, a integração com indivíduos e suas particularidades, se identificar com ambiente que está inserido, iniciar a partir da ludicidade a alfabetização e talvez de maior importância, aprender a dividir, compartilhar, se colocar no lugar do outro e lidar com as frustrações.

Pino (2000, p. 128) relata que: “os fenômenos afetivos representam a maneira como os acontecimentos repercutem na natureza sensível do ser humano, produzindo nele um elenco de reações matizadas que definem seu modo de ser no mundo. Dentre esses acontecimentos, as atitudes e as reações dos seus semelhantes a seu respeito são, sem sombra de dúvida, os mais importantes, imprimindo às relações humanas um tom de dramaticidade. Assim sendo, parece mais adequado entender o afetivo como uma qualidade das relações humanas e das experiências que elas evocam (…). São as relações sociais, com efeito, as que marcam a vida humana, conferindo ao conjunto da realidade que forma seu contexto (coisas, lugares, situações, etc.) um sentido afetivo” (idem, p. 130-131).

A educação infantil é um processo muito importante na vida de uma criança, sendo que é neste momento que ela passa a ter uma compreensão melhor do seu papel para com a sociedade tendo contato com crianças na mesma situação que ela, porém com personalidades diferentes. 

Wallon (1979), entende que a educação infantil como uma ferramenta capaz de preparar e estimular o processo evolutivo e a conquista da autonomia da criança, não permitindo que a família seja a única influência e promover a integração entre as crianças de diversas idades. O mesmo autor acredita que o aprender está além da inteligência e pode estar ligado a fatores genéticos.

O profissional da educação precisa entender que nos primeiros anos de alfabetização as crianças são seres moldáveis, onde podem sofrer influências, tanto positivas quanto negativas, levando sempre em consideração seu núcleo de origem, cultura e valores e princípios aos quais elas foram apresentadas desde sua concepção.

Sarmento (2007, p. 32) enfatiza que, mediante a concepção Lockiana, a criança ‘é uma tábua rasa’, à qual pode ser moldada e desenvolvida a partir de estímulos emocionais, uma vez que estes irão refletir no seu desenvolvimento posteriormente. Reforçando, ainda a ideia deste autor o mesmo relata que:

 A psicologia do desenvolvimento não é apenas responsável pela constituição de uma reflexividade institucional sobre a infância, mas também pela proposta de uma norma de constituição do conhecimento científico sobre as crianças através do recurso de medição do desenvolvimento natural da criança.

O professor é peça fundamental para o desenvolvimento de seus alunos e para que isso seja possível é importante que desenvolva-se um olhar sensível para com o aluno a partir de uma análise minuciosa do perfil de cada aluno a fim de identificar suas personalidades e consecutivamente desenvolver um método de trabalho adequado para cada um, possibilitando a integração e o bem estar do grupo.

“Para aprender, necessitam-se dois personagens e um vínculo que se estabelece entre ambos. (…) Não aprendemos de qualquer um, aprendemos daquele a quem outorgamos confiança e direito de ensinar” (Fernández, 1991, p. 47 e 52).

É notório que o educador na educação infantil deve desempenhar muito mais do que apenas ensinar, afinal ele também é responsável por proporcionar às crianças experiências que auxiliam no desenvolver de suas capacidades cognitivas, como atenção, memória, raciocínio, bem como na construção de um adulto que sabe lidar com todos os seus sentimentos em um ambiente cheio de pluralidade. O que pode-se confirmar quando Chalita (2001, p. 52) diz que:

Para lidar com crianças na educação infantil, precisa ser sensível às suas emoções, estar apto para lidar com situações que exijam paciência, compreensão e técnica, tendo capacidade para lidar com imprevistos que requerem flexibilidade e criatividade, além disso, deve usar sempre o conhecimento e a sociabilidade ligada aos aspectos afetivos, para o bem do aluno e tranquilidade dos pais.

Muito se tem evoluído no processo de ensino das escolas, sendo elas públicas ou privadas, uma vez que compreende – se que para ter uma maior assertividade do percentual de aprendizagem é imprescindível que as crianças tenham prazer em irem para a escola, e isso é possível se todos os envolvidos trabalharem em busca deste mesmo objetivo. Mas para que isso seja uma realidade, os profissionais da educação precisam fazer uma leitura do perfil de cada aluno respeitando sempre as particularidades de cada um, pois a afetividade deve vir com o respeito para com a cultura como quando Vygotsky (1998, p. 42) fala:

A afetividade é um elemento cultural que faz com que tenha peculiaridades de acordo com cada cultura. Elemento importante em todas as etapas da vida da pessoa, a afetividade tem relevância fundamental no processo ensino aprendizagem no que diz respeito à motivação, avaliação e relação-professor e aluno.

É válido ainda lembrar que cada criança, chega na escola como uma bagagem e cabe ao professor e demais profissionais tomar os devidos cuidados para que a abordagem afetiva não seja confrontada pela incompatibilidade dos cargas emocionais que eles já trazem de suas origens. O que mais uma vez se faz presente a relevância do papel da família. Como enfatiza o autor Chalita (2001, p. 65), quando diz que: “A questão da aprendizagem supera a questão do ensino. O processo de aprendizagem, que é do professor e do aluno, tem de ser permanente. Ele faz com que a educação não se reduza a meros conteúdos decididos de forma autoritária”

Uma criança que possui crenças dominantes, muitas vezes mostram-se mais arredias as demonstrações de carinho e demais sentimentos, ou ainda pior quando esta vem com algum trauma por terem sofrido algum tipo de agressão, seja ela física ou psicológica. 

Chardelli (2002, p.31) esboça sua opinião quando fala que:

A todo momento, a escola recebe crianças com auto estima baixa, tristeza, dificuldades em aprender ou em se entrosar com os coleguinhas e as rotulamos de complicadas, sem limites ou sem educação e não nos colocamos diante delas a seu favor, não compactuamos e nem nos aliamos a elas, não as tocamos e muito menos conseguimos entender o verdadeiro motivo que as deixou assim. A escola facilita o papel da educação nos tempos atuais, que seria construir pessoas plenas, priorizando o ser e não o ter, levando o aluno a ser crítico e construir seu caminho.

O professor nesse momento torna-se protagonista ao ser responsável por apresentar, ainda que seja de forma lúdica, as verdades da vida, fortalecendo um vínculo que possibilite que estas crianças tenham como referência e consequentemente passe pelo processo de alfabetização de forma mais efetiva, confirmando que afetividade na educação traz mais produtividade para o processo de desenvolvimento de cada criança.

3. METODOLOGIA

O artigo tem caráter favorável aos leitores, ora por abordar um assunto que ainda é latente nos dias atuais, os quais ainda precisam serem colocados em discussão incentivando outros profissionais adotarem a prática da utilização da afetividade como ferramenta de aprendizagem e transformação, como também influenciar o corpo docente a não se estagnar em um modelo de ensino engessado e arcaico.

Para fortalecer o propósito ao qual, esse artigo se faz importante objeto de reflexão, utilizou-se de citações de autores como Piaget, Vygotsky e Chardelli.

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

O cuidado e o educar, são ferramentas que podem transformar a vida de uma criança, sempre levando em consideração que na escola, ela aprende que pode ser protagonista da sua história, mas para que isso seja possível, ela tem que ter provado de sentimentos que a tornam emocionalmente forte e confiante, a ponte de saber utilizar de sua inteligência emocional, para enfrentar as frustrações que a vida irá lhe colocar durante a sua existência.

Durante a pesquisa bibliográfica para o desenvolvimento deste artigo ficou claro que ainda que pareça algo simples de se resolver, as escolas precisam estudar a afetividade de forma a utilizada de fato como uma ferramenta transformadora não só para o desenvolvimento intelectual mas na construção de seres-humanos capazes de administrar melhor sua inteligência emocional, e consequentemente tendo mais facilidade em aprender e à conduzir de forma saudável seus relacionamentos.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com o avanço da tecnologia e a quantidade de informações que as crianças recebem diariamente desde muito novas, entende-se que é de caráter emergencial que os educadores busquem novas técnicas para cativar os alunos. Não cabe mais a ideia de uma escola ditadora, pois é necessário que cada aluno tenha seus valores e cultura respeitados.

A escola é a primeira experiência de vida que uma criança tem depois do seu núcleo familiar e é ali onde ela enfrenta seus primeiros desafios. É apresentada às diferenças, e passa a entender que existem muito mais coisas desconhecidas à espera da sua sede pelo conhecimento. Entretanto para que a criança veja a escola como um local positivo, acolhedor e seguro, a afetividade por parte de toda a equipe educacional deve ser oferecida a cada aluno.

É notório que o professor tem o poder de influenciar positivamente a vida de seus alunos retirar essa parte ou severamente o contrário na vida de uma criança, uma vez que ao sair da casa de seus familiares a criança ver o profissional da educação como uma referência de proteção, quando isso não acontece pode causar danos irreversíveis na formação do caráter dessa criança bem como fazer com que a escola se torne não mais um lugar do qual ela se sente bem em estar.

6.  REFERÊNCIAS

CHALITA, Gabriel; EducaçãoA Solução Está no Afeto: Gabriel Chalita – São Paulo: Editora Gente, 2001.

CHARDELLI, Rita de Cássia Rocha. Brincar e ser feliz. Endereço eletrônico: http://7mares.terravista.pt/forumeducacao/Textos/textobrincareserfeliz.htm, acesso em 08/02/2021.

FERNANDÉZ, A. A inteligência aprisionada. Porto Alegre: Artes Médicas, 1991.

LA TAILLE, Y. Desenvolvimento do juízo moral e a afetividade na teoria de Jean Piaget. In: LA TAILLE, Yves. (Org.) Piaget, Vygotsky, Wallon: teorias psicogenéticas em discussão. Yves de La Taille, Marta Khol de Oliveira, Heloysa Dantas. São Paulo: Summus, 1992.

PIAGET, Jean. A relação da afetividade com a inteligência no desenvolvimento mental da criança. Texto traduzido por Magda Medeiros. 4 ed. São Paulo: Scipione,1962.

PINO, A. (1997) O biológico e o cultural nos processos cognitivos, em Linguagem, cultura e cognição: reflexão para o ensino de ciências. Anais do encontro sobre Teoria e Pesquisa em ensino de ciências. Campinas: gráfica da Faculdade de Educação, Universidade Estadual de Campinas, p. 5-24.

SARMENTO, Manuel Jacinto. Visibilidade social e educação da infância. In: VASCONCELLOS, Vera Maria Ramos de e SARMENTO, Manuel Jacinto. Infância (in)visível. Araraquara: Junqueira e Marin, 2007. PIAGET, Jean. A Equilibração das Estruturas Cognitivas. Problema central do desenvolvimento. Trad. Álvaro Cabral. Rio de Janeiro: Zahar, 1976.

Vila, I. (2000). Aproximación a la educación infantil: características e implicaciones educativas. Revista Ibero-Americana, 22, 41-60.

VYGOTSKY, L. S. A Formação Social da Mente: O Desenvolvimento dos Processos Psicológicos Superiores. São Paulo: Martins Fontes, 2003.

WOOLFOLK, Anita E. Psicologia da Educação. 7ª ed. PortoAlegre: ArtMed, 2000.