O EMPREENDEDORISMO JUDICIÁRIO E A MODERNIZAÇÃO DOS ESCRITÓRIOS

THE JUDICIAL ENTREPRENEURSHIP AND THE MODERNIZATION OF OFFICES

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7838768


Abigaele Pereira do Nascimento1
Gustavo Henrique Félix Parente2
Acsa Liliane Carvalho Brito Souza3


RESUMO

O presente estudo teve por objeto, a análise peculiar sobre o empreendedorismo jurídico e a modernização dos escritórios advocatícios, com o contexto da advocacia, onde existe intensa limitação pelo Código de Ética. Entretanto, foi abordado o cenário no qual se encontra a prática jurídica, o enquadramento do advogado e da sociedade de advogados diante do Código Civil, em uma perspectiva diretamente relacionada ao conceito de empresa. Ademais, a importância do empreendedor jurídico, está no enfrentamento de dilemas e difícil condução, diariamente oportunidades são ameaçadas. Os desafios da modernização de escritório jurídico, exigem atitudes e práticas diferentes e inovadoras. Além disso, o marketing jurídico está relacionado ao empreendedorismo jurídico, destacando a origem e definição, sua aplicabilidade em uma conjuntura global e a relevância da publicidade para concretização deste, a expansão do marketing e das práticas ao empreendedorismo e a modernização dos escritórios advocatícios. Por fim, foi abordado sobre a importância do conhecimento técnico e do perfil empreendedor do(a) advogado(a) que pretende ter uma carreira de sucesso, alavancando na gestão do seu próprio negócio, buscando inovações, para desenvolver departamentos jurídicos de empresas ou em escritórios como colaborador.

Palavras-chave: Advocacia. Empreendedorismo. Judiciário. Modernização. 

ABSTRACT

The purpose of this study was the peculiar analysis of legal entrepreneurship and the modernization of law firms, with the context of law, where there is an intense limitation by the Code of Ethics. However, the scenario in which the legal practice is found, the framing of the lawyer and the law firm before the Civil Code, in a perspective directly related to the concept of company, was approached. In addition, the importance of the legal entrepreneur is in facing dilemmas and difficult conduction, daily opportunities are threats. The challenges of modernizing a legal office require different and innovative attitudes and practices. In addition, legal marketing is related to legal entrepreneurship, highlighting the origin and definition, its applicability in a global context and the relevance of advertising for its implementation, the expansion of marketing and practices to entrepreneurship and the modernization of law firms. Finally, the importance of technical knowledge and the entrepreneurial profile of the lawyer who intends to have a successful career was approached, leveraging the management of his own business, seeking innovations, to develop legal departments of companies or in offices as a collaborator.

Keywords: Advocacy. Entrepreneurship. Judiciary. Modernization.

1 INTRODUÇÃO

O presente artigo teve como principal propósito examinar o aperfeiçoamento da advocacia capacitado pelo empreendedorismo, que trouxe para o campo da advocacia suas ferramentas de trabalho e desenvolvimento nos serviços oferecidos pelo advogado empreendedor, porém, é necessário que o advogado entenda a sua serventia, para que a partir disso, preencha sua vida profissional, bem como pessoal com as variadas técnicas de gerir uma empresa.

Sendo assim, a problemática está relacionada à limitação trazida pelo Código de Ética sobre o empreendedorismo jurídico diante da modernização dos escritórios advocatícios. Uma vez que, o marketing jurídico, demonstra uma visão multifacetada (direito comparado) e local (de forma mais restrita ao cerne do trabalho), enfatizando o âmbito jurídico brasileiro e o Código de Ética da OAB.

Desta forma, objetiva-se, evidenciar os prejuízos trazidos pelas restrições à publicidade jurídica advindas do Código de Ética, consolidando as vantagens de uma maior disseminação dos serviços jurídicos e refletindo a respeito da perspectiva atual e futura da publicidade advocatícia, inclusive com abordagem no anteprojeto do Novo Código de Ética da OAB. 

Visto que, atualmente as sociedades de advogados apresentavam características muito particulares, seja sob a óptica da sua administração, do seu posicionamento como negócio, a inovação e o espírito empreendedor, são características fundamentais para destaque no mercado. Além disso, a criação de um escritório jurídico bem-sucedido exige que os novos empreendedores elaborem um plano de negócio com base em um modelo eficaz, que possa atender as expectativas e necessidades tanto dos sócios do novo empreendimento quanto do mercado e do público-alvo a que se destina.

Ademais, o empreendedorismo deve ser consequência da visualização de uma oportunidade, da crença de que há espaço para novos conceitos, e ainda, há de ser ressaltar que o empreendedor jurídico ou advogado empreendedor, têm que ter a compreensão para aplicar os instrumentos de trabalho do empreendedorismo na sua carreira jurídica, se comportar como empreendedor. 

Para tanto, a composição do aperfeiçoamento da advocacia é vista também pelo usa da tecnologia utilizado pelo empreendedor advogado e a forma como que ela facilita sua vida profissional, os escritórios de advocacia passaram a utilizar técnicas intrinsecamente ligadas à administração de empresas com o intuito de qualificarem seus serviços, buscando sempre o diferencial em uma conjuntura de concorrência ascendente. Pode ser considerado um instrumento de auxílio ao poder judiciário, abordando o advogado empreendedor de maneira indispensável à administração da justiça. Vejamos a seguir variados temas que compõe essa área empreendedora dentro de um escritório de advocacia.

2 MATERIAL E MÉTODOS

O presente estudo utilizou-se o método hipotético dedutivo, embasado em uma pesquisa de revisão bibliográfica, a fim de promover uma discussão acerca da limitação trazida pelo Código de Ética sobre o empreendedorismo jurídico e a modernização dos escritórios advocatícios.

Para obtenção dos resultados foi apresentado às noções preliminares sobre o Estatuto da Advocacia e da OAB, do Código de Ética e Disciplina da OAB, além de estudos aprofundados ao tema, para se ter um melhor entendimento de que a advocacia pode ser capacitada pelo empreendedorismo.

Portanto, para que haja uma melhor compreensão do assunto, foi analisada pormenorizadamente a evolução dos advogados e escritórios de advocacia ao longo das últimas décadas, observando-se a inserção dos métodos ligados ao empreendedorismo jurídico e a importância deste para o desenvolvimento da advocacia em si.

3 RESULTADOS

Diante do exposto, constatou-se que, ainda existe um grande paradigma em torno do marketing jurídico, uma vez que o marketing pode ser considerado como algo distante da realidade dos advogados, seja pela insegurança jurídica e obscuridade legislativa, seja pela falta de conhecimento em como proceder ao utilizar este importante recurso do mercado, especialmente em razão das recentes alterações normativas ocorridas. 

Portanto, para melhor esclarecer o tema, fora procedida uma minuciosa análise do Código de Ética da advocacia e demais normativos vigentes, momento em que foi colocada em evidência a possibilidade de o advogado praticar o marketing e a publicidade jurídica, desde que de forma informativa e ética, sem a intenção explícita de vender ou angariar clientela, ou até de instigar o leitor a litigar.

Além disso, verificou-se que o marketing jurídico está relacionado ao empreendedorismo jurídico, visto que para a criação de um escritório jurídico bem-sucedido exige que os novos empreendedores elaborem um plano de negócio com base em um modelo eficaz, que possa atender as expectativas e necessidade tanto dos sócios do novo empreendimento quanto do mercado e do público-alvo a que se destina.

E por fim, foi abordado que o(a) advogado(a) precisa ter conhecimento técnico e perfil empreendedor para ter uma carreira de sucesso, alavancando na gestão do seu próprio negócio, buscando inovações, para desenvolver departamentos jurídicos de empresas ou em escritórios como colaborador.

4 DISCUSSÃO

4.1 Contextualização sobre o empreendedorismo 

Ao compartilhar desta visão empreendedora, se vê grandeza de um empreendedor pelas obras por ele criada, pessoas que deixam rastros marcados na empresa, que pode acontecer e acabar chegando a atingir grandemente também a sociedade em volta, a evolução dos meios de comunicação, em consonância com o advento da globalização, vem proporcionando uma celeridade nunca vista na capacidade de interação entre os indivíduos.

Empreendedorismo é conceituado e discutido entre os grandes pensadores, segundo  “A palavra empreendedora origina-se da palavra entrepreneur que é francesa, literalmente traduzida, significa: Aquele que está entre ou intermediário.” ” (HISRICH; PETERS; SHEPHERD, 2014, p.01).

Empreendedorismo é “a prática, visão de mercado, evolução, e ainda, o trabalho específico do empreendedorismo numa empresa de negócios é fazer os negócios de hoje serem capazes de fazer o futuro, transformando-se em um negócio diferente” (…) Empreendedorismo não é nem ciência, nem arte (DRUKER, 2001, p.25).

Entretanto, o mercado vem se tornando mais competitivo e, por óbvio, mais seletivo e implacável com aqueles que se mantêm obsoletos. Em sentido contrário, aqueles que progrediram, adaptando-se às mudanças, obtiveram êxito em suas atividades. A vida empreendedora é sentida de desafios constantes, instigações no qual pode-se dizer sem fim, dado que as circunstâncias no mundo estão a todo tempo em transformações, o mercado cada vez mais competitivo e avassalador.

Além disso, o “empreendedorismo é o principal fator de desenvolvimento econômico de um país. Por isso, em países com cultura empreendedora as perspectivas de crescimento econômico são muito maiores” (BAGGIO; BAGGIO, 2015, p.38). 

Os serviços prestados pelo advogado empreendedor, fez nascer a necessidade de o advogado entender sua importância e preencher sua vida profissional, bem como pessoal com as variadas técnicas de gerir uma empresa para procurar sempre estar pronto no mercado de trabalho. 

O empreendedor vive diante dos riscos que a vida propõe, não se deixa abater diante das dificuldades, porque elas sempre vão existir e sem elas é como se não houvesse vitória, passam por milhares de lugares desconhecidos por mais que às vezes não venham possuir nenhuma direção certa de onde começar. Entretanto, várias mudanças ocorridas pelo tempo, a classificação de empreendedor também teve modificações, desta maneira evoluindo seu conceito junto com o crescimento do mercado de trabalho diante da vasta área economia mundial. Ao iniciarmos uma abordagem no tempo da idade média, nesta época o empreendedor era a pessoa que interagia na participação, bem como na administração dos projetos da empresa (BAGGIO; BAGGIO, 2015, p.38). 

A função do empreendedor é reformar ou revolucionar o padrão de produção explorando uma invenção ou, de modo geral, um método tecnológico não experimentado para produzir um novo bem ou um bem antigo de maneira nova, abrindo uma nova fonte de suprimento de materiais ou uma nova comercialização. 

Para tanto, a composição do aperfeiçoamento da advocacia é vista também pelo uso da tecnologia utilizado pelo empreendedor advogado e a forma como que ela facilita sua vida profissional.

4.2 O empreendedorismo jurídico

No que diz empreendimento jurídico é, existe uma forte conexão entre o globo que faz parte das ferramentas de crescimento, de uma amplitude, de visão, de gestão, de negócio, o que não se pode faltar para um advogado empreendedor. O empreendedorismo jurídico, tem como destaque o advogado empreendedor, ou seja, aquele que corre atrás das oportunidades necessárias dentro do mercado, criar negócios para seu escritório, possibilitar a utilização de vários artifícios da evolução tecnológica para se manter sempre em destaque (PEDROSO, 2018).

Apreciando o ordenamento jurídico brasileiro, denota-se que as sociedades personificadas se dividem em simples ou empresárias. Nesse contexto, muito se tem discutido acerca do enquadramento das sociedades de advogados, devido ao desenvolvimento considerável destas no sentido de aproximarem-se do conceito de empresa gregariamente conhecido.

Segundo College (2016), o advogado empreendedor se utiliza de algumas ferramentas, como a técnica para conseguir satisfazer da melhor forma possível, satisfação da vontade do cliente e desenvolve produtos jurídicos adequados para seu público; Administração, que é uma camada de ligações (jurídica, financeira, gestão, contábil. Liderança, liderando outras pessoas; comportamental, saber se relacionar com outras pessoas de várias formas possíveis. 

As sociedades de advogados enquadram-se como empresas, trazendo uma noção teoria poliédrica, o Estatuto da Advocacia (lei específica) possibilita apenas a reunião de advogados na modalidade de sociedade civil (depois considerada sociedade simples com o advento do Código Civil de 2002).

Uma boa imagem do escritório acaba deixando em boas situações o seu posicionamento no mercado, sendo uma porta aberta aos grandes negócios. O advogado que usa desse recurso de grande utilidade, acaba se destacando e empreendendo com maior elasticidade seu serviço. 

Para Selem e Bertozzi (2016), é essencial ter uma equipe de pessoas capacitadas para atuar nas áreas que preenchem o empreendedorismo jurídico, sendo as finanças, produção jurídica, recursos humanos, marketing jurídico, gestão e dentre outras áreas que se julga necessário. 

4.2.1 O empreendedorismo jurídico digital 

O Direito digital, é uma cara nova ao empreendimento jurídico digital, e acaba se tornando um instrumento online que proporciona o crescimento do advogado empreendedor, pelo fato de não existir nem uma vedação direta do seu uso pelo Código de Ética da OAB, o profissional é capaz de utilizar de diversas formas para pode obter sucesso no seu escritório (GONÇALVES, 2022).

A importância do marketing jurídico digital atua como mecanismo para o advogado conseguir prospectar os clientes, visto que a competitividade do mercado está incluída por essa ferramenta. A criação de um website tornou-se um grande diferencial a ser analisado. Afinal, por mais técnico que seja o trabalho de um advogado, a advocacia sempre assumirá a feição de uma atividade intelectual. Sem conteúdo, você é apenas mais um escritório perdido no ciberespaço, sem diferencial, sem presença, sem reconhecimento, sem audiência (HOFFMANN, 2020).

Desta maneira, o advogado empreendedor deve gerir o seu prazo de serviços, ou seja, a utilização do software jurídico é inegável, porque trata-se de uma ferramenta para ganhar tempo, além disso se for trabalhado das melhores formas possíveis o advogado vai conseguir conduzir melhor seu negócio. 

O negócio jurídico nasce da vontade autônoma dos agentes e, em regra, só vale e obriga na esfera daqueles que o criaram. Mas, não é a autonomia da vontade que, por si só, cria ou extingue direitos, e sim o ordenamento jurídico quando reconhece validade ao negócio lícito praticado pelos indivíduos e, consequentemente, aprova e assegura os efeitos buscados pelos particulares (TEIXERA, 2020).

No que diz respeito à tarefa de adaptação do sistema jurídico, à digitalização em curso e ao uso da análise de Big Data e seus resultados, deve-se ressaltar mais uma vez que, quanto à proteção das liberdades civis, não há necessidade de estender todos os padrões existentes para incluir as comunicações digitais, o uso de infraestruturas digitais, o uso de Big Data e inteligência artificial ou instrumentos de controle de comportamento digital (THEODORO; FIGUEIREDO, 2021, p.31).

Em muitas áreas, pode-se observar a retirada do direito público como meio de moldar as condições de vida. “Não só, mas especialmente sustentável é a transferência do poder de agir para instituições privadas nas áreas caracterizadas pela digitalização” (GONÇALVES, 2022). 

A transformação digital está encontrando um novo ajuste na relação entre o direito privado e o direito público, já iniciado antes daquela em muitas partes do sistema jurídico, especialmente como resultado de medidas anteriores de desregulamentação e privatização. 

4.3 O advogado empreendedor como instrumento de auxílio ao judiciário

O Brasil é um país de muitas demandas judiciais, podemos chamar esse caso de uma crise que o Poder Judiciário sofre, que sempre vem atrelada a notícias sobre a demora na solução dos litígios. O advogado tem seu papel fundamentado pela Constituição Federal de 1988 como ser indispensável à administração da justiça, bem como uma ferramenta essencial para o caminhar do judiciário.

De acordo com  sintoniza que o advogado é reconhecido pela Constituição Brasileira (1988) pelo artigo 133, também como garantidor, pois sua função é vista em garantir o contraditório, a segurança da justiça, a ampla defesa dos cidadãos e aos direitos humanos.

Entretanto, a medida de tentar desafogar o judiciário é citada pelo próprio Código de Ética e de Disciplina da OAB (CONSELHO FEDERAL DA ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL, 1995), onde cita em seu artigo 2º, incisos VI e VII. Vejamos a seguir:

Art. 2º O advogado, indispensável à administração da Justiça, é defensor do Estado Democrático de Direito, dos direitos humanos e garantias fundamentais, da cidadania, da moralidade, da Justiça e da paz social, cumprindo-lhe exercer o seu ministério em consonância com a sua elevada função pública e com os valores que lhe são inerentes. 

Parágrafo único.

São deveres do advogado: 
(…)
VI – Estimular, a qualquer tempo, a conciliação e a mediação entre os litigantes, prevenindo, sempre que possível, a instauração de litígios; 
VII – desaconselhar lides temerárias, a partir de um juízo preliminar de viabilidade jurídica; (…).
O próprio artigo demonstra estímulos, quais o advogado ao sair da maré de litígios que ocorre no judiciário, assim atuando de forma a auxiliar no equacionamento da crise do poder judiciário, sempre tentando antes de entrar com a propositura da ação ou acordo amigável.

Porém, há possibilidade de acesso à prestação jurisdicional, garantida constitucionalmente, e os operadores do Direito podem colaborar nesse movimento de desobstrução dos Tribunais. 

O advogado visionário implementa em seu escritório um núcleo voltado para acordos, no qual visa justamente a não propositura de uma ação, com isso resolvendo o conflito através dos institutos da mediação e conciliação. Sendo tal medida benéfica a ambas as partes, tanto financeiramente tendo em vista os atos que seriam advindos do processo judicial (EZEQUIEL, 2013).

Em relação ao regime legal do negócio jurídico, a Lei de Liberdade Econômica procurou estabelecer parâmetros para aplicação do princípio da boa-fé correlacionando-o com o “princípio da intervenção mínima”, ou seja, proclamando a “excepcionalidade da revisão contratual”. Em nome da “segurança jurídica” e do respeito à autonomia privada, a alteração forçada da equação econômica do contrato ou sua unilateral dissolução deve ocorrer estritamente dentro das previsões legais (CURI, 2019).

4.4 A gestão e modernização nos escritórios de advocacia 

O surgimento de novos advogados empreendedores, alguns diferenciais começaram a surgir dentro dos escritórios, a implementação da gestão foi um dos grandes marcos para o ramo advocatício que desta maneira conseguiu melhorar a organização dos escritórios, tendo como resultado a eficácia.

A gestão jurídica trouxe um gerenciamento amplo feito pelo administrador legal para o devido atendimento do contencioso de massa. Nesse contexto, Selem (2016) demonstra que o administrador legal se assemelha ao gerenciamento empresarial tradicional, buscando implementar técnicas deste no gerenciamento de organizações jurídicas.

Os escritórios de advocacia devem ter uma administração certa, eficiente e eficaz, fazendo com que venha ter resultados de grande satisfação, acrescentando para a própria atividade de trabalho as técnicas de um empreendedor (SELEM;  BERTOZZI, 2016).

A necessidade de modernização das estruturas organizacionais e administrativas dos escritórios de advocacia, decorrente da busca por maior eficiência, qualidade e competitividade, tem levado os advogados a rever seus conceitos e buscar novas ideias no campo da administração. 

O administrador legal trabalha nas práticas de melhorar a estrutura geral do escritório, organizando com técnicas avançadas, capacitando o advogado a corrigir situações que por muitas vezes aparecem por falta de gerência administrativa, assim o advogado será direcionado a enxergar as áreas onde o escritório deve se arquitetar. Planeja e coordena a equipe jurídica, garantindo que todos trabalhem em prol do negócio (BORANGA; et. tal. 2009, p.19).

O artigo 966 do Código Civil Pátrio, que inicia o supracitado Livro, expressa a teoria dos perfis de empresa. Contudo, esta é detalhada de uma forma diferente, situando como centro da conceituação não a empresa propriamente dita, mas seu sujeito jurídico, o empresário. Vejamos: “Art. 966. Considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços” (BRASIL, 2002).

Entretanto, a definição de “empresário” acima estabelecida pode-se extrair os principais elementos indispensáveis à caracterização deste: ser profissional, desempenhar atividade econômica, desenvolvendo está de maneira organizada, vindo a produzir ou fazer circular bens ou serviços (SELEM;  BERTOZZI, 2016).

Em suma, observa-se que só será empresário, pelas disposições do Código Civil Brasileiro, aquele que exercer determinada atividade econômica, com intuito lucrativo, de forma habitual (profissional). Na prática cada vez mais o (a) advogado (a) sócio de um escritório de advocacia se assemelha a um empresário convencional.

Apesar de ainda existir uma grande resistência por parte dos operadores do direito, de algumas sociedades de advogados e, principalmente, da Ordem dos Advogados do Brasil, no sentido de aceitar que as sociedades de advogados sejam consideradas sociedades empresárias, insistindo em observá-las como sociedades simples. O administrador legal tem a missão de cumprir todo do corpo gerencial do escritório, coisa que o advogado, se apenas tiver essa formação, fica limitado às circunstâncias na qual aquele vai saber trabalhar e desenvolver seus serviços (ROSA, 2015, p.42).  

Para que todos possam acompanhar de perto as realizações e juntos celebrarem cada uma delas, produza algum tipo de relatório mostrando as marcas, os avanços do escritório, não se esquecendo das falhas e dos pontos a melhorar. Funções administrativas cada vez mais torna-se uma necessidade nos escritórios de advocacia, já que houve o crescimento de vários deles, pouco lembrando aqueles pequenos do passado (BORANGA; et. tal. 2009, p.19).

Desta forma, os escritórios de advocacia, como qualquer outra organização, precisam de uma estrutura administrativa bemorganizada e dimensionada ao seu tamanho e realidade, mas, em geral, os advogados não estão preparados para os estruturarem de maneira correta. É observado um crescimento da quantidade de advogados no Brasil, o que consequentemente tem provocado também um crescimento do número de sociedades de advogados.  

4.4.1 Advogar ou administrar

É preciso direcionamento certo, para que o (a) Advogado (a) mantenha o escritório no caminho adequado, buscando sempre desenvolver os serviços prestados e consequentemente organizado, o advogado empreendedor precisa saber dividir as coisas, entender que advogar é totalmente diferente de administrar.

Portanto, diante de tudo o que se refere a abordagem o autor cita sobre problemas, referente a falta profissional da estrutura administrativa, fato que gera a perda de qualidade de serviço. “O advogado tem que saber encaixar os quadros em seus devidos lugares, tendo o discernimento em especial à área administrativa” (BORANGA; et. tal. 2009, p.19).

O advogado aprendeu a advogar e em nenhum momento da faculdade de Direito teve acesso a modernas técnicas de administração que pudessem lhe fornecer subsídios para facilitar esta tarefa, o advogado empreendedor trabalha prestando seus serviços com todo um auxílio administrativo, porque assim o escritório será capaz de apresentar bons frutos de qualidade (BORANGA; et. tal. 2009, p.19).

Nesse sentido, o advogado empreendedor trabalha prestando seus serviços com todo um auxílio administrativo, porque assim o escritório será capaz de apresentar bons frutos de qualidade, ocasionando a ele melhores técnicas. Conforme dito, o advogado tem que saber lidar com essa situação que não é fácil por muitas vezes, e é por isso que uma boa divisão de trabalho dentro do escritório se faz necessário para adquirir bons resultados.

Com uma estrutura organizacional profissionalizada, gerida de acordo com as mais modernas técnicas de Administração, a advocacia brasileira certamente estará apta a competir no mercado mundial, com igualdade de condições aos escritórios americanos e europeus que estão chegando ao Brasil (BATEMAN, 2010, p.12).

Há um complemento considerável de dependência para que o escritório possa se estabilizar no mercado, gerando bons resultados prestados por serviços de admirável qualidade, adequando com isso as leis da administração no que tange à prestação de serviços jurídicos.

As empresas prestadoras de serviços profissionais passaram por várias mudanças no decorrer dos anos, os profissionais enfrentam cada vez mais a concorrência, a crescente exigência do público em relação a prestação de serviços dos profissionais liberais, a alta mutabilidade da tecnologia, além de outras mudanças, que ocorrem no ambiente externo (BORANGA; et. tal. 2009).

Assim, é interessante abordar o entendimento sustentado por parte da doutrina e operadores do direito, de modo a comparar com a realidade, sem olvidar do que já fora exposto acerca da situação do advogado como empresário.

4.4.2 Advogado gestor

O crescente número de profissionais da advocacia que são lançados no mercado a cada ano, traz reflexos para a concorrência e faz com que sejam estabelecidos critérios para tomada de decisões em ações planejadas, necessidade de manutenção do espírito empreendedor e preparação para as modificações naturais do mercado, entretanto, os profissionais que prestam serviços jurídicos possuem um limitado conhecimento técnico na área de gestão ou de conteúdo diverso do jurídico (MARTINS, 2016).

 O empreendedorismo juntamente com o marketing é um resultado que se busca para chamar a atenção do cliente, como chegar a este cliente através dessa ferramenta. A força da utilização dessa técnica de marketing dá-se devido ao aumento gigantesco que ocorre todos os dias, com um grande número de novas pessoas (KOTLER; HAYES; BLOMM, 2002).

Por fim, é preciso sim, que qualquer profissão e capacitação precisam da modernização, porém o Advogado de forma alguma conseguirá ser reconhecido se não usar essa ferramenta, a internet tem um poder inimaginável, são vastas as formas que o advogado tem para preencher seu campo de trabalho, expandir sua área de serviço.

4.4.3 Prospecção de cliente 

Inicialmente, vale mencionar que, uma parcela dos escritórios de advocacia de pequeno (geralmente iniciando a carreira) e médio porte, de origem familiar, escritórios militantes e, até mesmo, de grande porte, ainda não praticam um planejamento estratégico regular de suas atividades. 

De acordo com  conceitua o termo estratégia como “um padrão ou plano que integra as principais políticas, objetivos, metas e ações da organização”, acrescentando que “uma boa estratégia pode assegurar a melhor alocação dos recursos em antecipação aos movimentos” (E-DOU, 2021).

Nesse sentido, a prospecção é conquistar clientes, essa é a maior indicação de sucesso para qualquer escritório, e cabe ao advogado essa missão, vale citar que há diferença. Segundo  a conquista de clientes está atrelada ao valor que o advogado possui, com isso os clientes vão procurar para serem auxiliados, já na captação o advogado pratica uma abordagem diretamente com a intenção de persuadir o cliente para necessidade de contratação do seu trabalho (CHIAVENATO; SAPIRO, 2006).

Vejamos a seguir um demonstrativo realizada pela Fundação Arcadas sobre o grau de dificuldade de prospecção de clientes em escritório de advocacia.

   Figura 1: Demonstrativo sobre o grau de dificuldade de prospecção de clientes.

   Fonte: FUNDAÇÃO ARCADAS, 2020.

Ademais, fazer networking proativos, aproveitando oportunidades de contato com concorrentes em eventos jurídicos para apresentar seus diferenciais e sugerir uma conversa posterior, para discutir uma parceria; desenvolva projetos arrojados, que impressione seus concorrentes e o torne atrativo como parceiro potência (E-DOU, 2021).

Portanto, o advogado tem resultados bem satisfatórios ao preencher a sua carreira profissional fazendo parcerias, ocasionando consequentemente as portas abertas para a entrada de novas parcerias. A conquista do advogado se dá através das suas obras, das suas atitudes perante o próximo.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente trabalho trouxe a abordagem do empreendedorismo jurídico e a modernização dos escritórios, buscou-se a objetivar os conceitos que regem o Direito digital, Marketing Jurídico, que na atualidade tem ganhado espaço, qualidade de serviço e atendimento, satisfação por parte de clientes, mas, também mostrou que o Advogado sempre deverá estar qualificado e capacitado para tal empreendimento, é preciso estar sempre buscando o novo.

As necessidades também mudam, assim como as ferramentas, as pessoas e as funções, principalmente dentro das corporações e, em especial, para a secretária, antes conhecida apenas como a “guardiã da porta do chefe”. Em alguns países, existe uma clara distinção entre as atividades exercidas pela assessoria profissional, aquela que cuida dos assuntos da empresa, e pela assessora pessoal, aquela que cuida dos assuntos de uma pessoa específica ou grupo de pessoas. 

Os gestores dos escritórios de advocacia, ao buscarem essas profissionais, devem estar atentos à real finalidade do prestador de serviço para que os papéis não sejam confundidos. Para que o trabalho funcione de forma positiva e bem estruturado, a secretária ou o pool de secretarias precisam conhecer o core business, a atividade da empresa em que trabalham. 

Elas devem entender a missão, a visão e os valores do escritório jurídico em que estão inseridas, bem como seus clientes, principais processos e até algumas particularidades do modelo de negócio. Ainda devem ser capazes de compreender, mesmo que de forma simplificada, termos e jargões, tais como petições, jurisprudência e até mesmo um pouco do chamado “juridiquês”. 

É fundamental, para isso, a capacitação, treinamento e reciclagem do conhecimento desses profissionais de tempos em tempos. Procure atrelar esse trabalho juntamente com o departamento de Recursos Humanos (RH), que pode identificar deficiências e aplicar pontualmente soluções.

A transformação digital está encontrando um novo ajuste na relação entre o direito privado e o direito público, já iniciado antes daquela em muitas partes do sistema jurídico, especialmente como resultado de medidas anteriores de desregulamentação e privatização. Em muitas áreas, pode-se observar a retirada do direito público como meio de moldar as condições de vida. 

Não só, mas especialmente sustentável é a transferência do poder de agir para instituições privadas nas áreas caracterizadas pela digitalização. Em muitos casos, os atores agem de acordo com diretrizes autodefinidas e geralmente definidas e aplicadas unilateralmente.

Portanto, o marketing jurídico é fundamental para o empreendedorismo jurídico, visto que para a criação de um escritório jurídico bem-sucedido exige que os novos empreendedores elaborem um plano de negócio com base em um modelo eficaz.

REFERÊNCIAS

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1Acadêmica de Direito. E-mail: biga.nascimento01@gmail.com. Artigo apresentado a União das Escolas Superiores de Rondônia UNIRON/SAPIENS, como requisito para obtenção do título de Bacharel em Direito, Porto Velho/RO, 2023.
2Acadêmico de Direito. E-mail: gustavo.hpf@gmail.com. Artigo apresentado a União das Escolas Superiores de Rondônia UNIRON/SAPIENS, como requisito para obtenção do título de Bacharel em Direito, Porto Velho/RO, 2023.
3Professora Orientadora. Prof.ª do curso de Direito. Mestre. E-mail: acsasouzaadvocacia@gmail.com