UM BREVÍSSIMO ESTUDO DOS GÊNEROS CINEMATOGRÁFICOS E SUAS POSSIBILIDADES PARA O ENSINO DE BIOLOGIA

A VERY BRIEF STUDY OF CINEMATOGRAPHIC GENRES AND THEIR POSSIBILITIES FOR THE TEACHING OF BIOLOGY

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.8017080


Gerlany de Fátima dos Santos Pereira1;
Edilson da Silva Furtado2;
Ilzilene Libano da Silva 3;
Mariana Serrão dos Santos4;
Raquellyne Baia Machado5;
Rosélia Balieiro Ferreira6.


RESUMO

Trata-se de um recorte de um estudo desenvolvido no decorrer do Curso de Pós-graduação em Ciências Naturais da Universidade do Estado do Amapá, na disciplina Cinema e Ensino de Ciências, ministrada no primeiro semestre de 2023. Este estudo teve por objetivo: correlacionar diferentes gêneros cinematográficos com narrativas científicas, com vistas a proposição de temas para se trabalhar no ensino de Biologia. Trata-se de uma pesquisa de abordagem qualitativa, nos termos de Minayo (2008). Quanto a tipologia, trata-se de um estudo com elementos característicos da análise filmográfica (PENAFRIA, 2009). A seleção dos gêneros estudados, ocorreu nos termos de Nogueira (2010). Para a análise dos dados, foi utilizada a análise de conteúdo de Bardin (2009). Os resultados evidenciaram que gêneros não abordados na prática docente, antes da realização do presente estudo, como é o caso do Terror, se tratados de forma criteriosa, cuidadosa e crítica, possibilitam ricas trocas de experiências e inúmeras possibilidades no ensino de Biologia, isso, apenas para exemplificar.

Palavras-chave: filmografia; cinema; bioética.

Eixo temático: Linha 5.Ensino de Ciências/Biologia cultura e arte.

ABSTRACT

This is an excerpt from a study developed during the Postgraduate Course in Natural Sciences at the University of the State of Amapá, in the discipline Cinema and Science Teaching, taught in the first half of 2023. This study aimed to: correlate different cinematographic genres with scientific narratives, with a view to proposing possibilities for Biology teaching. This is a research with a qualitative approach, in terms of Minayo (2008). As for the typology, it is a study with characteristic elements of filmographic analysis (PENAFRIA, 2009). The selection of the studied genres occurred in terms of Nogueira (2010). For data analysis, Bardin’s (2009) content analysis was used. The results showed that genres not addressed in teaching practice, before the present study was carried out, as is the case of Terror, if treated in a judicious, careful and critical way, enable rich exchanges of experiences and countless possibilities in the teaching of Biology, that, just to exemplify.

Keywords: filmography; movie theater; bioethics.

1 INTRODUÇÃO

“Quando um filme é rotulado como faroeste, musical ou comédia romântica, isso cria no público, expectativas em relação ao gênero ou tipo de filme que verá” (BERGAN, 2012, p. 115). No estudo da sétima arte, “os gêneros cinematográficos são um campo amplo e diverso” (NOGUEIRA 2010, p. 1). “Ainda que alguns aspectos variem dentro de cada categoria, eles têm padrões reconhecíveis em termos de tema, época, ambientação e trama, além da iconografia e dos tipos de personagens tratados” (BERGAN, 2012, p. 115).

Nesse sentido, de maneira bem geral, pode-se afirmar que, o conceito de gênero, tal como conhecemos hoje “[…] nasceu na era dos estúdios de Hollywood, quando facilitou decisões de produção e comercialização dos títulos, além de servir de modelo para os roteiristas no auge da produção de centenas de filmes […]” (BERGAN, 2012, p. 115). Assim, “Um gênero será uma categoria classificativa que permite estabelecer relações de semelhança ou identidade entre as diversas obras” (NOGUEIRA 2010, p. 3).

O objetivo deste texto foi correlacionar diferentes gêneros cinematográficos com narrativas científicas, com vistas a proposição de temas para se trabalhar no ensino de Biologia.

REVISÃO DA LITERATURA

“Estando a delimitação e a caracterização dos gêneros sujeitas à constante mutação e hibridação dos mesmos, torna-se difícil atingir um com senso definitivo sobre os critérios e as fronteiras que permitem identificar e balizar cada gênero” (NOGUEIRA 2010, p. 3). De forma muito breve, pode-se mencionar que ao falarmos de um gênero cinematográfico nos referimos a “[…] uma categoria ou tipo de filmes que congrega e descreve obras a partir de marcas de afinidade de diversa ordem, entre as quais as mais determinantes tendem a ser as narrativas ou as temáticas” (NOGUEIRA 2010, p. 3).

Cada estúdio se especializou em um gênero: Universal (horror), Warner Bros. (gângster), MGM (musical) e Paramount (comédia). Alguns diretores também se vincularam ao gênero: John Ford (faroeste), Cecil B. DeMille (épico), Alfred Hitchcock (suspense), Vincent Minelli (musical) e Douglas Sirk (melodrama). E o público ainda associou certos tipos de filme seus astros […]. Hoje os gêneros e os atores são mais flexíveis, embora o público associe astros como Bruce Willis e Sylvester Stallone a filmes de ação e Jim Carrey e Adam Sandler a comédias […]. (BERGAN, 2012, p. 115).

Dito isto, podemos acrescentar três ideias nos termos de Nogueira (2010, p. 3):

[…] em primeiro lugar, que, virtualmente, a partilha de uma dada característica implica a pertença de um filme a um género; em segundo, que toda a obra pode, em princípio, ser integrada num determinado género; e, em terceiro, que uma obra pode exibir sinais ou elementos de diversos gêneros.

Assim, semelhança ou afinidade tornam-se os princípios de reconhecimento e distribuição genérica dos filmes. “É na medida em que podemos reconhecer numa obra a assumpção ou a subversão de determinadas convenções que podemos estabelecer o índice da sua pertença ou do seu distanciamento em relação a um gênero” (NOGUEIRA, 2010, p. 3).

METODOLOGIA

Trata-se de uma pesquisa de abordagem qualitativa, nos termos de Minayo (2008). Quanto a tipologia, trata-se de um estudo com características da análise filmográfica nos termos de Penafria (2009).

A seleção dos gêneros estudados, ocorreu nos termos de Nogueira (2010). Segundo o autor, a identificação de um determinado gênero passa inevitavelmente pela identificação de um esquema genérico. Essa concepção esquemática partirá dos aspectos pormenorizados que uma obra deve preencher e do modo como a preenche:

[…] tipo de personagens retratadas, tipo de situações encenadas, temas correntemente abordados, elementos cenográficos e iconográficos, princípios estilísticos ou propósitos semânticos, por exemplo. Quando este esquema permite identificar um padrão recorrente num vasto grupo de obras, temos então que um género ganha dimensão crítica – isto é, um elevado número de qualidades é partilhado por uma elevada quantidade de filmes. A partir daí o género torna-se uma instituição cultural relevante – mesmo se o futuro lhe augurará, com certeza, mutações e hibridações (NOGUEIRA, 2010, p. 4).

O autor destaca ainda como critérios de ordem essencialmente narrativa para possibilitar essa classificação genérica das obras cinematográficas, que:

[…] podemos identificar aquilo que designamos por géneros clássicos como o western, o drama, o musical, o terror, a acção ou o film noir, cujos elementos se manifestam recorrentemente e nos permitem um fácil reconhecimento das características da história (o que se conta) e do enredo (o modo como se conta): as situações e padrões narrativos, a tipologia e perfil das personagens, a morfologia e semiótica dos locais, os temas abordados, a época dos acontecimentos, a iconografia e a simbologia dos adereços e objectos, bem como opções estilísticas convencionais ao nível da música, da montagem ou da fotografia, são aspectos essenciais dessa caracterização (NOGUEIRA, 2010, p. 4).

Entretanto, quando falamos então de uma classificação estrita dos gêneros,

A aplicação de critérios mais vastos e diversos, permite a identificação de uma pluralidade de géneros que escapam à classificação estrita e consensual, e desse modo pode alargar-se a ideia de género a outros conjuntos de obras. […] Falamos, neste caso, de uma classificação abrangente dos géneros, a qual, em muitos casos, se afasta da concepção comum do cinema para englobar obras tecnicamente contíguas como o vídeo ou o digital (NOGUEIRA, 2010, p. 4-5).

O que não é o caso deste estudo, que não faz uma análise tão aprofundada destes gêneros. Atemo-nos aqui aos gêneros: Ação, Fantasia, Drama, Ficção Científica, Musical, Terror e Animação e suas correlações com narrativas científicas.

Para a análise dos dados, foi utilizada a análise de conteúdo nos termos de Bardin (2009).

RESULTADOS E DISCUSSÕES

Por ser uma ferramenta motivadora e transformadora na vida das pessoas, acreditamos que o Cinema na Educação, notadamente no ensino de Biologia, seja um poderoso instrumento pedagógico e um facilitador nos processos de ensino e aprendizagem.

É nesse sentido que apresentaremos a seguir uma brevíssima investigação sobre gêneros cinematográficos e suas devidas correlações com narrativas científicas, com vistas a proposição de temas para se trabalhar no ensino de Biologia. Trata-se de um recorte de um estudo desenvolvido no decorrer do Curso de Pós-graduação em Ciências Naturais da Universidade do Estado do Amapá, na disciplina Cinema e Ensino de Ciências, ministrada no primeiro semestre de 2023.

A novidade aqui apresentada é justamente essa correlação com a ciência e a propostas de realocar esses filmes em gêneros não pensados a prori para tais narrativas cinematográficas. Vejamos o quadro 1, que apresenta os gêneros e filmes selecionados para o estudo:

AçãoA Jornada (2019) A Máquina do Tempo (2002) Eu sou a Lenda (2007) Guerra Mundial Z (2013) Jung_E (2023) Jurassic World – O Mundo dos Dinossauros (2015) Lucy (2004) Mad Max: Estrada da Fúria (2015) O Dia Depois de Amanhã (2004) O Exterminador do futuro (1984)
FantasiaCapitão América: O Primeiro Vingador (2011) Capitã Marvel (2019) Homem de Ferro (2008) O Incrível Hulk (2008) Thor (2011) Vingadores (2012) Guardiões da Galáxia (2014) Homem-Formiga (2015) Viúva Negra (2021) Pantera Negra (2018) Homem-Aranha: De Volta ao Lar (2017) Doutor Estranho (2016) Homem-Formiga e a Vespa (2018) Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis (2021) Eternos (2021)
DramaCell (2016) Gattaca – Experiência Genética (1997) O Físico (Drama, 2013) Uma prova de amor (2009)
Ficção CientíficaA mosca (1987) Aniquilação (2018) De volta para o futuro (1989) Elysium (2013) Expresso do amanhã (2015) Interstellar (2014) Matrix (1999) O Dia em que a Terra Parou (1951) O Núcleo – Missão ao Centro da Terra (2003) O Planeta dos macacos (1968) O Preço do Amanhã (2011) O Predestinado (2014) Onde Está Segunda? (2017) Perdido em Marte (2015) Projeto Almanaque (2015) Tomorrowland – Um Lugar Onde Nada é Impossível (2015)
TerrorA ilha do Dr. Moreau (1996) Corra (2017) Ma (2019) Resident Evil: o hóspede maldito (2002)
Quadro 1 – Gêneros e filmes correlacionados às temáticas científicas. Fonte: Os autores (2023).

Dos filmes aqui apesentados, selecionamos um do gênero ação, um do gênero drama e um do gênero terror para a proposição de temas para se trabalhar no ensino de Biologia, já que se trata de um recorte e não há espaço para todos os filmes serem abordados.

O Gênero Ação: Jung-E e Clonagem

“O filme de Acção é, de entre os géneros contemporâneos, o mais comum, de maior apelo popular, de maior sucesso comercial e, simultaneamente, de maior desdém crítico” (NOGUEIRA 2010, p. 18), notadamente “[…] em função da tendência para a rotina e estereotipização narrativas e formais que exibe, bem como da ligeireza e maniqueísmo com que os temas são abordados” (NOGUEIRA 2010, p. 18).

Além de momentos de diversão ou lazer, assistir a um filme de ação também pode ser uma ótima oportunidade de aprendizado. Existem muitos filmes que trazem informações científicas e que ajudam a refletir ou complementam assuntos que podem ser abordados em sala de aula. Nesse sentido, é sempre necessário ter uma visão crítica desses filmes, em especial, quando o assunto é ciência. É preciso estar atento a possíveis inconsistências entre a ‘verdade científica’ e aquilo que é apresentado na história.

Dos muitos filmes com enredo científico, alocados no gênero Ação (Quadro 1), neste recorte abordaremos Jung-E (2023). Na história situada no século 22, a mudança climática fez com que o planeta se tornasse inabitável e os humanos vivessem em um abrigo, que está em guerra. Jung Yi é a líder de elite das forças aliadas. Ela se torna o objeto de um experimento de clonagem de cérebro. Este experimento é uma chave potencial para vencer a guerra1.

No quadro 2, apresentamos um resumo dos conceitos e temas possíveis de serem trabalhados nas aulas de Biologia a partir do filme Jung-E.

O que é clonagem– Definição. Webber (1903). – A grande revolução da Dolly. – Célula somática diferenciada.
O processo de clonagem reprodutiva– Reprogramação Celular – Células somáticas. – Células Totipotentes. – Células Pluripotentes. – Processo normal de fertilização. – Processo de obtenção de um clone.
Clonagem humana reprodutiva-A ‘barriga de aluguel’.
A técnica de clonagem terapêutica para obtenção de células-tronco -Possibilidade de usar células – que na fase de blastocisto são pluripotentes – para fabricar diferentes tecidos. – Vantagens e desvantagens.
Terapia celular com outras fontes de células-tronco– Indivíduos adultos; -Cordão umbilical e placenta; – Células embrionárias.
Aspectos éticos-Proposição de dinâmica com grupos favoráveis e contrários no debate dos assuntos trabalhados.
Quadro 2: Temas possíveis de serem trabalhados nas aulas de Biologia em Jung-E. Fonte: Os autores, com base no texto de Mayana Zatz (2004).

Dos muitos conteúdos – para além da temática central que movimenta o filme, mudanças climáticas – que podem ser trabalhados a partir das discussões provocadas nesse cenário, selecionamos para aqui abordar: conceitos de clonagem (reprodutiva e terapêutica), células-tronco (embrionárias e não embrionárias) e terapia celular; bem como isso pode afetar as nossas vidas (trazendo para a sala de aula discussões no âmbito CTSA).

Defendemos aqui que, definir esses conceitos e permitir com que os alunos expressem seus argumentos (favoráveis ou contrários) sobre as múltiplas dimensões que envolvem esses conceitos, incluindo seus aspectos éticos, é de fundamental importância. Tendo em vista que, não só como cidadão críticos, alfabetizados cientificamente, mas também como possíveis representantes de inúmeras famílias que veem nessas tecnologias uma esperança futura de cura para inúmeras doenças neurodegenerativas, muitas vezes letais ou gravemente incapacitantes. Sem deixar, é claro de discutir os múltiplos contextos e implicações bioéticas que tais práticas poderão suscitar.

O Gênero Drama: ‘Uma prova de amor’ e a Bioética do ‘banco de órgãos’

“Se existe uma qualidade emotiva que o drama procura sublinhar ela é, sem dúvida, a seriedade dos factos” (NOGUEIRA 2010, p. 23). Poderemos, então, afirmar que no gênero drama o “[…] objecto é o ser humano comum, normal, em situações quotidianas mais ou menos complexas, mas sempre com grandes implicações afectivas ou causadoras de inescapável polémica social (NOGUEIRA 2010, p. 23).

Uma prova de amor é um filme norte-americano de 2009, do gênero drama, que trata principalmente de questões éticas voltadas para reprodução assistida, modificação de embriões e doação de órgãos, além de abordar a temática do câncer” (MELO; BARROS, 2019, p. 65), além dos estudos da Imunologia. O quadro 3, apresenta

Aspectos éticos e bioéticos– Valores de igualdade, equidade, justiça – Condutas humanas e implicações do uso da Ciência na vida dos seres humanos, da sociedade e do ambiente. – Bioética e o valor da vida.
Câncer– Síndrome leucêmica. – Quadro laboratorial. – Tratamento. – Ética em procedimentos médicos.
Quadro 3: Temas possíveis de serem trabalhados nas aulas de Biologia em Uma prova de amor. Fonte: Os autores, com base no texto de Melo e Barros (2019).

Cansada dos procedimentos médicos aos quais é submetida, a protagonista dessa narrativa decide enfrentar os pais e lutar na justiça por emancipação, de forma a que tenha direito a decidir o que fazer com seu corpo (MELO; BARROS, 2019). Para defendê-la ela contrata Campbell Alexander, um advogado que cuidará de seus interesses (Adoro Cinema, 2009). Na cena que vai 5:36min a 7:24 min, é evidenciada a vontade de Anna de não continuar a doar partes de seu corpo para a irmã Kate, e por isso ela procura o advogado para processar seus pais pelos direitos a seu corpo. É então exposto que desde o momento em que ela nasceu os médicos começaram a retirar partes de seu corpo, tais como sangue do cordão umbilical, leucócitos, medula óssea e linfócitos.

A partir disto, é possível discutir, se com a autoridade de pais, eles poderiam decidir causar danos à saúde de um filho na tentativa de salvar a saúde de outro, pois, como é indicado ao longo do filme, a filha Anna somente nasceu para servir de “banco de órgãos” para a irmã com síndrome leucêmica. Trata-se de um filme muito ‘forte’, que suscita uma série de questões muito delicadas e importantes de serem trabalhadas no ensino de Biologia.

O Gênero Terror: A ilha do Dr. Moreau e a ‘idealização’ doentia do ser humano perfeito

Acerca do gênero terror “podemos começar por referir que o seu apelo e o seu fascínio para o espectador, provêm, ironicamente, da incomodidade e do desconforto que provoca neste” (NOGUEIRA 2010, p. 36).

É como se o espectador encontrasse o seu prazer precisamente no próprio sofrimento. […] No filme de terror, o espectador experimenta o sofrimento de forma delegada, comungando das dificuldades das personagens, mas escusando-se, necessariamente, aos seus padecimentos (NOGUEIRA 2010, p. 36).

Este gênero, costuma causar efeitos emocionais nefastos no espectador, “[…] a tipologia desses efeitos pode ser bastante diversa: o medo, o terror, a repulsa, o choque, o horror, a abjecção” (NOGUEIRA 2010, p. 36).

Nessa perspectiva, com ênfase em importantes temáticas científicas, abordamos aqui ‘A ilha do Dr. Moreau (1996)’. O filme se passa em um futuro distópico, no qual um homem (David Thewlis) em missão militar sofre um acidente no seu avião e, depois de vários dias, é resgatado por um cientista que o leva a uma remota ilha. O local é onde um famoso geneticista (Marlon Brando) vencedor do prêmio Nobel faz experiências com o DNA e tenta criar uma “raça perfeita”, transformando animais selvagens em seres humanos. Porém, estas estranhas mutações criarão situações imprevisíveis2. O quadro 4, a seguir, apresenta as possibilidades para o ensino de Biologia.

Genética– Conceitos Básicos: Genótipo. Fenótipo. Homozigose. Heterozigose. Dominante. Recessivo. – Mutação.
Engenharia Genética– Manipulação de genes. – Recombinação gênica. -Organismos geneticamente modificados (OGM). – Alimentos transgênicos.
Bioética– Eugenia e as suas implicações éticas.
Quadro 4: Temas possíveis de serem trabalhados nas aulas de Biologia em A ilha do Dr. Moreau. Fonte: Os autores.

Apesar de parecerem grotescos e terem cenas que causam repulsa, esses filmes tendem a ser desprezados pela maioria das pessoas. Entretanto, o gênero em questão apresenta-se desafiador e pode ser uma ótima ferramenta para trabalhar, desde que com cuidado, assuntos como: as críticas sociais (desigualdade, bullying), pandemias (vírus, fungos, bactérias), a clonagem, genética, biologia celular entre outros, dentro da sala de aula, podem ajudar a ensinar temas importantes e complexos como o medo, a morte e a violência dentro da sociedade.

O professor pode utilizar todo ou trechos de filmes, de acordo com o tema escolhido, vendo a classificação indicativa, possibilitando aos alunos a discussão de temas sociais tornando a sala de aula mais dinâmica.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

No decorrer da disciplina ‘Cinema e Ensino de Ciências’ ministrada do âmbito da Pós-graduação em Ciências Naturais da Universidade do Estado do Amapá no presente ano, ocorreu uma rica troca de conhecimentos e construção de possibilidades acadêmicas, científicas, metodológicas e epistemológicas, suscitadas a partir dos diálogos que ocorreram em sala de aula.

O gênero Terror, para exemplificar, nunca havia sido pensado anteriormente a essas trocas de experiências com os acadêmicos, pela professora da disciplina, como uma possibilidade para ensinar Biologia. Foi desafiador ver o quanto temos a aprender e a compartilhar nas salas de aulas, em os níveis e modalidades de ensino.

REFERÊNCIAS

ADORO CINEMA, 2009. Uma prova de amor. Disponível em: Filmes em cartaz – AdoroCinema . Acesso em: 10 mar., 2023.

ADORO CINEMA, 2009. A ilha do Dr. Moreau. Disponível em: <A Ilha do Dr. Moreau – Filme 1996 – AdoroCinema >. Acesso em: 10 mar., 2023.

BARDIN, Laurence. Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70, 2009.

BERGAN, Ronald. Guia Ilustrado Zahar: Cinema. Tradução Carolina Alfaro. 4 ed. Zahar: Rio de Janeiro, 2012, 512 p.

MELO, Daniella Rodrigues de; BARROS, Marcelo Diniz Monteiro de. Guia do educador para o filme uma prova de amor. Revista Práxis, v. 11, n. 21, junho, p. 65-78, 2019.

MINAYO, Maria Cecília de Souza. O desafio do conhecimento. 11 ed. São Paulo: Hucitec, 2008.

NOGUEIRA, Luís. Manuais de Cinema II: Géneros Cinematográficos. LabCom Books 2010, 163p.

PENAFRIA, Manuela. Análise de Filmes – conceitos e metodologia(s). In: Anais… VI CONGRESSO SOPCOM, Associação Portuguesa de Ciências da Comunicação, Universidade do Porto, abril de 2009. 163p.

ZATS, Mayana. Estudos Avançados. v.18, n. 51, p. 247-256, 2004.

1 Ficha técnica completa – Jung_E – 20 de Janeiro de 2023 | Filmow

2 A Ilha do Dr. Moreau – Filme 1996 – AdoroCinema


1 Universidade do Estado do Amapá (UEAP) gerlany.pereira@ueap.edu.br;

2 Universidade do Estado do Amapá (UEAP) edilsonstrongfurtado@gmail.com;

3 Universidade do Estado do Amapá (UEAP) ilzilenelibano3@gmail.com;

4 Universidade do Estado do Amapá (UEAP) mariana.serrao.1995@gmail.com;

5 Universidade do Estado do Amapá (UEAP) raquellyne.machado@gmail.com;

6 Universidade do Estado do Amapá (UEAP) roselia_barreiro@hotmail.com