ANÁLISE DAS REPERCUSSÕES FUNCIONAIS GERADAS PELA SÍNDROME DE BURNOUT EM PROFISSIONAIS DA TERAPIA INTENSIVA. ESTUDO TRANSVERSAL

FUNCTIONAL REPERCUSSIONS GENERATED BY BURNOUT SYNDROME IN INTENSIVE CARE PROFESSIONALS. CROSS-SECTIONAL STUDY

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7742280


Taciana Aline Maciel Bezerra Oliveira
Geybson Oliveira da Silva
Maria Cristina Damascena dos Passos Souza
Donato da Silva Braz Júnior
Andrea Karla Soares Montenegro
Hugo Feitosa
Taylane Lins da Silva
Thayana Fernanda da Silva Oliveira
Jéssica Bezerra da Silva
Wellington José da Silva


Resumo 

Introdução. A Síndrome de Burnout(SB) é a exaustão extrema relacionada ao trabalho. A equipe multiprofissional tem responsabilidades em preservar e manter o estado de saúde dos pacientes nas unidades de terapia intensiva, esses profissionais estão expostos às doenças relacionadas ao trabalho, e estas sobrecargas podem perturbar as estruturas e funções corporais. Objetivo. Analisar as repercussões funcionais geradas pela síndrome de burnout. Métodos. Estudo observacional de corte transversal com análise quantitativo, cálculo amostral por demanda espontânea, composta por profissionais das unidades de intensivas acima de 18 anos, foram excluídos profissionais que haviam diagnóstico de distúrbios neurológicos e osteomioarticulares. Pesquisa realizada em ambiente virtual via Forms questionário Maslach Burnout Inventory e semi-estruturado. Os dados coletados foram categorizados e analisados no Microsoft Excel.Resultados: Foram coletadas 36 respostas. As mostras inclusas compostas por sete participantes aptos, sendo quatro do sexo masculino e três feminino, a faixa etária 21-30, exercendo a profissão de 2 anos à 22 anos. Na amostra 29% corresponde para possibilidade para desenvolver SB, 57% na fase inicial,14% no início da instalação. As dores articulares no joelho e pescoço foram mais prevalentes, as dores musculares de maior predominância foi região lombar, 71% dos intensivistas relataram fadigas em membros inferiores. A frequência de dores de cabeça a prevalência maior foi região frontal em aperto. A amostra apresentou baixa qualidade de sono. Conclusão. Observando a presença de burnout e presenças das repercussões funcionais correlacionando nós intensivistas. Faz necessário mais estudos sobre a temática.

Palavras-chaves: Unidades de Terapia Intensiva; Terapia Intensiva Neonatal; Esgotamento Profissional; Riscos Ocupacionais; Ergonomia

Abstract

Introduction. Burnout syndrome (BS) is work-related extreme exhaustion. The multiprofessional team has responsibilities in preserving and maintaining the health status of patients in intensive care units, these professionals are exposed to work-related diseases, and these overloads can disturb the structures and body functions. Objective. To analyze the functional repercussions generated by burnout syndrome.Methods. Observational study of transversal cut with quantitative analysis, sample calculation by spontaneous demand, composed of professionals of the intensive care units over 18 years old. The research was carried out in a virtual environment via Forms Maslach Burnout Inventory and semi-structured questionnaire. The data collected was categorized and analyzed in Microsoft Excel.Results: 36 answers were collected. The included samples consisted of seven able-bodied participants, four male and three female, age range 21-30, exercising the profession from 2 years to 22 years. In the sample 29% corresponds to the possibility to develop SB, 57% in the initial phase,14% in the beginning of the installation. The joint pains in the knee and neck were more prevalent, the muscular pains of greater predominance were in the lumbar region, 71% of the intensivists reported fatigue in lower limbs. The frequency of headaches with the highest prevalence was the frontal region in tightness. The sample showed poor sleep quality. Conclusion. It was observed the presence of burnout and the presence of functional repercussions correlating in the intensivists. Further studies on the subject are needed.

Keywords: Intensive Care Units; Neonatal Intensive Care; Professional Exhaustion; Occupational Risks; Ergonomics.

Introdução

As transformações nos processos das corporações associadas à globalização permitiram que diversos setores aumentassem gradualmente a produtividade. Assim o aumento da implementação tecnológica, competitividade, perda do sentimento de coletividade na intenção de gerar resultados, têm tornado o local de trabalho hostil. Todo esse processo produtivo tem causado impactos significativos na saúde dos indivíduos resultando no aparecimento de condições físicas e mentais, dentre as quais o estresse relacionado ao trabalho está em evidência (SKOREK, J., SOUZA, R.A, BEZERRA, R.M.O., 2013). As atividades realizadas nas Unidades de Terapia Intensiva (UTI) prezam pela coletividade e objetividade da equipe multiprofissional na assistência ao doente crítico. As altas cargas de trabalho, jornadas de trabalho dupla, alta demanda de pacientes, quadro de funcionário insuficiente. As condições no ambiente de trabalho em relação a estruturas e disposição do mobiliário, atividades repetitivas, manuseios de sobrecarga, tempo de repouso prejudicado por estar sempre alerta. Estes fatores geram repercussões na funcionalidade dos profissionais da terapia intensiva (TOTOLI, et al., 2019). O estresse como doença está intimamente relacionado à resposta de um indivíduo mediante a fatores causais, está mais relacionada ao trabalho do que a fatores pessoais ou biográficos, como conflitos de papéis, perda do controle ou autonomia e falta de apoio social. Além disso, a situação econômica, possibilidade de desemprego, incerteza sociais são aspectos que podem desencadear o estresse. O conjuntos desses fatores por tempo prolongado sem o descanso necessários da atividade laboral levam ao estresse crônico denominado e bastante difundido na literatura como Síndrome de Burnout(SB) que afetam o trabalhador no âmbito pessoal, profissional, social e familiar (BENEVIDES, P.A.M. 2002).

A Organização Mundial de Saúde (OMS) define a Síndrome de Burnout(SB) como “estresse crônico no local de trabalho mal administrado”, representada pela Classificação Internacional de Doenças pelo CID-11.A SB é um fenômeno ocupacional de caráter psicossocial que visa os aspectos tridimensionalmente como exaustão emocional e física, despersonalização e redução da realização pessoal. A exaustão causada por agentes emocionais atenuantes e constantes, a despersonificação levam a desenvolver atitudes negativas, e a falta de realização pessoal representa sentimentos de incapacidade e realização débil do trabalho. Estudos demonstram que a SB está relacionada a profissões que demandam grandes responsabilidades, e precisam estar constantemente em contato com público(MASLACH, C., JACKSON,S.E, 1981) Observa-se uma crescente a SB conforme estudos, em particular profissionais de saúde e em destaque aos que estão alocados nas UTIs por exigir dos profissionais desfechos rápidos e eficiente, o predispondo a um ambiente apático e competitivo, o que o torna desfavorável. Por outra vertente, os profissionais da UTI precisam constantemente socializar com os familiares dos pacientes e com a equipe (ÁLVARES, et. al., 2020). A equipe multidisciplinar da UTI é formada por médicos, enfermeira, técnicos de enfermagem, psicólogos, fisioterapeutas, farmacêuticos, nutricionista, assistentes sociais, maqueiros, segurança, assistentes administrativos. Todos esses profissionais lidam constantemente com o fim da vida, com comorbidades ainda pouco exploradas e desconhecidas, de média à alta complexidade. Deve-se considerar a situação de saúde desses profissionais, no cenário pandêmico, uma demanda intensa expondo a saúde psicológica da equipe (SANTOS,L.P.M, et. al. 2022). Dada a importância da equipe multiprofissional e as repercussões funcionais e estresse crônico relacionadas as atividades laborativas, dos quais estes profissionais estão expostos. Observa-se a necessidade de elucidar sobre as alterações biopsicossociais destes grupos, este estudo objetivou:

  • Identificar a associação dos sinais e sintomas da SB com as características sociodemográficas e histórico profissionais;
  •  Caracterizar as queixas osteomiarticulares mais frequentes e verificar sua relação com os sintomas de SB; 
  • Identificar qual o tipo de cefaleia está mais relacionado ao estresse na amostra; verificar a qualidade de sono da amostra.

Material e Métodos 

Trata-se de um estudo observacional de corte transversal com análise quantitativa. O tamanho da amostra foi por demanda espontânea com base no estudo de Álvares (2020). Pesquisa realizada em ambiente virtual por meio de formulário divulgado via redes sociais com profissionais das Unidades de Terapia Intensiva em qualquer função no setor realizado entre setembro de 2022 a novembro do mesmo ano. O comitê de ética da Faculdade de Comunicação e Turismo de Olinda sobre CAAE 60423022.5.0000.0127.

O questionário foi direcionado com Termo Livre e Esclarecido (TCLE) elaborado de acordo com a resolução n°466/12 do Conselho Nacional da Saúde e seguiu as determinações de proteção de dados LGPD-Lei 13.709/12. Após aceitar o candidato realizou a resposta do questionário sociodemográfico semi-estruturado com profissão, tempo na profissão, horas trabalhadas semanalmente, sexo, idade, se teve ou tem algum sintoma ou sinal de distúrbios psicológicos ou osteomioarticular, sobre estrutura e função do corpo que mais apresentava desconforto, para detectar se apresentavam a síndrome de burnout utilizamos o questionário Maslach Burnout Inventory (MIB), composto por 22 questões. Os critérios de inclusão profissionais de ambos os sexos com idade a partir de 18 anos que desempenhe qualquer função dentro da UTI’s há pelo menos 1 ano. Foram excluídos os participantes que referiram diagnóstico atual ou prévio de ansiedade, depressão, síndrome do pânico, fibromialgia, distúrbios do sono, lesão osteomioarticulares e, lesões relacionadas ao trabalho. Inicialmente houve 36 respostas, sendo estes fisioterapeutas, técnico de enfermagem, enfermeiro, radiologista, nutricionista, porém 7 atenderam aos critérios de inclusão. (Figura 1)

Figura 1 Relacionadas aos profissionais inclusos na pesquisa

Para categorizar SB na MIB é ordenado com 7 alternativas do tipo likert., distribuídas em 9 proposições para a dimensão de exaustão, 5 para a despersonificação, e 8 para a redução de realização pessoal, pontuação distribuídas no âmbito de exaustão emocional ˃ 27 já pode indica alto nível, 17 a 26 moderado; e ˂ 16 baixo. No campo correspondente a despersonificação pontuação ˃ 13 é um nível considerado alto, de 7 a 12, moderado e menor que 6 baixo. A pontuação que corresponde a redução de realização pessoal se contrapõe onde de 0-31 indicam nível alto, de 32 – 38, nível moderado ˃ 39, baixo A pontuação foi baseada nos critérios da Maslach Burnout Invetory, 0-20 nenhuma indício aparente de SB, 21-40 possibilidade de desenvolver SB, 41-60 caracterizava a fase inicial SB, 61 a 80 a SB começa a se instalar, 81-100 o profissional está em uma fase considerável da SB.

Os dados foram analisados no Microsoft Excel, foi sintetizado cada dimensão utilizando uma média aritmética, e em seguida por uma média ponderada todas as respostas por dimensão, com objetivo de indicar qual a mais afetada. Os dados foram testados quanto à sua distribuição e expostos em medidas de tendência central e de dispersão, além de terem calculado a associação e correlação entre as variáveis de interesse. Todos os testes estatísticos utilizaram o nível de significância α=0,05

Resultados

Este estudo envolveu sete profissionais atuantes nas unidades de terapia intensiva aptos. Conforme Gráfico 1, dos sete profissionais que responderam ao formulário, 4 (57%) foram do sexo masculino e 3(43%) pertencente ao sexo feminino.

Gráfico 1. Caracterização demográfica por sexo conforme dados levantados, Pernambuco, Brasil, 2022.

Quanto à faixa etária, o resultado obtido foi: 4 profissionais com idade de 21-30 anos (57%), 1 com idade de 31 a 40 anos (14%) e 2, com idade de 41-50 anos (29%), conforme Gráfico 2 .

Gráfico 2. Representação gráfica da faixa etária dos profissionais das unidades de terapia intensiva, Pernambuco, Brasil, 2022.

Os intensivistas apresentaram tempo na profissão variado. Na amostra estudada, os profissionais variaram entre 2 e 22 anos de atuação em UTI, conforme gráfico 3

Gráfico 3. Representação do tempo na profissão, Pernambuco, Brasil, 2022.

Os profissionais intensivista apresentaram uma carga semanal que variou de 24 à 40 horas, na sua maioria (57%).No entanto, 43% dos participantes relataram trabalhar em uma carga horária diferente, como mostra o gráfico 4.

Gráfico 4. Representação gráfica das horas trabalhadas semanalmente, Pernambuco, Brasil, 2022.

Os resultados apresentados no Gráfico 5 mostra a escala MIB dos profissionais que responderam o formulário. Um profissional participante (14%) ficou evidenciado apresentar síndrome de burnout, enquanto 4 (57%) mostrou-se estar na fase inicial, e 2(29%), podem desenvolver a síndrome, 

Gráfico 5. Representação gráfica na avaliação da síndrome de burnout, Pernambuco, Brasil, 2022.

No formulário semi-estruturado indexado com MIB, a parte que referia  as estruturas dos corpo que podem apresentar alteração, os profissionais intensivistas quando perguntado por dores articulares  referiram no pescoço 2 (29%), no joelho 1 (14%),e 4(57%) não referiu dores articulares, conforme figura 2. Os resultados para dores musculares foram em região lombar correspondeu 3 (43%), dores em membros inferiores, 1 (14%), dor muscular no pescoço 1(14%) e 2 (29%) não sentiram dores, como referenciada na figura 2. 

Figura 2. Representação figurativa das dores mioarticulares, Pernambuco, Brasil, 2022.

Para a questão fadigas em membros inferiores 5 (71%) relatou que sim, e 2(29%) negaram essa queixa (gráfico 6). Ainda em relação aos membros inferiores que apresentavam edemas, 7 (100%) referiu não ter esta alteração.

Gráfico 6. Representação figura referente a fadiga nas pernas, Pernambuco, Brasil, 2022.

Nas resposta aptas em relação as cefaleias mais frequente, 3( 43%) referiu dor em aperto na região frontal, o que pode caracterizar cefaleia do tipo tensional, enquanto 1(14%) referenciou dor em um dos olhos, sugestivo de migrânea, porém para caracterizá-la de fato é necessário analisar outros sintomas associados, tais como náuseas, vômito, fotofobia, fonofobia, e a osmofobia. Os demais profissionais, 3 participantes (43%), não relataram dor, conforme figura 3.

Figura 3. Representação em figura das dores de cabeça mais frequente, Pernambuco, Brasil, 2022.

Outro ponto abordado foi em relação a qualidade do sono dos profissionais da terapia intensiva. Dos 7 participantes, 3 (43%) relataram estar sempre com sono quando acordam, enquanto 2(29%) referiu está frequentemente com sono durante o dia e 2(29%) estão descansados e dispostos para suas atividades laborativas, como mostra o gráfico 7.

Gráfico 7. Representação gráfica da qualidade de sono dos profissionais, Pernambuco, Brasil, 2022.

Discussão 

A síndrome de burnout é uma crescente entre profissionais de saúde, em especial os profissionais da terapia intensiva (ÁLVARES, M.E.M et al 2020). Os resultados do presente estudo apontaram uma prevalência de 71% dos profissionais na fase inicial, e no começo da instalação da síndrome de burnout de acordo com os critérios de Maslach. Em um estudo que avaliou a prevalência da SB na equipe de enfermagem de uma UTI, 53,6% dos profissionais apresentaram sinais e sintomas da doença. São dados preocupantes visto sua importância dentro de suas funções laborativas na terapia intensiva (DE ARAGÃO, N.S.C et. al., 2021).

Quando verificado os dados sociodemográficos em relação a sexo e idade, a população masculina foi maior que a feminina (57% e 42%, respectivamente). A idade da população masculina variou entre 21 e 30 anos, enquanto que as mulheres apresentaram idade entre 31 e 50 anos. Na população feminina houve uma maior pontuação para burnout, o que corrobora que as mulheres estão mais expostas por suas responsabilidades fora do ambiente de trabalho e por representar um maior número em profissões como fisioterapeutas e profissionais da enfermagem(VASCONCELOS,E.M.,MARTINO,M.M.F.,2017),(BENEVIDES,P.A.M.,2002). Nesta pesquisa o sexo feminino foi maior nos critérios de exclusão quando relacionados a problemas prévios biopsicossoais que poderiam interferir nos resultados de SB.

Com relação ao tempo de serviço, a amostra foi heterogênea variando entre 2 e 22 anos exercendo a mesma profissão, porém quando analisado o aumento de tempo na profissional demonstrou uma crescente segundo os critérios de Maslach. Em um estudo, onde avaliou as variáveis idade, frequência de exposição a violência no ambiente de trabalho, atividades laborativas, e a supervisão e o tempo de experiência demonstraram ser preditores bastante significativos para SB (SAN, A. 2015) (DE ARAGÃO, N.S.C et. al., 2021). Em estudos transversais nacionais também demonstraram um aumento em enfermeiros que atuam entre dois e cinco anos. O que pode ter contribuído com o alto número de burnout nestes profissionais é o cenário pandêmico, agravados pelos fatores como incertezas referente a patogenia do vírus, ao distanciamento social dos parentes, a cargas de trabalhos, aos recursos e insumos, que influenciam nos âmbitos avaliados na SB, refletindo-se em exaustão emocional, a realização pessoal e o mais complexo que interferem diretamente nas tratativas do paciente a despersonalização (LUZ, DC.R.P et al,2021) (BUSTINCIO, W.M.P., 2020). Os profissionais das unidades de terapia intensiva podem trabalhar com cargas de trabalho semanalmente variadas. Neste estudo, a maioria dos profissionais apresentou diferentes cargas horárias o que pode configurar outros vínculos empregatícios, ou até mesmo em regime autônomos, podendo ultrapassar a carga horária semanal preconizada para as categorias de fisioterapia e enfermagem população predominante no estudo (GALINDO, R.H., et al., 2012).

As estruturas e funções do corpo podem ser afetadas pelas cargas e complexidade das atividades laborais, e idade. Com relação ao sistema osteomioarticular, foi verificado um prevalência de dores articulares em joelho e pescoço, quanto ao sistema muscular foi no pescoço, seguido por membros inferiores e a maior prevalência foi a região lombar, o que corrobora com o estudo realizado por Tottoli et al.(2019), analisou os profissionais que atuam em hospitais e verificou, comprovou uma prevalência maior na coluna e lombar, seguida pela cervical, sendo os mais acometidos nos profissionais intensivistas. Por estas serem regiões de grandes mobilidades e que permite movimentos de flexão, extensão, rotação e inclinação, quando associados às atividades laborais, aos vícios posturais, posturas mantidas por um longo período, podem inferir no adoecimento dessas estruturas, corroborando com os achados do presente estudo. A dor lombar nesta população é um fator incapacitante, afetando o desempenho das atividades laborais. Parece medidas intervencionistas como programas de conscientização ergonômicas, a fim de prevenir os acometimentos musculoesqueléticos, fazendo uma abordagem biopsicossocial, e individualizada.

O sono é um processo fisiológico da humanidade, caracterizado pela diminuição das atividades motoras e psíquicas, necessárias para recuperação e regulação dos sistemas. A falta dele e/ou sua baixa qualidade podem levar a prejuízos na saúde, como mostrou o estudo de Elfering, et al(2018), que correlacionou dor lombar e burnout com o sono débil, confirmando que problemas com sono é um preditor para dor lombar, aumentando os risco para burnout . Os intensivistas relataram sempre estar cansados, ou sentem sono frequentemente durante o dia corresponderam a 72% quando cruzado com a escala de burnout 57% estavam na fase inicial, e neste estudo quando correlacionado com horas semanais não especificadas(outras) os participantes todos estiveram inclusos e 29% desse apresentou dor lombar, evidenciando que a qualidade  do sono está intrinsecamente ligada, uma abordagem positiva a fim de evitar jornadas de trabalhos dupla, dentre outras modalidade.

As cefaleias do tipo tensional, caracterizadas por dor moderada a forte, forma em aperto como uma faixa na região frontal ou na base do occipital. Já a migrânea primária é acompanhada de náuseas, vômitos, pode existir a fotofobia, ou fonofobia, osmofobia, ter presença de aura ou não, ambas são condições incapacitantes em relação à função que demanda atenção, proatividade e excelência, no estudo de Lu(2007), sobre a interação múltiplas de exposições de risco, e fatores estressores na enfermagem, constatou que a cefaleia tem uma frequência alta nesta população, conforme foi verificado nesta pesquisa que 42%, identificou dor como faixa na região frontal da cabeça, quando correlacionados na MIB, a pontuação referenciou nos profissionais a possibilidade de desenvolver burnout, e na fase inicial e a síndrome já no seu início. 

Considerações Finais 

Neste estudo foi observado um índice da SB elevado, apesar do número de participantes reduzido, pelo tempo de coleta ser curto, a questão de divulgação e conscientização dos profissionais em participar desta pesquisa relevante. Mostrou dados que as estruturas osteomioarticulares, as funções como sono, e as cefaleias estão interligadas com as horas trabalhadas semanalmente e podem se apresentar como um fator atenuante para SB. Faz necessários mais estudos sobre a temática, como sugestão abordar os participantes que tenham alguma sintomatologia ou diagnóstico de distúrbios psicológicos, para verificar as atenuação do estresse sobre as estruturas e função do corpo. 

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