SOCIAL NETWORKS AND THEIR IMPACT ON MENTAL HEALTH
LAS REDES SOCIALES Y SU IMPACTO EN LA SALUD MENTAL
REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7749167
Vaneza Cristina Roscamp Martins[1]
Aline Aparecida Lima Brandão[2]
Andreia Santos Mott[3]
Resumo
As redes sociais têm se tornado cada vez mais presentes em nossas vidas, e seu impacto na saúde mental tem sido objeto de estudo científico. A presente revisão sistemática objetivou identificar e sintetizar as evidências científicas disponíveis sobre o impacto das redes sociais na saúde mental. O presente estudo é uma revisão bibliográfica integrativa. Os artigos foram selecionados em bases de dados de publicações científicas, como System Online (MEDLINE); Scientific Electronic Library Online (SCIELO) e Google Acadêmico, entre outras bases de dados. Foram avaliadas publicações nas bases de dados citadas que tivessem como descritores: saúde mental, redes sociais, depressão, ansiedade, respeitando os seguintes critérios de inclusão: estudos em língua portuguesa ou inglesa, nos últimos 5 anos (2018-2023), que discutam os impactos do uso de redes e mídias sociais na saúde mental dos usuários de internet. As pesquisas apontam para o fato de que o uso excessivo das mídias sociais pode ter um impacto negativo na saúde mental dos indivíduos, especialmente entre adolescentes, jovens adultos e idosos. Alguns dos efeitos mais comuns incluem estresse, isolamento social, depressão e aumento dos transtornos de ansiedade.
Palavras-chave: Saúde mental. Depressão. Ansiedade. Redes sociais.
Abstract: Social networks have become increasingly present in our lives, and their impact on mental health has been the subject of scientific study. The present systematic review aimed to identify and synthesize the available scientific evidence on the impact of social networks on mental health. The present study is an integrative literature review. Articles were selected from scientific publication databases, such as System Online (MEDLINE); Scientific Electronic Library Online (SCIELO) and Google Scholar, among other databases. Publications were evaluated in the cited databases that had as descriptors: mental health, social networks, depression, anxiety, respecting the following inclusion criteria: studies in Portuguese or English language, in the last 5 years (2018-2023), that discuss the impacts of the use of networks and social media on the mental health of internet users. Research points to the fact that excessive social media use can have a negative impact on the mental health of individuals, especially among adolescents, young adults, and the elderly. Some of the most common effects include stress, social isolation, depression, and increased anxiety disorders.
Keywords: mental health; depression; anxiety; social networks.
Resumen: Las redes sociales están cada vez más presentes en nuestras vidas, y su impacto en la salud mental ha sido objeto de estudios científicos. La presente revisión sistemática tuvo como objetivo identificar y sintetizar las pruebas científicas disponibles sobre el impacto de las redes sociales en la salud mental. El presente estudio es una revisión bibliográfica integradora. Los artículos se seleccionaron de bases de datos de publicaciones científicas, como System Online (MEDLINE); Scientific Electronic Library Online (SCIELO) y Google Scholar, entre otras bases de datos. Se evaluaron publicaciones en las bases de datos citadas que tuvieran como descriptores: salud mental, redes sociales, depresión, ansiedad, respetando los siguientes criterios de inclusión: estudios en idioma portugués o inglés, en los últimos 5 años (2018-2023), que discutan los impactos del uso de redes y medios sociales en la salud mental de los usuarios de internet. Las investigaciones apuntan a que el uso excesivo de las redes sociales puede repercutir negativamente en la salud mental de las personas, especialmente entre los adolescentes, los adultos jóvenes y las personas mayores. Algunos de los efectos más comunes son el estrés, el aislamiento social, la depresión y el aumento de los trastornos de ansiedad.
Palabras clave: salud mental; depresión; ansiedad; redes sociales.
Introdução
As redes sociais têm se tornado cada vez mais populares nos últimos anos, e sua utilização tem aumentado significativamente entre diferentes faixas etárias e grupos sociais. No entanto, a relação entre o uso de redes sociais e a saúde mental ainda é um tema controverso e complexo.
A necessidade humana de comunicação se concretizou, através do tempo, inicialmente por meios físicos, evoluindo para os meios digitais e chegando ao meio virtual. A internet viabilizou novos meios de comunicação e interação, potencializando as possibilidades interativas no meio social, elevando o usuário, através das mídias sociais, a expectador e gerador de conteúdo por meio de perfis pessoais que permitem compartilhamento de textos, imagens e outras mídias, além das possibilidades de interação direta (BOZZA, 2016).
Apesar das facilidades proporcionadas pela tecnologia, as redes sociais podem afetar a saúde mental dos usuários de diversas formas. A exposição constante a comparações sociais nas redes sociais pode levar a sentimentos de inadequação e baixa autoestima. A exposição constante a conteúdo negativo, como notícias desagradáveis e violência, também pode afetar negativamente a saúde mental. Além disso, essas redes podem fazer com que as pessoas se sintam isoladas e sozinhas, na medida em que podem criar uma sensação de conexão, mas também podem desencadear sentimentos de solidão e isolamento. (YAEGASHI et al., 2021).
Em pesquisa realizada com jovens com idades entre 19 e 24 anos, a Royal Society for Public Health (2017) identificou, a partir de relatos, que no que se refere a saúde e bem estar, o Instagram é a mídia social que causa mais impactos negativos, seguida de Snapchat, Facebook, Twitter e Youtube, destacando-se o aspecto de que os indivíduos passam a se autoavaliar em sua imagem corporal com base em comparações com o que encontram nesses espaços virtuais. Além disso, o acesso a realidades utópicas de estilos de vida não acessíveis à maioria das pessoas por diversas razões, elevando a insatisfação pessoal desses usuários (BROWN; TIGGEMANN, 2016).
A ansiedade e a depressão são duas das perturbações mentais que mais atingem pessoas atualmente de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS, 2020), que estima serem afetadas cerca de 264 milhões de pessoas em todo o mundo. O uso crescente da internet na vida cotidiana tem levado à preocupação sobre o seu potencial impacto na saúde mental, e a literatura sugere uma ligação entre o uso excessivo da internet e o aumento das taxas de ansiedade e depressão. No entanto, a relação entre o uso da Internet e a saúde mental é complexa e precisa ser analisada mais detalhadamente. Os objetivos desta pesquisa são identificar o impacto do uso das redes sociais na saúde mental dos usuários e analisar publicações científicas acerca do tema.
METODOLOGIA
O presente estudo é uma revisão bibliográfica integrativa, que, de acordo com Ercole, Melo e Alcoforado (2014), é um método que sintetiza os achados encontrados em uma pesquisa sobre uma temática de maneira sistemática, ordenada e abrangente. É integrativa, pois fornece informações mais completas sobre o assunto e assim constrói um campo mais amplo sobre o conhecimento.
Os artigos foram selecionados em bases de dados de publicações científicas, como System Online (MEDLINE); Scientific Electronic Library Online (SCIELO) e Google Acadêmico, entre outras bases de dados. Foram avaliadas publicações nas bases de dados citadas que tivessem como descritores: saúde mental, redes sociais, depressão, ansiedade, respeitando os seguintes critérios de inclusão: estudos em língua portuguesa ou inglesa, nos últimos 5 anos (2018-2023), que discutam os impactos do uso de redes e mídias sociais na saúde mental dos usuários de internet. Os descritores utilizados foram explorados a partir dos operadores booleanos AND, OR, NOT. Estes foram cruzados e na presença de artigos duplicados houve a exclusão dos mesmos. Com isso, foi desenvolvida uma leitura minuciosa das produções científicas, com a utilização do método de análise de dados baseada em Bardin (2011). Para Bardin, deve-se seguir uma ordem cronológica para conseguir uma boa amostra da pesquisa que são elas: a escolha do documento correlacionado com os objetivos; os indicadores de acordo com a hipótese; e a interpretação do material coletado e com isso fazer um recorte, a agregação dos dados coletados para basear a interpretação final.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Nesta seção, apresentam-se os resultados no que se refere aos achados de publicações que abordam conceitos e experiências relacionados à proposta deste estudo respeitando os critérios de inclusão e exclusão já descritos. Os descritores utilizados foram: redes sociais and saúde mental; depressão e ansiedade and redes sociais. A primeira seleção teve como objetivo identificar e excluir casos de duplicidade nas bases de dados, de modo que, de 44 publicações restaram 38 artigos. Em seguida, ocorreu a leitura pelos títulos para identificar aqueles que se relacionavam aos objetivos desta pesquisa, o que resultou em 26 publicações. Após a leitura dos resumos, foram excluídos 8 que não abordavam o tema compatível ao pesquisado. Restaram 18 artigos, que foram lidos na íntegra e, posteriormente, houve a exclusão daqueles que não atendiam ao objetivo. O estudo foi finalizado com a inclusão de 10 artigos (vide fluxograma 1 e quadro 1).
Fluxograma 1: publicações selecionadas
Quadro 1: Periódicos encontrados para a pesquisa, seguindo a ordem de nome do periódico, título da publicação, autor e ano
Nome do periódico/revista | Título da publicação | Autor(es) | Ano |
Enciclopédia Biosfera | INFLUÊNCIA DAS REDES SOCIAIS VIRTUAIS NA SAÚDE DOS IDOSOS | CASADEI, G..; BENNEMANN, R. M..; LUCENA, T. | 2019 |
Revista Remecs – Revista Multidisciplinar De Estudos Científicos Em Saúde | MÍDIAS SOCIAIS E SAÚDE MENTAL: UM MUNDO EM TRANSFORMAÇÕES | GONÇALVES SAVI, B..; SANTOS DE BRITO, D.; NASCIMENTO, M. P. do.; FREITAS TEIXEIRA DA SILVA, P. de.; SANTOS MAIA, L. F. dos | 2019 |
Boletim De Conjuntura (BOCA) | FAKE NEWS: INFLUÊNCIA NA SAÚDE MENTAL FRENTE À PANDEMIA DA COVID-19 | MARQUES, R. | 2020 |
Workshop Sobre As Implicações Da Computação Na Sociedade (Wics), Anais. | IMPACTOS DAS REDES SOCIAIS DIGITAIS NA SAÚDE MENTAL DE ADOLESCENTES E JOVENS | SOUZA, K.; CUNHA, M. | 2020 |
Holos | COVID-19 E SAÚDE MENTAL DOS ADOLESCENTES: VULNERABILIDADES ASSOCIADAS AO USO DE INTERNET E MÍDIAS SOCIAIS | DOS SANTOS, C. | 2021 |
Research, Society And Development | MÍDIAS VIRTUAIS E A SAÚDE MENTAL DURANTE O DISTANCIAMENTO SOCIAL IMPOSTO PELA PANDEMIA DA COVID-19 | FERREIRA, R. E..; SANTOS, G. S. dos.; VIANA, V. P..; FONSECA, P. I. M. N. da | 2021 |
Revista Multidisciplinar Em Saúde | IMPLICAÇÕES DO USO DAS MIDIAS SOCIAIS NA SAÚDE MENTAL DO ADULTO JOVEM | MORENO, S. M..; FERREIRA, A. D. H..; IBIAPINA, A. R. de S..; SOUZA, L. S..; MOURA, M. H. de | 2021 |
Archives Of Health | A INFLUÊNCIA DAS MÍDIAS SOCIAIS NA SAÚDE MENTAL DOS SEUS USUÁRIOS | DE SOUZA MARQUES, A. C.; ALMEIDA, R. P. A..; MUHOZ, I. S. e F. C. | 2021 |
Research, Society And Development, . | ADOLESCENTS IN THE DIGITAL AGE: IMPACTS ON MENTAL HEALTH | SALES, S. S.; COSTA, T. M. da.; GAI, M. J. P.. | 2021 |
Revista Eletrônica Acervo Saúde | O IMPACTO DAS MÍDIAS SOCIAIS NO DESENVOLVIMENTO DE TRANSTORNOS DE ANSIEDADE | DE FIGUEIREDO SANTOS, C. M.; OLIVEIRA, I. R. L.; LIMA R. R. A. DE C.; PEREIRA, J. P. R.; SANTOS, D. C. DOS | 2022 |
Casadei et al. (2019), em seu estudo, abordam a influência das redes sociais virtuais na saúde dos idosos. A pesquisa identificou que apesar de as tecnologias de informação e comunicação representarem uma ferramenta para o combate ao isolamento social entre os idosos e possibilidade de comunicação, a qualidade desse processo comunicativo não é garantida, o que pode gerar frustração e maior sensação de solidão. Além disso, foi considerado o risco de exposição do idoso a informações imprecisas ou duvidosas, o que pode representar risco não só à saúde mental, mas à sua saúde física, devido ao contato com informações e comportamentos prejudiciais. Destaca-se, ainda, a escassez de pesquisas que abordem o tema, sugerindo que se pesquise de forma mais abrangente acerca dos benefícios e malefícios do uso de internet e redes sociais por parte de idosos.
Gonçalves et al. (2019) destacam que no que diz respeito à saúde mental, ocorre um crescimento expressivo na população que sofre de distúrbios psíquicos e, como resultado, muitas vezes são excluídas da sociedade. Este fato leva a relações quase exclusivamente familiares e, em muitos casos, a procura de apoio nas mídias sociais. O estudo demonstra que, apesar disso, o uso excessivo dessas plataformas tem aumentado drasticamente, prejudicando principalmente adolescentes, que são mais propensos a apresentar fragilidade emocional e mental, podendo desenvolver problemas como depressão, ansiedade e pensamentos suicidas. As mídias sociais também podem revelar problemas psicológicos, devido à falta de conteúdo adequado ou às pesquisas realizadas na rede. Dessa forma, ressaltam a importância de uma vigilância sobre as crianças e adolescentes no uso indiscriminado de redes sociais. Já os adultos que usam descontroladamente as redes sociais e não conseguem viver sem a exposição virtual correm o risco de torná-la um vício, e, em casos graves pode ser necessário o uso de medidas drásticas, como a reabilitação em clínicas. Considerando que as doenças mentais têm sido cada vez mais impactantes na sociedade, o estudo conclui ser necessário evitar a exposição extrema em redes sociais e no ambiente virtual. Fidalgo (2018) atribui essa dependência das relações virtuais a uma compensação social.
Segundo a hipótese de compensação social, os indivíduos socialmente ansiosos compensam as suas relações offline pobres com a procura de ligações num ambiente online, existindo a percepção de este ser um meio mais seguro e confortável, que permite camuflar aspetos físicos/psicológicos que suscitem uma possível avaliação negativa por parte dos outros, permitindo uma apresentação do próprio mais controlada (FIDALGO, 2018, p. 40).
Marques (2020), a partir do contexto da pandemia de Covid-19, discute a influência das fake news frente à disseminação de notícias e informações falsas em redes sociais na abordagem do tema. O artigo destaca os riscos da exposição a essas informações à saúde mental da população no período mais crítico da pandemia, no que se referia às formas de lidar com a doença, a imprevisibilidade de duração da pandemia e outras informações importantes naquele período, muitas vezes resultando em pânico na população. Além disso, o artigo traz uma discussão a respeito de como as mídias sociais passaram a interferir nas relações sociais e nas relações de poder, na capacidade de ler a realidade criticamente e a forma como isso se concretiza nas relações humanas e, consequentemente, na saúde mental dos usuários dessas redes.
[…] é visível que as mídias sociais mudaram socialmente a natureza dos grupos e as relações de poder ao possibilitar que os indivíduos se associem e se organizem diretamente a partir de interesses comuns e compartilhados, em um sistema de flexibilidade estrutural e através de fluxos de comunicação rápida e simultânea, fazendo delas não apenas veículos/meios, mas, principalmente, espaços de produção de saberes e conhecimentos diversos e de aproximação estreitando a distância, rompendo barreiras […] Sabe-se que ao associar os conhecimentos diversos é imprescindível a leitura de qualidade no sentido de proporcionar a quem lê o aprimoramento do vocabulário e a dinamização do raciocínio. Ela, ainda, é o meio para aprender conteúdos específicos, para entrar em contato com a imaginação, a subjetividade, criatividade e possibilitar a humanização do ser humano (MARQUES, 2020, p. 45).
Nesse contexto, o artigo ressalta a importância de atentar aos malefícios da disseminação de notícias e informações não confiáveis, com vistas à preservação da saúde mental do brasileiro.
Em estudo publicado no ano de 2020, de Souza e Cunha abordam os impactos das redes sociais digitais na saúde mental de jovens e adolescentes. A pesquisa exploratória envolveu a aplicação de questionário a psicólogos e pesquisa com adolescentes e jovens, com vistas a identificar se há ou não relação entre a dependência tecnológica e a saúde mental de jovens e adolescentes. Os resultados da pesquisa confirmaram essa relação, confirmando o impacto negativo das redes sociais digitais sobre a saúde mental do público estudado.
O uso excessivo de redes sociais revela um ambiente no qual os jovens agridem verbalmente pessoas com pensamentos e culturas diferentes das suas, que posteriormente podem causar danos psicológicos a outrem. O bullying virtual, as agressões verbais e as mensagens mal interpretadas podem influenciar em mudanças de hábito, discórdias e até desestruturação de famílias, estes são alguns dos fatores que aumentaram as taxas de quadros de depressão (SOUZA; CUNHA, 2020, p.2)
A pesquisa demonstra que esses impactos negativos, muitas vezes, são ofuscados pelas facilidades e a distração possibilitadas pelo uso da tecnologia e das mídias sociais, mas que 40% dos adolescentes e jovens apresentaram quadros de dependência que se assemelham ao quadro de um dependente químico.
Dos Santos (2021) discute como a pandemia COVID-19 afetou a saúde mental dos adolescentes e as vulnerabilidades associadas ao uso da internet e das mídias sociais. Além disso, o artigo destaca que o uso excessivo da internet e das mídias sociais pode aumentar o risco de problemas de saúde mental, como depressão e baixa autoestima. O artigo destaca que o isolamento social e a exposição constante às notícias negativas sobre a pandemia podem ter um impacto negativo na saúde mental dos jovens, aumentando o risco de ansiedade, depressão e transtornos de saúde mental. Além disso, o artigo aponta que a carga extra de estudo em casa e a interrupção das atividades sociais também podem contribuir para o aumento do estresse e da ansiedade. Considerando o contexto da pandemia, o estudo identifica que houve mudanças na vida dos adolescentes, incluindo mudanças na rotina, estresse e ansiedade, bem como um aumento no tempo gasto em dispositivos e na mídia social. Em conclusão, o artigo enfatiza a importância de se prestar atenção à saúde mental dos adolescentes durante a pandemia de COVID-19 e de se fornecer suporte adequado para ajudar a minimizar as consequências negativas na saúde mental.
Também no contexto da pandemia de COVID-19, O artigo “Mídias virtuais e a saúde mental durante o distanciamento social imposto pela pandemia da COVID-19”, de Ferreira et al. (2021) discute como as mídias virtuais afetam a saúde mental durante o distanciamento social imposto pela pandemia COVID-19. Os autores consideram o aumento do tempo gasto em mídias virtuais, já que a pandemia provocou mudanças na rotina dos indivíduos, resultando em um aumento no tempo gasto em dispositivos e mídias sociais.
O consumo das notícias que era feito pelas redes sociais, como o Facebook, agora está se transferindo para plataformas de mensagens como o WhatsApp, atingindo novos públicos […], durante a pandemia de COVID-19 esse frequente movimento intensifica a insegurança, o medo e mal-estar psicológico, uma vez que as pessoas recebem muitas informações e replicam sem conferir a veracidade do conteúdo (FERREIRA et al., 2021, p. 4).
Além disso, os autores abordam o impacto negativo na saúde mental, pois o uso excessivo da internet e das mídias sociais pode aumentar o risco de problemas de saúde mental, incluindo depressão e baixa autoestima. É abordada também a questão do distanciamento social imposto pela pandemia, que aumentou a dependência das pessoas nas mídias virtuais para se conectar com outras pessoas e obter informações. A importância da monitoração também é um aspecto abordado pelo estudo, e a necessidade de oferecer suporte adequado para a saúde mental durante a pandemia.
Moreno et al. (2021) discutem as implicações do uso das mídias sociais na saúde mental do jovem adulto. Os aspectos abordados pelo estudo incluem o impacto negativo na autoestima, já que o uso excessivo das mídias sociais pode levar a comparações sociais, resultando em uma baixa autoestima e problemas de saúde mental. O uso excessivo das mídias sociais pode levar a uma falta de interação social presencial, resultando em isolamento e problemas de saúde mental. Além disso, segundo os autores, o uso noturno das mídias sociais pode prejudicar a qualidade e quantidade de sono, o que pode afetar negativamente a saúde mental.
A pesquisa conclui que é importante que os jovens adultos moderarem o uso das mídias sociais para preservar a saúde mental e evitar problemas relacionados a elas.
De Souza Marques et al. (2021) discutem como o uso excessivo das mídias sociais pode afetar negativamente a saúde mental de seus usuários, incluindo ansiedade, depressão, baixa autoestima e comparabilidade. O artigo aponta que isso pode ser atribuído à pressão para se conformar a uma imagem idealizada na mídia social, bem como à exposição a conteúdo negativo ou perturbador.
O uso excessivo das mídias sociais, o cyberbullying e a dependência no uso de mídias sociais são os aspectos abordados por Sales et al. (2021), em seu estudo. A pesquisa destaca que esse uso excessivo pode levar a comparações sociais entre os usuários, resultando em uma baixa autoestima e problemas de saúde mental.
Em um mundo altamente digitalizado em que muitos jovens aprendem a socializar usando a internet, é de extrema importância identificar e compreender as implicações do uso desses dispositivos, pois o uso inadequado pode resultar em impacto psicológico e comportamental, podendo resultar em perda de controle quanto ao uso da internet, sentimento de culpa, isolamento, sintomas de ansiedade, isolamento, depressão, baixa autoestima, conflito familiar, declínio no desempenho escolar, que são fatores que incidem diretamente na saúde biopsicossocial dos adolescentes, o que enfatiza a necessidade de prevenção (SALES, 2021, p. 2).
Além disso, ressalta-se que as mídias sociais também podem ser usadas para praticar o cyberbullying, o que pode ter implicações negativas na saúde mental dos jovens, e gerar dependência, resultando em problemas de saúde mental, como ansiedade e depressão. A falta de interação social presencial também é considerada como um resultado desse processo, o que pode afetar negativamente a saúde mental dos adolescentes. Como solução, o estudo propõe educar os adolescentes sobre o uso saudável das mídias sociais com vistas à preservação da saúde mental.
De Figueiredo Santos et al. (2022) abordam em seu estudo como o uso excessivo das mídias sociais pode afetar o desenvolvimento de transtornos de ansiedade. A pesquisa demonstra que o uso excessivo das mídias sociais pode resultar em uma falta de interação social presencial, o que pode aumentar o risco de desenvolver transtornos de ansiedade. Outro fator abordado pelo estudo se refere ao fato de que as mídias sociais também podem ser usadas para praticar o cyberbullying, o que pode ter um impacto negativo na saúde mental dos indivíduos, incluindo a ansiedade. A comparação social também é um efeito indicado, resultando em aumento do nível de ansiedade. O artigo também discute a importância da identificação precoce dos sintomas de ansiedade relacionados ao uso das mídias sociais e do tratamento adequado para prevenir o agravamento da condição. Além disso, destaca a necessidade de uma educação sobre o uso saudável das mídias sociais, incluindo a conscientização sobre os riscos relacionados ao seu uso excessivo.
A literatura analisada neste artigo sugere que o uso excessivo da internet está associado ao aumento das taxas de ansiedade e depressão. Contudo, as evidências são mistas, e é necessária mais investigação para compreender plenamente a relação entre o uso da internet e a saúde mental. Fatores como a frequência de utilização, tipo de utilização e condições de saúde mental subjacentes podem influenciar a relação entre o uso da internet e a ansiedade e depressão, e estudos futuros devem ter em conta estes fatores. Além disso, é importante notar que a internet também pode ser utilizada como uma ferramenta de apoio e intervenção na saúde mental, sendo necessária mais investigação também nesta área.
Outras pesquisas voltadas para o mesmo tema identificaram resultados afins aos achados deste artigo, como aquela publicada no Journal of Social Psychology (KROSS et al., 2013), que descobriu que o uso excessivo das redes sociais está associado a sintomas de ansiedade e depressão. Os autores sugerem que essa relação pode ser explicada pelo fato de que as redes sociais promovem a comparação social, o que aumenta a autoconsciência e o sentimento de inadequação.
Outro estudo, publicado no Journal of Adolescent Health (LIN et al., 2016), encontrou que o uso excessivo das redes sociais está associado a problemas de sono, como insônia e dificuldade para se concentrar. Isso pode ser explicado pelo fato de que a exposição constante às redes sociais pode estimular o cérebro e tornar difícil desligar antes de dormir.
Além disso, um estudo publicado no Journal of Social Science & Medicine (TWENGE et al., 2018) descobriu que o uso excessivo das redes sociais está associado a uma diminuição na felicidade e bem-estar geral. Os autores sugerem que isso pode ser explicado pelo fato de que as redes sociais promovem a comparação constante com os outros, o que pode levar a sentimentos de insatisfação e inveja.
Em resumo, os estudos sugerem que o uso excessivo das redes sociais está associado a problemas de saúde mental, incluindo ansiedade, depressão, problemas de sono e diminuição da felicidade e bem-estar. No entanto, é importante notar que esses estudos só apontam uma associação e não provam causalidade, e mais estudos são necessários para entender completamente a relação entre as redes sociais e a saúde mental.
Em geral, as pesquisas apontam para o fato de que o uso excessivo das mídias sociais pode ter um impacto negativo na saúde mental dos indivíduos, especialmente entre adolescentes, jovens adultos e idosos. Alguns dos efeitos mais comuns incluem ansiedade, estresse, isolamento social, depressão e aumento dos transtornos de ansiedade. Além disso, a pandemia da COVID-19 e a necessidade de distanciamento social trouxeram novos desafios para a saúde mental desses grupos, incluindo a exposição a notícias falsas (fake news) e o aumento do tempo de tela, o que pode levar ao aumento dos transtornos de ansiedade e da depressão.
As pesquisas também apontam para a importância da conscientização sobre os riscos para a saúde mental relacionados ao uso excessivo das mídias sociais, bem como a necessidade de medidas preventivas para proteger a saúde mental dessas pessoas. Isso inclui a criação de políticas e programas de saúde mental, a promoção de hábitos saudáveis de uso das mídias sociais e o fornecimento de recursos de saúde mental acessíveis a todos os grupos vulneráveis.
CONCLUSÃO
A saúde mental dos indivíduos usuários de mídias e redes sociais, por resultar de múltiplos fatores que envolvem a pessoa humana, como sua condição social, cultural, de gênero, dentre outros aspectos, demonstrou-se profundamente afetada pelo uso excessivo dessas redes.
Os resultados desta revisão sugerem que o uso excessivo de redes sociais está associado a problemas de saúde mental, como ansiedade, depressão e problemas de sono. No entanto, é importante notar que os estudos encontrados têm limitações metodológicas e que a relação entre o uso de redes sociais e a saúde mental é complexa e pode ser influenciada por muitos fatores. Além disso, é importante considerar que o uso de redes sociais pode ter efeitos positivos na saúde mental, como aumento da autoestima e apoio social, embora esses fatores não tenham sido considerados no recorte deste estudo.
Esses aspectos e aqueles abordados nesta pesquisa podem ser ampliados em estudos futuros, abordando-se outros enfoques que resultem dos impactos psicológicos em usuários de internet e mídias sociais de forma excessiva, já que, para que seja possível contribuir no aprimoramento de estratégias que combatam essa condição, é necessário compreender e estudar melhor a temática.
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[1] Graduanda 10º período em Medicina, Universidade Brasil, campus Votorantim. E-mail: vanessaroscamp@gmail.com
Endereço: Av. Londres, Jardim Europa, 485, apto. 02 – Sorocaba, SP.
[2] Graduanda 10º período em Medicina, Universidade Brasil, campus Votorantim. E-mail: alinebrandao2008@hotmail.com
Endereço: Avenida Adolpho Massaglia,800, bloco 24, apto. 302 – Vossoroca, Votorantim, SP.
[3] Psicóloga, Unimep; pós-graduação em Transtornos Alimentares, Unifesp; pós-graduação em Transtorno Mental, FMRP-USP; Doutora em Saúde Mental – USP. E-mail: andreiamottpsico@gmail.com