A POLÍTICA DA INCLUSÃO ESCOLAR E OS DESAFIOS NA PERSPECTIVA DE INCLUIR PESSOAS COM DEFICIÊNCIA NO ENSINO REGULAR

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7826287


Benedita do Socorro Martins Silva
Edilena Correa Lopes


RESUMO

O presente artigo sugere melhorias na educação partindo da política da inclusão escolar, visto que são muitos os desafios enfrentados tanto por educadores como por estudantes na perspectiva de facilitar o acesso à pessoas com deficiência, nesse sentido deseja-se explorar tal política para que a educação se torne realidade na vida de todo cidadão. A finalidade do trabalho é recomendar que a escola de ensino regular desenvolvesse seu trabalho de inclusão escolar considerando a Lei nº 13.146, de 6 de julho de 2015, que institui a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência). Busca-se mais consideração pela política da inclusão escolar, para que o ser humano seja valorizado nas suas diferenças, que as pessoas com deficiência não sejam apenas incluídas na escola de ensino regular público, mas que realmente façam parte de todo o contexto educativo e assim se tornem capazes de construir e reconstruir sua própria história, sem fugir de sua realidade e identidade respeitando a si mesmo como sujeito existente na sociedade. Seguindo esse contexto, espera-se que a política da inclusão escolar seja reconhecida e colocada em prática, com a intenção, de que todos os alunos se tornem participativos nas dinâmicas educativas do contexto escolar. O procedimento metodológico que se sugere para este trabalho é de natureza qualitativa, sendo de caráter bibliográfico e os autores que auxiliam nesta proposta são: Floriani (2017), Mantoan (1997), Mitller (2003), Brasil (1998) e outros.

Palavras-chave: Inclusão. Educação. Política. Desafios. 

ABSTRACT 

This article suggests improvements in education based on the policy of school inclusion, since there are many challenges faced by both educators and students in the perspective of facilitating access for people with disabilities, in this sense it is desired to explore such a policy so that education becomes a reality in every citizen’s life. The purpose of the work is to recommend that the regular school develop its school inclusion work considering Law No. More consideration is sought for the policy of school inclusion, so that human beings are valued in their differences, that people with disabilities are not only included in regular public schools, but that they really are part of the entire educational context and thus become capable of building and rebuilding their own history, without running away from their reality and identity, respecting themselves as an existing subject in society. Following this context, it is expected that the policy of school inclusion be recognized and put into practice, with the intention that all students become participatory in the educational dynamics of the school context. The methodological procedure that is suggested for this work is of a qualitative nature, being bibliographic in nature and the authors who help in this proposal are: Floriani (2017), Mantoan (1997), Mitller (2003), Brasil (1998) and others.

Keywords: Inclusion. Education. Policy. Challenges.

  1.  INTRODUÇÃO

Esse artigo consiste em uma análise a respeito do contexto social no qual se deseja a inclusão das pessoas com deficiência nos processos educacionais, uma vez que há frequentemente tentativas de eventos para promover a exclusão desses indivíduos que participam do contexto social. Neste sentido, a Educação se apresenta como uma ferramenta indispensável no processo de inclusão de pessoas com alguma deficiência no contexto social. No entanto, não se pode aceitar de modo satisfatório que a Educação seja apenas inclusiva, mas necessariamente deve ser concretizada. Para tanto se faz necessário a constituição de ferramentas que viabilizem a Educação Especial e Inclusão, pois a discussão a respeito da  inclusão social é amplo, ainda que haja dúvidas na consideração por esta temática. 

A proposta desse artigo aponta o primeiro passo para a importância da politica da inclusão escolar que é reconhecer que no Brasil o sistema de ensino apresenta complexidades para quanto a adaptação dos alunos com deficiência, visto que a discriminação ainda é muito notável em toda a sociedade. Propõem-se então que haja alternativas dinâmicas para que os atos discriminatórios sejam superados e, a escola como espaço social aberto para todos faça parte da inclusão deixando de lado a perspectiva excludente. 

Seguindo esse contexto, pode-se dizer que inclusão é um desafio nas redes de ensino, sendo difícil desenvolver um trabalho educativo digerido pelas escolas, professores e diretores, pois existe o pragmático que as escolas brasileiras excluem os alunos que não chegam como eles planejam, com isso as práticas pedagógicas deixam de ser o foco de ensino. Diante disso optou-se por uma proposta de um ensino direcionado com recursos tecnológicos de fácil utilização e acesso para alunos com deficiência e que haja em todas as escolas de ensino regular, uma sala especializada como a sala de recursos multifuncionais para os alunos do Atendimento Educacional Especializado – AEE no ensino regular, mesmo que isso leva muito tempo para acontecer, mas precisa se concretizar e também é preciso que a formação dos professores, tanto inicial como continuada, seja voltada para uma educação de qualidade e com acesso para todos.

Assim surge uma educação com o objetivo de desenvolver o que é próprio e adequado para cada um, respeitando a capacidade de cada sujeito para que o desenvolvimento e a formação humana de fato aconteça, contando sempre com a ajuda de todos, inclusive de outros alunos. Destaca-se que a Educação Especial não substitui a educação comum, ela trabalha de forma complementar, ensinando os alunos a utilizar os recursos, pesquisando junto com os mesmos para que ele possa ter autonomia e independência na sala de aula. O professor precisa ter aulas planejadas, ouvir os alunos e perceber o real modo de entendimento que eles obtiveram, trocar informações com professores e nunca obrigar o aluno a reproduzir respostas definidas, pois isso não significa desenvolvimento.

Para direcionar o trabalho pensou-se no objetivo geral que é recomendar que a escola de ensino regular desenvolva seu trabalho de inclusão escolar considerando a Lei nº 13.146, de 6 de julho de 2015, que institui a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência). Seguindo esse contexto elaboram-se os específicos que são: Apresentar a educação como uma ferramenta possível para inserir alunos com deficiência no contexto social; Reconhecer que o sistema de ensino brasileiro possui problemas quanto à adaptação dos alunos deficientes, já que as práticas discriminatórias ainda são vigentes; Identificar estratégias e alternativas eficazes para que as discriminações sejam superadas e, para que a escola deixe de lado a perspectiva excludente. 

Nessa perspectiva, podemos considerar que a inclusão é uma temática complexa, porque envolve mais do que ingresso e a garantia de critérios para o ensino dos diferentes. Em face disso, nota-se que a materialização da escola verdadeiramente inclusiva trabalha baseando-se na defesa de princípios e valores éticos, na projeção dos ideais de cidadania e justiça, nivelada a uma proposta que visa à promoção de práticas pedagógicas contemplando o aluno, individualmente, em sua maneira peculiar durante o processo de aprendizagem e envolvendo, com compromisso e empenho, a comunidade escolar.

Todavia, esta pesquisa justifica-se pela intenção em desenvolver uma pesquisa direcionada à inclusão de alunos com deficiência, observando a necessidade de uma constituição de ferramentas que viabilizem a Educação Especial e Inclusão. Por isso optou-se por um debate acerca da inclusão escolar que é uma problemática extensa no ensino regular, sendo assim nota-se a necessidade no reconhecimento da Lei nº 13.146, de 6 de julho de 2015, que institui a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência).

Espera-se, contudo, melhor entendimento dos parâmetros legais para inclusão de alunos com deficiência no ensino regular, pois trabalhar a diversidade no ambiente escolar é um desafio, mas não torna o trabalho pedagógico impossível, apenas requer mais compromisso com a formação humana e profissionalismo. 

Portanto, este trabalho encontra-se estruturado formalizando uma forma teórica abreviada, porém de fácil entendimento, possibilitando aos leitores, pesquisadores, estudantes e demais público a compreensão dos fatos aqui relatados. Seguindo esse contexto, propõe-se uma organização neste trabalho acadêmico, estando seguindo de: Introdução, Demandas direcionadas sobre inclusão escolar, reconhecimento dos Objetivos Geral e Específico, Justificativa da pesquisa, continuando com o Tópico teórico: 

  1.  A EDUCAÇÃO INCLUSIVA 

A educação inclusiva é um assunto que vem sendo muito discutido no meio social. Muitos autores dedicam-se a escrever e pesquisar sobre este assunto, deixando a sociedade mais informada na tentativa de amenizar os preconceitos, que ainda se tem em relação às pessoas com algum tipo de deficiência.

A prática pedagógica para ser considerada inclusiva necessariamente deve  envolver todos os alunos, até mesmo os que possuem alguma deficiência. Neste sentido, Mantoan (1997, p. 70) afirma que “A inclusão não prevê a utilização de práticas de ensino escolar para esta ou aquela deficiência e/ou dificuldade de aprender”. A autora quer dizer que na inclusão das práticas pedagógicas utilizadas pelos professores devem atingir e contemplar todos os alunos. Mantoan destaca também que é essencial a ação do professor quanto a expectativa em relação ao desenvolvimento da capacidade e progressão das habilidades dos alunos e que não se pode desistir de buscar meios para ajudá-los a vencer os obstáculos no contexto escolar. (MANTOAN, 1997).

Para Mittler (2003, p. 25) a inclusão no campo educacional, “[…] envolve um processo de reforma e de reestruturação das escolas como um todo, com o objetivo de assegurar que todos os alunos tenham acesso às ações pedagógicas e oportunidades educacionais e sociais proporcionadas pela instituição de ensino”.

É importante que as escolas preparem-se e preparem seus alunos para a convivência harmoniosa e respeitosa uns com os outros, pois este é o importante papel da escola inclusiva. Silveira e Nascimento (2011, p. 18) destacam que,

A inclusão nasce, para minimizar o protótipo educacional existente, rompendo uma estrutura curricular já concluída e em conformidade com a escola. Os antigos paradigmas começam a ser respeitados por uma nova visão educacional. Depois de tantos anos de isolamento  e segregação, as pessoas com necessidades especiais estão sendo reconhecidas como cidadãs e aceitas na escola comum.

Para que de fato ocorra a educação inclusiva necessita que a escola realize atividades que mostre mudanças de atitudes discriminatórias, onde seja trabalhada a quebra de tabus, estigmas, desinformação, ignorância, entre outros que levamos as pessoas a demonstrarem desconsideração em relação aos estudantes com deficiência. É importante destacar aqui o papel do professor frente à inclusão escolar, sendo que o mesmo deve ter formação adequada para fazer uso de recursos multifuncionais que envolve desde o mobiliário de uma sala especifica, materiais didáticos e pedagógicos, recursos de acessibilidade e equipamentos específicos para o atendimento dos alunos deficientes, é dessa forma que será valorizada a diversidade, de acordo com Santos (2017, p. 19):

Ter consideração pelas diferenças, sobretudo, se considerar diferente e único é uma particularidade de todo ser humano; Descobrir-se e valorizar-se como pessoas de potencialidades é uma capacidade própria de pensar sobre o valor humano; essas características devem ser descobertas, divulgadas, aperfeiçoadas e analisadas na intenção de valorizar o cooperativismo, assim deve-se promover a solidariedade entre todos os alunos com deficiência ou não. O aluno dito “normal” aprende a dar melhor assistência ao seu próximo observando suas dificuldades diminuindo assim, seus medos, mitos e preconceitos; por isso é preciso inovar a metodologia de ensino individualizando-o de forma a trabalhar com a diversidade de recursos e métodos, desse modo fica mais fácil avaliar permanente e qualitativamente as aprendizagens dos alunos na sala regular.

Sendo assim, podemos dizer que a sociedade inclusiva é aquela aberta à todos, que reconhece o potencial de todo cidadão, estimula a participação de cada um e aprecia as diferentes experiências humanas. Portanto, a escola inclusiva já existe, mesmo que seja na sua própria realidade e é nesse ambiente que o aluno com deficiência aprende a conviver com os demais de sua mesma idade, assim é estimulado, seu desenvolvimento cognitivo e social, demonstrando maior interesse pelo ambiente que o cerca e apresenta comportamentos próprios para sua idade.

Essas questões nos mostram que propiciar a inclusão e participar de um processo de mudança, fazendo parte da reorganização da escola, onde estar incluído significa ter o direito de aprender junto, independentemente das condições físicas, linguísticas, intelectuais, sociais e emocionais. 

A inclusão escolar não surgiu através de um modelo específico ou de forma inesperada, mas é fruto de uma revolução social, uma evolução que partiu de alterações nas culturas e na sociedade em geral. Para compreendermos melhor a filosofia da inclusão escolar e conseguirmos colocá-la em prática, é necessário sabermos em que se baseiam suas propostas. Por isso é importante sabermos o significado de inclusão escolar, além disso, conhecermos os documentos nacionais e internacionais mais importantes que guiam as políticas de inclusão.

Para compreendermos melhor o processo de inclusão de pessoas com deficiências vamos conhecer a concepção de alguns autores a respeito desse paradigma, assim como Mittler (2003) que analisa as salas de aula inclusivas, como um espaço de novas possibilidades de construção do conhecimento aos alunos com deficiência e, que estes podem se tornarem capazes de se situar em contextos escolares e aprimorar a aprendizagem. Isto significa que, a inclusão escolar traz benefícios para a formação humana dos alunos com deficiência.

A escola, então, neste contexto em que hoje se vive, desperta a criação, ou seja, oferece ao aluno condições para que ele possa gerar alternativas e estratégias de melhor adquirir saberes para a convivência cotidiana, buscar outros meios de comunicação e socialização de ideias para conquistar e valorizar o mundo que o cerca. No que diz respeito ao processo de inclusão escolar, podemos dizer que esta se constitui em uma ação de grande importância visando melhorar as atitudes e o desenvolvimento social e educativo dos alunos com deficiência, assim os familiares desse público seguem em uma incessante busca pelos direitos e conquistas desse público, na sociedade. (SILVEIRA e NASCIMENTO, 2011)

Para compreender melhor a educação inclusiva, precisamos ter clareza que o imperativo por profundas transformações no âmbito escolar é decorrente das mudanças postas pela globalização, que a cada ano, intensifica a exclusão, impondo à escola o papel de aproximar as diversas culturas, o desafio de articular a igualdade e a diferença, isto é, interligando e considerando-as, sem ofender o direito posto para superar as diversidades entre as mesmas.  

Neste contexto, surge a proposta de escola inclusiva, onde todas as pessoas, inclusive as deficientes deveriam ir às escolas (da rede regular de ensino), e, sobretudo, serem bem atendidas. E para que isso ocorra, as escolas inclusivas, as escolas que recebem as pessoas com NEE’S, devem assumir que as dificuldades de alguns alunos não são apenas deles, mas resultam em grande parte do modo como o ensino é ministrado, a aprendizagem é concebida e como são avaliadas.

  1.  REFERENCIAL TEÓRICO

3.1 OS DESAFIOS DA DOCÊNCIA PARA TRABALHAR FRENTE ÀS DIVERSIDADES NA SALA DE AULA

A Educação Inclusiva é um processo em que se amplia a participação de todos os estudantes nos estabelecimentos de ensino regular. É uma maneira de reestruturar o modelo de cultura existente tendo posicionamentos na política de inclusão vivenciada nas escolas de modo que estas correspondam à diversidade de seus alunos considerando a todos, inclusive os que possuem deficiência. A educação inclusiva não deixa de ser um enfoque humanístico, com questões democráticas percebendo o sujeito por meio de suas singularidades. Essa prática deve ter como objetivos o desenvolvimento e a satisfação pessoal para que de fato aconteça a inserção social de todos. (SANTOS, 2017, p. 78)

A escola como ambiente socializador e de desenvolvimento das aprendizagens precisa trabalhar a inclusão como um processo amplo na perspectiva de promover a inter-relação entre as pessoas considerando a diversidade para melhor desenvolvimento da convivência humana. Por meio da prática docente, o professor precisa atender às necessidades educacionais de todos os sujeitos-alunos incluídos em salas de aula comuns, no ensino regular.

É papel do professor promover a aprendizagem e o desenvolvimento pessoal de todos, para que isso aconteça, ele deve realizar sua ação docente com atividades dinâmicas e interativas, nas quais todos os alunos tenham capacidade de participar. E é através de uma prática pedagógica coletiva, dinâmica e flexível que poderá acontecer à mudança significativa, tanto esperada na estrutura e funcionamento das escolas, essa formação humana dos professores terá forte impacto nas relações família-escola, assim o aluno com deficiência terá mais segurança para ser incluído e se tornar participativo nas atividades escolares. É por meio dessa força transformadora, que a educação inclusiva se desenvolve apontando para uma sociedade inclusiva.

Sassaki, (1997), aponta que é preciso que ocorra mudanças para que a vida social educacional nos próximos anos seja com vistas na diversidade acolhendo a todos no cenário da educação, é nesse contexto que se pode analisar o paradigma pelo qual deverá ser feita a inserção escolar de alunos com deficiência desde os níveis pré-escolar chegando às universidades, pois as instituições de ensino  precisam ser estruturadas para acolher toda a diversidade humana representada por esse aluno, pois a educação inclusiva não é só uma questão de “acesso”, mas, principalmente, de qualidade.

Contudo, para que a educação seja reconhecida como de qualidade e ainda venha acontecer o processo de inclusão escolar, não basta apenas reestruturação na parte física da escola, com acessibilidade, mas o professor sendo mediador do conhecimento deve ter sua prática docente direcionada para um trabalho pedagógico criativo, dinâmico, com atividades metodológicas inovadoras, no sentido de melhorar o ensino e aprendizagem. E se tratando de prática docente inclusiva, então há de se pensar em trabalhar com diversos recursos que possam suprir as necessidades de todos os educandos, dentro da sala de aula, inclusive de alunos com deficiências. 

É através de métodos e técnicas utilizadas pelo professor, que o aluno pode ou não ter êxito no seu aprendizado, assim também o professor, no momento em que elabora e põe em prática sua aula, ele pode ter seus objetivos de ensino alcançados, assim também como por algum motivo, pode falhar, ou seja, deixar de possibilitar a aprendizagem que o aluno tanto almeja alcançar.

A escola para ser inclusiva deve, além de matricular e manter por todo o ano letivo, alunos com deficiência necessita ter uma sala especializada, as quais são reconhecidas como Salas de Recursos Multifuncionais, estas são constituídas a partir de seus espaços físicos com mobiliários acessíveis, recursos de Tecnologia Assistiva, além de ferramentas ou materiais didáticos e pedagógicos que vão desde a mesa redonda, cadeiras, laptop, software para Comunicação Alternativa e Aumentativa (CAA), deve ter também computadores, notebook… com teclado adaptado. Necessariamente na sala precisa-se de uma impressora braille, scanner com voz, e ainda lupa eletrônica e alfabeto móvel, enfim recursos que servirão de apoio com grande utilidade na educação de alunos com deficiência. 

Na prática, entretanto, realizar a inclusão não se resume apenas a garantir a presença dessas pessoas em todos os espaços, mas diminuir ou extinguir as práticas excludentes e discriminatórias. É preciso pensar em atitudes que podem levar as pessoas a se reconhecerem como seres importantes com definições habilidosas, mas deve-se levar em conta o que ela tem para ensinar e pode realizar considerando suas limitações e capacidades sejam de origem física, cognitiva, social ou qualquer outro aspecto.

Entretanto, na intenção de excluir o paradigma existente de exclusão de pessoas com deficiência no ensino regular, se faz necessário que as limitações desses alunos sejam trabalhadas em um contexto de diversidade compreendendo que é preciso diversos métodos de ensino para atender a todos os alunos promovendo assim o processo de desenvolvimento da aprendizagem. Ressalta-se que todo ser humano possui capacidades particulares e cada um vive e corresponde ao meio de acordo com sua maneira de ser, por isso o aluno com deficiência não deve apenas ser integrado no sistema de ensino, mas precisa ser participativo por meio de dinâmicas proporcionadas pelo professor em sala de aula.

Sendo assim pode-se dizer que o ensino comum se diferencia como inclusivo ao reconhecer e valorizar as diferenças, levando em conta as características do aluno com deficiência, assim deixa de lado as práticas discriminatórias, garantindo o direito de aprender que todo cidadão tem. (MOREIRA, 2013 citado por FLORIANI, 2017).

Para minimizar este desafio da falta de preparo, tanto das escolas como dos professores, Casagrande (2009 citado por FLORIANI, 2017, 47) sugere quatro pontos essenciais de flexibilização que se tornam imprescindíveis quando há na classe alunos com deficiências. São eles:

ESPAÇO: deve ser adaptado com rampas, elevadores, entre outros, permitindo acessibilidade às dependências da escola, a reorganização da sala também é um ponto indispensável, assim como recursos diversos de direcionamento como materiais em braile para que um cego possa se locomover e encontrar o que procura com autonomia. 
TEMPO: considerar um período maior a fim de que os alunos possam reconhecer os conteúdos tendo melhor entendimento para realizar todas as tarefas.
CONTEÚDO: precisa ser adequado ao programa previsto no currículo ou no planejamento de cada aula para que o objetivo de ensino e aprendizagem seja alcançado, é preciso evitar desafios acima das possibilidades de cada aluno, especificamente com deficiência. 
RECURSOS: cabe destacar a importância de materiais didáticos, jogos, brincadeiras, ou seja, de estratégias para melhor ensinar os conteúdos, facilitando assim, a aprendizagem. 

Todas essas questões devem ser estudadas e discutidas para melhor acolher alunos com deficiências no ensino regular, mas o que chama muito a atenção são os recursos, materiais didáticos para o ensino, que mesmo sendo de grande valia para a aprendizagem, a maioria das escolas, principalmente públicas não dispõe desses materiais. Isso é preocupante e sempre deixa professor e aluno frustrado por não terem seus objetivos alcançados. Ou seja, o professor sem recursos para dinamizar suas aulas e o aluno sem perspectiva de acesso a materiais para auxiliar na sua aprendizagem.

Vale lembrar que é fundamental que nas escolas tenha sala de recursos multifuncionais, para que haja melhor ensino e aprendizagem. Além dessa sala especializada é importante que seja disponibilizado um professor auxiliar, este contribui auxiliando os alunos que possuem dificuldade de locomoção e também que precisam de mais atenção para realização das atividades na sala de aula. Esse profissional deve estar devidamente capacitado, pois é ele quem vai preparar o aluno para desenvolver capacidades levando-o a utilização dos instrumentos de apoio que facilitem o aprendizado nas aulas de aula. 

Segundo Floriani (2017) são diversas alternativas de estratégias para a aprendizagem, por isso o professor precisa elaborar suas aulas atendendo a necessidade educacional de todos os seus alunos, sendo que cada deficiência exige um tipo de atendimento. O estudante cego, por exemplo, aprende o braille para a leitura, por isso o professor deve também ter conhecimento de manuseio dessa ferramenta, assim como para os alunos surdos que estudam a partir do alfabeto em Libras, para isso precisam do intérprete em sala. Entre tantas outras deficiências há quem precise apenas ser estimulado através de jogos pedagógicos como é o caso de alunos com deficiência intelectual. Enfim, inúmeros são os recursos que precisam ser disponibilizados para que a aprendizagem seja contemplada.

Mantoan (2003) afirma que todas essas habilidades citadas por Floriani (2017) são essenciais para que as pessoas com deficiência sintam-se incluídas no ensino regular e os outros alunos as percebam como práticas normais. Também vale lembrar que o trabalho pedagógico na sala com recursos multifuncionais, não pode ser reconhecido como um reforço escolar, mas o professor necessariamente deve dar melhor atenção para o essencial que é adequar as atividades às capacidades e limitações dos alunos em sala comum. Cada um tem um plano pedagógico exclusivo, com as atividades que deve desenvolver e o tempo estimado que passará na sala. 

Precisamos saber se os recursos multifuncionais são inúmeros, vão desde as adaptações de espaço físico, currículo escolar, propostas pedagógicas, mobiliários e materiais didáticos e pedagógicos para a oferta do atendimento educacional especializado, para atender cada necessidade especificamente. O uso de quebra-cabeças, por exemplo, é favorável para aguçar a memória dos estudantes com deficiência intelectual. 

  1.  METODOLOGIA

Levando em consideração a importância da Educação Inclusiva destaca-se que sempre haverá desafios a serem superados por todos que fazem parte do sistema educacional, mas quem estará inúmeras vezes à frente dessas provações são os professores, que fazem parte diretamente do contexto educacional. São eles responsáveis pela elaboração das aulas, por conseguinte das metodologias e seleção de recursos adequados para serem usados com seus alunos em sala de aula, inclusive recursos didáticos pedagógicos para alunos com deficiências. 

Assim, estudar a melhor maneira de incluir alunos com deficiência no ensino regular é sempre desafiador, mas é uma questão que nos oferece uma nova possibilidade de compreender cada indivíduo, com suas particularidades e limitações. Quem sabe assim, com este entendimento, começaremos a construção de uma sociedade, que conheça, aprenda e conviva de forma mais humana e humana, fazendo com que todos se sintam mais à vontade e seguros para uma convivência social podendo melhor interagir no meio em que vive.

Entretanto, para efetivar que as pessoas com deficiência se sintam indiferente ao processo de inclusão, pelo fato de muita não terem apoio nem mesmo da própria família, o primeiro passo é a escola trabalhar com práticas que envolva toda a comunidade escolar, para não excluir ou segregar pessoas com deficiências, como muito já foi feito. O certo é que cada vez mais estamos reconhecendo, aceitando, cooperando e convivendo em sociedade, por isso não se pode esquecer, desmerecer e tampouco rotular uns e outros. Por isso, vamos estudar e analisar nossas ações para que, de fato, sejamos atores principais neste processo transformador de garantir o direito ao acesso à educação, oferecendo práticas que devem ir muito  além da instituição de ensino, fazendo sensibilizar a sociedade em geral,  enriquecendo, assim, toda a humanidade. 

Contudo, por mais desafiante que pareça ser a inclusão escolar, há sinais de que já foram realizadas inúmeras ações que configuram o processo de inclusão, seja na comunidade, na escola, ou em qualquer outro lugar. Embora nossa sociedade já tenha sido muito preconceituosa, no entanto, juntos podemos minimizar ainda mais a ação da exclusão de pessoas com deficiências na escola pública regular. 

Seguindo esse pressuposto, esta análise se caracteriza como um estudo de natureza qualitativa tendo como foco a importância dos argumentos teóricos analisados através de revisão bibliográfica, na qual os autores para estudo foram pré-selecionados. Nesse sentido, foi feito primeiramente um levantamento bibliográfico de literaturas referentes ao tema da pesquisa, com abordagem no processo de inclusão escolar e outras fontes definidas como auxiliares que abordam o tema indicado de diferentes maneiras, como artigos, livros, sites, periódicos, escritos científicos entre outros, que discorrem acerca do tema. E, em seguida, utilizou-se algumas informações, documentos, conversa informal, que mostraram os resultados do contexto da inclusão escolar e de como esses processo vem sendo aplicado nas escolas de ensino regular, para atender a todos com educação de qualidade.

O estudo realizado nos referenciais teóricos utilizados nesse artigo, contemplaram as expectativas possibilitando melhor conhecimento da importância e desenvolvimento da Educação especial e educação inclusiva nas escolas públicas de ensino regular, e, sobretudo, foi reconhecido também a importância de trabalhar com recursos multifuncionais para motivar os alunos com deficiências e acelerar o desenvolvimento da aprendizagem, fazendo uso de dinâmicas divertidas e diversificadas com jogos, brincadeiras, e outros recursos tecnológicos, que atualmente fazem diferença no processo de ensino e aprendizagem, principalmente quando se trata de inclusão escolar.

  1. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Durante a elaboração desse trabalho foi possível compreender que se tornam necessárias, ações como, enfrentamento ao preconceito existente no ambiente educacional. Políticas públicas voltadas à formação inicial e continuada dos educadores, para que eles possam interagir também com a educação Especial e Educação inclusiva compreendendo a importância do ensino e aprendizagem para estudantes com deficiências. Outra prática que leva a reflexão é sobre o uso de estratégias metodológicas para dinamizar o ensino visando a participação de todos os alunos nas atividades escolares em sala de aula.

A construção e forma de uso da sala de recursos multifuncionais também precisa ser analisado, sendo que é uma sala de atendimento especializado destinado aos alunos com deficiência, mas para que renda bons resultados, precisa de profissionais capacitados para manuseio dos equipamentos que atenda às necessidades educacionais de cada aluno buscando assim, uma educação que estimule as potencialidades dos educandos lhes assegurando o aprendizado sem desconhecer a pluralidade de cada aluno que estejam inseridos  e participantes no ambiente escolar.

Desse modo, são importantes os estudos e ações que enfoquem a educação e as necessidades educacionais dos estudantes, bem como informações à comunidade escolar sobre as deficiências e a busca de estratégias que propiciem o aprendizado e o pleno alcance das potencialidades dos alunos. Compreende-se que o processo educativo para ser inclusivo deve envolver, além de educadores, funcionários das escolas, alunos e seus familiares, especialistas para atender as diversas deficiências apresentadas pelos alunos. Essa ação é complexa, porém urgente e necessária para que os alunos com deficiência sintam-se melhor acolhidos e prontos para desenvolver as aprendizagens no ambiente escolar. Essa é uma época que muito desafia a ampliar as atitudes educacionais pedagógicas a fim de atender verdadeiramente as necessidades educacionais de todos os alunos. 

Não temos dúvidas de que todos os indivíduos têm direito a uma educação de qualidade. No entanto, a dúvida que mais preocupa é como construir essa escola inclusiva, de qualidade para todos. Sabemos que a educação é o alicerce para o desenvolvimento de qualquer cidadão, e que incluir o aluno com deficiências, é também, uma forma de respeitá-lo e garantir a possibilidade de seu crescimento. 

No entanto, percebemos que as dificuldades existentes, não são poucas e ficam bem claras quando observamos de forma mais crítica. Afinal, colocar o aluno especial, em uma turma regular e não atender o que realmente ele necessita, não é inclusão. A inclusão deve gerar novas circunstâncias e desafios, que tendem a somar-se com as dificuldades já existentes do sistema atual, e, por conseguinte, reafirma a ideia de que a inclusão exige profundas mudanças a fim de melhorar a qualidade da educação, seja para educandos com deficiências, ou não. Portanto, é como se tivesse sido dado apenas o primeiro passo de uma longa caminhada, de um difícil percurso de lutas para que se garanta a todos, as mesmas oportunidades de convivência, estudo, trabalho, lazer, enfim, é um processo que proporciona  meios de acesso ao desenvolvimento educacional para todos os alunos a fim de que se tornem pronto para o convívio social.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

FLORIANI, Marlei Adriana Beyer. Educação inclusiva. Uniasselvi, 2017.

MANTOAN, Maria Teresa Eglér. Inclusão escolar: o que é? Por quê? Como fazer? São Paulo: Moderna, 2003.

___________, M. T. E. A Integração da Pessoa com Deficiência. São Paulo: Memmon, 1997.

MITTLER, Peter. Educação Inclusiva: Contextos Sociais. Editora: Artmed, São Paulo, 2003.

SANTOS, B. S. Entrevista com o professor Boaventura de Souza Santos.2017. Disponível em: <http://www.dhi.uem.br/docentes/jurandir/jurandirboaven1.htm>.Acesso em 25 de mar. 2023.

SASSAKI, Romeu Kazumi. Inclusão: Construindo uma sociedade para todos. – Rio de Janeiro: W VA, 1997.

SILVEIRA, Tatiana dos Santos da; NASCIMENTO, Luciana Monteiro do. Educação Inclusiva. Indaial: UNIASSELVI, 2011.