O MERCADO GLOBAL DE SUPLEMENTOS DURANTE A PANDEMIA: DESAFIOS DO COMÉRCIO E OS IMPACTOS NA ROTINA DO CONSUMIDOR

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7991636


Camila Sales de Araujo1
Karoline Teixeira Cardozo2
Lea Paz da Silva3


RESUMO

Durante a pandemia, houve um aumento significativo na demanda por suplementos alimentares em todo o mundo. Isso ocorreu em parte devido ao aumento da conscientização sobre a importância de uma boa nutrição para manter um sistema imunológico saudável. Muitas pessoas também procuraram suplementos como uma forma de compensar a falta de acesso a alimentos frescos e saudáveis durante o isolamento social. Os suplementos mais procurados durante a pandemia incluíram vitamina C, vitamina D, zinco e ômega-3. No entanto, é importante lembrar que o uso de suplementos alimentares deve ser sempre acompanhado de orientação médica e nutricional, já que nem sempre é necessário ou seguro para todas as pessoas. Além disso, é fundamental garantir que os suplementos adquiridos sejam de qualidade e provenientes de fontes confiáveis, para evitar riscos à saúde. Em resumo, a demanda por suplementos alimentares na pandemia reflete a crescente preocupação com a saúde e a busca por formas de manter o bem-estar durante um período desafiador. Uma pesquisa com mais de mil pessoas realizada pela Associação Brasileira da indústria de alimentos para fins especiais e congêneres mostrou o consumo de suplemento na pandemia, nas capitais brasileiras. Em 2020 entre as pessoas que já usavam esses Suplementos, o consumo aumentou 48% e o principal motivo apontado pelos pesquisadores para é a tentativa de aumento de imunidade, e os principais suplementos mais consumidos estão aqui não é Doutor Fernando Gomes multivitamínicos, Whey Protein, Colágeno e Multiminerais. O Whey Protein acaba sendo uma forma de oferecer mais proteína, principalmente para a construção muscular, para quem faz trabalho de ganho de massa muscular e treino de força, e existe uma correlação entre mais massa muscular e menos complicações relacionadas ao coronavírus.

PALAVRAS-CHAVE: Suplementos. Pandemia. Consumo.

ABSTRACT

During the pandemic, there has been a significant increase in demand for dietary supplements around the world. This has occurred in part due to increased awareness of the importance of good nutrition in maintaining a healthy immune system. Many people have also looked to supplements as a way to make up for their lack of access to fresh, healthy food during social isolation. Top-demand supplements during the pandemic have included vitamin C, vitamin D, zinc, and omega-3s. However, it is important to remember that the use of dietary supplements must always be accompanied by medical and nutritional guidance, as it is not always necessary or safe for everyone. In addition, it is essential to ensure that the supplements purchased are of good quality and come from reliable sources, to avoid health risks. In summary, the demand for food supplements in the pandemic reflects the growing concern for health and the search for ways to maintain well-being during a challenging period. A survey of more than a thousand people carried out by the Brazilian Association of the food industry for special purposes and the like showed the consumption of supplements in the pandemic, in Brazilian capitals. In 2020 among people who already used these Supplements, consumption increased by 48% and the main reason given by the researchers for this is the attempt to increase immunity, and the main most consumed supplements are here isn’t Doctor Fernando Gomes multivitamins, Whey Protein, Collagen and Multiminerals. Whey Protein turns out to be a way to offer more protein, especially for muscle building, for those who gain muscle mass and strength training, and there is a correlation between more muscle mass and fewer complications related to the coronavirus.

Keywords: Supplements. Pandemic. Consumption.

1. Introdução

A venda de suplementos à base de proteína aumentou 75% no Brasil com a pandemia de COVID-19, segundo uma associação dos Fabricantes. Este tipo de produto que é muito utilizado nas academias, vem sendo cada vez mais consumido também por idosos. Na maioria das vezes o foco é estético, de cuidados com o corpo, ter uma qualidade de vida melhor, porém, é notável que a busca pela saúde se tornou constante e atinge diversos públicos. As proteínas, em si, melhoram o sistema imunológico, ajudam na regulação de hormônios, na preservação dos ossos e no fortalecimento dos músculos. O Whey Protein, por exemplo, é o suplemento mais consumido entre 17 e 40 anos. A partir dos 60 anos, o colágenoé o que comanda o topo do consumo.

Em geral o brasileiro ingere menos proteínas do que precisa, sobretudo, alguns grupos como os veganos, os vegetarianos e os idosos consomem a proteína para acelerar a perda de massa muscular, o que pode prejudicar desde as mais simples atividades do cotidiano. Estudos da Sociedade Brasileira apontam que as proteínas estão ligadas a longevidade, fazendo com que o indivíduo tenha mais massa muscular, com isso se mantém ativo por mais tempo. Tendo como exemplo de tal complicação, o processo de perda de função do rim. Para alguns casos de pessoas com sobrepeso desde a infância e dificuldade no controle do metabolismo, o indicado é mudar radicalmente os hábitos alimentares, e investir com firmeza nos exercícios físicos, aliado a uma boa suplementação, para garantir mais qualidade de vida. 

Nas prateleiras os macros e micronutrientes estão disponíveis nas mais variadas versões, tudo para atender essa demanda que busca garantir a tão desejada a imunidade. Os macronutrientes são aqueles três componentes da alimentação, que são os carboidratos, que a principal fonte de energia, as proteínas e as gorduras. No caso dos micronutrientes, são as vitaminas e os minerais. Uma recente pesquisa encomendada pela associação brasileira da indústria de alimentos para fins especiais e congêneres, mostra que nos últimos meses houve um aumento no consumo de suplemento ou polivitamínico. A pesquisa revela que 48% dos entrevistados passaram a consumir mais suplemento ou vitaminas, enquanto 47% continuaram nas mesmas taxas tomadas antes da pandemia, e somente os 5% dos entrevistados disseram ter diminuído o consumo de suplementos e vitaminas durante a quarentena. 

Os suplementos servem tanto para melhorar a performance física e esportiva, e podem servir para tratar das ordens clínicas, como por exemplo, a glutamina, que é utilizada para fazer reparo intestinal, a vitamina D, como modulador de resposta hormonal, imunológica, insulinêmica, desta forma, tendo uma infinidade de aplicabilidades. Com a pandemia muitos estabelecimentos fecharam temporariamente as atividades e o público com maior condição optarem por profissionais particulares da área da saúde, fato que futuramente pesa para os que estacionaram”

Neste viés, este artigo irá apresentar informações do mercado de suplementos durante a pandemia e como muitas pessoas vêm apostando nesse novo estilo de vida. A partir da quarentena pandêmica as lojas de suplementos estão ganhando novos clientes, o público que não utilizava a suplementação, passou a consumir para aumentar a imunidade. Por fim, o intuito do desenvolvimento deste trabalho é demonstrar a existência de uma preocupação maior com a saúde, em aumentar a proteção, suprir alguma deficiência que faça parte da rotina de cuidados com a saúde, e em contrapartida, expor os riscos do consumo em massa destes produtos e a importância de buscar orientação médica, pois se a falta de proteína pode ser um problema, seu uso em excesso também gera resultados negativos.

2. Embasamento Teórico
2.1 Introdução À COVID-19 e os Efeitos da Doença no Sistema Imunológico Humano

O coronavírus se propaga quando gotículas que uma pessoa infectada expele no espirro ou na tosse é inalada, ou quando se toca uma superfície onde essas gotas caíram e depois se levam as mãos nos olhos, nariz ou boca. É por isso que uma das recomendações mais importantes feitas por virologistas é lavar as mãos com frequência e tentar manter uma distância de cerca de dois metros de outras pessoas. O Coronavírus é, principalmente, um vírus respiratório, que começa infectando a garganta. Ele não pode se reproduzir sozinho, precisa

“sequestrar” o mecanismo das células, fixando-se às células da mucosa do fundo do nariz e da garganta. Nessa posição estratégica, ele usa as proteínas que ficam na superfície como se fossem uma lança para penetrar na membrana das células. 

O vírus ultrapassa a membrana e já começa a dar à célula a ordem para produzir mais vírus. Em pouco tempo, o corpo pode produzir de 10.000 até 100.000 cópias. Quando estão prontas, destroem as células de origem e começam infectar as “vizinhas”, é quando o corpo percebe que o vírus está lá e produz uma resposta inflamatória para tentar combater o invasor, por isso começam os sintomas de desconforto e dor na garganta. A partir disto, o vírus se direciona para os tubos brônquicos, que são vias aéreas que chegam até os pulmões e causam inflamação nas mucosas que revestem esses tubos, então iniciam-se as tosses. A resposta inflamatória se intensifica porque o corpo está combatendo vírus e como consequência aparece a febre. Neste ponto que o indivíduo começa a sentir mal e perder o apetite, por exemplo.  

É importante lembrar que 80% das pessoas infectadas, de acordo com a OMS, desenvolve apenas sintomas leves, como febre e tosse. 14% vão ter sintomas mais graves, como falta de ar e dificuldade para respirar, e 6% ficarão em estado grave, enfrentarão insuficiência pulmonar, falência de órgãos e risco de morte. A maioria das pessoas se recupera da covid-19 sem necessidade de tratamento específico, fazendo repouso, consumindo bastante líquido, medicando-se, mas a situação pode piorar se o vírus passar dos tubos brônquicos para os pulmões, onde causa inflamação, que é a pneumonia. 

A resposta do sistema imunológico pode ser tão potente que acaba danificando o tecido onde o vírus está alojado. Alguns especialistas acreditam que a infecção pode sim ser espalhada do nariz até o reto. Um estudo publicado na revista científica The Lancet é inconclusivo, mas sugere que a covid-19 poderia causar danos a outros órgãos, como o coração, fígado e rins, e a sistemas como a circulação sanguínea. Outros coronavírus, como a síndrome respiratória aguda grave, a Sars, acredita-se que este seja sim o caso, e isso pode explicar por que alguns pacientes tiveram diarreia e dor abdominal, além dos demais sintomas já mencionados.

Ilustração 1 – Hábitos de Consumo de Suplementos Alimentares no Brasil

Fonte: Associação Brasileira da Indústria de Alimentos para Fins Especiais (2020)

Segundo a pesquisa, o consumo de suplementos alimentares no Brasil aumentou 10% (em comparação à primeira edição da pesquisa, em 2015) e apurou que os produtos estão presentes em 59% dos lares brasileiros, com no mínimo uma pessoa consumindo suplementos. O estudo foi realizado em sete capitais – Porto Alegre (RS), São Paulo (SP), Rio de Janeiro (RJ), Salvador (BA), Fortaleza (CE), Brasília (DF) e Belém (PA) -, nas cinco regiões do Brasil, configurando uma amostra com representação nacional, com 1006 entrevistas. O perfil dos participantes foi de 50% de homens e 50% de mulheres, com idade entre 17 e 70 anos, de todas as classes sociais.

Ilustração 2 – Comportamento dos Consumidores de Suplementos Alimentares durante a pandemia de COVID-19

Fonte: Associação Brasileira da Indústria de Alimentos para Fins Especiais (2021)

A pesquisa aponta que entre os consumidores de suplementos, foi registrado um aumento de 48% destes produtos durante a quarentena, sendo que 42% consumiram visando fortalecer a alimentação e 91% a imunidade; e 70% dos entrevistados, declararam que continuarão consumindo os produtos.

O recorte da pesquisa, com foco no cenário pandêmico, foi realizado por meio de 275 entrevistas, durante o mês de maio, nas mesmas regiões do estudo inicial, entre os já consumidores de suplementos alimentares (59%).

2.2 Alimentares para COVID-19 e sua eficácia na melhoria da imunidade

A persistência de sintomas após a infecção da COVID-19 está diretamente relacionada ao processo inflamatório, ao comprometimento a nível energético mitocondrial e ao comprometimento intestinal, quando o vírus atinge o tecido, ele compromete a microbiota intestinal, desequilibrando as bactérias que colonizam o intestino, e altera a permeabilidade da parede intestinal, comprometendo tanto a resposta imunológica quanto a absorção adequada de vitaminas e minerais, que são fundamentais para o funcionamento do corpo humano.

Antes de inserir a suplementação na rotina de cuidados durante a enfermidade e após o vírus não estar mais no organismo, os hábitos saudáveis serão cruciais na recuperação total. Primeiro, é essencial ter um sono de qualidade, diminuindo os estímulos sonoros a partir do pôr do sol, pois ao anoitecer, o corpo começa a ter produção de melatonina. Segundo manter uma alimentação anti-inflamatória, evitar produtos industrializados, produtos com açúcar ou corantes, buscando fontes mais orgânicas, como legumes, frutas cítricas (obtém potencial antioxidante), proteínas (ovo, carne, peixe), fontes de gordura saudável (abacate). Praticar atividades como meditação, caminhadas, hábitos prazerosos, também auxiliam na diminuição do estresse, ansiedade, que são vilões no aumento da imunidade.

Os suplementos mais indicados para o auxílio no tratamento da COVID-19 são os mais possuem fontes de vitaminas e minerais que o organismo pode carecer, em alguns momentos, não havendo uma alimentação e hábitos saudáveis, ou até mesmo alguma deficiência do próprio metabolismo na geração destes nutrientes. A melatonina auxilia a recuperar o ciclo circadiano, tendo um boa noite de sono e se mantendo com energia durante o dia, além disso, a melatonina tem uma ação antioxidante e melhora da imunidade. Ela é prescrita para auxiliar nos sintomas cognitivos, na falta de concentração, na memória, que é muito comum nos pacientes do pós-covid.

Outro suplemento que pode ser utilizado é a vitamina C, proporcionando uma ação antioxidante e anti-inflamatória, a nível de melhor resposta dos macrófagos, e diminuição citosinas pró inflamatórias.

A vitamina D, também chamada de hormônio da imunidade, que impacta diretamente na resposta imunológica, esta vitamina estimula a produção de peptídeos antimicrobianos, antivirais, e tem ação de proteção e reconstituição, a nível mitocondrial e neuronal, auxiliando também na perda de memória e concentração, e cansaço excessivo. Durante academia, a exposição solar que auxilia na absorção da vitamina, foi completamente comprometida, muitas pessoas têm apresentado valores muito baixos de hormônio D e a recuperação destes valores necessita de uma suplementação a base de vitamina D.

 O zinco também é indicado para este tipo de tratamento. É um mineral essencial que pode ter uma ação antiviral, e participa de uma série de etapas da construção da imunidade, além disso, o zinco tem o potencial de diminuir o interferon, que na covid tem a ação de afetar na atuação dos anticorpos.

O magnésio ajuda atuando com ação neuro-protetor, e diminuindo os sintomas de ansiedade, depressão, enxaqueca, alterações de memória e concentração, e dores neuropáticas. Possui também uma ação broncodilatador, beneficiando pacientes com sintomas respiratórios durante e pós-covid. 

Outro mineral, é o selênio, tendo ação importante no mecanismo de sinalização e homeostase redox, que inibi o processo oxidativo. A carência de selênio está associada a patogenicidade de diversas infecções virais.

A Quercetina e a Cúrcuma são flavonoides com ação antioxidante e anti-inflamatória, é um dos principais ativos com o potencial de inibir a ligação da proteína S do vírus, diminuindo a probabilidade de entrada nas células, além de ter ação a nível de proteção neuronal, proteção e reconstituição da parede intestinal e modulação das funcionalidades das mitocôndrias. A glutamina também entra com proteção da parede que está associada diretamente a melhora na absorção de vitaminas e minerais, e rápida resposta do sistema imunológico a determinadas infecções. 

A própolis é outro suplemento que está sendo muito utilizado para a melhora da imunidade, com sua ação antiviral e antimicrobiana.

O Ginkgo Biloba também já é utilizado há anos para processos neurodegenerativos. Tem uma ação de melhora da circulação, diminuição da chance de produção de micro trombos, prescrito para pacientes que apresentam alteração de memória e concentração, como sintoma do pós-covid.

Para finalizar a “lista” de suplementos que são fundamentais para a manutenção da saúde e que podem ser adicionados a rotina de cuidados é o ômega 3 e a Coenzima Q10. Ambos terão uma ação cardioprotetora e de prevenção de doenças cardiovasculares, e proteção a nível celular e genético do processo de oxidação oriundo da infecção. Além disso, eles promovem uma melhor funcionabilidade da mitocôndria e do metabolismo energético, podendo ser prescritos para pacientes que apresentam fadiga mental e física, de forma prolongada no pós-covid.

Vale ressaltar que, além de adicionar a suplementação na rotina, é importante manter hábitos mais saudáveis, que são fundamentais para uma resposta imunológica, diminuição da inflamação e sintomas que o vírus instala no corpo humano.

2.3 Oportunidades de Negócios para a indústria de Suplementos Alimentares na pandemia

A pandemia de COVID-19 trouxe várias oportunidades de negócios para a indústria de suplementos alimentares. Com o aumento da preocupação com a saúde e o bem-estar, muitas pessoas estão buscando maneiras de fortalecer seu sistema imunológico e manter uma alimentação saudável. Isso tem impulsionado a demanda por suplementos alimentares, criando oportunidades para empresas que produzem e vendem esses produtos. Além disso, o crescimento do comércio eletrônico durante a pandemia facilitou a expansão dos negócios no setor de suplementos, permitindo que as empresas alcancem um público mais amplo por meio de plataformas online. 

Outra oportunidade é a inovação e o desenvolvimento de novos produtos que atendam às necessidades específicas dos consumidores durante a pandemia, como suplementos para fortalecimento imunológico, gerenciamento de estresse e promoção do bem-estar mental. No entanto, é importante que as empresas mantenham altos padrões de qualidade, comuniquem claramente os benefícios e sigam as regulamentações adequadas para garantir a confiança e a segurança dos consumidores.

2.4 Os malefícios do uso excessivo de suplementos alimentares

Atualmente, muitos atletas recorrem a uma ajuda que vem das prateleiras. O BCAA e Whey Protein são dois das dezenas de produtos que prometem resultados mais rápidos e eficientes, desta forma, os suplementos alimentares se tornaram uma alternativa para quem mantêm uma rotina de cuidados com a saúde. Nas embalagens, os próprios fabricantes recomendam o acompanhamento de um nutricionista antes de iniciar o consuma, porém existem atletas que não seguem a orientação. 

Por mais inofensivos que pareçam ser, os suplementos, quando não administrados de forma correta, podem trazer vários prejuízos para a saúde, causando obesidade, sobrecarga nos rins ou até mesmo um ataque cardíaco, isso porque, alguns consumidores fazem o uso por conta própria e acabam por obter o efeito contrário. Além disso, alguns destes produtos podem possuir substâncias, como hormônios e estimulantes, não aprovadas pela ANVISA.

Os suplementos alimentares prometem resultados para quem o consome, seja para aumentar músculos, ganhar massa magra, perder peso etc. O Whey Protein, tendo como principal ingrediente, a Proteína do soro do leite, que também pode ser encontrada em alimentos como leite, carnes e ovos, é responsável por reconstruir e fazer crescer o músculo que sofreu um micro lesão durante o exercício físico. Apesar de beneficiária, a proteína não pode ser consumida por qualquer pessoa, ou até mesmo várias vezes no dia, já que no corpo humano, ela é absorvida como um alimento comum. 

Problemas renais e hepáticos, retenção de líquido e até alteração na pressão também estão na lista dos possíveis danos que os suplementos, quando usados de maneira inadequada, podem causar. É importante que os consumidores tenham consciência que é preciso respeitar o biotipo, analisando qual é a forma ideal de inserir este tipo de produto em sua rotina.

3. Informações Importantes
3.1 Aspectos Regulatórios De Suplementos Alimentares

Antes de comprar suplementos alimentares é preciso atenção, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária é quem autoriza e fiscaliza a quantidade mínima ou máxima permitida de cada substância, tudo precisa estar à vista do Consumidor nos rótulos de cada produto. Um reforço para conseguir mais energia e repor vitaminas importantes para o bom funcionamento do organismo, os suplementos alimentares estão no dia a dia de muitos brasileiros, eles funcionam como um complemento alimentar para qualquer faixa etária.

Em 2018, a ANVISA criou uma regulamentação específica para os suplementos alimentares. O objetivo é levar mais clareza segurança e qualidade para o consumidor. A ANVISA criou uma lista com 382 substâncias permitidas que passaram a ter limites mínimos e máximos indicados para uso, e as embalagens deverão trazer todas as informações sobre o suplemento. 

“O consumidor também vai ter mais clareza do que de fato é o suplemento, para que ele está adquirindo aquele produto, e até da própria ANVISA, com os órgãos de vigilância sanitária que fiscalizam a forma como esse regulamento foi construído vai ajudar muito na questão do gerenciamento e na fiscalização”, afirma Thalita Antony, gerente-geral de alimentos da ANVISA.

Existem também, algumas outras categorias de produtos que têm a finalidade de suplementar a dieta com nutrientes ou outras substâncias em situações específicas, como é o caso dos suplementos vitamínicos. A primeira classe de suplementos é a de alimentos para atletas, norteada pela RDC nº 18 de 27 de abril de 2010, que aprova o regulamento técnico sobre alimentos para atletas. Estes produtos são divididos em subcategorias, apresentam de critérios específicos de composição e regras gerais e específicas de rotulagem.

A segunda classe é do suplemento vitamínico e/ou mineral, são alimentos que servem para complementar com estes nutrientes da dieta diária de uma pessoa saudável, em casos em que a sua gestão, a partir da alimentação, seja insuficiente ou quando a dieta requer suplementação. Devem conter um mínimo de 25% e no máximo até 100% da ingestão diária. A principal legislação que norteia essa classe, é a portaria nº 32 de 13 de janeiro de 1998, que aprova o regulamento técnico para suplementos vitamínicos/minerais. 

Os suplementos vitamínicos/minerais possuem algumas legislações são auxiliares a legislação principal, como por exemplo, a RDC número 24 de 15 de fevereiro de 2005, aprova o regulamento técnico sobre os aditivos alimentares coadjuvante de tecnologia e veículos que podem ser utilizados na fabricação dos suplementos vitamínicos/minerais; a portaria nº 40 de 13 de janeiro de 1998, apresenta normas para níveis de dosagens diárias de vitaminas e minerais em medicamentos; a RDC nº 269 de 22 de setembro de 2005, apresenta o regulamento técnico que define a IDR de vitaminas e minerais.

A terceira classe é a de novos alimentos, a legislação que norteia essa classe é a Resolução nº 16 de 30 de abril de 1999, que aborda o regulamento técnico de procedimentos para registro de alimentos e ou novos ingredientes.

No comércio internacional, os suplementos alimentares e produtos de nutrição esportiva tiveram redução de imposto, como incentivo para aquecer o setor. Como já citado neste artigo, existem vários tipos de suplementos no mercado e cada um tem uma função específica, o Whey Protein, por exemplo, é produzido a partir da proteína extraída do soro do leite com o objetivo de reparar o dano na fibra muscular após o treino. Segundo a Associação dos Fabricantes, durante a pandemia do covid-19, houve aumento na demanda dos suplementos alimentares e a oferta não conseguiu acompanhar, além disso a alta do dólar provocou o aumento dos preços desses produtos em comparação com anos anteriores. A redução do imposto de importação destes produtos pode beneficiar o mercado de suplementos alimentares no Brasil, o Whey Protein e a Creatina tiveram uma taxa zerada, o governo também reduziu de 11,2% para 4% os impostos de diversos outros produtos, como proteínas lácteas e abomina.

3.2 Desafios Enfrentados pelos Fabricantes de Suplementos Alimentares durante a Pandemia

O ano de 2020 foi diferente para muitas pessoas, por conta da pandemia as rotinas mudaram não só do trabalhador brasileiro, mas também dos empresários e do comércio em geral, BATISTA (2021) comenta como foi para o mercado de suplementos alimentares: “No ambiente de suplementos alimentares nós vimos uma pegada de grande mudança no brasil, saindo um pouco do suplemento exclusivamente para o esporte, do cara musculoso e partindo mais para reposição, energia, musculação e introduzido no mercado a executiva, a jornalista, todos que fazem alguma atividade de academia. O mercado no brasil ainda era muito pequeno, mas a projeção é quintuplicar em no máximo cinco anos. É um ano ruim, academias e lojas fechadas, mas houve o retorno gradual das pessoas para estas atividades e consequentemente, o uso de suplementos também voltou com força”.

BATISTA (2021) diz “No passado, havia a ideia que era só para cara de academia, mas é certo que cada grupo tem sua demanda, atualmente já conseguimos entrar na rotina dos consumidores, entre jovens, adolescentes. A imagem do suplemento no Brasil mudou muito, a qualidade, a quantidade de produtos ofertados, de barrinha a Whey, tudo está disponível no Brasil. Ainda não conseguimos produzir legalmente umas misturas que os americanos e outros países tem, mas a legislação da ANVISA foi reformada em 2019, trabalhamos juntos com eles e o mercado está muito mais avançado e melhorado com novas alternativas”. Com o novo marco regulatório da ANVISA, muitas barreiras na produção e comercialização de suplementos alimentares terminou, e a evolução foi uma sacudida positiva nos fornecedores de ingredientes. 

O mercado de suplementos sofreu impacto crescente nas vendas, com mais de 50% em todo setor, com uma busca muito forte de suplementos, principalmente de vitamina C, os zincos, complexos que são para imunidade. DRUMOND (2021) conta mais sobre os desafios do mercado de suplementos: “Para o formato de Gummy, por exemplo, houve muitos desafios em desenvolver e introduzir no mercado, que é novo no Brasil. Nos Estados Unidos já é muito conhecido, até mais usados que os comprimidos. Já que somos da mesma gestão da empresa que produz as balas da Fini, sentimos a necessidade de trazer para o Brasil, algo que fosse é diferente para o mercado de suplementos, para tirar esse rótulo de medicamento, não precisa ser chato, pode ser um momento de prazer. Então realizamos os estudos para produção deste produto, fizemos todas as etapas necessárias para garantir que o nosso produto, entregasse de fato, o que estava sendo prometido. Estamos tendo feedbacks bem interessantes dos consumidores, todos eles têm sabores, formatos diferentes, então a gente tenta entregar algo completamente diferente de medicamento”.

MENDONÇA (2020) faz recomendações para as empresas começarem a enxergarem os suplementos não só como uma cápsula, mas sim como um aditivo, uma melhoria de um produto alimentício que seja saboroso para colocar no dia a dia da população: “É fundamental, para qualquer adição de vitaminas ou nutrientes, não perder hipótese alguma a característica do produto inicial, quando o consumidor percebe através de seus hábitos, no que ele deseja, o sabor não pode deixar de ser a principal caraterística. E é um desafio importante, a adição de vitaminas sem perder o sabor, mas é fundamental, nós ficamos muito tempo pesquisando para não perder o equilíbrio.

MENDONÇA (2020) ainda afirma como realizaram as projeções de vendas pós pandemia: “A indústria de alimentos, com a situação durante a pandemia, foi um momento de reformulação, alguns hábitos e algumas marcas tornam-se mais relevantes, então esse casamento dos produtos mais nutritivos é fundamental, pós pandemia o mercado foi explorado de uma forma muito vasta e interessante, de uma forma saudável, positiva e construtiva. As pessoas querem saber o que estão consumindo, as informações têm que ser cada vez mais claras e diretas. Portanto, tudo isso gera uma transparência muito interessante para a indústria de alimentos e de ingredientes”.

4. Desenvolvimento da Temática

O presente artigo trata-se de uma revisão bibliográfica integrativa. Este tipo de trabalho consiste em um método de pesquisa, cujo intuito é desenvolver uma análise sobre um tema já investigado, sobre o qual há trabalhos na literatura. A revisão integrativa permite a criação de novos conhecimentos científicos a partir da análise e síntese de estudos publicados. O trabalho está delimitado nas variáveis relacionadas sobre suplementação aliado aos cuidados com a saúde durante a COVID-19, onde se teve acesso para pesquisas em monografia, site da OMS, livros e artigos, sendo utilizadas bases de dados.

Assim, a revisão bibliográfica é desenvolvida com material já elaborado. A metodologia de investigação envolve todos os passos que foram realizados durante o trabalho presente, tendo início desde a escolha do tema para obter todos os dados, passando pela definição de amostra, que abrangeu os diversos tipos de suplementos e estudos sobre seus efeitos sistema imunológico, e leitura até a investigação dos dados coletados.

Todavia, o conjunto de material pesquisado foi de grande importância no aprofundamento sobre o ato de intervir que possibilite o desenvolvimento do mesmo, a revisão bibliográfica apresenta um caráter descritivo-discursivo onde tem a apresentação de temas de interesse científico que trouxe um debate sobre o consumo de suplementações durante a pandemia e seus impactos que veio a contribuir com o conhecimento cientifico.

5. Resultados e Discussões

A pandemia de COVID-19 teve um impacto significativo no mercado global de suplementos alimentares e no comércio exterior brasileiro. Desde o início da pandemia, a demanda por suplementos alimentares aumentou em todo o mundo, impulsionada pelo desejo dos consumidores de manter sua saúde e imunidade em níveis elevados.

No entanto, a pandemia também criou desafios significativos para o comércio internacional de suplementos alimentares, incluindo interrupções na cadeia de suprimentos e dificuldades em transportar produtos por causa das restrições de viagem.

No Brasil, a pandemia teve um impacto especialmente significativo na indústria de suplementos alimentares, que é altamente dependente de matérias-primas importadas. As restrições às importações e as dificuldades logísticas levaram a um aumento nos preços dos suplementos alimentares, o que afetou diretamente os consumidores.

Além disso, a pandemia também teve um impacto negativo na economia brasileira em geral, afetando o comércio exterior e levando a uma queda na demanda por suplementos alimentares. Apesar disso, a expectativa é que o mercado global de suplementos alimentares continue a crescer no longo prazo, impulsionado pela preocupação crescente dos consumidores com sua saúde e bem-estar.

6. Considerações Finais 

Desde o início da pandemia de COVID-19, houve um aumento significativo na demanda por suplementos alimentares em todo o mundo. Isso se deve, em parte, ao fato de que muitas pessoas estão buscando maneiras de manter sua saúde e imunidade em níveis elevados. Além disso, com as restrições de viagem e as medidas de distanciamento social em vigor, muitas pessoas estão passando mais tempo em casa e tendem a fazer escolhas alimentares mais saudáveis e a tomar suplementos para compensar possíveis deficiências nutricionais. Esse aumento na demanda por suplementos alimentares foi particularmente evidente em produtos que promovem a saúde do sistema imunológico, como vitamina C, zinco e probióticos. Como resultado, muitas empresas de suplementos alimentares viram um aumento significativo em suas vendas durante a pandemia.

Referente ao comércio exterior, o mercado global de suplementos alimentares tem apresentado um crescimento contínuo durante a pandemia de COVID-19. Esse crescimento tem sido impulsionado pelo aumento da demanda por produtos que promovem a saúde e o bem-estar, como vitaminas, minerais, probióticos e suplementos para imunidade. A pandemia também levou muitas pessoas a repensar seus hábitos alimentares e a buscar maneiras de manter sua saúde em dia. Além disso, o aumento do uso de comércio eletrônico durante a pandemia facilitou a compra de suplementos alimentares por meio de plataformas online. No entanto, o mercado de suplementos alimentares também enfrentou desafios durante a pandemia, como a interrupção das cadeias de suprimentos e as dificuldades logísticas para o transporte de produtos em todo o mundo. É importante observar que o mercado de suplementos alimentares é altamente regulamentado em muitos países, e que é importante garantir a qualidade e a segurança dos produtos para proteger a saúde dos consumidores.

Vale ressaltar que, embora os suplementos alimentares possam ser benéficos quando usados adequadamente, o uso excessivo pode ter impactos negativos na saúde. O uso excessivo de alguns suplementos, como vitaminas e minerais, pode levar a um acúmulo excessivo no corpo, o que pode causar danos ao fígado, rins e outros órgãos. Além disso, alguns suplementos, como aqueles que contêm cafeína ou estimulantes, podem levar a efeitos colaterais indesejados, como insônia, ansiedade e palpitações cardíacas. É importante lembrar que os suplementos alimentares não são uma substituição para uma dieta equilibrada e saudável. O melhor é sempre consultar um profissional de saúde antes de iniciar qualquer regime de suplementos para garantir que ele seja seguro e eficaz para suas necessidades individuais.

REFERÊNCIAS

https://abiad.org.br/pesquisa-de-mercado-suplementos-alimentares/

https://www.cnnbrasil.com.br/tudo-sobre/suplementos/

https://www.cnnbrasil.com.br/economia/governo-zera-taxa-de-importacao-de-suplementoscomo-whey-e-creatina/

https://www.terra.com.br/esportes/consumo-de-suplementos-alimentares-cresce-nobrasil,ae1391dcae639ffe997ec1a535d91c8b7k4ddqn4.html

https://www.gov.br/anvisa/pt-br/assuntos/alimentos/suplementos-alimentares

https://www.foodconnection.com.br/ingredientes/suplementacao-alem-dos-esportesoportunidades-e-desafios

Daniele Drumond, gerente de produtos da Dr. Good

Synésio Batista da Costa, presidente da Brasnutri

Leonardo Mendonça, Gerente Nacional de Grandes Redes do Grupo Josapar

https://abiad.org.br/segunda-edicao-da-pesquisa-sobre-habitos-de-consumo-de-suplementosalimentares-no-brasil-traz-numeros-animadores-para-o-mercado/

https://saude.abril.com.br/alimentacao/consumo-de-suplementos-cresce-na-pandemia-docoronavirus-vale-a-pena

https://www.lance.com.br/saude-fitness/consumo-suplementos-alimentares-cresce-brasil.html

https://blog.cetro.com.br/2023/03/06/o-crescimento-do-mercado-de-suplementos-alimentarese-as-inovacoes-cetro/


1(FACULDADE DE TECNOLOGIA DA ZONA LESTE) camila.araujo18@fatec.sp.gov.br
2(FACULDADE DE TECNOLOGIA DA ZONA LESTE) karoline.cardozo@fatec.sp.gov.br
3(FACULDADE DE TECNOLOGIA DA ZONA LESTE) lea.silva3@fatec.sp.gov.br