A SÍNDROME DE BURNOUT NA ENFERMAGEM E SUA INFLUÊNCIA SOBRE A QUALIDADE DA ASSISTÊNCIA PRESTADA AO PACIENTE EM ÂMBITO HOSPITALAR

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7900071


DA SILVA, Pâmella Priscila Manhani¹
SANTOS, Ilze Costa¹
RIBEIRO, Lorena Roas²


RESUMO

Introdução: Os profissionais da área da saúde estão entre os mais propensos a sofrer com a síndrome de burnout. Em âmbito hospitalar a demanda de pacientes é elevada e a pressão sobre a enfermagem faz com que esses profissionais se sintam insatisfeitos, sendo submetido a carga horária extensa, com poucas horas de sono e corriqueiramente com pouco recursos de materiais, podendo comprometer a qualidade da assistência prestadas aos pacientes em âmbito hospitalar. Objetivo: Identificar fatores predisponentes da síndrome de burnout na enfermagem e a influência na qualidade da assistência em âmbito hospitalar. Métodos: O estudo desenvolvido foi qualitativo-descritivo, e utilizou-se de revisão integrativa da literatura nacional cujos dados foram coletados da Biblioteca Virtual em Saúde das bases de dados SCIELO, LILACS, PUBMED e BDENF a partir dos descritores combinados: “Esgotamento profissional”, “Síndrome de Burnout”, “Enfermagem” e “Riscos Ocupacionais” no período de 2019 a 2023. Resultados: Observou-se na presente pesquisa, quanto aos fatores predisponentes da síndrome de burnout em enfermeiros, elevados fatores que predispõem a SB, resultado preocupante, tendo em vista que os profissionais estudados atuam na assistência direta a pacientes, em que o erro na execução dos procedimentos pode representar sequelas graves ou até mesmo o óbito, tais manifestações relaciona-se negativamente na prestação da assistência de qualidade. Conclusão: Conclui-se por meio dos aspectos apresentados no estudo, que a síndrome de burnout acarreta grandes problemas de saúde para o profissional, quanto ao cliente/paciente que terá a qualidade de seu atendimento comprometido, gerando malefícios que irão impactar na saúde dos pacientes que estão vulneráveis aos erros e negligências do enfermeiro acometido pela síndrome.

Palavras-chave: Esgotamento profissional.  Síndrome de Burnout. Enfermagem. 

ABSTRACT

Introduction: Health professionals are among the most likely to suffer from burnout syndrome. In the hospital environment, patient demand is high and the pressure on nursing makes these professionals feel dissatisfied, being subjected to an extensive workload, with few hours of sleep and routinely with little material resources, which may compromise the quality of care. provided to patients in hospital settings. Objective: To identify predisposing factors of burnout syndrome in nursing and the influence on the quality of care in the hospital environment. Methods: The developed study was qualitative-descriptive, and used an integrative review of the national literature whose data were collected from the Virtual Health Library of the SCIELO, LILACS, PUBMED and BDENF databases from the combined descriptors: “Professional exhaustion”, “Burnout Syndrome”, “Nursing” and “Occupational Risks” in the period from 2019 to 2023. Results: It was observed in the present research, regarding the predisposing factors of the burnout syndrome in nurses, high factors that predispose to BS, result worrisome, considering that the studied professionals work in direct assistance to patients, in which the error in the execution of procedures can represent serious consequences or even death, such manifestations are negatively related to the provision of quality assistance. Conclusion: It is concluded, through the aspects presented in the study, that the burnout syndrome causes major health problems for the professional, regarding the client/patient who will have the quality of their care compromised, generating harm that will impact the health of patients. who are vulnerable to the errors and negligence of the nurse affected by the syndrome.

Keywords: Professional burnout. Burnout syndrome. Nursing.

1. INTRODUÇÃO

A síndrome de burnout é caracterizada como a síndrome provocada por um estresse crônico relacionado ao trabalho. Com sintomas de exaustão extrema, estresse e esgotamento físico resultante de situações de trabalho desgastante. Pessoas que tem contato direto e prolongado com outros seres humanos tem uma predisposição maior em desenvolver a síndrome. O termo burnout é definido como aquilo ou aquele que chegou ao seu limite (ARAGÃO et al., 2020).

Os profissionais da área da saúde estão entre os mais propensos a sofrer com a síndrome de burnout, doença com sintomas como irritabilidade, dores musculares, esgotamento físico e mental, na qual se divide em três dimensões exaustão emocional, despersonalização e realização profissional. Dentro desse contexto os enfermeiros são um dos principais grupos atingidos pela síndrome, pois atuam em situações estressantes no trabalho, como o contato direto com pacientes críticos (DUTRA et al., 2018).

A enfermagem tem como prioridade atender às necessidades dos indivíduos nos três níveis de prevenção: primária, secundária e terciária, sempre visando a promoção, proteção, recuperação e reabilitação do paciente. Sendo assim essa classe se depara com vastos problemas e elevada cobrança e pressão (FERREIRA et al., 2022).

Em âmbito hospitalar a demanda de pacientes é elevada e a pressão sobre a enfermagem faz com que esses profissionais se sintam insatisfeitos, sendo submetido a carga horária extensa, com poucas horas de sono e corriqueiramente com pouco recursos de materiais (ANDOLHE et al., 2020).

Erdman et al., (2019) afirmam o comprometimento na assistência pelo profissional de enfermagem, principalmente a assistência humanizada ao paciente. Visto que, a humanização se dá pelo tratamento digno e apropriado, sendo o paciente ouvido, respeitado, compreendido e aconselhado, ou seja, a síndrome de burnout é um desafio para a assistência, logo que, a enfermagem desempenha o trabalho essencial do cuidado integral.

É sabido que a síndrome de burnout é definida como estresse crônico adquirido pelo individuo em seu contato com o trabalho. Na área da saúde quando as demandas aprecem as habilidades e autoconfiança são reduzidas, afetando o desempenho da assistência e criando um círculo vicioso: mais estresse; pior enfrentamento; queda na qualidade da assistência; mais estresse. Com isso o profissional perde o sentimento de recompensa por seu cuidado prestado e a despersonificação que pode leva-lo a ficar mais rígido e tratar as pessoas como objetos, afastando-o do cuidado (BATALHA, BORGES, MELLEIRO.  2019)

A pesquisa tem por finalidade contribuir para o conhecimento dos profissionais e gestores de saúde, para que sejam capazes de identificar a doença e sensibiliza-los na busca de assistência, cuidando de quem cuida e garantindo uma prestação de assistência qualificada e humanizada. 

No Brasil não há ainda muitas publicações sobre o tema, o que aponta a importância da presente pesquisa, tendo em vista o impacto do adoecimento de profissionais da saúde sobre o bem-estar das pessoas atendidas, trazendo consequências sociais, pessoais e institucionais. Com isso, o presente estudo tem como questão norteadora: De que forma a síndrome de Burnout atinge o profissional enfermeiro e a assistência prestada em ambiente hospitalar? Como forma de responder o problema, este estudo realizou revisão integrativa sobre a produção brasileira com objetivo de identificar fatores preditivos da síndrome de burnout na enfermagem e a influência na qualidade da assistência em âmbito hospitalar, com auxílio do método qualitativo-descritivo, onde utilizou-se de revisão integrativa da literatura nacional cujos dados foram coletados da Biblioteca Virtual em Saúde das bases de dados SCIELO, LILACS, PUBMED e BDENF a partir dos descritores combinados: “Esgotamento profissional”, “Síndrome de Burnout”, “Enfermagem” e “Riscos Ocupacionais” no período de 2019 a 2023.

2. METODOLOGIA

O estudo desenvolvido foi qualitativo-descritivo, e utilizou-se de revisão integrativa da literatura nacional, caracterizada pelo agrupamento, análise e síntese sistemática e ordenada de resultados de pesquisas sobre um determinado tópico ou questão, a fim de apresentar, discutir e aprofundar a compreensão do tópico proposto.

Foram percorridas seis etapas constituintes do referido método, a saber: 1) estabelecimento do problema do estudo e identificação do tema da pesquisa; 2) seleção da amostra e busca na literatura; 3) categorização dos estudos; 4) avaliação dos estudos incluídos na revisão da literatura; 5) interpretação dos resultados; e 6) síntese dos artigos analisados.

Os artigos foram selecionados nas bases de dados SCIELO, LILACS, PUBMED e Base de Dados de Enfermagem (BDENF) a partir dos descritores combinados: “Esgotamento profissional”, “Síndrome de Burnout”, “Enfermagem” e “Riscos Ocupacionais”.

Os critérios para inclusão dos textos foram: serem artigos completos e disponíveis na íntegra, nas bases de escolha, cuja metodologia permitisse obter evidências sobre a associação dos descritores utilizados e a questão norteadora e que fosse artigos publicados entre os anos de 2019 a 2023. Utilizou-se como variáveis ainda título, objeto de estudo, abordagem metodológica e sujeitos da pesquisa. Ao critério de exclusão relacionaram-se a não utilização de artigos que não estavam disponíveis na íntegra, teses, monografias e datas de publicação inferior ao ano de 2019.

O processo de seleção dos estudos foi dividido em duas etapas. Na primeira, o refinamento ocorreu pela leitura analítica dos títulos e dos resumos. Na segunda, após a identificação, de acordo com os critérios de seleção, posse e exploração exaustiva das obras, isto é, leitura e releitura, foram selecionadas aquelas que realmente atenderam aos critérios de inclusão.

A busca nas bases de dados resultou em 1.256 estudos. Foram utilizadas as estratégias de busca: “Esgotamento profissional”, “Síndrome de Burnout”, “Enfermagem” e “Riscos Ocupacionais”, após a aplicação dos critérios de inclusão, exclusão e a leitura dos artigos. Na LILACS, foram identificados 620 estudos que, após todas as  análises, foi selecionado 05 artigos, a BDENF teve 474 estudos, que após as análises restaram  06 artigos selecionado, PUMED obteve 56 ao total, e foram selecionados 02 artigos ao final e a SCIELO que se obteve um total de 106 estudos, foram selecionados 04 artigos. Destes, 17 artigos foram incluídos nos resultados, considerados relevantes para a revisão integrativa (FIGURA 1).

Figura 1 – Fluxograma de coleta de dados

Fonte: Dados da pesquisa (2023).

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

O quadro 2 a seguir apresenta a síntese dos artigos que compõe a revisão sistemática da literatura.

Quadro 2 – Síntese das principais obras sobre os fatores preditivos da síndrome de burnout em enfermeiros e a diminuição na qualidade do cuidado, capturadas nas bases virtuais no ano de 2019-2023.             

FATORES PREDISPONENTES DA SÍNDROME DE BURNOUT EM ENFERMEIROS
AUTOR/ANOTÍTULOREVISTARESULTADO/CONCLUSÃO
01Aragão et al.,2020Síndrome de Burnout e Fatores Associados em Enfermeiros de Unidade de Terapia Intensiva.Revista Brasileira de Enfermagem REBEnOs resultados revelaram elevada prevalência da SB a elevada sobrecarga de trabalho entre os enfermeiros intensivista.
02Santos et al., 2019Síndrome de burnout entre enfermeiros de um hospital universitário.Revista Baiana enferm.Os enfermeiros participantes da pesquisa apresentaram níveis de burnout para: exaustão emocional, despersonalização e realização pessoal, houve destaque em níveis altos, para enfermeiros do centro cirúrgico.
03Munhoz et al., 2020 Estresse ocupacional e burnout em profissionais de saúde de unidades de perioperatório.Acta Paul. Enfem.Profissionais desgastados emocionalmente teve associação estatisticamente significativa entre alta demanda psicológica, e a presença de burnout.
04Dos Santos et al., 2019Saúde do trabalhador no ambiente hospitalar: fatores de risco para síndrome de burnout.Revista NursingA população estudada tem uma porcentagem maior entre vinte e trinta anos relatando ter esgotamento crítico, este é um fator de risco.
05Dutra et al., .2019Burnout entre profissionais de enfermagem em hospitais no Brasil.Revista CuidarteEsta pesquisa identificou que o local de trabalho, tipo de vínculo, turno de trabalho e tempo de experiência na unidade e na instituição foram relacionadas com a exaustão emocional entre profissionais de enfermagem, predispondo para o acometimento da SB.
FATORES PREDISPONENTES DA SÍNDROME DE BURNOUT EM ENFERMEIROS
AUTOR/ANOTÍTULOREVISTARESULTADO/CONCLUSÃO
06Ribeiro et al., 2021Influência da síndrome de burnout na qualidade de vida de profissionais da enfermagem: estudo quantitativoRevista Brasileira de Enfeite Brasileira de EnfermagemA SB predominou entre os profissionais com maior idade, destacando a despersonalização e a exaustão emocional.
07Marcelo et al., 2022Prevalência da síndrome de burnout em enfermeiros de um hospital públicoRevista EnfermagemEvidenciou-se no presente estudo destaque entre os participantes para a detecção de alta exaustão emocional, colaborando para conclusão da pesquisa em   evidenciar uma alta prevalência da Síndrome de burnout em 62,6% dos participantes.
08Santos et al., 2022Síndrome de burnout entre profissionais de enfermagem.Enferm. FocoDenotou-se por reações como exaustão emocional e física, perda de sentimento de realização no trabalho com produtividade diminuída, a despersonalização extrema, como fatores desencadeantes da SB.
09Borges et al., .2021Burnout entre enfermeiros: um estudo multicêntrico comparativo.Latino-am. EnfermagemAproximadamente 42% dos enfermeiros apresentaram níveis moderados/altos de burnout, não sendo encontradas diferenças entre os países, destacando a despersonalização.
10Rhoden et al., 2021Estresse e resiliência de enfermeiros antes e depois da avaliação para acreditação hospitalar.Revista Brasileira de EnfermagemGerenciar pessoas, processos e assistência são atividades desgastantes no processo de Acreditação e elevam os níveis de estresse dos enfermeiros.
Fonte: Dados da pesquisa (2023).

Quadro 2 – Síntese das principais obras sobre os fatores preditivos da síndrome de burnout em enfermeiros e a diminuição na qualidade do cuidado, capturadas nas bases virtuais no ano de 2019-2023

FATORES DE RISCO DE DIMINUIÇÃO DA QUALIDADE DO CUIDADO
AUTOR/ANOTÍTULOREVISTARESULTADO/CONCLUSÃO
01Silva, Carneiro e Ramalho 2020.Incidência da síndrome de burnout em profissionais de enfermagem atuantes em unidade de terapia intensiva.Revista online de pesquisaContatou-se que, de fato um alto nível de estresse pode levar a uma queda drástica na qualidade e humanismo do atendimento prestado aos pacientes.
02Batalha, Maleiro e Borges, 2019.Burnout e sua interface com a segurança do paciente.Revista de enfermagem Ufpe on linePercebeu-se que o burnout é negativamente associado a segurança do paciente, sendo que as pesquisas evidenciaram pontos críticos que podem ser afetados pelo Burnout, como os eventos adversos em geral, especialmente as quedas, os erros de medicação e as infecções relacionadas à assistência à saúde.
03Silva Junior et al., 2020Comportamento dos profissionais de enfermagem na efetivação da humanização hospitalar.Revista de pesquisa: Cuidado é Fundamental onlineRevelou-se que o enfermeiro desenvolve funções de gerenciamento, assistência direta ao paciente e manipulação. Tais atribuições propiciam a sobrecarga do profissional além do distanciamento da assistência humanizada
04Castelblanco et al., 2020Cuidado ao cuidador profissional da saúde: revisão integrativa.  Uruguaya de enfermeríaAos fatores de risco relacionados a SB, ao se tornarem persistentes, podem refletir na qualidade do cuidado desenvolvido.
05Saura et al., 2021Fatores associados ao burnout em equipe multiprofissional de um hospital oncológico.Revista da escola de enfermagem da USPÉ pertinente que o cuidado e atenção a esses profissionais seja uma prioridade, pois o prejuízo físico/psicológico pode acarretar ônus pessoal, institucional e, especialmente, assistencial.
FATORES DE RISCO DE DIMINUIÇÃO DA QUALIDADE DO CUIDADO
AUTOR/ANOTÍTULOREVISTARESULTADO/CONCLUSÃO
06Almeida et al., 2022A humanização da enfermagem nos cenários de urgência e emergência.    Enferm. FocoOs estudos acrescentam ainda que a falta da quantidade necessária de funcionários resulta em sobrecarga de trabalho, implicando diretamente na qualidade da produção do cuidado, além de insatisfação profissional, devido a situações constantes de estresse.
07Da Silveira, Centenaro e Picollo, 2021Trabalho de enfermagem unidade de internação pediátrica: desafios do cotidiano.Enferm. FocoA imersão em um cotidiano de rotinas e acúmulo de atividades, afeta e torna-se um desafio aos profissionais de enfermagem em promover assistência qualificada e humanizada.
Fonte: Dados da pesquisa (2023).

Observou-se na presente pesquisa, quanto aos fatores predisponentes da síndrome de burnout em enfermeiros, elevados fatores que predispõem a SB, resultado preocupante, tendo em vista que os profissionais estudados atuam na assistência direta a pacientes, em que o erro na execução dos procedimentos pode representar sequelas graves ou até mesmo o óbito.

Os trabalhadores estudados, em sua maioria, revelaram a alto prevalência de sobre carga de trabalho, esgotamento profissional e despersonalização, como fatores predispondes para desenvolvimento da síndrome de burnout em enfermeiros, não se limitando em área de atuação, o que se torna potencialmente mais preocupante, ora, observa-se que independente do ramo, o profissional enfermeiro é uma categoria com maior exposição aos agravantes.  

Colaborando com os achados da presente pesquisa, Santos et al., (2019) obtiveram resultados gerais para a exaustão emocional foi 21,9 (±5,0), para despersonalização foi 8,1 (±2,6) e para diminuição da realização pessoal foi 30,4 (±3,2), o que indica a vulnerabilidade de burnout entre os participantes.

Em uma pesquisa semelhante aos objetivos da atual pesquisa, Munhoz et al., (2020) concluíram que profissionais emocionalmente exaustos que se distanciam de seus colegas têm altas necessidades psicológicas. À medida que as necessidades psicológicas aumentam, também aumentam o sofrimento emocional e a despersonalização.

A pesquisa de Dos Santos et al., (2019) reforça os resultados do presente estudo, onde verificaram que a maioria dos participantes relatou ter sintomas físicos, revelando que 36,0% dos participantes apresentaram indicadores da presença de desempenho estressante, derivado a alta demanda de trabalho, e que durante a fase de exaustão, o indivíduo fica exposto, com a imunidade enfraquecida onde propicia o aparecimento de patologias.

Já no estudo e Marcelo et al., (2022) e Dutra et al., (2019) revelaram que a exaustão emocional, em especifico, colaborou para conclusão da pesquisa em evidenciar uma alta prevalência da Síndrome de burnout em profissionais enfermeiros

Outra característica importante no estudo de, Borges et al., (2021) Santos et al., (2022) e Ribeiro et al., (2021), mostram   a prevalência de burnout em mulheres, visto que em homens é predominante a despersonalização, essas mulheres tem entre 22 e 33 anos com pouca experiência de trabalho, celetistas, com cargos de alta demanda e responsabilidade. Esses estudos também mostram a importância que o enfermeiro tem nos locais em que atua pois ele sempre ocupa um lugar de liderança, fazendo com que tenha mais reponsabilidades, e sobrecarga inclusive em comparação com técnicos de enfermagem. 

De acordo com a presente pesquisa e aos resultados coletados quanto aos fatores de risco para a diminuição da qualidade do cuidado, teve destaque na literatura, possíveis prejuízos à segurança do paciente, e a diminuição na qualidade do cuidado, frente aos fatores de predisponentes da SB no profissional enfermeiro. Desse modo, o esgotamento e exaustão profissional e a sobre carga de trabalho desses profissionais podem interagir para produzir qualidade mais baixa do atendimento ao paciente e, em consequência disso, ocorrer o aumento da frequência de incidentes clínicos.

Visto que, na pesquisa realizada por Saura et al., (2021), também colabora quando apresenta o resultado de que os profissionais se sentem mais sufocados quando atendem mais de 16 pacientes por dia, podendo desencadear o burnout que está relacionado com a qualidade da assistência de enfermagem. 

No estudo de da Silveira, Centenaro e Picollo, (2021) mostram que a sobrecarga de trabalho pode levar à enfermagem ao estresse e potencializar emoções e sensações de negativismo, e isso associada a complexidade do trabalho e a altas demanda, se torna um fator desencadeante de má qualidade na assistência. 

Ainda nos achados de Silva Junior et al., (2020), Silva, Cameiro e Ramalho (2020) Castelblanco et al., (2020) e Almeida et al., (2022),  mostram que a baixa realização profissional o sentimento de incompetência, falta de recursos no ambiente de trabalho, desequilíbrio, cansaço físico e mental, desesperança em relação ao trabalho e estresse são os desencadeadores da baixa qualidade prestada pela enfermagem em todas as áreas de atuação, porem chama a atenção o risco que o paciente que demanda de cuidados intensivos ou paliativos tem em estar dependente de uma equipe que contempla esses fatores descritos. 

Em conformidade com o estudo Batalha, Maleiro e Borges, (2019), associa um melhor ambiente de trabalho com menor índice de burnout, que se correlaciona com maior segurança do paciente, e características como exaustão e despersonalização estão diretamente ligadas a queda e erros de medicação.  

  A enfermagem é uma área de atuação em que a ciência. a técnica e a humanização são essenciais para a recuperação e melhora do paciente, uma vez feita e liderada sem atenção e com recursos limitantes, pode fazer com que o paciente sofra não só erros físicos, como também, desenvolver problemas emocionais, uma vez que este paciente estará em um momento de fragilidade e poderá ser mal tratado por um profissional da área de saúde com burnout. 

Achados no estudo de Aragão et al., (2020), mostraram alta prevalência de SB em 53,6% dos profissionais enfermeiros, dado preocupante visto que os profissionais estudados atendiam diretamente pacientes críticos, onde erros na execução de procedimentos poderiam representar sequelas graves e até a morte dos pacientes.

Os autores confirmaram que a segurança do paciente influencia melhorias na qualidade dos serviços de saúde e está associada a boas práticas de enfermagem. O foco na segurança do paciente visa reduzir ao mínimo aceitável o risco de lesões associadas aos cuidados prestados pelos profissionais de saúde (ARAGÃO et al., 2020).

Diversas manifestações referentes às dimensões da síndrome de burnout, precisam de atenção e valorização por parte das instituições, com o planejamento e a implementação de medidas que favoreçam a redução dos fatores predisponentes da SB, influenciando diretamente também na qualidade da assistência prestada por profissionais enfermeiros. 

CONCLUSÃO

Com base nos resultados obtidos durante o desenvolvimento da pesquisa, foi possível concluirmos que o objetivo proposto foi alcançado, evidenciando fatores que desencadeiam a síndrome de burnout nos enfermeiros assim como riscos gerados quanto aos cuidados ofertados para os pacientes. Dessa forma nota-se que o ambiente de trabalho está correlacionado ao desempenho profissional e sua eficácia.

Revelou-se que o enfermeiro tem prevalência significativas de estressores como jornada excessiva, escassezes de insumos, e esgotamento psicológico, que atribuíram relação negativa na assistência ofertada, em todos âmbitos ocupacionais de trabalho executados pelos enfermeiros.

Conclui-se por meio dos aspectos apresentados no estudo, que a síndrome de burnout acarreta grandes problemas de saúde para o profissional, quanto ao cliente/paciente que terá a qualidade de seu atendimento comprometido, gerando malefícios que irão impactar na saúde dos pacientes que estão vulneráveis aos erros e negligências do enfermeiro acometido pela síndrome.

Constata-se através desse estudo a importância de novas pesquisas nessa área, sobre a síndrome de burnout para que todos os enfermeiros e gestores tenham conhecimento quanto a influência nociva da síndrome na vida dos profissionais de enfermagem, assim como prejuízos na assistência ao paciente. Portanto, torna-se necessário para futuras implementações estratégicas que promovam a prevenção dessa patologia, visando a otimização da saúde mental e física desses.

Estudos escassos em literatura nacional e internacional a respeito dos fatores de risco de burnout correlacionado a qualidade da assistência prestada no âmbito hospitalar pelo profissional enfermeiro é evidente a lacuna ainda existente, delimitando a discussão. No entanto sugerimos futuras investigações, onde poderão ampliar essa realidade por meio de outros métodos de estudos e formas de pesquisas, baseados no estudo apresentado.  

REFERÊNCIAS

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DUTRA, Herica Silva et al. Burnout entre profissionais de enfermagem em hospitais no Brasil. Revista Cuidarte, v. 10, n. 1, 2019. Disponível em: http://www.scielo.org.co/scielo.php?pid=S2216-09732019000100205&script=sci_arttext&tlng=pt. Acesso em: 01 de abr. 2023.

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¹Acadêmicas do curso de enfermagem pela Faculdade de Educação de Jaru (FIMCA-UNICENTRO).
²Professora orientadora. Enfermeira coordenadora da Vigilância Epidemiológica de Jaru-RO. Docente na Faculdade de Educação de Jaru (FIMCA-UNICENTRO). Mestranda na Universidade Federal de Rondônia (UNIR). Graduada em Didática e Metodologia do Ensino Superior pela Faculdade de Educação de Jaru (FIMCA-UNICENTRO), Estratégia Saúde da Família pela Faculdade Venda Nova do Emigrante (FAVENI) e Gestão Pública pela Faculdade Educacional da Lapa (FAEL) – E-mail: lorena_roas@hotmail.com