PRINCIPAIS CONSEQUÊNCIAS PSÍQUICAS PÓS-COVID: REVISÃO SISTEMÁTICA

MAIN PSYCHIC CONSEQUENCES POST-COVID: SYSTEMATIC REVIEW

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7992035


Aline Cardoso Silva1
Hathaysa Torres Guizoni L. de Sá Chaves2
Giovanna de Castro Kemp Belarmino3
Iago Gabriel Serrate Faria4
Gilmar dos Santos Nascimento5


RESUMO: Objetivo: Investigar através dos artigos científicos as principais consequências psíquicas pós-covid. Métodos: Trata-se de uma revisão sistemática de escopo exploratório, que foram selecionados 10 artigos cuja referência atendia aos requisitos da pesquisa no recorte temporal de 2019 a 2022. As bases científicas que foram utilizadas são Scielo, PubMed e no Mecanismo de busca do Google Acadêmico. Resultados: Ao analisar os artigos selecionados, constatou-se que as medidas de isolamento social juntamente com o forte trabalho da mídia mundial, ocasionaram níveis elevados, na população mundial, de depressão, ansiedade, estresse, medo, estresse pós-traumático e sequelas pós-covid-19. Estes fatos têm gerado adoecimento das pessoas, e a procura de auxílio pode assegurar o atendimento de saúde mental. Considerações Finais:  Conclui-se que a pandemia pós-covid 19 trouxe significativos danos à saúde mental da população em geral, principais sintomas como depressão, ansiedade e medo foram identificados. Em função disso é necessário a realização de atendimentos psicológicos, a fim de reduzir impactos negativos e promover a saúde mental durante e pós-pandemia, momento este em que as pessoas precisam se readaptar e lidar com as perdas, com o luto, transformações emocionais, sociais e econômicas advindas do período pandêmico.

Palavras-chave: Psíquicas, Saúde Mental, Pós-covid.

ABSTRACT: Objective: To investigate through scientific articles the main post-covid psychic consequences. Methods: This is a systematic review of exploratory scope, in which 10 articles were selected whose reference met the research requirements in the time frame from 2019 to 2022. The scientific bases that were used are Scielo, PubMed and the Google search engine Academic. Results: When analyzing the selected articles, it was found that the measures of social isolation together with the strong work of the world media, caused high levels, in the world population, of depression, anxiety, stress, fear, post-traumatic stress and post-traumatic sequelae Covid-19. These facts have caused people to become ill, and seeking help can ensure mental health care. Final Considerations: It is concluded that the post-covid 19 pandemic brought significant damage to the mental health of the general population, main symptoms such as depression, anxiety and fear were identified. As a result, it is necessary to carry out psychological care in order to reduce negative impacts and promote mental health during and after the pandemic, a time when people need to readapt and deal with losses, grief, emotional transformations, social and economic consequences arising from the pandemic period.

Keywords: Psychic, Mental Health, Post-covid.

INTRODUÇÃO

A partir do momento em que foi detectado o primeiro caso no final de 2019, o vírus tem se alastrado rapidamente no mundo, no dia 30 de janeiro de 2020, a Organização Mundial de Saúde (OMS) classificou a doença ocasionada pelo vírus, Covid-19, como um estado de emergência na saúde internacional, no dia 11 de março, a OMS comunicou existir uma pandemia de Covid-19 (HALLAL et al., 2020).

As situações dos últimos dois anos vêm abalando severamente a saúde mental das pessoas de todas as idades e classes sociais, posto que, o progresso da doença vem colaborando para o aumento dos distúrbios mentais, sendo importante dar visibilidade a enfermidade mental da população. 

A pandemia por Covid-19 não se apresenta somente como um sintoma respiratório, mas sim com sintomatologia de transtornos psíquicos como ansiedade e depressão também vêm sendo prevalentes em pacientes infectados com Covid-19. À vista desses dados, faz se necessário promover as evidências sobre os efeitos negativos da pandemia na saúde mental da população, na medida em que milhões de indivíduos em todo o mundo são isolados em quarentena para diminuir o contágio do SARSCoV-2 (SANTOS et al., 2019).

Um estudo realizado pelo Instituto de Psicologia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) examinou 1.460 brasileiros entre os meses de março e abril de 2020, apontou que os casos de transtorno depressivo de fato dobraram desde o começo da quarentena. Entre março e abril, os dados coletados on-line mostram que a porcentagem de pessoas com TDM pulou de 4,2% para 8,0%, ao passo que, nos quadros de ansiedade, o percentual foi de 8,7% para 14,9% (LIMA et al., 2020).

Uma pesquisa efetuada na China também constatou uma grande carga para a saúde mental dos moradores do país no decorrer do surto de COVID-19. O risco maior de surgir problemas psicológicos acontece entre os mais jovens que tendem a ficar pensando muito na pandemia e nos profissionais de saúde.

O crescimento dos sintomas psíquicos e dos transtornos mentais no decurso da pandemia pode acontecer por diferentes causas. Dentre elas, é plausível enfatizar a ação direta do vírus no sistema nervoso central, as experiências traumáticas e angustiantes associadas à infeção ou morte de pessoas próximas a pandemia, o nervosismo estimulado pela mudança na rotina por causa das normas de distanciamento social ou pelas consequências econômicas, no cotidiano de trabalho ou nas relações afetivas e, em síntese, a pausa no tratamento por problemas de acesso (LOPES, 2020).

Esses aspectos não são independentes, em outras palavras, uma pessoa pode ter sido apresentada a várias situações ao mesmo tempo, o que expande o perigo em desenvolver ou agravar os transtornos mentais já existentes.

É explícito o crescimento da depressão, ansiedade e estresse na população mesmo excluindo os sintomas psiquiátricos resultantes da infecção pelo vírus, do tratamento estipulado, como por exemplo, corticóides em dosagens altas que podem provocar transtorno de humor, ou desconforto, assim como a dúvida e a solidão dos pacientes que ficam quartos hospitalares ou UTIs isoladas. 

Nestes últimos anos, observou-se o avanço significativo de transtornos mentais, representando um dos principais problemas na saúde, tanto em países desenvolvidos como em países que estão se desenvolvendo, sendo uma patologia de extrema importância para os serviços públicos. As predefinições de transtornos mentais variam entre 17% e 35%, caracterizando uma parte considerável da população geral (SANTOS et al., 2019).

Portanto, a fiscalização sobre os principais danos psíquicos no pós-covid 19 é de extrema relevância, dado que, pandemias levam indivíduos a terem transtornos mentais, do mesmo modo que se enfatiza o uso das Práticas Integrativas e Complementares (PICS) na saúde psíquica como procedimento complementar, trazendo melhores relutâncias na qualidade de vida dos usufruidores da Atenção Básica.

As determinações de isolamento social com o trabalho duro da mídia global causaram números altos na população mundial, dessa maneira, inúmeros indivíduos desenvolveram depressão, ansiedade, estresse, medo, problemas financeiros e sequelas decorrentes da covid-19. Estes acontecimentos têm provocado adoecimento nas pessoas, e a busca por ajuda pode garantir o atendimento de saúde mental (LIMA et al., 2020). 

Com base nestes estudos, constatou-se que é preciso a efetivação de atendimentos psicológicos, com a intenção de minimizar os impactos negativos e proporcionar a saúde mental durante e posteriormente à pandemia, uma vez que, num momento como este as pessoas são obrigadas a se recompor e enfrentar as perdas, com o luto, lidando com as transformações emocionais, sociais e econômicas provenientes do período pandêmico.

Nesse contexto, o estudo será conduzido a partir da seguinte pergunta norteadora: Quais as principais consequências psíquicas pós-covid? Para responder essa pergunta será investigado através de uma revisão sistemática. O presente estudo tem como objetivo investigar através dos artigos científicos as principais consequências psíquicas pós-covid.

METODOLOGIA

A revisão sistemática possibilita a apresentação das melhores evidências científicas sobre um determinado tema, seja nas práticas clínicas ou nas decisões incorporadas ao contexto da saúde. O objetivo é evitar vieses que podem ocorrer em revisões não sistemáticas, por meio de um trabalho crítico e abrangente da literatura nacional.

Para realizar esta revisão sistemática, optou-se por utilizar repositórios de artigos publicados em revistas indexadas, devido ao seu grande volume de dados e ao seu uso frequente na pesquisa acadêmica. As bases de dados escolhidas foram a Scientific Electronic Library Online (SciELO Brasil), a Base de Literatura Latino-Americana em Ciências da Saúde (LILACS) e o PubMed. Foram excluídos os artigos que não apresentavam o texto completo disponível, que não estavam escritos em português ou inglês e que não foram publicados em revistas indexadas entre 2019 e 2023, selecionando apenas aqueles que se adequaram ao tema proposto. Além disso, textos de anais, comunicações breves e boletins não foram incluídos na análise. Por fim, foi feita uma organização eficaz dos materiais lidos e analisados.

Os descritores utilizados foram os termos “Psíquicas”, “Saúde Mental” e “Pós-covid” em português e inglês para seleção dos estudos. Foram incluídos na revisão apenas estudos científicos, revistas, teses e revisões bibliográficas em língua portuguesa que atendiam aos critérios de seleção definidos pelo método Prisma. Os critérios de exclusão incluíram pesquisas e trabalhos realizados fora do período de amostragem, textos incompletos, revisões duplicadas e estudos que não se adequaram ao processo de seleção, realizados em território brasileiro.

Através do fluxo prisma foi feita uma verificação prévia de estudos relativos à temática realizada para avaliar a viabilidade do estudo. Na etapa de identificação foram analisados 128 artigos com potencialidade para responder à questão de investigação: Quais as principais consequências psíquicas pós-covid? Entretanto foram selecionados 11 artigos cuja referência atendia aos requisitos da pesquisa. As informações dos estudos foram extraídas em um processo de quatro etapas, que incluem identificação, triagem, elegibilidade e critérios de inclusão segundo o diagrama de fluxo da recomendação PRISMA-P (Figura 1).

Figura 1 Fluxograma das diferentes fases da revisão sistemática, 2023.

    Fonte: Silva AC e Chaves HTGLS, et al., 2023.

A identificação sendo ela a primeira etapa deste processo, analisou o tema a ser abordado e selecionou as hipóteses em questão da revisão sistemática. A triagem, sendo segunda etapa, foi estabelecer os critérios para inclusão e exclusão de estudos/amostragem ou busca na literatura. A terceira etapa: elegibilidade é a definição das informações no qual foram extraídos dos estudos selecionados e revisados, e por fim para os critérios de inclusão foram a avaliação e discussão dos estudos incluídos na revisão integrativa.

Para análise de coerência e interpretação dos dados foram realizadas uma síntese a fim de contribuir e assim analisar os dados com base na ciência baseada em evidências. 

RESULTADOS 

Na realização da busca ativa através das bases de dados, foram identificados 128 artigos na etapa da identificação, após a leitura do título e dos resumos, foram removidos 21 artigos que não atendem os critérios de inclusão, assim na etapa da seleção foram selecionados 107 artigos, destes 50 foram exclusos pelo recorte temporal, restando 57 artigos na etapa da elegibilidade que são artigos com texto completo avaliados pela elegibilidade, sendo exclusos 46 artigos mediante não atender os critérios como: idioma em português e que abordaram a temática, por fim na etapa da inclusão foram incluídos na análise 11 (onze) artigos para serem analisados a fim de subsidiar o estudo.

Assim, foi realizada uma análise temática dos artigos obtidos nesses bancos de dados e houve uma criteriosa e detalhada análise das bibliografias, visando obter de forma sistemática e objetiva a descrição das informações e dos dados obtidos para possibilitar a recepção dessas informações.  Dessa forma, o número final de artigos elegíveis foram 11 (onze). 

A interpretação e síntese dos resultados encontrados estão demonstrados no (Quadro 1) contendo: autores, ano e os principais achados sobre as principais consequências psíquicas pós-covid: Revisão Sistemática. Segue abaixo os artigos selecionados para a revisão do estudo proposto. 

Quadro 1 – Artigos selecionados conforme critérios pré-estabelecidos.

Autor/AnoPeriódicoPrincipais achados
ÁLVAREZ C e TORO JV2021Revista Repertório de Medicina e CirurgiaDurante a pandemia de Covid-19, a literatura científica demonstrou a presença de sintomas psicopatológicos na população mundial, principalmente categorizados como ansiedade, depressão e estresse por meio de diagnósticos específicos.
BRASIL LC, RAYOL ME e SIQUEIRA MCC2021Research, Society and DevelopmentTorna-se essencial que o sistema de saúde elabore políticas públicas que possam atender às necessidades da população em relação à saúde mental pós-covid-19. Além disso, é crucial disseminar informações precisas sobre a prevenção e o tratamento dessa condição, já que a educação em saúde é a melhor forma de prevenção.
PAVANI FM, et al2021Revista Gaúcha de EnfermagemA pandemia intensificou as repercussões na saúde mental da população, destacando a vulnerabilidade de certos grupos. Portanto, tornou-se necessário desenvolver estratégias e políticas específicas para lidar com a saúde mental durante epidemias.
MONI ASB, et al2021Ciência Saúde ColetivaCom base nas evidências emergentes de estudos globais, é possível testar intervenções específicas para aliviar o sofrimento psicológico, o medo e melhorar a resiliência entre a população.
OLIVEIRA FES, et al2022J. Bras. PsiquiatraA partir da análise dos estudos nesta revisão, constatou-se que os profissionais que trabalham na linha de frente no combate à Covid-19 têm uma maior incidência de transtornos mentais em comparação a outros profissionais de saúde que não atuam nessa posição. É evidente a relevância da criação de estratégias específicas para cuidar da saúde mental desses profissionais de saúde.
PINHEIRO GEW e KOCOUREK S2020Revista CuidarteDiante da atual situação da pandemia do novo coronavírus, percebe-se que os transtornos psicossociais podem ser prevenidos por meio de iniciativas que promovam a saúde mental.
BARROS MBA e GRACIE R2020Revista Epidemiologia, Serviço e SaúdeAs altas prevalências encontradas sugerem que é necessário fornecer serviços de atenção à saúde mental e qualidade do sono adaptados ao contexto da pandemia.
BEZERRA GD, et al2020Revista Enferm. Atual in DermeOs estudos têm como foco principal o estresse e a ansiedade que afetam a saúde desses trabalhadores.
SANTOS MF e RODRIGUES JFS2020Revista NursingOs resultados da pesquisa indicaram que uma grande proporção de indivíduos apresentou efeitos psicológicos adversos, incluindo sentimentos de solidão, depressão, estresse, medo de adoecer ou morrer, ansiedade, raiva, frustração, tédio, insônia, tristeza e irritabilidade.
VARMA P2021Revista Internacional de Pesquisa Ambiental e Saúde PúblicaDurante a pandemia, tanto as causas biológicas quanto as sociais tiveram um impacto significativo na saúde emocional, e aqueles com fatores pré-existentes de doenças emocionais correm maior risco de desenvolver problemas emocionais.
LOPES CS2020Caderno Saúde PúblicaExistem diversas causas que contribuem para o aumento dos sintomas psicológicos e transtornos mentais durante a pandemia. Dentre elas, destaca-se a possível influência direta do vírus no sistema nervoso central, bem como as experiências traumáticas e angustiantes relacionadas à infecção ou morte de entes queridos. 

Fonte: Silva AC e Chaves HTGLS, et al., 2023.

DISCUSSÃO 

A pandemia cooperou para a piora da ansiedade na população, de acordo com seu trabalho os públicos que mais foram abalados são, os estudantes e trabalhadores imigrantes, mulheres, idosos, pessoas que já possuíam problemas psiquiátricos anteriormente e/ou pessoas que moram em instituições, com idade entre os 18 aos 30 anos (PAVANI et al., 2020).

 Alvarez e Jorge (2021) ressaltam em sua pesquisa alguns sentimentos negativos notados na população em geral, dentre eles os sintomas manifestados foram os de ansiedade, predisposição a ansiedade, transtorno de ansiedade generalizada e ansiedade fóbica. 

A isolação social provocou mudanças na rotina, em outros termos, tornou-se um obstáculo no cumprimento de atividades rotineiras e que repercutem de modo negativo na saúde mental, ocasionando agravos como a ansiedade (SANTOS et al., 2020).

Moni et al. (2021), correlacionou os problemas mentais com a crise financeira em razão da perda de empregos, ressaltando também que isso decorreu das medidas de contenção do vírus, dessa forma, causando sintomas de ansiedade.

Segundo Richter et al. (2021), em relação aos termos de psicopatologia, pode-se encontrar em sua pesquisa diversas doenças mentais, uma das mais comuns abordada foi a ansiedade. Os impactos psicológicos na população mundial durante o início dos estágios da epidemia, já puderam verificar as taxas eminentes de ansiedade (FILHO e LIMA, 2020).

As pessoas que evoluíram para um estágio de infecção grave permanecem distantes da família por estarem internadas ou isoladas em suas casas. Nos casos em que a doença evolui para o óbito, a família fica inibida em realizar os ritos de despedida, provocando sofrimento e dificuldades em saber lidar com o luto, provocando transtornos psicossomáticos, sobretudo a ansiedade (PINHEIRO e KOCOUREK, 2020).

A saúde mental dos povos mundiais pode ser consideravelmente afetada pela pandemia do Covid-19, como consequência dos níveis mais elevados de estresse, ratifica-se que a Covid-19 pode sensibilizar toda a sociedade e que qualquer pessoa que teve a sua vida de alguma maneira afetada pela pandemia, pode ter distúrbios psicossociais, especialmente os grupos de maior vulnerabilidade como os adolescentes (RODRÍGUEZ, 2020).

A intensificação da ansiedade, entre pacientes e familiares, demonstra que a doença não afeta mentalmente somente o paciente, mas todo o eixo familiar, com a pandemia aconteceu um crescimento 3 vezes maior de transtornos de ansiedade e alterações de humor (NOCHAIWONG et al., 2021).

Os casos de ansiedade foram ao índice de 54,15%, este resultado foi considerado maior do que geralmente é constatado na população. O autor ainda assevera que os fechamentos dos postos de trabalho decorreram das restrições de movimentação e distanciamento social, contribuindo para o resultado atingido (OUYANG et al., 2021).

A ansiedade continua elevada na população devido ao estresse da pandemia, desta maneira se faz necessário aderir intervenções psicológicas precisas e parâmetros de educação em saúde (FILHO e LIMA, 2020).

A depressão foi manifestada em pacientes com diagnóstico positivo para a covid como também aqueles que possuíam parentes e amigos contaminados ou que tiveram algum tipo de perda com a pandemia (BRASIL et al., 2021).

Os autores Alvarez e Jorge (2021), em sua pesquisa puderam reparar nos afetos que eles consideram ser negativos para a saúde mental, entre eles está o transtorno depressivo, envolvendo altos níveis de depressão. De acordo com Santos e Rodrigues (2020), destaca-se que a dominância das consequências psicológicas negativos muito se deu por conta da quarentena e do isolamento social, observou-se em seu estudo a presença de casos de depressão.

Os crescentes sofrimentos psicológicos, especialmente os casos de depressão, estão ligados às crises financeiras. Podendo ser justificado pelo surgimento de um pressentimento de indecisão e falta de segurança na quarentena e isolamento social (MONI et al., 2021).

Dentre as inúmeras doenças psíquicas a depressão está presente, manifestando-se no início com uma sintomatologia que ocorre pela falta de vontade para fazer atividades que anteriormente davam prazer, outros sintomas são a falta de energia e o cansaço contínuo (RICHTER et al., 2021).

Na pesquisa de Filho e Lima (2020), eles obtiveram respostas que indicam o isolamento social e a solidão como os fatores que mais aumentam o risco de se ter depressão e ansiedade. Em face disto, a pesquisa entende que as crianças e os adolescentes podem vivenciar a depressão e ansiedade, todavia os profissionais de saúde, principalmente aqueles que trabalham na linha de frente, também sofrem como impacto psicológico, conclui-se que ansiedade e depressão foram mais dominantes entre a enfermagem do que entre os médicos.

A crise na saúde causada pela pandemia do Covid-19 impactou em diversos níveis, no âmbito emocional, por exemplo, o afastamento social e as atividades de isolamento podem afetar e causar problemas de saúde mental como a depressão (RODRÍGUEZ, 2020). A depressão estabelecida junto com a ansiedade, salientou-se no estudo de Nochaiwong et al. (2021), atestando a associação de quadros de desestabilização emocional pós-covid-19.

 O autor ressalta que o crescimento dos transtornos de estresse pós-traumático são consequências da pandemia, desse modo, acabam aparecendo sintomas como automutilação, irritabilidade e receio, precisando serem observados regularmente (VARMA et al., 2021).

O transtorno de estresse pós-traumático pode acontecer posteriormente ao término do período da quarentena, estando relacionado com os danos e perdas no período pandêmico como quando sucede o óbito de pessoas da família ou problemas financeiros ocasionado pela perda da única renda (SANTOS e RODRIGUES, 2020).

Segundo Nochaiwong et al. (2021), prevaleceu uma combinação de problemas de saúde mental decorrente da pandemia de Covid-19, e esta ainda é maior do que anteriormente ao surto. De maneira geral, pode-se notar que os episódios de ordem emocional por vezes não são derivados diretamente da doença em si, dos sintomas e sinais, contudo estão vigorosamente associados a todas as complicações biológicas, psicológicas e sociais que a pandemia trouxe nos últimos dois anos.

Dessa forma, as causas biológicas e sociais repercutiram sobre a saúde emocional no momento da pandemia, e que os grupos que mais possuem risco de desenvolver problemas emocionais, são aqueles que tinham os fatores pré-existentes de tais doenças (VARMA et al., 2021).

Em suma, Oliveira (2022) enfatiza que as principais consequências psíquicas pós-covid são uma realidade que precisa ser enfrentada pela sociedade e pelos profissionais de saúde. É necessário garantir o acesso aos serviços de saúde mental e promover a prevenção para evitar o desenvolvimento de transtornos mentais e emocionais. 

Portanto, Bezerra et al. (2020) afirma que é importante fornecer suporte aos trabalhadores da linha de frente e aos grupos vulneráveis, que estão mais propensos a sofrer com as consequências psíquicas da pandemia. A conscientização e a educação da população sobre a importância da saúde mental também são fundamentais para superar as consequências psíquicas pós-covid e garantir o bem-estar emocional e psicológico das pessoas.

CONSIDERAÇÕES FINAIS 

Conclui-se que a pandemia de Covid-19 teve um impacto significativo na saúde mental de muitas pessoas, e as principais consequências psíquicas pós-covid incluem ansiedade, estresse, depressão, trauma, isolamento social e fadiga da pandemia. É importante lembrar que cada pessoa é única e pode responder de maneira diferente aos estressores da pandemia. 

Alguns indivíduos podem não experimentar esses problemas ou podem ser mais resilientes em lidar com o estresse. No entanto, é essencial reconhecer a importância da saúde mental e fornecer recursos e apoio adequados para ajudar aqueles que estão sofrendo. A conscientização, a educação e a busca de ajuda são fundamentais para superar esses desafios e fortalecer a resiliência emocional.

REFERÊNCIAS

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1,2,3,4 Discente de Medicina da Faculdade Metropolitana.
5Docente do Curso de Medicina da Faculdade Metropolitana.