REALIDADE ENFRENTADA POR UNIVERSITÁRIOS EM JORNADA DUPLA

REALITY FACED BY UNIVERSITY STUDENTS IN DOUBLE JOURNEY

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7700187


Ben Judah Sicsú Gomes
Jairo Maia França
Laís Souza Pinto
Lohanny Tolentino de A. Oliveira


Resumo:

O presente artigo traz o socio drama que os universitários passam ao conciliar uma jornada dupla entre trabalho e estudos. Através da realização de pesquisas quantitativas que são baseadas em estatísticas, é notória afirmar que atualmente esta é a realidade socioeconômica de muitos que necessitam trabalhar para poder estudar, não tendo o privilégio de poder apenas focar na vida universitária. Mostrando então a realidade enfrentada, como isso afeta os estudos, desempenho, saúde mental e até mesmo a vida social desses indivíduos, em contrapartida se vê outros universitários que apenas estudam, mostrando consequentemente a divisão da sociedade de classes dicotômicas.

Palavras chaves: Universitários. Trabalho. Sociodrama. Desigualdade social. Mal desempenho. Dupla jornada.

Abstract:

This article brings the sociodrama that university students go through when reconciling a double shift between work and studies. By carrying out quantitative research that is based on statistics, it is notorious to say that this is currently the socioeconomic reality of many, who need to work in order to study, not having the privilege of being able to just focus on university life. Showing then the reality faced, how it affects studies, performance, their mental health and even the social life of these individuals, on the other hand, other university students who only study are seen, consequently showing the division of society into dichotomous classes.

Keywords: University students. Work. Sociodram. Social inequality. Poor performance. Double journey.

Introdução:

É de conhecimento geral que na sociedade brasileira cresce o número de universitários que estudam e trabalham, e a classe média-inferior vem sofrendo com essa desigualdade por sua precoce inserção no mercado de trabalho.

O presente artigo tem o objetivo mostrar como esta dupla jornada afeta a qualidade de vida desses universitários. Observando um pouco sobre essa realidade enfrentada, através do exercício de uma ocupação de pouco prestígio e baixa remuneração, são jovens que querem conquistar sua independência cedo e que não tem a possibilidade de apenas estudar.

Diante disso, através de pesquisas e estudos pode-se observar a importância do tema abordado e como a vivência de trabalho e estudo pode influenciar positivamente ou negativamente no desenvolvimento psicológico dos jovens, e como afeta o desempenho educacional. Pode-se afirmar que a instrução é de extrema importância para o conhecimento e formação para o exercício da cidadania e que o trabalho é de importância financeira e para o crescimento pessoal do indivíduo, mas vale ressaltar que os dois juntos pode ser cansativo, ter menos horas de sono, menos tempo de recreação e lazer, além de prejudicar o seu desempenho na faculdade e sua formação, em decorrência disso alguns jovens decidem abandonar a faculdade e se dedicarem exclusivamente ao trabalho, levando ao baixo nível de escolaridade e não conseguindo posições privilegiadas no mercado de trabalho, impossibilitando melhorias nas condições de vida.

Desenvolvimento:

O ingresso em uma universidade traz consigo muita felicidade a muitos jovens adultos, que acabam de embarcar em uma nova jornada de desafios e amadurecimento. Dentre esses novos desafios se encontra conciliar os estudos com a vida adulta (PALÚ, 2020).

Estudos realizados entre jovens de 19 a 24 anos, tendo como base a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), apontam que em 2016 a porcentagem de estudantes que conciliam entre trabalho e estudo subiu de 45,4% para 48,3% em 2019. Tendo um aumento também em universitário de instituições privadas que neste mesmo período foi de 54,4% a 58,3%. Porém em intuições públicas esta percentagem tende a ser menos em 2016 que foi de 35,5% para 36,7% em 2019 (FOLHA DIRIGIDA, 2020).

Este aumento na porcentagem de ensino privado vem ocorrendo devido a necessidade que estes alunos apresentam em estudar e ingressar no mercado de trabalho, com isso tendo que arcar com os custos da educação em uma instituição particular (BAGGI, 2011; RAMAL, 2015).

Segundo uma pesquisa realizada pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP), somente no ensino superior, o país já conta com 2.391 instituições, sendo 2.090 privadas e 301 públicas. Com essa acessibilidade, e com maior oferta de cursos apresentados acabaram trazendo para as universidades particulares estudantes com o poder aquisitivo mais baixo, e com isso a necessidade de recorrer a um emprego para arcar com os custos acadêmicos.

Além disso, várias pessoas que já possuem uma carreira estável voltaram às salas de aula (MORENO, 2014).

Com isso podemos perceber que é inegável que houve uma democratização das possibilidades de acesso à educação nos últimos anos, e consequentemente levando muitos estudantes a ter uma jornada dupla, trabalhando e estudando.

Na atual realidade, ter uma formação superior já saiu da parte de ser um diferencial e passou a ser uma exigência básica do mercado de trabalho, que está cada vez mais competitivo. Sendo assim, estudar é um investimento para o futuro, mas nem sempre é uma prioridade para as pessoas que necessitam trabalhar (RH Portal, 2022).

A noção de trabalho, funcionando como um divisor de águas, transforma-se em um marco rígido: o que caracteriza o jovem trabalhador é sua precoce inserção no mercado de trabalho, através do exercício de uma ocupação de pouco prestígio e baixa remuneração. (RUTH, 1994).

Esperar que as classes dominantes desenvolvam uma forma de educação que proporciona a percepção da injustiça social de maneira crítica às classes dominadas seria uma atitude ingênua. Quem pretende encarar esse desafio precisa entender quais são os principais obstáculos para trabalhar e fazer faculdade ao mesmo tempo (FREIRE, 1981).

Diante disso, vale ressaltar o debate sobre o acesso equitativo ao ensino superior para a classe média-inferior ou até mesmo baixa, concluído então a necessidade de cotas sociais e raciais para atingir o objetivo de diminuir a desigualdade de acesso à universidade.

Porém muitos indivíduos têm o trabalho como necessidade e prioridade para a sua sobrevivência, não tendo o privilégio de apenas estudar. Tornando a dupla jornada exaustiva, afetando a saúde mental desses sujeitos, que por muitas vezes devido a sua rotina cansativa não desenvolve sua vida pessoal, deixando de sair com amigos, confraternizar com seus familiares, usando seu tempo “livre”, para realizar atividades da faculdade ou até mesmo do trabalho.

Muitas destas dificuldades acabam afetando o desempenho acadêmico, desmotivando o estudante e sendo capaz de se tornar uma consequência a desistência de finalizar o ensino superior e não realizar o sonho de uma formação, tendo que assim se submeter ao trabalho com baixa remuneração.

É importante ressaltar que elevar a instrução e a qualificação dos jovens é uma forma de combater a expressiva desigualdade educacional do país. Além disso, especialmente em um contexto econômico desfavorável, elevar a escolaridade dos jovens e ampliar sua qualificação pode facilitar a inserção no mercado de trabalho, reduzir empregos de baixa qualidade e a alta rotatividade (UNDIME, 2020).

Considerações finais:

Devido a diversas situações muitos dos indivíduos atualmente precisam se dividir em diversas funções, como mostrado. Perante a essa pesquisa, pode-se verificar que pouco se é falado sobre essa questão, mas nitidamente é um assunto que deve ser explorado.

Em consequência, é notório o crescimento sintomático afetando o curso de vida desses jovens, que dividem sua vida entre trabalho e estudo, vemos como isso se reflete em sua qualidade de vida, afetando também suas relações familiares e seu desenvolvimento como indivíduo até mesmo podendo causar transtornos como estresse, depressão, ansiedade generalizada, obtendo então desgaste físico e emocional (PINTO, 2020).

REFERÊNCIAS

BAGGI, C.A.S.; LOPES, D.A. Evasão e avaliação institucional no ensino superior: uma discussão bibliográfica. Avaliação, Campinas; Sorocaba, SP, v. 16, n. 2, p. 355-374, 2011.

FOLHA DIRIGIDA. Dupla jornada: cresce número de jovens que estudam e trabalham. Folha dirigida, 2020. Disponível em: https://folhadirigida.com.br/empregos/noticias/especiais/numero-de-jovens-que-estudam-e-trabalham-cresce-no-pais. Acesso em: 25 de outubro de 2022.

FREIRE, P. Ação cultural para a liberdade. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 5a ed.,1981. G1, 2015. Disponível em: https://g1.globo.com/educacao/blog/andrea-ramal/post/crescimento-do-ensino-superior-privado-e-importante-mas-tem-riscos.html. Acesso em: 25 de outubro de 2022.

MORENO, P.F.; SOARES, A.B. O que vai acontecer quando eu estiver na universidade? Expectativas de jovens estudantes brasileiros. Rio de Janeiro, Aletheia 45, p.114-127, 2014.

PALÚ, J.; SCHUTZ, J.A.; MAYER, L. Desafios da educação em tempos de pandemia. Cruz Alta: Ilustração, 2020.

PINTO , F.C.V.; GONSALEZ, S.L.; CHAVES , M.A.T.; STOCKER, F. JORNADA PROFISSIONAL E ACADÊMICA: O Conflito e o Impacto na Qualidade de Vida no Trabalho. Ponta Grossa, Rev. ADMPG, v. 10, p. 1–13, 2020.

RAMAL,A. Crescimento do ensino superior privado é importante, mas tem riscos. Quais as competências profissionais necessárias para se inserir no mercado de trabalho? RH Portal, 2022. Disponível em: https://www.rhportal.com.br/artigos-rh/competencias-mercado-de-trabalho/. Acesso em: 25 de outubro de 2022.

RUTH, C.L. Estudantes universitários e o trabalho. São Paulo, Rev. bras. Ci. Soc.v.9 n.26, 1994.

UNDIME. Necessidade de trabalhar é principal motivo para abandonar escola.

UNDIME, 2020. Disponível em: https://undime.org.br/noticia/16-07-2020-10-42-necessidade-de-trabalhar-e-principal-motivo-para-abandonar-escola. Acesso em: 25 de outubro de 2022.