DEPRESSÃO EM ESTUDANTES DE ENFERMAGEM: UMA REVISÃO INTEGRATIVA¹

DEPRESSION IN NURSING STUDENTS: AN INTEGRATIVE REVIEW

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7900919


Francisca Kauana Bezerra Pires2
Benedita Maryjose Gleyk Gomes3


RESUMO: A enfermagem é um curso que trata diretamente da vida em diferentes áreas de trabalho no ensino e na aprendizagem, podendo desenvolver sentimentos relacionados às situações vividas nesta área. Para a construção da questão norteadora utilizou-se a estratégia PICo, na qual P – estudantes de enfermagem I – assistência de enfermagem/ Co – melhoria da qualidade de vida. Na qual estabeleceu a seguinte pergunta norteadora: quais as evidências da literatura científica sobre o acometimento por sinais e sintomas de depressão em acadêmicos de enfermagem? Analisando a produção científica atual, este estudo teve como objetivo avaliar os dados disponíveis na literatura científica sobre a presença de sinais e sintomas de depressão em estudantes de enfermagem. A metodologia usada no estudo foi uma pesquisa bibliográfica, exploratória, descritiva, de caráter qualitativo, baseado no método de revisão integrativa. As bases de dados pesquisadas foram: A Scientific Electronic Library Online (SCIELO), e Bases de dados em enfermagem (BDENF), e Literatura Latino-americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS). O levantamento dos dados foi realizado entre os anos de 2018 a março de 2023. Aplicados os critérios de inclusão e exclusão foram selecionados 08 artigos encontrados nas bases de dados e disponíveis em português. Os artigos apresentaram os fatores que estão relacionados ao desenvolvimento de depressão em acadêmicos de enfermagem. Enfatiza-se que o desenvolvimento de sinais e sintomas de depressão nos acadêmicos de enfermagem é cada vez mais frequente, afetando consideravelmente sua qualidade de vida.  

Palavras–Chave: Saúde mental. Acadêmicos de enfermagem. Sinais e Sintomas.

ABSTRACT: Verpleegkunde is een opleiding die rechtstreeks te maken heeft met het leven in verschillende werkgebieden in het onderwijs en het leren, en kan gevoelens ontwikkelen die verband houden met de situaties die op dit gebied worden ervaren. De PICo-strategie werd gebruikt om de leidende vraag te construeren, waarin P – studenten verpleegkunde I – verpleegkundige zorg/ Co – verbeterde kwaliteit van leven. De volgende leidende vraag werd opgesteld: wat is het bewijs in de wetenschappelijke literatuur over de betrokkenheid van tekenen en symptomen van depressie bij studenten verpleegkunde? Deze studie had tot doel de in de wetenschappelijke literatuur beschikbare gegevens over de aanwezigheid van tekenen en symptomen van depressie bij studenten verpleegkunde te evalueren. De in de studie gebruikte methodologie was een bibliografisch, exploratief, beschrijvend, kwalitatief onderzoek, gebaseerd op de integratieve review methode. De doorzochte databank waren: The Scientific Electronic Library Online (SCIELO), en databases in Nursing (BDENF), en Latin American and Caribbean Literature on Health Sciences (LILACS). Het gegevensonderzoek werd uitgevoerd tussen de jaren 2018 tot maart 2023. Na toepassing van de in- en uitsluitingscriteria werden 08 artikelen geselecteerd die in de databanken waren gevonden en beschikbaar waren in het Portugees. De artikelen presenteerden de factoren die gerelateerd zijn aan de ontwikkeling van depressie bij studenten verpleegkunde. Er wordt benadrukt dat de ontwikkeling van tekenen en symptomen van depressie bij studenten verpleegkunde steeds vaker voorkomt, waardoor hun kwaliteit van leven aanzienlijk wordt beïnvloed.

Keywords: Mental health. Nursing Students. Signs and Symptoms.

1 INTRODUÇÃO

Quando os estudantes entram na faculdade, eles passam por uma trajetória de graduação, entretanto, esta etapa é geralmente vivida por adolescentes ou jovens adultos, criando um choque real nesta população cujas responsabilidades aumentam, afetando diretamente seu desempenho psicológico e relacionamentos com amigos e familiares, levando a uma maior vulnerabilidade a distúrbios psicossociais (AMADUCCI; MOTA; PIMENTA, 2020).

A enfermagem é um curso que trata diretamente da vida em diferentes áreas de trabalho no ensino e na aprendizagem, podendo desenvolver sentimentos relacionados às situações vividas nesta área. Profissionais e estudantes de enfermagem estão em contato direto com o sofrimento trazido pela doença mental e, até certo ponto, enfrentam uma sobrecarga que torna sua jornada difícil, estressante e cansativa, tanto profissional como academicamente (PRETO et al., 2018).

Ainda segundo os autores supramencionados, os distúrbios mentais representam cerca de 13% de todas as doenças do mundo, com 90% dos casos classificados como distúrbios mentais comuns, tais como depressão, ansiedade e somatização (PRETO et al., 2018).

Durante o período universitário, os estudantes são expostos a situações de pressão psicológica devido ao aumento da carga acadêmica e da responsabilidade, observando uma maior vulnerabilidade ao desenvolvimento de transtornos mentais por estarem em um ambiente que causa ansiedade, estresse e momentos que se transformam em depressão (RODRIGUES JÚNIOR, 2019).

Um estudo realizado em uma universidade do interior de Minas Gerais constatou que aproximadamente 12-18% dos estudantes foram diagnosticados com algum tipo de distúrbio mental diagnosticável, em sua maioria relacionado à saúde, durante o período acadêmico, e em particular entre os estudantes de enfermagem, com o número variando de 22-31,8% (MOHEBBI, 2019).

Corroborando a este achado, o estudo de Santos et al., (2018) descobriu que aproximadamente 15-25% dos estudantes de graduação desenvolvem distúrbios de saúde mental, principalmente depressão.

Frente a esta problemática elabora-se a questão norteadora do estudo que é quais as evidências da literatura científica sobre o acometimento por sinais e sintomas de depressão em acadêmicos de enfermagem? O objetivo do estudo foi avaliar os dados disponíveis na literatura científica sobre a presença de sinais e sintomas de depressão em estudantes de enfermagem, identificar os possíveis fatores que desencadeiam o quadro de depressão em acadêmicos de enfermagem.

2 MATERIAL E MÉTODOS

Este trabalho trata-se de uma revisão integrativa, que é considerada um método científico que tem por objetivo agrupar de maneira resumida evidências de diversos trabalhos sobre um determinado assunto. De acordo com Mendes, Silveira e Galvão (2019, p. 79) explicam que:

A revisão integrativa se dá através das etapas de elaboração da pergunta da revisão, busca e seleção dos estudos primários, extração de dados dos estudos, avaliação crítica dos estudos primários incluídos na revisão, síntese dos resultados da revisão e apresentação do método.

Para a construção da questão norteadora utilizou-se a estratégia PICo, na qual P – acadêmicos de enfermagem I – assistência de enfermagem/ Co – melhoria da qualidade de vida. Na qual estabeleceu a seguinte pergunta norteadora: quais as evidências da literatura científica sobre o acometimento por sinais e sintomas de depressão em acadêmicos de enfermagem?

A pesquisa foi fundamentada em artigos científicos publicados entre 2018 e março de 2023. Foram realizadas buscas em artigos referentes a depressão em acadêmicos de enfermagem nos últimos cinco anos, nos bancos de dados A Scientific Electronic Library Online (SCIELO), Literatura Latino-americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), e Bases de dados em enfermagem (BDENF), associando os descritores em saúde (DeCS): “Enfermagem” “Depressão” “Acadêmicos” e “Saúde Mental”. Para relacionar os descritores foi usado o operador booleano AND.

Como critérios de inclusão foram usados estudos originais que respondessem à questão norteadora, disponibilizados na íntegra, em qualquer idioma, e no recorte temporal de 2018 a 2023. Como critérios de exclusão foram usados: pesquisas duplicadas, artigos de revisão, teses e dissertações. Depois do procedimento da busca eletrônica nas bases de dados citadas, as publicações foram pré-selecionadas baseadas na leitura dos títulos, resumos e resultados. Em seguida, foi realizada a leitura na íntegra dos artigos antecipadamente selecionados.

Quanto a extração dos dados, foi realizado o refinamento dos artigos, onde todos foram analisados integralmente, os estudos selecionados tiveram que atender os critérios de inclusão requisitados na metodologia, correspondendo a questão norteadora do estudo.  Foram coletados dados referentes aos autores, ano, objetivos, métodos e resultados de cada estudo.

Após seleção minuciosa dos artigos foi feita a organização e leitura do material, para que houvesse um conhecimento mais profundo sobre o conteúdo. Em seguida foi executada a exploração do material, fase que solicitou maior tempo. 

Na última fase foi realizada uma interpretação dos resultados obtidos, para entender o que está escrito no conteúdo dos artigos elaborando uma síntese com autores, ano, objetivos, métodos e resultados de cada artigo, atentando para todas as informações.  Usando os termos escolhidos e a estratégia de busca, 87 artigos foram recuperados de todos os bancos de dados. Após a aplicação dos critérios de inclusão e exclusão, a leitura dos resumos e do texto completo, restaram 03 estudos da SCIELO e 05 da LILACS, para um total de 08 artigos. 

Figura 1 – Representação esquemática do fluxograma da seleção dos artigos, segundo o   método de PRISMA.

3 RESULTADOS 

Foram encontradas 29.101 publicações nas bases de dados Scientific Electronic Library Online (SCIELO), Bases de dados em enfermagem (BDENF) e Biblioteca Virtual em Saúde (BVS). Após excluir 26.892por filtragem foram encontrados 

42 artigos que após leitura do título e/ou não disponível na íntegra, assim foi aplicado filtros e palavras chaves, sendo selecionados 45 artigos, excluído 9 artigos que não atenderam os critérios de inclusão. Após a leitura ficaram 33 artigos elegíveis para leitura na íntegra, depois de uma leitura seletiva dos artigos, foram eliminados 25 estudos por não responderem à questão norteadora, no qual foram sendo selecionadas 08 publicações para esta revisão integrativa.

O quadro 1 apresenta as informações referentes aos dados de identificação dos artigos incluídos no estudo. Cada um dos trabalhos recebeu um código de apresentação (ID) que vai de A1, A2, A3… até A8. Além disso, para melhor esclarecer o leitor, os achados foram apresentados de acordo com seus respectivos autores, títulos dos periódicos, objetivo, base de dados, resultado, metodologia e resultados.

Quadro 01 – Síntese dos artigos incluídos

NAutor/anoMétodoResultadosConclusão
A1Bublitz et al., (2019)Estudo quantitativo, analítico e transversalParticiparam 705 acadêmicos, com predomínio destes emmédio nível de estresse, seguido pelo alto nível de estresse. Quanto às associações, verificou-se diferenças estatísticas significativas entreestresse e as variáveis: faixa etária, tipo de instituição (pública/privada), atividade de trabalho, satisfação com o curso e se já pensou emdesistir do curso.Esse estudo permitiu considerar que a formação acadêmica é avaliada como estressora e existe associação entre nível deestresse e as características dos discentes de enfermagem.
A2Claudino e Cordeiro (2019)Estudo quantitativo, transversal e descritivoOs inquiridos que frequentam o 1º e o3º ano do curso em licenciatura em Enfermagem apresentam, níveis de Ansiedade maiselevados do que os alunos do 2º e 4º anos do mesmo curso.Assim concluímos, que existem diferenças significativas entre os inquiridos dosexo feminino e masculino, sendo os elementos do sexo feminino que apresentam osvalores da Ansiedade e Depressão mais elevados
A3Beneton, Schmitt e Andretta (2021)Pesquisa quantitativaAs drogas mais utilizadas foram álcool, tabaco e maconha, sendo o álcool o que mais pontuou. Houve correlações significativas entre o uso de drogas com sintomas de estresse e ansiedade.Destaca-se a necessidade de atentar para o uso de substâncias realizado por universitários da área da saúde, uma vez que esta pode acarretar danos à vida acadêmica, pessoal e profissional.
A4Leão et al., (2018)Estudo transversal analítico com alunos do primeiro ano dos cursos da saúde (Biomedicina, Enfermagem, Fisioterapia, Medicina e Odontologia) de um Centro Universitário no Ceará.As prevalências de depressão e ansiedade foram de 28,6% e 36,1%, respectivamente. Estudantes menos satisfeitos com o curso apresentaram chance quase quatro vezes maior de terem depressão (p < 0,001).As prevalências de ansiedade e depressão entre os estudantes da área da saúde foram muito superiores às da população em geral, tendo os estudantes do curso de Fisioterapia apresentado o resultado mais alto.
A5Garro, Camillo e Nobrega (2018)Estudo analítico e quantitativo Apontam que a população estudada merece significativa atenção uma vez que, dos 119 alunos do curso de graduação em enfermagem, 33 (26,06%) apresentaram sintomas indicativos de depressão. Estes números são importantes, pois demonstram que essa população vivencia situações conflituosas no dia-a-dia, podendo ser estas responsáveis pelo desencadeamento de sintomas indicativos de depressão.É de grande relevância mostrar a necessidade da criação de programas de suporte psicológico aos alunos de graduação em enfermagem de todas as séries, objetivando oferecer suporte para lidarem com as situações de sofrimento psíquico. 
A6Sousa, 2021Estudo transversal de caráter descritivo, com abordagem quantitativa. Amostra constituída por 79 estudantes do Curso de Bacharelado em Enfermagem.A análise dos resultados demonstrou que os sintomas depressivos estacam presentes em 45,56% da amostraOs resultados contribuem para análise da saúde mental dos acadêmicos do curso de enfermagem, e a necessidade da promoção do bem-estar psicológico destes estudantes
A7Monteiro, Freitas e Ribeiro (2019)Estudo exploratório, qualitativo, com produção de dados por meio de entrevista semiestruturada aplicada a 22 alunos.Os resultados possibilitaram a construção das categorias de análise: situações estressoras, sintomas do estresse e desempenho das atividades acadêmicas.Constatou-se que os sintomas apresentados pelos alunos foram de aspectos fisiológico e emocional. Por fim, revelou-se que as situações de estresse repercutem de forma negativa no desempenho das atividades
A8Camargo, Sousa, Oliveira (2022)Estudo de caráter exploratório descritivo, com amostra probabilística de 91 indivíduos, representando percentual de 30% dos alunos matriculados no curso.A totalidade dos indivíduos pesquisados apresenta sintomas de depressão, sendo que 57 (62,6%) apresentaram níveis de depressão mínima; 23 (25,2%) situam-se na faixa de depressão leve a moderada; 10 (10,9%) relataram depressão moderada a grave e um (1,1%) manifestou quadro de depressão grave.Os resultados obtidos contribuem para o avanço do conhecimento científico e como incentivo para a realização de novas pesquisas. Nesta pesquisa houve mais prevalência de depressão em acadêmicos na faixa etária de 17 a 23 anos, representando 70 (72,5%) participantes da amostra.

4 DISCUSSÃO

Após a leitura e análise dos resultados dos estudos da amostra final, pode ser estabelecido que a depressão moderada a severa está presente na maioria dos estudantes de enfermagem. A ocorrência de sinais e sintomas de ansiedade e depressão em acadêmicos de enfermagem afeta significativamente sua qualidade de vida. O ambiente universitário cria uma série de situações que levam à desistência e pode influenciar ou causar o desenvolvimento de sintomas relacionados a estas patologias.

O ambiente universitário cria uma série de situações que levam ao abandono do curso e pode influenciar ou causar o desenvolvimento de sintomas relacionados à depressão nos alunos devido a uma tendência crescente a estilos de vida sedentários, o que é um fator de risco. Neste contexto, a compreensão da saúde mental dos acadêmicos é bastante vulnerável (MIRANDA et al., 2020).

De acordo com os achados nos estudos de (A1), o estresse, a fadiga, a qualidade de vida e os problemas sociais têm sido apontados entre os principais fatores clássicos da depressão. Em um desses trabalhos, jornadas longas e exaustivas e problemas econômicos são citados como os fatores mais importantes (SILVA et al., 2021).

Pode-se observar que durante os estudos de (A4), os acadêmicos são expostos a situações que causam ansiedade, medo, preocupação, conflito e estresse, além de uma sobrecarga de atividades teóricas e práticas, que podem causar sintomas depressivos.

Segundo Amaducci, Mota e Pimenta (2020), a relação entre fadiga e depressão, já que ambas têm os mesmos fatores predisponentes e uma pode levar à outra, já que a fadiga vai além do cansaço físico, caracteriza-se pelo fato de que não diminui, mesmo com estratégias. O estudo mostrou que nos acadêmicos de enfermagem ambos os fatores podem estar relacionados, e em um grau elevado.

Nos resultados de (A8), constatou-se que os acadêmicos com sintomas depressivos tinham uma baixa autoestima e qualidade de vida, e que têm dificuldades, por exemplo, em dormir, comer e ter relações sexuais, mas não associam estes sintomas à depressão. Isto também sugere um maior interesse dos estudantes no campo da saúde mental. 

Isto foi observado no (A5) onde um estudo de acadêmicos de enfermagem no qual a mediana das respostas a cada pergunta em cada domínio foi analisada. Como a avaliação cobriu outros aspectos físicos que interferem na capacidade de concentração, tais como a satisfação com o sono, a mediana estava no nível três dos cinco fatores de qualidade de vida.

De acordo com Furegato (2018), em sua amostra, observou-se que os estudantes de enfermagem eram aqueles que trabalhavam durante o dia. De acordo com o estudo, o trabalho pode ser um fator de proteção contra a depressão, já que a patologia causa danos sociais como isolamento, afastamento do trabalho e estudo.

Os sintomas depressivos nos acadêmicos de enfermagem também estão associados ao estágio, pois neste momento os estudantes estão face a face com os pacientes, o que pode causar ansiedade e insegurança, fatores relevantes para o desenvolvimento dos sintomas, levando a resultados insatisfatórios para o indivíduo. Estes sentimentos podem persistir até o final do curso, causando depressão no estudante (A6).

No entanto, mesmo que as mulheres tenham um desempenho melhor que os homens, está provado que os acadêmicos do gênero masculino são mais propensos a sofrer angústia psicológica no curso de enfermagem, já que são considerados fisicamente fortes em um curso com características femininas e, de acordo com a pesquisa, 87,24% da profissão é feminina (MAURÍCIO; MARCOLAN, 2019). 

Confirmando esta assertiva, os estudo de (A2) e (A4) apontam que o período de estudo vem como uma novidade para os alunos, forçando-os a experimentar uma série de mudanças e ajustes que podem se tornar um ambiente estressante, levando em conta fatores como dependência, carga de trabalho do professor, hábitos individuais e novos, além da ansiedade e do aumento da responsabilidade que o aluno começa a ter. Como consequência, estresse, irritabilidade, impaciência, depressão e infelicidade podem ocorrer no aluno.

Martins e Martins (2018) mencionam que isto muitas vezes se traduz em dificuldades de aprendizagem, capacidade de raciocínio prejudicada, problemas de memória e diminuição do desempenho acadêmico, bem como uma deterioração na qualidade de vida da população universitária.

Outro fator de desconforto psicológico para o estudante universitário é o processo de conclusão do curso, que é acompanhado pela produção do TCC, levando a novos episódios de insegurança, ansiedade e depressão. O acadêmico está em uma situação estressante, tendo que alternar estudos, trabalho, vida familiar e social. Além disso, estes estudantes também se envolvem com substâncias psicoativas principalmente. (A3).

Dessa forma, a depressão tem sido descrita como uma doença mental multifatorial que afeta mais de 300 milhões de pessoas de todas as idades e causa deficiência, angústia, mudanças nas interações sociais e suicídio. Apesar da existência de vários tratamentos eficazes para a depressão, o acesso a eles continua limitado devido à falta de recursos, profissionais treinados, diagnósticos errados e estigma social, entre outras barreiras (PRETO, 2018).

(A6) destaca que a depressão não está exclusivamente relacionada às etapas da vida e aos aspectos geográficos, mas nos últimos anos, com o acesso à tecnologia e relações interpessoais alteradas, parece que os sinais e sintomas aparecem mais precocemente.  

No ambiente universitário, os estudantes de enfermagem são mais propensos à depressão, o que se explica pelo fato de que eles interagem mais com os pacientes e são frequentemente confrontados com dor, sofrimento e morte (MESQUITA et al., 2019).

Neste contexto, uma saúde mental equilibrada durante os estudos de graduação reflete um melhor desenvolvimento acadêmico e aprendizado. É o início de uma etapa fundamental para o crescimento pessoal e profissional do indivíduo, que será percebido e vivenciado de forma diferente (A4).

Os distúrbios de saúde mental ainda são percebidos com muito estigma pela sociedade, o que torna difícil para os afetados buscar ajuda, complica o diagnóstico e aumenta o potencial de exacerbação, especialmente entre os jovens em idade de graduação. É imperativo que as instituições educacionais forneçam a esses estudantes algum tipo de apoio psicológico (COSTA et al., 2019).

Destaca-se, portanto, a importância de desenvolver estratégias de encaminhamento e diagnóstico precoce de sinais e sintomas de ansiedade e depressão na graduação, para que intervenções de prevenção individual e grupal possam ser desenvolvidas com estudantes, com o apoio de professores, profissionais de saúde e, se possível, envolvendo membros da família.

5 CONCLUSÃO

Ao término do estudo foi constatado que o tema da saúde mental foi muito relevante durante o período do estudo, especialmente no que diz respeito aos sinais e sintomas associados à depressão e ansiedade, os principais transtornos mentais enfrentados por esta população. Durante a graduação, os estudantes são expostos a várias situações e sentimentos que podem desencadear o processo da doença mental.

Notou-se que os acadêmicos de enfermagem são constantemente expostos a fatores de risco de doença durante seus estudos e supervisão, especialmente devido à ênfase no cuidado atento e no contato constante com os pacientes e situações que desencadeiam sentimentos como tristeza, ansiedade e estresse desde o início de seus estudos de graduação.

Desse modo, a questão dos sinais e sintomas de depressão nos estudantes universitários continua a ser caracterizada pela falta de conhecimento e pela escassez de pesquisas e intervenções relevantes. Portanto, são necessárias mais pesquisas sobre este assunto para reduzir a incidência e a vulnerabilidade desta população através de apoio apropriado durante a graduação.

Além disso, é muito importante que a prática profissional seja orientada pelas evidências disponíveis na literatura, portanto, recomenda-se que sejam fornecidos recursos para treinamento nesta área, seja durante cursos de graduação, incluindo este tema no currículo, ou expandindo os cursos de pós-graduação, dada a importância deste tópico e a falta de pesquisas e intervenções dedicadas a este assunto. 

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1Artigo apresentado ao Curso de Bacharelado em Enfermagem do Instituto Ensino Superior do Sul do Maranhão/Unidade de Ensino Superior do Sul do Maranhão
2Graduanda em Enfermagem pelo Instituto Ensino Superior do Sul do Maranhão/Unidade de Ensino Superior do Sul do Maranhão. E-mail: kauanalacasa@gmail.com
3Orientadora. Mestra em Gestão e Desenvolvimento Regional. E-mail: benedita.mggomes@gmail.com