SANTINI, ACM1, JUSTO, LT 2
1. Fisitoterapeuta pós graduanda da Faculdade de Medicina de Botucatu- UNESP
2 Profa. Ms. da faculdade Marechal Rondon e Supervisora do Estágio de Fisioterapia Neurológica na Clínica de Fisioterapia da Faculdade Marechal Rondon
Endereço para Correspondência:
Avenida dos Tucanos nº47,
Condomínio Califórnia II
Cidade de Botucatu /Sp
Cep 18.618-000
Email: aninhasantini@hotmail.com
Introdução
A Ergonomia visa melhorar o trabalho humano, ela estuda as diversas capacidades que o homem utiliza para realizar suas atividades, e a partir daí, faz a adaptação das máquinas e ferramentas, do ambiente e da organização do trabalho, às características humanas (MÁSCULO, 2003).
Dentro do contexto de gestão empresarial, a ergonomia assume, cada vez mais, o papel de extrema importância dentro das empresas, quando inter-relaciona a qualidade do produto e dos processos a um aumento de produtividade e melhoria nas condições de trabalho. Seu campo de aplicação e crescimento é amplo, pois a evolução técnica do trabalho tem sido um fator decisivo no desenvolvimento desta ciência. A cada dia que passa, a tecnologia das máquinas alcança maior perfeição e complexidade, com menores custos e obrigando o homem a uma adaptação rápida a esta nova situação (ABRANTES, 2000).
Segundo Coury e Rodgher (1997) as lesões e doenças ocupacionais são em princípio, previsíveis e plenamente sujeitas à prevenção. No entanto, a eficácia de qualquer medida preventiva depende diretamente da sua capacidade de atingir, eliminar ou minimizar os fatores promotores do distúrbio.
Segundo Battisti, et al. (2005) ao realizar uma entrevista com operadores de caixa em uma rede de supermercados, constatou que a grande maioria sente dores ao realizar seu trabalho, sendo que o movimento de erguer os braços é o que causa maior desconforto e 95% desses entrevistados julgam existir movimentos repetitivos na realização da tarefa.
Este trabalho propõe avaliar uma operadora de caixa de supermercado em seu posto de trabalho, visando identificar suas condições para exercer suas atividades e verificar se há riscos relacionados à tarefa exercida e se existem, fazer recomendações para promover melhor conforto, segurança e prevenir principalmente lesões desencadeadas por sua atividade ocupacional.
Objetivos
2.1 Objetivo Geral
Fazer uma analise ergonômica e de postura em operadora de caixa em um supermercado, verificando se possuem boas condições para exercer sua atividade e se possuem riscos de desenvolver lesões devido a sua ocupação.
2.2 Objetivo Específico
Verificar através análise ergonômica e de postura em operadora de caixa de supermercado e observar se precisa de mudanças em seu posto de trabalho. E finalmente fazer recomendações específicas para cada caso visando à prevenção de lesões ocupacionais e do afastamento de sua atividade profissional.
Métodos
O presente estudo foi realizado em um Supermercado situado na cidade de Rubião Junior. A colaboradora de nossa pesquisa foi uma operadora de caixa, do sexo feminino, com idade de 18 anos que exerce a atividade no período das 8 horas da manhã às 18 horas da tarde, com um intervalo para almoço de duas horas. Ela assinou um termo de consentimento autorizando o uso de sua imagem. O proprietário do supermercado também assinou um termo de consentimento para podermos realizar filmagens em seu estabelecimento.
Para analisar seus postos de trabalho, fizemos imagem de vídeo e foto da colaboradora exercendo suas atividades. As imagens de vídeo que usamos foram para analisar a postura que a colaboradora se encontrava no momento. Para esta análise foi indicada a ferramenta computacional WinOWAS® que é um método prático para identificação de posturas desfavoráveis no trabalho e chegamos a resultados de acordo com as categorias deste método.
Também foi aplicados um questionário com a colaboradora, visando identificar se ela possuía algum desconforto na realização das tarefas e algum risco de desenvolver LER/DORT que são patologias relacionadas ao trabalho e o Protocolo para a descrição de atividades ocupacionai.
Foram feitas também análises do mobiliário para serem observadas as condições físicas para realização das tarefas. Levamos em conta o tipo de caixa, se possuía deslocamento de mercadorias em esteira automática, se possuía leitor ótico ou se precisava digitar no teclado o valor das mercadorias. Usamos a fita métrica para fazer a mensuração da cadeira. E a partir destas observações, fizemos recomendações seguindo a NR17.
DESCRIÇÃO DA ATIVIDADE DA COLABORADORA
A partir do protocolo para descrição das atividades ocupacionais identificamos que a colaboradora com 18 anos de idade é experiente e trabalha há dois anos e meio como operadora de caixa de supermercado. O seu horário de trabalho, ela chega ao supermercado às 8 horas da manhã e sai apenas às 18 horas da tarde, sendo que tem um intervelo para almoço de 2 horas. No trabalho, ela poderia fazer pausas pequenas, apenas para realizar suas necessidades fisiológicas, no entanto, quando o supermercado estava muito lotado, ela referia dificuldades até para isso.
Ela faz o registro de todas as mercadorias que estão sendo compradas pelos clientes, e faz o recebimento do valor das mesmas em forma de dinheiro, cartão de crédito ou débito e cheques. Também são feitos pela colaboradora a pesagem de produtos e o empacotamento.
A operadora realiza em seu posto de trabalho tanto a postura sentada, quanto a em pé, sendo que em seu posto de trabalho existe um banco de madeira, sem encosto, uma bancada para a passagem de alimentos que apresentada 90 cm de altura sendo que a mesma não possuía esteira para transporte de produtos, fazendo com que a operadora tivesse que realizar flexão e extensão de tronco todas as vezes que iria pegar algum produto. O registro destes produtos era feito por digitação da operadora, pois o maquinário não possuía leitor óptico, sendo que isto acabava causando maior esforço e repetição de movimentos dos membros superiores. A duração das atividades era abaixo de 30 segundos. A sua demanda de trabalho é inconstante, pois depende do número de clientes no local.
CONDIÇÕES FÍSICAS DO POSTO DE TRABALHO
No posto de trabalho havia uma bancada com 90 cm de altura, 2 metros de comprimento e 30 cm de largura, esta bancada não possuía rolagem automática para os produtos.
No ambiente de trabalho não havia uma cadeira disponível para a operadora, apenas possuía um banco, de alumínio com 70 cm de altura e 30 de circunferência onde a colaboradora passava a maior parte do tempo sentada. Também não observamos nenhum apoio para os pés.
A caixa registradora não possuía leitor óptico, necessitando que a colaboradora digitasse o valor das mercadorias. A caixa e a gaveta registradora situavam-se bem a frente da operadora. A passagem de cartões eletrônicos e pesagem de mercadorias não se situavam no caixa, e sim a dois metros de distância o que dificultava o trabalho da operadora.A partir do questionário sintomas e aspectos relacionados à organização do trabalho aplicado para a colaboradora pudemos identificar que a ela sente um grande cansaço físico após a realização de seu trabalho. Ela também afirma que sente dores e formigamento há uns 7 meses na região do punho direito. e dores na região posterior das pernas todos os dias após exercer suas atividades.Neste questionário caixa afirma que antes de ocupar o cargo não recebeu nenhum tipo de treinamento, para aumentar o conhecimento em relação ao seu trabalho e as patologias que poderiam surgir devido à má postura para exercer suas atividades e nem como evitá-las.
Resultados
Usamos as imagens de vídeo da operadora em seu posto de trabalho, o que permitiu a análise pelo método WinOwas. Foram analisadas 8 observações, com o intervalo de 30 em 30 segundos, pois a atividade desta operadora no dia da filmagem não passaram de 4 minutos de duração.
De acordo com as categorias, 50 % se enquadravam na categoria um, onde não são necessárias medidas corretivas e os outros 50 % se enquadraram na categoria 2, onde serão necessárias correções no futuro.
Tabela1: Tabela mostrando a atividade exercida pela operadora de caixa e a categoria segundo o método WinOwas.
Gráfico 1: Demonstração Gráfica dos resultados retirados da ferramenta computacional WinOwas
Este gráfico nos mostra que 50% das 8 observações está na categoria 1 e os outros 50% está na categoria 2.
Conclusão
Podemos concluir através deste estudo que as condições físicas do posto de trabalho desta operadora de caixa eram precárias e não estavam de acordo com a NR 17, o que pode ter prejudicado a postura da mesma, fazendo com que ela sentisse desconforto após a jornada de trabalho.
Referências
MÁSCULO, F.S. Ergonomia. Aula para o Curso de especialização em Engenharia de Produção. UFPB/CT/DEP. João Pessoa, 2003.
ABRANTES, A.F. A ergonomia observada no desenvolvimento
e na especificação de equipamento. Disponível em: http://www.guiadelogistica.com.br. 2000. Acesso em: 20 de novembro de 2006.
COURY, G.H.J. & RODGHER, S.Treinamentos para o controle de disfunções musculoesqueléticas ocupacionais: um instrumento eficaz para fisioterapia preventiva? Revista brasileira de Fisioterapia. 1(2), p7-17, 1997.
BATTISTI, H.H; GUIMARÃES, A.C.A; SIMAS, J.P.N. Atividade Física e Qualidade de Vida de caixa de Supermercado. Revista Brasileira Ciência e Movimento, 13(1), p.71-78, 2004.
MNISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO. Manual de aplicação da NR17, 2º edição, Brasília 2002.
Parabéns um Artigo muito esclarecedor.
TST
Jorge João da Silva