REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7942879
Nilton Amancio De Oliveira1
Simone Rodrigues Soares2
Claudete Ferreira Dos Santos3
Ana Caroline Fagundes Da Rosa4
Joana Josiane Andriotte Oliveira Lima Nyland5
Edilene Márcia De Sousa6
Evandro De Oliveira Brito7
RESUMO
Reflete sobre a área de atuação do bibliotecário, enfatizando a eficácia da terapia da leitura na recuperação de pessoas com transtornos de humor. O objetivo geral foi discutir questões relacionadas aos transtornos de humor, tendo como alternativas complementares as recomendações de tratamento da literatura. Para bibliotecários e qualquer outro profissional, uma área de atuação significa perceber que toda especialidade está associada a um determinado nível de conhecimento. A terapia da leitura é uma prática de leitura que utiliza textos falados e não verbais como coadjuvante no tratamento de pessoas acometidas por doenças físicas ou mentais. A terapia da leitura é indicada para pessoas que enfrentam distúrbios emocionais.
Palavras-chave: Biblioterapia. Bibliotecário. Transtornos Emocionais.
1. INTRODUÇÃO
Sentimentos de tristeza, dor, ansiedade, medo, insegurança, vazio fazem parte do cotidiano de milhares de pessoas, esses sentimentos não são fugazes ou insignificantes, e em alguns casos persistem por meses. Até meses e anos desaparecem. Esses transtornos de humor podem aparecer em qualquer idade e afetar pessoas de qualquer classe social, e embora sejam mais comuns em mulheres, os transtornos de humor também podem afetar homens (PEREIRA, 1996).
Pessoas com transtornos de humor se isolam, as oscilações de humor são muito frequentes, algumas pessoas começam a acreditar que a vida não tem sentido e, quando isso acontece, acabam sendo pessoas com grande probabilidade de cometer suicídio.
Os transtornos de humor devem ser levados a sério, pois como se não bastassem esses problemas citados acima, há outro problema que as pessoas com transtornos de humor enfrentam, que é o preconceito. Eles lutam contra a doença, eles lutam contra o preconceito. Como a sociedade não tolera tais doenças, julgamentos como preguiça, frescor e nada a fazer aparece repetidamente no cotidiano dessas pessoas. Por medo de serem rotuladas, muitas pessoas preferem não procurar ajuda e buscar o tratamento adequado apenas quando a situação clínica é extremamente grave.
No entanto, o diagnóstico tardio pode prolongar o tratamento, deixar sequelas ao longo da vida ou tornar-se irreversível. Portanto, é a atitude correta admitir que está doente e procurar atendimento médico o mais rápido possível, pois assim o paciente tem chance de se recuperar mais facilmente.
Essa é a função da terapia da leitura, embora seja pouco conhecida e aplicada no Brasil, sua eficácia tem sido reconhecida e pode ser utilizada como tratamento alternativo e complementar de grande valia.
Muito se tem falado sobre os benefícios terapêuticos da leitura. Não é novidade que as pessoas encontram uma palavra-chave ao ler um livro para entender seus problemas existenciais, lidar com as dificuldades naturais do cotidiano, avaliar e se encorajar diante dos desafios da vida, pois ler e desenvolver a mente a partir da leitura cria oportunidades, aproximando as pessoas e elevando a humanidade. A leitura para fins terapêuticos é chamada de terapia de leitura (PEREIRA, 1996).
Como mencionado, a terapia de leitura é uma opção de tratamento por si só, e também utiliza principalmente a leitura verbal e não verbal, e contribui positivamente para aqueles diagnosticados com transtornos de humor. Nesse contexto, no contexto de professores universitários e alunos de pós-graduação em biblioteconomia, vivenciando transtornos emocionais na sociedade e na família, e vendo a terapia da leitura como uma ferramenta que pode auxiliar no combate à doença, tive como objetivo investigar as seguintes questões: a leitura terapia como ajudar na recuperação mental de pacientes com transtornos de humor?
Nesse contexto, o objetivo geral deste artigo é discutir questões relacionadas aos transtornos de humor, sugerir a terapia da leitura como alternativa complementar, para que indivíduos em recuperação psicológica possam usufruir da prática e o que a terapia da leitura pode oferecer a quem procura terapia. distúrbios emocionais. Há necessidade de demonstrar à sociedade a disponibilidade dos bibliotecários como profissionais que podem atuar como bibliotecários, interagindo com os profissionais de saúde, com vistas a contribuir para o tratamento de indivíduos com transtornos de humor (PEREIRA, 1996).
Da mesma forma, há a necessidade de oferecer alternativas complementares ao tratamento dos transtornos de humor associados à adoção da terapia da leitura. O estudo também subsidia acadêmicos em cursos de biblioteconomia, o que pode gerar interesse profissional por esse possível campo de atuação entre os bibliotecários.
2. METODOLOGIA
O presente trabalho utilizou-se como metodologia de pesquisa, a revisão de literatura, onde foi realizado um levantamento bibliográfico, mediante pesquisa em sites especializados na área, artigos científicos, periódicos e autores renomados, utilizando-se as seguintes palavras chaves: biblioterapia, saúde mental e transtornos emocionais. As publicações encontradas são organizadas para fundamentação e pesquisa, e a análise posterior dessas publicações tem o potencial de lançar luz sobre como a terapia da leitura pode ajudar pessoas com transtornos de humor em sua recuperação psicológica.
3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA/ ESTADO DA ARTE
De acordo com Pereira (1996), os transtornos de humor são caracterizados pelas dificuldades sociais apresentadas pelo paciente, onde a maioria das pessoas tem comportamentos dissociativos, agressivos e alienantes. O mesmo autor afirma que existem vários tipos de transtornos de humor sendo depressão, ansiedade, transtorno do pânico, estresse, fobia social, transtorno de personalidade limítrofe ou síndrome limítrofe. Portanto, o tipo com maior frequência será descrito a seguir.
A depressão é um distúrbio que se origina de uma combinação de fatores emocionais, mentais e físicos. Os sintomas podem ser emocionais ou físicos, sendo a tristeza persistente e profunda a característica mais distintiva do transtorno.
Já a ansiedade é um transtorno emocional grave, pois pode prejudicar a vida social e profissional de uma pessoa. Quem tem a doença está sempre angustiado com coisas que nem sabe o que é. A ansiedade é um sentimento desagradável e vago que faz com que um indivíduo experimente sentimentos de medo e apreensão caracterizados por tensão ou desconforto devido à antecipação de coisas perigosas, desconhecidas ou estranhas (Allen, Leonard e Swedo, 1995).
A Síndrome do Pânico é um dos tipos mais comuns de transtornos de humor atualmente, desencadeado por situações estressantes ou traumáticas. São episódios agudos de ansiedade em que o indivíduo tem um forte medo e angústia de que algo muito ruim aconteça, mesmo sabendo que é improvável que aconteça. O aparecimento desse transtorno de humor ocorre de forma inesperada, é acompanhado por sintomas emocionais e físicos, podendo levar o indivíduo a desmaiar.
Outro transtorno bastante evidenciado no cotidiano de todos os cidadãos, é o estresse (SANTOS E CASTRO, 1998). Ele está presente na vida da maioria da população mundial e o seu crescimento é atribuído ao estilo de vida moderno, onde as pessoas vêm se recarregando intensamente (SANTOS E CASTRO, 1998). O estresse pode ser definido como uma condição que surge quando a comunicação de uma pessoa com o ambiente em que vive faz com que ela perceba, em nível biológico, psicológico ou biológico, uma diferença entre as necessidades de uma determinada situação e seus recursos pessoais. sistema social, que os pressiona (SANTOS E CASTRO, 1998).
Um transtorno pouco comentado no meio clínico, mas que tem grande relevância médica é a Fobia social. Esse tipo de transtorno ocorre quando situações sociais são extremamente desconfortáveis, como ir a uma festa, o que vai muito além da dificuldade de estabelecer uma conversa com um estranho. Quando esse desconforto impede o indivíduo de realizar determinadas atividades em sua vida, é descrito como um transtorno de humor chamado fobia social.
Outro aspecto da fobia social está relacionado ao processo de pensamentos negativos e a introspecção desses pensamentos em relação a eventos sociais (BURATO, CRIPPA & LOUREIRO, 2009). Pessoas com esse transtorno podem entrar em pânico em situações públicas e sociais, é difícil para elas ficarem dentro de casa e em lugares lotados, e alguns pacientes apresentam sintomas físicos como diarréia e sudorese, piorando o desconforto. Pessoas com fobia social podem receber medicação e psicoterapia (PEREIRA, 1996).
Pessoas com transtornos de humor têm uma alta taxa de transtornos de personalidade borderline, anti sociais, imitativos e dependentes. A síndrome borderline é um transtorno psiquiátrico grave caracterizado por instabilidade persistente no humor, comportamento, auto imagem e funcionamento (SADI, 2011).
Observou-se, no entanto, que em todos os tipos de transtornos do humor, a terapia faz parte do processo de cura e a terapia da leitura pode ser uma ferramenta complementar ao tratamento convencional. Vale ressaltar que, como mencionado anteriormente, a terapia da leitura deve ser vista como um complemento de outras terapias, não apenas a única possibilidade de psicoterapia (BURATO, CRIPPA & LOUREIRO, 2009).
Os bibliotecários podem ser um facilitador da terapia, pois a terapia da leitura é uma alternativa para aliviar a tensão, o medo e a ansiedade que os pacientes geram e experimentam (PEREIRA, 1996).
3.1 Biblioterapia: histórico e conceitos
Assim como os transtornos de humor, a terapia da leitura não é novidade. Pesquisas apontam para a prática da leitura como método de cura que remonta ao tempo dos faraós. Médicos norte-americanos aplicaram as primeiras experiências de terapia de leitura entre 1802 e 1853. Esses médicos acreditam que a leitura de livros cuidadosamente selecionados e adaptados às necessidades individuais é uma das melhores receitas para pacientes hospitalizados (PEREIRA, 1996).
Em 1904, a McLean Hospital Library, em Massachusetts, EUA, desenvolveu um programa envolvendo os aspectos psiquiátricos da leitura (RATTON, 1975). No mesmo ano, a terapia da leitura passou a ser vista como um ramo da biblioteconomia, área do conhecimento que passou a ser utilizada principalmente em bibliotecas públicas e hospitalares (SEITZ, 2006). No entanto, o termo “terapia de leitura” não foi usado. No Brasil, o projeto de lei não. 4.186, de 11 de julho de 2012, referente ao uso da terapia da leitura em hospital público.
Castro Santana e Altamirano Bustamante (2018) trazem uma revisão de conceitos e aspectos da terapia da leitura a partir de pesquisas em banco de dados internacional de documentos publicados após 2005. Com base em uma revisão da literatura, os autores concluíram que os resultados indicavam que a terapia de leitura era realizada esporadicamente no México e que a duração desses regimes era curta. Em seguida, os autores mostram uma amostra representativa de programas de terapia de leitura existentes no mundo, permitindo ver características esporádicas e de curto prazo em outros países (CASTRO SANTANA E ALTAMIRANO BUSTAMANTE, 2018).
Portanto, fica claro que a terapia de leitura tem um longo caminho a percorrer antes que possa se tornar um programa de leitura com curadoria com finalidade terapêutica e realizado por uma equipe multidisciplinar que permite que os pacientes alcancem uma ótima recuperação emocional (CASTRO SANTANA E ALTAMIRANO BUSTAMANTE, 2018).
3.2 O que é a Biblioterapia
O termo Biblioterapia tem muitos conceitos, embora, os pesquisadores há muito o veem como uma opção terapêutica, usando a leitura para ajudar as pessoas que estão passando por dificuldades físicas ou psicológicas a se recuperarem (BURATO, CRIPPA & LOUREIRO, 2009).
Os mesmos autores acima afirmam que são consideradas ações de leitura com finalidade terapêutica, utilizando livros devidamente selecionados para tal e que para definir o que é a terapia da leitura, utilizaremos as ideias de diversos autores.
Portanto, uma dose diária de terapia de leitura pode afastar o paciente de suas coisas mais dolorosas e, aos poucos, ganhar considerável autonomia em algumas doenças, principalmente as emocionais, o que depende muito da vontade de cada indivíduo (BURATO, CRIPPA & LOUREIRO, 2009).
A terapia da leitura pode ser aplicada individualmente ou em grupo, seja por uma equipe médica ou por profissionais como psicólogos, enfermeiros, professores e bibliotecários. Por meio da leitura guiada, o terapeuta bibliográfico pode apresentar discussões relacionadas a esses materiais em que a ênfase nas perspectivas e respostas do cliente pode ser desenvolvida na busca de novas visões internas, mudanças comportamentais, acréscimos de informações e autorrealização.
A terapia da leitura tem aspectos clínicos e de desenvolvimento. Como ferramenta clínica, é útil para pessoas com problemas emocionais ou comportamentais em ambientes públicos ou privados. A terapia da leitura, como ferramenta clínica, atua principalmente no processo de identificação do leitor com o texto por meio do contato direto entre linguagem e sensação, avaliando naturalmente o sujeito e seu mundo no processo de leitura do texto. Essa leitura guiada pode ser realizada posteriormente por um psicólogo, por exemplo, para gerar um novo pensamento sobre os valores emocionais e morais do sujeito, auxiliando o leitor a identificar seus déficits comportamentais (BURATO, CRIPPA & LOUREIRO, 2009).
Cunha e Cavalcanti (2008) definem o termo “terapia da leitura” como “o uso de livros e outros materiais de leitura em um programa de leitura direcionado e planejado para ajudar a tratar problemas mentais e emocionais e distúrbios sociais”. Os mesmos autores ressaltam que oportunamente, deve-se esclarecer que a leitura terapêutica está se desenvolvendo não apenas nas bibliotecas hospitalares, mas também nas prisões, unidades de apoio, abrigos, e atende adultos e crianças, independentemente do sexo ou condição econômica. Com base em todas as definições apresentadas, a terapia bibliográfica pode ser considerada uma prática de leitura guiada que pode ser utilizada por bibliotecários, psicólogos ou outros profissionais qualificados para esse comportamento, sendo uma importante ferramenta para recuperação psicológica em pessoas com transtornos de humor (BURATO, CRIPPA & LOUREIRO, 2009).
Gómez Mujica (2017) apresenta intervenções na prática bibliotecária, áreas de atuação profissional no trabalho de bibliotecários e psicólogos, suas relações profissionais e competências necessárias. Por sua vez, o trabalho de Pascoal e Ribeiro (2016) para auxiliar na seleção de livros para fins terapêuticos traz uma breve descrição e orientação de 120 títulos de livros que podem ser utilizados na terapia documental e fornece orientações para o uso de livros em contextos terapêuticos.
As intervenções da indústria bibliotecária brasileira têm sido relatadas em clínicas médicas, presídios, instituições de ensino e asilos, com estudos e intervenções envolvendo menores infratores, crianças com autismo, deficientes visuais, pacientes esquizofrênicos e deprimidos, idosos, pessoas em luto (SILVA, 2005). Esses relatos confirmam consistentemente a eficácia da terapia da leitura como ferramenta terapêutica, embora essas intervenções careçam de uma teoria metodológica de referência que leve em conta a coexistência de resultados obtidos por diferentes profissionais com diferentes bases epistemológicas (PASCOAL E RIBEIRO, 2016).
Caldin (2001), diz que a falta de uma metodologia de referência para a aplicação da terapia da leitura é um dos maiores problemas para intervenções e pesquisas. No Brasil, a maioria das pesquisas sobre terapia da leitura é realizada por bibliotecários, para esses profissionais, a terapia se dá por meio do próprio texto, ou seja, é o texto que cura o sujeito (CALDIN, 2001). Essa afirmação conflita com a visão de outros profissionais, como psicólogos, para quem a leitura orientada é apenas uma ferramenta para completar um complexo processo de análise e intervenção terapêutica (PASCOAL E RIBEIRO, 2016).
Dessa forma, tanto a intervenção bibliotecária quanto a discussão dos resultados obtidos podem conflitar na terapia da leitura devido ao seu caráter interdisciplinar e multiprofissional. No entanto, essa é apenas uma dificuldade a ser superada pelos pesquisadores da terapia da leitura, o que não impede novas pesquisas, e deve servir de impulso para a troca de informações entre profissionais de diferentes áreas do conhecimento e como bibliotecários e psicólogos para disseminar novas informações (PASCOAL E RIBEIRO, 2016). Achados sobre os materiais utilizados, técnicas recomendadas e locais efetivos de aplicação para esta intervenção terapêutica.
De acordo com Orsini (1982), além disso, não são os procedimentos e recursos utilizados per se que devem nortear a atuação desses profissionais de diferentes áreas, mas a possibilidade de ações (desenvolvimentais e clínicas) que requerem intervenção. O mesmo autor afirma que o trabalho da literatura terapêutica é saber utilizar uma ferramenta (leitura dirigida) para direcionar as mudanças ou acréscimos necessários para satisfazer a subjetividade do sujeito. Para atingir esses objetivos, as escolas de formação de profissionais relevantes devem ser vistas como triviais, enquanto os leitores são efetivamente reforçados no processo de terapia da leitura (ORSINI, 1982).
3.3 O que compõe a biblioterapia
Com base nas pesquisas de Aristóteles e Freud, Caldin (2001) observou que existem seis componentes da terapia da leitura, que são identificados como catarse, emoção, reconhecimento, introjeção, projeção e introspecção.
A catarse é um termo filosófico que tem o significado de purificação pessoal, purificação, e pode ser entendido como calmante, calmante e aliviador de emoções. É nessa perspectiva que a leitura de textos literários é vista como uma função catártica. Esse componente defende a ideia de terapia por meio de textos literários e aponta que as palavras são uma ferramenta importante para a cura espiritual pelo poder de persuadir, mover e influenciar (CALDIN, 2001).
Já a emoção é justificada por textos baseados em humor constituem um exemplo de possibilidades terapêuticas por meio da leitura. Nessa conjectura, para Caldin (2001), o humor é assim a revolta do ego contra as circunstâncias desfavoráveis, transformando o que pode ser objeto de dor em objeto de prazer.
Caldin (2001) explicou que o reconhecimento é um fator importante na teoria freudiana do desenvolvimento da personalidade, que começa muito cedo em nossas vidas. As crianças se identificam com seus pais, as pessoas e os animais que admiram (ORSINI, 1982). A identificação é um processo mental em que um sujeito absorve um aspecto, um atributo, um atributo de outro e o remodela, no todo ou em parte, de acordo com o modelo desse outro (ORSINI, 1982).
Por isso é tão importante que o terapeuta bibliográfico assume o papel de líder, sendo um modelo para quem cuida. Idealmente, mesmo aqueles que experimentam distúrbios emocionais aprendem a se valorizar e buscam em si mesmos a vontade de superar a ansiedade ou o medo (PASCOAL E RIBEIRO, 2016). É sempre bom ter alguém para admirar, e os bibliotecários podem ser um espelho de boas ações que ajudam a aumentar a autoestima dos outros (ORSINI, 1982).
A introdução é parte integrante do que constitui um processo em que a análise comprova que o sujeito se desloca de forma imaginária, de fora para dentro, para os objetos e as qualidades inerentes a esses objetos (LAPLANCHE E PONTALIS, 1994). Caldin (2001) afirma que esse componente está intimamente relacionado ao reconhecimento.
A projeção é a transferência de nossos pensamentos, sentimentos, intenções, expectativas e desejos para os outros. Segundo Laplanche e Pontalis (1994), a projeção é no sentido correto, uma operação pela qual o sujeito expulsa e localiza outras pessoas, pessoas ou coisas, qualidades, sentimentos, desejos e até objetos de si mesmo. Ele lê, não o conhece, ou o rejeita (ORSINI, 1982).
E por último, mas não menos importante, a introspecção, que de acordo com Michaelis (1998), é uma descrição da experiência de um indivíduo em termos de elementos e atitudes, ou seja, a observação de uma determinada pessoa de seus próprios processos mentais, via comportamento (LAPLANCHE E PONTALIS, 1994). Os mesmos autores reforçam que a leitura, portanto, tende a ser introspectiva, levando o indivíduo a refletir sobre seus próprios sentimentos, o que é terapêutico, pois sempre há a possibilidade de mudar a forma como o indivíduo se comporta.
3.4 Tipos de Biblioterapia
Existem três tipos de Biblioterapia, elas são classificadas em: Institucional, Clínica e Desenvolvimental. Independentemente do tipo de terapia de leitura, antes da aplicação, um diagnóstico bem estruturado é essencial para orientar os bibliotecários na aplicabilidade da terapia. Os parágrafos seguintes consideram as funcionalidades e operações que cada tipo pode proporcionar (PEREIRA, 2016).
a) Biblioterapia institucional: É uma forma de terapia de leitura que se refere principalmente ao ensino de métodos e técnicas para ajudar o destinatário a aprender e referências à literatura. Esse tipo de ação terapêutica é realizada por um bibliotecário em conjunto com um médico ou equipe médica. O objetivo principal é fornecer informação e entretenimento.
Embora esse tipo de terapia de leitura não seja mais popular hoje, existem alguns programas semelhantes. A terapia de leitura institucional também inclui o uso da comunicação médico-indivíduo paciente em consultório particular (PEREIRA, 2016).
b) Biblioterapia clínica: Esse tipo de terapia de leitura refere-se ao uso de literatura imaginativa na primeira fase, com um grupo de pacientes com problemas emocionais ou comportamentais. Esses pacientes podem ou não se voluntariar para o programa, e podem ser liderados por um médico ou bibliotecário, mas normalmente esse tipo de terapia de leitura é realizada por dois profissionais, um em consulta com o outro. O ambiente pode ser uma instituição ou uma comunidade voltada para a mudança de comportamento (PEREIRA, 2016).
c) Biblioterapia desenvolvimental: Refere-se ao uso da literatura de forma imaginativa e educativa para tratar pessoas sem quaisquer deficiências ou alterações comportamentais. É realizado em pequenos grupos sob a liderança de bibliotecários profissionais ou outros profissionais. Seu objetivo é ajudar as pessoas a realizar tarefas comuns e suportar problemas cotidianos (PEREIRA, 2016).
3.5 Benefícios da Biblioterapia
Os livros são a forma mais rica de adquirir conhecimento, com penetração e radiação incomparáveis” (FARIA FILHO, 1998). Analisando a Literatura, Orsini (1982) destacou que “as obras literárias fornecem uma visão mundo e lê-lo permite ao leitor expandir sua o universo da sensibilidade e da emoção”. Infelizmente, o livro é de pouca importância para crianças menores de 6 anos, “as crianças tornam-se cidades importantes e a Maturidade de um Homem” (FRAGOSO, 1998). O mesmo autor afirma que é nesta fase que o envolvimento com os livros ajuda ao desenvolvimento do personagem, lançando as bases da comunicação escrita; é neste momento profissional, seja na área da saúde ou da educação (LAPLANCHE E PONTALIS, 1994).
Segundo Orsini (1982, p. 147), a terapia da leitura é aplicada a diferentes áreas especializadas, como medicina geral, psiquiatria e educação. Inicialmente, vale ressaltar que não há contraindicações ao uso da terapia da leitura, pede-se aos profissionais da área que tenham cuidado na escolha dos livros, eles devem ser adequados para todos e seus problemas, caso contrário será feito um diagnóstico. leitura inadequada é prescrita provisoriamente A forma como o humor pode mudar, aumentar o nível de mau humor e prejudicar ainda mais as pessoas com transtornos de humor (ORSINI, 1982).
A leitura ajuda o indivíduo a compreender a si mesmo, distinguir o que é ou não sua característica e o que trouxe para sua vida ao longo da história. Assim, quando a leitura desperta no paciente o desejo de autoconhecimento, ela o ajuda a descobrir qualidades e habilidades que já possui, mas ainda não entrou na realidade.
O autoconhecimento aos poucos traz as pessoas para a realidade, mostra como se comportar e como reagir em situações que podem levar a transtornos emocionais e contribui para que, seja em extrema felicidade ou tristeza, essa situação não cause danos psicológicos (LAPLANCHE E PONTALIS, 1994).
Valência e Magalhães (2015) explicam que a terapia da leitura “ajudará o autoconhecimento através da reflexão, reforçará modelos sociais ideais, promoverá o desenvolvimento emocional através das experiências dos outros e ajudará a mudar comportamentos”.
A terapia da leitura representa um aumento na autoestima do paciente, pois sua aplicação como coadjuvante no tratamento dos transtornos de humor tem uma contribuição positiva, pois a leitura permite que o receptor se inspire por um caráter de alegria, coragem e autoestima elevada. E aplique essa atitude aos papéis da vida cotidiana.
A terapia da leitura levará o paciente a ter uma visão realista dos acontecimentos, permitindo-lhe compreender que os julgamentos são comuns na vida social, mas devem ser abstratos quando não são relevantes para ele. Só assim você poderá acalmar um pouco as emoções depravadas que estão causando tantos sentimentos negativos (LAPLANCHE E PONTALIS, 1994).
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
À luz da pesquisa realizada por meio da bibliografia consultada, observou-se que os transtornos emocionais se caracterizam pelo isolamento social, angústia, medo e luto. Portanto, para demonstrar que a terapia da leitura é uma terapia alternativa eficaz, o próximo passo é discutir sua aplicação, ainda pouco utilizada no Brasil, e o papel social dos bibliotecários como facilitadores do conhecimento da terapia da leitura. A leitura é utilizada como ferramenta para a recuperação de pessoas com transtornos de humor, tornando os bibliotecários aliados na mediação e sustentação desse movimento.
Os bibliotecários não trabalham sozinhos, mas com outros profissionais que se destacam por terem um perfil social de atendimento às necessidades humanitárias de seus pacientes. Os pacientes muitas vezes exigem uma aparência menos clínica e mais humana para libertá-los da monotonia da vida hospitalar e transportá-los para lugares difíceis ou dolorosos para adormecer, mesmo que por alguns minutos.
Portanto, uma dose diária de terapia de leitura pode ser feita lentamente, recuperando o paciente e devolvendo-o a uma vida saudável e equilibrada. Refletindo sobre esse tema, conclui-se que os bibliotecários podem contribuir com os profissionais de saúde, embora ainda haja muito poucos profissionais atuando na região, e em alguns locais são os próprios profissionais de saúde que desenvolvem essa ação.
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1GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO FISICA – FACULDADES INTEGRADAS/SP
2GRADUANDA EM PEDAGOGIA – UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ/RJ
3GRADUANDA EM PSICOPEDAGOGIA – UNICESUMAR/PR
4MESTRANDA EM SISTEMAS E PROCESSOS AGROINDUSTRIAIS – UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE/RS
5MESTRANDA EM SISTEMAS E PROCESSOS AGROINDUSTRIAIS – UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE/RS
6GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM – MESTRANDA EM BIOCIÊNCIAS – UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA/MG
7LICENCIADO EM CIÊNCIAS NATURAIS – DOUTORADO EM ENGENHARIA TECNOLÓGICA AMBIENTAL – UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ/PR