INTUSSUSCEPÇÃO INTESTINAL EM CÃES – RELATO DE CASO

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.8051032


Bárbara Luiza Araújo Melo1
Daniela Maria Santos Gomes1
Igor Cabral Barbosa1


INTRODUÇÃO  

A intussuscepção intestinal é uma das alterações obstrutivas que demanda  maior atenção nos pequenos animais, devido à elevada taxa de ocorrência  e urgência do caso¹. Ela consiste na invaginação de um segmento do  aparelho gastrointestinal, chamado de intussuscepto, no lúmen da porção  adjacente, denominada intussuscepiente. Frequentemente é observada na  porção normógrada, ou seja, no sentido peristáltico, porém, existem relatos  da recém ocorrência na direção retrógrada ou também denominada de oral².  Outra classificação possível de ser utilizada é quanto ao número de  intussuscepções, podendo estas serem únicas, múltiplas ou compostas².  Não existe comprovação de predisposição racial ou sexual, mas animais  mais jovens apresentam com maior incidência. Como fatores realmente  predisponentes, está frequentemente associado a parasitismo,  gastroenterites e corpos estranhos¹.  

Palavras-chave: Cão; Intussuscepção; Cirurgia gastrointestinal.

RELATO DE CASO E DISCUSSÃO  

Uma cadela, fêmea, da raça Golden Retriever, com 5 meses de idade,  pesando por volta de 18,350kg, deu entrada na clínica veterinária. A  paciente apresentava dores abdominais já havia alguns dias, e em conversa,  a tutora relata ter diversas plantas em casa, já tendo visto sua cadela  ingerindo-as, incluindo a espada de São Jorge, que possui efeitos tóxicos,  e um desses efeitos, pode causar aumento do peristaltismo intestinal. No  exame físico, por meio da palpação abdominal foi possível sentir o  aumento do volume intestinal (A), tendo como diagnóstico diferencial, a  intussuscepção ou um corpo estranho. Neste caso, não houve suspeita de  neoplasia, devido a idade do animal, e o histórico era mais susceptível para  as outras duas hipóteses. Após finalização da consulta, foi solicitado  exame de imagem para auxílio no diagnóstico, sendo escolhido o  ultrassom. Com as imagens do ultrassom, foi constatado a imagem em  alvo, bem característica de intussuscepção intestinal (B), assim, com o  diagnóstico confirmado, a paciente foi encaminhada para cirurgia. Foi  realizada a laparotomia exploratória com incisão pré-retroumbilical na  linha média, com exposição das alças intestinais. Durante o procedimento,  foi identificado que a intussuscepção estava localizada em região ileocecal  (C), e visando a correção, foram realizadas manobras para liberar o  intussuscepto do intussusceptiente, neste momento, houve a ruptura da  camada serosa intestinal, sem causar prejuízos a camada muscular e os  demais tecidos. Posteriormente, a equipe cirúrgica verifica então a  viabilidade da alça, através de estímulo manual por beliscamento, sendo  observado a presença de peristaltismo. Além disso, foi averiguada também  a viabilidade dos vasos mesentéricos. Neste procedimento não foi  necessária a realização de enterectomia. Então, em busca de evitar novos  episódios, foi realizada entero-enteropexia, com fio de nylon 3-0 (D). Por  fim, foi feita a lavagem da cavidade abdominal com Ringer com Lactato  aquecido, e celiorrafia com fio absorvível poliglecaprone 2-0 (E). A  redução do subcutâneo foi realizada com poliglecaprone 3-0, e demorrafia  com nylon 3-0. A paciente foi mantida internada para observação e  administração de medicamentos, como os antibióticos metronidazol e  cefalotina, e analgésicos. Após 72h de pós-operatório, a paciente recebeu  alta médica, retornando para retirada dos pontos externos em 10 dias da  cirurgia. Não houveram intercorrências vindas do procedimento.

Fonte: Arquivo próprio.

CONSIDERAÇÕES FINAIS  

Em conclusão ao quadro clínico apresentado em relato, podemos constatar  a importância de se realizar todas as etapas do processo em tempo e  metodologias adequadas, com ênfase para a associação das informações do  histórico e anamnese com as do exame clínico, pois só assim é possível  tomar a decisão de se realizar exames complementares e a realização da  laparotomia exploratória para confirmar e corrigir o quadro dando uma  rápida recuperação do paciente e solução da enfermidade acometida.  

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA  

1. MARQUES DE OLIVEIRA-BARROS, L.; MATERA, J. M.  INTUSSUCEPÇÃO EM CÃES: revisão de literatura. Revista  Acadêmica Ciência Animal, [S. l.], v. 7, n. 3, p. 265–272, 2009. DOI:  10.7213/cienciaanimal.v7i3.9957. Disponível em:  https://periodicos.pucpr.br/cienciaanimal/article/view/9957 . Acesso em:  20 nov. 2022.  

2. MACHADO, Rodrigo; MACHADO, Renato; MARTINS, Raimy;  PALMA, Heloisa; CARDONA, Rodrigo. INTUSSUSCEPÇÃO  CRÔNICA EM CÃO: RELATO DE CASO. XXII SEMINÁRIO  INTERINSTITUCIONAL de ensino, pesquisa e extensão.Disponível em:  https://home.unicruz.edu.br/seminario/anais/anais-2017/XXII. Acesso  em: 20 nov. 2022.


1Discentes no Curso de Medicina Veterinária – Centro Universitário de Contagem – Una Contagem – Contagem/MG – Brasil. Contato: barbaraluizamelo1999@gmail.com