REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7632285
Gizelle Lobato dos Santos[1]
Maria Francisca Padilha de Souza[2]
Sheila da Silva Sales Brito[3]
Laís Pereira de Almeida[4]
RESUMO
A Responsabilidade Social Empresarial (RSE) impõe diversos desafios ao mundo dos negócios, fazendo com que os gestores das organizações trabalhem de forma dinâmica e responsável, com ações planejadas e fundamentadas pela ética, transparência e desenvolvimento sustentável. A RSE envolve três dimensões na busca de novas oportunidades como uma maneira de responder às demandas: social, ambiental e econômica. Esta pesquisa busca uma maior percepção sobre a influência das práticas conceituais e ferramentas utilizadas na Responsabilidade Social mediante a gestão empresarial, objetivando analisar as vantagens ao ser inseridas na organização, especificando conhecer os instrumentos de Responsabilidade Social utilizada e debater a prática com fundamentação teórica. A forma como as organizações Johnson & Johnson do Brasil, Indústria e Comércio de Produtos para Saúde Ltda utilizam a Responsabilidade Social é a base para tal reflexão. Adotou-se um aprofundamento do tema por meio de um estudo exploratório em entrevista, artigos, sites, institutos, revistas e livros com renomados autores e suas citações bibliográficas. No decorrer da pesquisa foi evidenciada que a Organização estudada utiliza a RSE com intuito de promover a saúde, o bem-estar e o desenvolvimento social por meio de projetos que atendem os seus colaboradores e comunidade.
Palavras-chave: Responsabilidade Social. Saúde e Inovação. Sustentabilidade. Organização.
ABSTRACT Corporate Social Responsibility (CSR) poses several challenges to the business world, making managers of organizations work in a dynamic and responsible manner, with actions planned and based on ethics, transparency and sustainable development. CSR involves three dimensions in the search for new opportunities as a way to respond to the demands: social, environmental and economic. This research seeks a greater perception on the influence of conceptual practices and tools used in Social Responsibility through business management, aiming to analyze the advantages to be inserted in the organization, specifying to know the Social Responsibility instruments used and discuss the practice with theoretical foundation. The way in which Johnson & Johnson’s organizations in Brazil, Industry and Trade in Health Products, use Social Responsibility is the basis for such reflection. A deepening of the subject was adopted through an exploratory study in interview, articles, websites, institutes, magazines and books with renowned authors and their bibliographical citations. Throughout the research it was evidenced that the Organization studied uses CSR in order to promote health, well-being and social development through projects that serve its employees and community.
Keywords: Social Responsibility. Health and Innovation. Sustainability. Organization.
1. INTRODUÇÃO
A Responsabilidade Social Empresarial (RSE) são ações realizadas por empresas que visam o benefício da comunidade. São causas sociais significativas para a sociedade civil em que está alocada, contribuindo com a política social e agregando valor a organização. É a forma de gestão que tem interesse em diminuir os impactos negativos causados a comunidade e ao meio ambiente, bem como a desigualdade social. Abrange dois conceitos: Transparência e Valores Éticos, que conduzirão a empresa na idealização de uma sociedade igualitária.
Johnson & Johnson é uma empresa americana fundada em 1886, especializada na produção de farmacêuticos, utensílios médicos e produtos pessoais de higiene. É uma organização que iniciou suas atividades no Brasil em 1933 e que já trabalha esse conceito em seus planos, com ações sociais para seu público interno e externo, além de programas voltados para o compromisso na satisfação de seus consumidores, com a promoção à saúde e com aliança entre ciência e vida saudável. A referida investigação foi desenvolvida no período de março a outubro de 2018.
A RSE envolve a busca de novas oportunidades como uma maneira de responder às demandas: social, ambiental e econômica, com o compromisso de garantir o desenvolvimento sustentável. Dessa forma esses também são os valores da sociedade e é por isso que as empresas passam a adotar um novo papel, por meio de comportamento ético e transparente. Diante o exposto, chegou-se na seguinte problemática: De que forma as Organizações Johnson & Johnson do Brasil utilizam a Responsabilidade Social Empresarial (RSE)?
Devido às grandes mudanças ocorridas nas últimas décadas, a Responsabilidade Social Empresarial vem se destacando nas empresas como uma grande aliada da sociedade, de forma voluntária, adotando posturas, comportamentos e ações que promovam o conforto do seu público interno e externo, interagindo com outras organizações, governos e pessoas, fator crítico de sucesso. A pesquisa é resultado de um estudo de caso nas organizações J&J que utiliza a RSE como diferencial no mercado comercial, por meio de publicações e projetos sociais divulgados nos meios de comunicação.
O objetivo geral da pesquisa é analisar as vantagens da Responsabilidade Social nas Organizações Johnson & Johnson, sendo os objetivos específicos: Conhecer os instrumentos da RS utilizados pelas organizações e debater sua prática com a fundamentação teórica. Levantando as seguintes hipóteses: Se a organização utilizar a RS tornará seu produto mais valioso e vista de maneira respeitosa por todos e se a responsabilidade social for implantada na organização o grau de motivação será elevado.
O trabalho desenvolveu-se a partir de um Estudo de Caso, no qual utilizou como instrumento para coleta de dados uma entrevista, de natureza qualitativa e o método aplicado foi o indutivo. A pesquisa está estruturada pela seguinte forma: Fundamentação Teórica; Metodologia; Discussões e Análise de resultados e Considerações Finais.
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1 A origem da Responsabilidade Social Empresarial – RSE
O surgimento dos conceitos da Responsabilidade Social Empresarial iniciou no século XX, onde se apoiavam nos princípios básicos da filantropia e da governança, e as empresas eram estimuladas a serem generosas para com os “desfavorecidos” levando em conta os interesses sociais, pois associavam à obrigação de produzir bens e serviços convenientes, gerar empregos, garantir segurança no ambiente organizacional e principalmente gerar lucros.
Para Souza (2011, p.13):
No mundo, no início do século XX, registram-se manifestações a favor de um comportamento socialmente responsável nas empresas, principalmente com relação à manutenção do meio ambiente. A preservação desse valor é, assim, necessária à sobrevivência da própria espécie humana, garantindo-lhe um mínimo de qualidade de vida. Porém, somente nos anos de 1960, nos Estados Unidos da América e, no início da década de 1970, na Europa – particularmente, Alemanha e Inglaterra – que a sociedade iniciou uma cobrança por maior Responsabilidade Social das empresas e ficou patente a própria necessidade de divulgação dos chamados balanços ou relatórios sociais.
Diante desses conflitos enfrentados por gestores, surgem as preocupações com uma ética de ordem pessoal para conduzir as organizações. Assim, os princípios morais e tradicionais como: integridade, honestidade e confiança, passam a conscientizar o indivíduo como centro e foco da RS para o melhoramento do macro organizacional.
2.2 Conceito da RSE
O Estado não tem sido capaz de resolver unicamente os problemas de questões sociais, mas é indispensável sua atuação. O mesmo encontra-se com dificuldades de sanar a crescente dívida social e de investir em ações necessárias para mudar tais situações, dando espaço para que as Organizações Estatais, Empresas e a própria sociedade tomem para si uma fração de responsabilidade visando mudanças positivas para o todo.
Após inúmeras tentativas, os governos, recentemente, ao perceberam a amplitude de tal desafio, resolveram incluir todas as partes envolvidas nas questões sociais, chamando-as para um pacto democrático, fazer com que exerçam sua cidadania, cumprindo o papel social que lhes cabe, enquanto indivíduos, empresas, ONG’S, formadores de opiniões etc. (SOUZA, 2011, p.13).
Nesse contexto surgem organizações sem fins lucrativos como: ONG’s, Institutos, Fundações, denominados como terceiro setor, responsáveis por administrar recursos que podem e devem beneficiar os mais desfavorecidos da sociedade. Aguardar que o Estado assuma a totalidade das ações sociais, especialmente em países de fortes desigualdades como o Brasil, não parece ser a melhor opção. Porém, um modelo de maior coordenação por parte do Poder Público na articulação dos recursos presentes nos setores não governamentais, poderia trazer resultados mais concretos para a coletividade.
A responsabilidade social empresarial é entendida como o relacionamento ético da empresa com todos os grupos de interesse que influenciam ou são impactados pela atuação da mesma, assim como o respeito ao meio ambiente e investimento em ações sociais. Compreende uma expansão e evolução do conceito de empresa para além do seu ambiente interno. […] No âmbito comunitário esta responsabilidade se traduz na prática de ações concretas que tragam benefícios à sociedade, e devolvam, criem ou recriem as condições necessárias para o desenvolvimento crescente da cidadania (DE BENEDICTO; RODRIGUES e PENIDO, 2008, p.5).
Nessa nova concepção do conceito RSE, nota-se que as companhias estão inclusas em ambientes complexos, pois suas atividades influenciam e tem impacto sobre diversos fatores sociais, comunidade e sociedade. É uma escala de obrigações que a organização adquire ao assumir proteção, melhoria na qualidade de vida da sociedade, conforme ela visa atingir seus próprios interesses.
Para Souza (2011, p.26) “a responsabilidade social faz parte de um processo de crescimento de indivíduos e empresas, em conjunto com a sociedade. Esse processo é inesgotável, posto que sempre há algo a ser feito […]”. Dessa forma, é importante ressaltar que o benefício gerado pela empresa, deve evoluir e interagir para o bem-estar da sociedade, tanto no meio interno (organização) quanto ao externo (sociedade), cumprindo suas obrigações legais com o governo.
A organização socialmente responsável deve ter os conceitos de transparência e ética como princípios de sua conduta. Pode-se dizer que atualmente a implantação da RSE nas organizações é de suma importância para o seu reconhecimento e crescimento juntamente à sociedade. A atuação dessa gestão de forma eficaz proporciona uma maior visibilidade perante as demais organizações mesmo que atuem em âmbitos iguais, garantem consolidação e um maior destaque no mercado. Consequentemente, os ganhos internos são imensuráveis, conciliando valorização econômica e capital humano.
2.3 Princípios da RSE
Em referência ao desempenho da corporação à sociedade em que atua está relacionado a um novo modelo de gestão onde visa diminuir os impactos causados no meio ambiente por meio de suas ações, levando em consideração a sua sobrevivência no mercado de forma eficaz. Por meio de seus princípios básicos, é que a organização gerencia sua responsabilidade social diante de suas políticas, estratégias e atividades, onde devem estar alinhados à cultura organizacional, a serem moldados de forma participativa, revelando sua essência de dentro para fora, com o objetivo de nortear suas atividades.
Segundo Morcelli e Ávila, (2016, p. 44) existem sete princípios essenciais da responsabilidade social, que são eles:
- Responsabilização (accoutability): A organização deve ser responsável por suas decisões e atitudes, prestando conta das mesmas às autoridades legais e às partes interessadas da organização.
- Transparência: A organização deve comunicar e ser clara e honesta quanto a suas decisões e operações que impactam a sociedade, a economia e ao meio ambiente.
- Comportamento Ético: O comportamento da organização deve seguir os princípios e normas aceitos internacionalmente, com uma conduta moral e adequada a cada situação.
- Respeito pelos interesses das partes interessadas: Saber ouvir, considerar e responder as iniciativas das pessoas que demonstram interesse nas decisões organizacionais.
- Atendimento aos requisitos legais e outros requisitos: Estar em conformidade com a lei.
- Respeito pelas normas internacionais de comportamento: Possui um comportamento organizacional socialmente responsável, de acordo com os princípios e leis universalmente aceitos e reconhecidos.
- Direitos humanos: Garantir a universalidade dos direitos humanos na organização, cuidando do ambiente econômico, social e natural que necessitam.
A Responsabilidade Social Empresarial vem se transformando em uma das estratégias mais importantes para as organizações ao participar efetivamente para evolução de seus públicos, agregando valor e qualidade aos produtos/serviços, fazendo com que a empresa conquiste a satisfação de seus clientes, fidelizando-os, uma vez que elas necessitam buscar ferramentas ou modelos de gestão para garantir sobrevivência no mercado.
2.4 Características da RSE
Ao se tratar de um tema relativamente novo, a Responsabilidade Social ao ser incorporada aos negócios, obriga as organizações a utilizarem novas estratégias para o atendimento das demandas, acompanhadas de cobranças éticas e transparentes nos negócios, adotando uma postura que sejam mais responsáveis com suas ações, levando em consideração os seguintes aspectos: É desenvolvida por todos e para todos; Deve ser difundida em toda cadeia de suprimentos; Sustentabilidade; Ética e transparência.
[…] a forma de gestão que se define pela relação ética e transparente da empresa com todos os públicos com os quais ela se relaciona e pelo estabelecimento de metas empresariais compatíveis com o desenvolvimento sustentável da sociedade, preservando os recursos ambientais e culturais para as gerações futuras, respeitando a diversidade e promovendo a redução das desigualdades sociais. (FRANSCHINI, etal, 2013.p.18).
Nessa perspectiva, as características da RSE propõem-se encorajar e tornar acessível os processos de gerenciamento que englobam as tomadas de decisões socialmente responsáveis, abrangendo as cadeias de relacionamentos das empresas por meio das partes interessadas. Permitindo estabelecer metas com enfoque na evolução e crescimento em conjunto, direcionando ao desenvolvimento sustentável, na busca da redução dos impactos negativos no meio ambiente, dentre os quais se encontram os recursos naturais indispensáveis para a sobrevivência das gerações futuras.
3. METODOLOGIA
3.1 Histórico da Empresa
As Organizações Johnson & Johnson, empresa americana iniciou suas atividades no Brasil em 1933, às margens do Rio Tamanduateí, no bairro da Mooca em São Paulo, suprindo o mercado com produtos de uso hospitalar e doméstico como algodão, gazes, esparadrapos, compressas cirúrgicas, entre outros, priorizando um forte compromisso entre todos os colaboradores, fornecedores e consumidores mediante a uma conduta ética e inovadora. A empresa possui o quantitativo de cinco mil colaboradores; quatro escritórios regionais de vendas; três centros de distribuição; novecentos e dez mil m² de parque industrial, sendo setecentos mil m² de área verde e onze fábricas localizadas em São José dos Campos (SP).
3.2 Tipo de pesquisa
A pesquisa é um estudo caso de cunho qualitativo, de fundo bibliográfico e científico, com informações obtidas. Segundo Flick (2009, p.17) “os estudos de casos servirão para ajuda-lo a refletir sobre como as coisas são feitas na pesquisa qualitativa e sobre problemas ou questões que surgem durante a leitura de tais casos”. Vale ressaltar que a organização pesquisada atua em três segmentos, voltados para o consumidor final e as áreas farmacêutica e médico-hospitalar no Brasil.
3.3 Método de pesquisa
Com fundamentação indutiva, a investigação consiste em um levantamento de dados coletados para chegar ao conhecimento, “a indução é um processo mental em que o indivíduo parte de dados particulares vistos com certa repetição. A constância das repetições leva o pesquisador a inferir uma lei ou verdade geral” (XAVIER, 2016, p.38). Pois busca-se inferir a veracidade dos fatos levantados pelo tema.
3.4 Instrumento de pesquisa
Essa pesquisa é baseada em aspectos qualitativos, norteado por uma entrevista dada pela atual gestora da Empresa Johnson & Johnson da América Latina Valéria Militelli Líder de Global Community Impact (Impacto Global na Comunidade), concedida ao programa de TV Observatório do Terceiro Setor, no dia 08 de junho de 2018, onde a mesma aborda a importância da Responsabilidade Social Empresarial no cenário atual por meio da sua gestão administrativa.
Segundo Gil (2008, p.109) “a entrevista é uma das técnicas de coleta de dados mais utilizada no âmbito das ciências sociais […] valem-se dessa técnica, não apenas para coleta de dados, mas também com objetivos voltados para diagnósticos e orientação”. Para a construção do trabalho utilizou-se questionário com 10 perguntas e respostas, baseado na entrevista sob a ótica da Responsabilidade Social Empresarial, onde Valéria Militelli afirma a consolidação de todas as ações gerenciais fundamentadas no Nosso Credo[5].
3.5 Público alvo
A pesquisa é voltada para empresas, gestores e acadêmicos que queiram trabalhar com a responsabilidade social e que tenham interesses em desenvolver ou ampliar seus conhecimentos sobre esta nova forma de gestão.
3.6 Período de pesquisa
A pesquisa foi realizada nas Organizações Johnson & Johnson do Brasil, Indústria e Comércio de Produtos para Saúde Ltda, em relação ao conceito de RSE, no período de março a outubro de 2018, enaltecendo alguns de seus projetos no respectivo ano.
4. DISCUSSÕES E ANÁLISES DOS RESULTADOS
A referida investigação procura detectar de que forma é utilizada a Responsabilidade Social Empresarial dentro dos ambientes interno e externo da organização Johnson & Johnson. Mediante o estudo realizado, enfatiza-se o compromisso que a organização tem com seus colaboradores, sociedade civil e meio ambiente. Esta abordagem da área administrativa vem somar com as necessidades de um mercado globalizado e competitivo, exigindo um comportamento diferenciado das empresas que buscam investir em ações sociais de forma que possam agregar valor ao seu produto.
A pesquisa foi desenvolvida a partir de informações obtidas em uma entrevista concedida por Valéria Militelli, Líder de Global Community Impact da Empresa Johnson & Johnson da América Latina. Na sequência, serão demonstrados os resultados evidenciados durante o desenvolvimento da investigação.
Pergunta 01: O que é Responsabilidade Social?
Resposta: Na Johnson & Johnson, o compromisso presente no Nosso Credo nos inspira a contribuir com o desenvolvimento das comunidades em que vivemos e trabalhamos, assim como com a comunidade mundial. Este compromisso em melhorar a vida das pessoas e tornar o mundo um lugar melhor está no DNA de nossa empresa. Nossos esforços para o desenvolvimento das comunidades estão concentrados em três pilares estratégicos: Salvar e melhorar a vida de mulheres e crianças; Prevenir doenças e Capacitar Profissionais de saúde.
Complexa e dinâmica é ampla a discussão que abrange o conceito da RSE, para Alessio (2004, p.21) “a evolução do conceito de RSE passa pela sua obrigatoriedade por razões de natureza ética, pelo compromisso com colaboradores, famílias e comunidade onde a empresa está inserida, pela visão de filantropia estratégica e de cidadania corporativa”. É notório que os conceitos de responsabilidade social dentro das organizações, ocorrem de forma dinâmicas e variadas, algumas com enfoque na contribuição social, ambiental e econômica, outras priorizando o comportamento ético e algumas organizações com práticas especificas.
Pergunta 02: Como a Johnson & Johnson pretende levar a Responsabilidade Social aos seus colegas na organização?
Resposta: Será uma missão relativamente fácil, pois a maioria dos colaboradores já está engajada nesse trabalho, o qual acontece desde que a empresa foi criada. A Johnson tem o famoso credo com um parágrafo inteiro dedicado a ações a comunidades, ou seja, ela já tem isso em seu DNA e a cada ano esse ciclo se renova e as pessoas têm vários exemplos do que eles fazem para devolver um pouco para a comunidade.
[…] A ideia de que ser ético e responsável socialmente se inicia dentro da empresa deve ser pensada em relação aos investimentos em treinamento e desenvolvimento, segurança em local de trabalho, estímulo à qualidade de vida, salário compatíveis com o mercado, abertura e transparência para a comunicação em todos os níveis hierárquicos e até mesmo atenção e preparo dos funcionários para a aposentadoria. (FRANSCHINI, 2005, p.48).
Para gerir uma empresa socialmente responsável, com maior eficiência na construção do processo da responsabilidade social, muitos instrumentos gerenciais são desenvolvidos para estabelecer a relação entre a organização e seus colaboradores. Conhecer e entender os membros da organização é essencialmente indispensável para a reformulação de ações que promovam a sintonia em uma busca de um objetivo comum.
Pergunta 03: Por estar no DNA da empresa torna-se uma experiência única sensibilizar os funcionários. De que forma a empresa sensibiliza-os a respeito desses propósitos?
Resposta: A empresa tem um propósito grande com a missão de conseguir mudar a trajetória da saúde para a humanidade. Usando criatividade, sentimento e a ciência, idealizando extinção de doenças na humanidade, através da conscientização da prevenção e promoção da saúde (qualidade de vida). Existem várias iniciativas diferentes, com pessoas de perfis diferentes e liberdade de fazer programas diferentes se identificando com eles. Onde uns direcionam suas habilidades para o meio ambiente, outros a trabalhar com crianças, tem gente que gosta de fazer pro bono (para o bem) dedicando seu conhecimento em prol da causa, ou seja, há várias maneiras de engajar o funcionário aos projetos existentes na empresa, ressaltando que os mesmos já se encontram envolvidos nas atividades, cada um com seus talentos únicos a serviço da comunidade, fazendo uma relação do que a sociedade precisa e o que a empresa pode oferecer.
Segundo Morcelli e Ávila, (2016, p. 26):
[…] é preciso sensibilizar e motivar os colaboradores para serem parceiros deste compromisso. Muitas vezes, as empresas optam por desenvolver programas internos por meio de palestras, caixa de sugestões buscando motivá-los e proporcionar a educação para as práticas sociais, explicitando também seus principais benefícios. Esta etapa se resume, então, a divulgar o conceito de responsabilidade social, receber sugestões de possíveis práticas e melhorias. Após isso, deve avaliar as suas viabilidades, expor as melhores ideias para todos os colaboradores, para depois de discutidas e aprovadas, a empresa ter como compromisso executá-las e dar visibilidade aos resultados.
A empresa socialmente responsável busca maximizar os efeitos positivos dentro da sua própria organização por meio da gestão que ultrapassam as expectativas do seu público interno, via projetos com desenvolvimento profissional dos trabalhadores, melhores condições de trabalho, aumento da produtividade, motivação, autoestima e comprometimento em suas atividades, os que determinam a melhoria significativa da qualidade de vida dos colaboradores. As políticas relacionadas ao impacto ambiental e aos recursos naturais foram as mais compreendidas, uma vez que as empresas passaram a entender facilmente que uma exploração menos intensiva dos recursos naturais era susceptível de aumentar os resultados.
Pergunta 04: Como se define a RSE no nosso país?
Resposta: Algumas décadas atrás havia a área de responsabilidade social que era um braço social e tinha a empresa. Hoje não existe mais essa divisão, pois houve a integração dessas duas vertentes e quando se fala em sustentabilidade e responsabilidade social, entende-se que uma não vive mais sem a outra. O Brasil tem muitos bons exemplos, boas fundações, tem bons projetos e excelentes profissionais nessa área.
Tenório (2006, p.19) ressalta que:
Em relação ao Brasil, a discussão sobre o tema está associada à transição de valores que o país atravessa, de uma sociedade industrial, onde a responsabilidade social assume conotação econômica, para uma sociedade pós-industrial, onde o tema valoriza aspectos relacionados à melhoria da qualidade de vida.
Observa-se que nas últimas duas décadas o interesse e investimento do empresariado brasileiro na área social é um fator crescente, onde se discutem temas como filantropia e responsabilidade social, cujas empresas começaram a praticar ações isoladas de caridades e ajuda humanitária compartilhando com os menos favorecidos uma parte de seus lucros.
A Responsabilidade Social Empresarial é utilizada também para enaltecer a imagem organizacional, visando à valorização dos serviços e produtos, em busca da fidelização de um público maior de consumidores e de partes envolvidas, criando laços com outras empresas e organizações não governamentais com o objetivo de amenizar as necessidades da sociedade civil.
Pergunta 05: Como o Brasil se situa em termos de Responsabilidade Social Empresarial na América Latina?
Resposta: Na América latina o Brasil lidera juntamente com o México, Argentina, Chile, Colômbia, dentre outros. Havendo o destaque da América latina, em termos de inovação social.
Berger (2006) salienta que:
O crescimento da RSE ocorreu não só na Argentina, mas também no Brasil, Chile, México e Colômbia. Contudo, diferentemente da Argentina, nas demais regiões o crescimento veio acompanhado da criação de empresas importantes. Na Argentina, não há organizações empresariais dedicadas exclusivamente à RSE, e sim entidades sem fins lucrativos. No plano internacional, o fenômeno cresceu como resultado da liderança de empresas multinacionais, bem como em resposta às expectativas dos consumidores, atuação de ONGs que pressionam ou monitoram o comportamento das empresas, ou por decisão dos investidores.
O Instituto Ethos participa ativamente na atividade de promoção da Responsabilidade Social Empresarial desde 1998 no Brasil. Um de seus projetos mais relevantes foi a introdução do Índice de Sustentabilidade Empresarial da Bolsa de Valores de São Paulo, composta por ações de várias empresas as quais servem de exemplos para que outras empresas se tornem socialmente responsáveis.
Pergunta 06: As transformações na sociedade que tanto desejamos estão se dando por meio das empresas, mediante a Responsabilidade Social Empresarial. De que forma?
Resposta: A empresa hoje é um grande vetor de inovação, no entanto as grandes transformações dependem de pessoas que queiram fazer diferente, essas pessoas podem estar inseridas em ONG’s, empresas, agir por conta própria, dentro de uma associação e elas estão por todas as partes na sociedade. Interagindo de forma sincronizada e consciente de que o futuro é coletivo e que é necessário trabalhar juntos, uma vez que há problemas muitos complexos os quais não podem ser solucionados sozinhos.
Esta realidade política, econômica e social faz com que as empresas não só devem assumir o desafio de serem globalmente rentáveis, competitivas, eficientes para gerarem a riqueza necessária, mas também assumir as expectativas que a sociedade tem a respeito de sua responsabilidade na superação dessas limitações sociais (COSTA, 2010, p.16).
Atualmente as empresas estão mais conscientes de suas responsabilidades nas atitudes que irão contribuir para o bem-estar e os interesses da sociedade e da organização por meio de tomadas de decisões e ações que irão abranger as relações da empresa com todos os seus públicos – stakeholders, colaboradores, órgãos não governamentais e grupos da sociedade. É a extensão do papel empresarial ultrapassando os aspectos econômicos, com o objetivo de promover a inclusão e o desenvolvimento social por meio de projetos desenvolvido a fim de construir uma sociedade igualitária, transformando a vida das pessoas, sejam elas crianças, jovens ou adultos.
Pergunta 07: Apesar do projeto de interesse social ser individual da organização, ela trabalha em coletivo para alcançar o objetivo desejado. Como suplantar essa visão do individual para o coletivo?
Resposta: Os projetos da organização são projetos em cocriação, ou seja, já nascem diante de uma análise diferenciada sobre os dados, enxergar o problema como ele é, sabendo que a organização tem uma parte dessa nova visão e necessita de outras pessoas que tem outras perspectivas sobre o mesmo problema para enxerga-lo de fato como ele é, estabelecendo uma relação de confiança com os envolvidos e consequentemente a criação da solução da mesma forma, uma vez que é muito difícil conceber a solução de um problema complexo sozinho.
Dos Reis, (2007, p. 297) frisa que:
Entende-se que a questão maior a ser tratada é a dos valores éticos que norteiam e orientam as decisões e as ações tomadas pelos empresários e que perpassam todos os escalões da empresa e os stakeholders […] contribuam para o enfrentamento dos diversos problemas sociais e para um processo de transformação social, imprescindível ao restabelecimento da dignidade humana e à construção de uma sociedade mais justa e sustentável.
Do exposto acima, compreende-se que a RSE é uma grande aliada das organizações que tem uma visão mais contemporânea sobre o mercado, e mediante situação reforça-se a ideia que o poder que as empresas têm vem da sociedade, uma vez que os problemas ou necessidades que a RSE tenta solucionar fazem parte de um todo, como empresas que utilizam matérias-primas e causando danos ao meio ambiente; o governo que não tem cumprido com seu papel para com a sociedade, entre outros. Estes mesmos grupos estão se unindo para trabalharem em conjunto com objetivo de amenizar os impactos causados pela humanidade.
Pergunta 08: As organizações ou empresas como a Johnson & Johnson já estão conscientes de que devem caminhar juntos em relação à Responsabilidade Social?
Resposta: A maioria das empresas que tem ou que tomam muito a sério suas responsabilidades de impacto evoluíram muito, inclusive as ONG’s que acompanham esse processo. Ainda não estamos vivendo no melhor momento, porém estamos caminhando de uma forma muito rápida do que esperado, utilizando as plataformas de comunicação para o envolvimento de todos.
Toda organização deve assumir plena responsabilidade por seu impacto nos funcionários, no ambiente, nos clientes e em tudo aquilo e em todos aqueles que por ela forem afetados […] É um ato de irresponsabilidade a organização aceitar – e ainda mais procurar assumir – responsabilidades que impediriam sua principal tarefa e missão e agir onde não tem competência (DRUCKER, 2006, p. 39).
As empresas estão sendo chamadas à Responsabilidade Social. O que se nota é que o valor de RS é tão forte que um número cada vez maior de empresas vem se conscientizando da importância dessa prática. Admitem que sua contribuição social, regida por competência, é também um fator de diferenciação perante a concorrência, garantindo sua permanência no mercado, pois os empresários, gestores e investidores finalmente estão compreendendo que, em um mundo globalizado e com facilidade de acesso às informações, qualquer atitude transparecerá seus valores, o que irá induzir de forma positiva ou não sua rede de relacionamentos.
Vale salientar que as práticas organizacionais dentro da Responsabilidade Social, tem o compromisso de elevar a qualidade de vida da sociedade em harmonia com o meio ambiente e o bom desenvolvimento de funcionários, tornando a empresa reconhecida pela população e seus consumidores. A sociedade está cada vez mais consciente e exigente, forçando as empresas a levarem em consideração a escolha e a atuação de seus projetos, favorecendo assim a construção de uma imagem positiva da organização.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Mediante pesquisa acerca do tema Responsabilidade Social Empresarial, foi evidenciada a importância deste conceito na gestão das empresas no mercado globalizado. Entende-se que a RSE é um conjunto de obrigações que uma organização toma para si, voluntariamente, na tentativa de suprir as necessidades das partes interessadas por meio de uma natureza social, ambiental e econômica, um comportamento ético e transparente, na medida em que a mesma atinge seus próprios interesses.
As organizações Johnson & Johnson no Brasil utilizam a Responsabilidade Social Empresarial como diferencial competitivo de mercado por meio de vários projetos que vão desde a saúde até a sustentabilidade ambiental. Assim, as organizações têm três pilares estratégicos de desenvolvimento na comunidade, quais sejam: salvar e melhorar a vida de mulheres e crianças; prevenir doenças e capacitar profissionais de saúde com enfoque na contribuição social, ambiental e econômica.
Além da prevenção e promoção da saúde dos trabalhadores para o desenvolvimento e melhores condições de trabalho que resulta no aumento de produtividade, motivação, autoestima e comprometimento em suas atividades, outro ponto são as políticas relacionadas ao impacto ambiental e aos recursos naturais das atividades empresarias para com a sociedade em geral, para elevar a qualidade de vida em harmonia com o meio ambiente e o bom desenvolvimento dos funcionários, tornando a empresa reconhecida pela comunidade e conceituada pelo mercado.
As organizações Johnson & Johnson no Brasil, Indústria e Comércio de Produtos para Saúde Ltda, utiliza desse modelo de gestão como compromisso de promover ações e definir projetos fundamentados no “Nosso Credo” – Código de Conduta de Negócios – que é mais que uma bússola moral da empresa, é uma base para as políticas, procedimentos e diretrizes, voltado para a saúde onde: os médicos, enfermeiros e pacientes possam atender suas necessidade; para que os colaboradores sejam respeitados, reconhecidos por seus méritos e que possam ter melhor qualidade de vida juntamente com seus familiares; atender necessidades da comunidade local e mundial, de forma justa e igualitária e por fim, para que os seus acionistas possam obter lucro por meio de inovação em seus produtos e desenvolver métodos que possam prever tempos adversos.
Por meio de estudo realizado foi possível conhecer os instrumentos da RSE utilizados pela Johnson & Johnson, manifestos em ações e projetos voltados para seu público interno e externo. Sendo que no interior da organização há um forte compromisso com todos os seus colaboradores onde a organização oferta projetos como: Speaker Series- tem como objetivo trazer a realidade do mundo externo para o meio ambiente interno a fim de que o colaborador tenha novas ideias por meio de tendência, experiência e conhecimento obtidos por filmes, workshops e palestras ofertados pela organização e Viagem na Van – este com o propósito de levar os funcionários até o consumidor (externo) para que possam captar suas necessidades por meio de pesquisa de mercado com o propósito de inovar em seus produtos e negócios.
No ambiente externo, os projetos são direcionados também aos profissionais da saúde e comunidades, tais como: Zikalab – este em parceria com o Ministério da Saúde capacitou no ano de 2016 o número expressivo de sete mil profissionais da área em 37 municípios da federação, com foco no treinamento na prevenção da contaminação pelo vírus da zika, evitando assim uma pandemia. Em paralelo, houve a necessidade de acompanhar os pacientes infectados pelo vírus, por meio do projeto denominado Rede de Inclusão em conjunto com a UNICEF, com objetivo de garantir os direitos das famílias e das crianças com Síndrome Congênita do Zika vírus.
Além dos programas mencionados acima, a referida organização trabalha de forma sustentável mediante projetos como: Viveiro com 3 mil mudas;Estação de Tratamento de Efluentes;Central de Reciclagem de Resíduos e Projeto ICE, todos voltados para o meio ambiente, desta forma, comprovando que suas ações e atitudes, em termos da RSE, estão alinhadas com fundamentação teórica.
Por utilizar a Responsabilidade Social Empresarial de forma ética e inovadora, as empresas Johnson & Johnson adquiriu uma posição considerável no mercado globalizado, mais precisamente o sétimo lugar em relação às empresas que trabalham com produtos voltados para a área da saúde. Diante de tal fato é vista de forma respeitosa e desejada, tornando-se referência na gestão do tema abordado e consequentemente, acrescentando valor a sua marca e aos seus produtos.
As Johnson & Johnson trazem em seu DNA a Responsabilidade social, onde seus líderes motivam e elevam o grau de satisfação de seus colaboradores com fundamentação no “Nosso Credo”, que consiste em respeitar a dignidade e mérito profissional sem distinção de gênero, com renumeração justa e boas condições de trabalho e conceder autonomia para que os colaboradores se sintam a vontade para expressar suas opiniões sem retaliação.
Ainda que o tema abordado seja relativamente novo dentro das organizações, os métodos e instrumentos por vezes se tornaram limitados, havendo escassez de dados bibliográficos e de produções científicas, sendo ainda pouco explorado pelos autores contemporâneos. Surgiram diversos obstáculos referentes à busca por um local de pesquisa, acarretando na limitação do desenvolvimento da investigação.
Portanto, ressalta-se excelente oportunidade de propor que a renomada organização oferte um volume maior de produções bibliográficas e científicas, abordando seus projetos socialmente responsáveis existentes que englobam todos os seus públicos.
A atuação das organizações J&J mediante a tantos projetos que são voltados para a saúde, leva a sugerir ações direcionadas para a terceira idade, levando em conta que o Brasil está se tornando uma nação “velha”, com uma perspectiva de vida maior.
REFERÊNCIAS
ALESSIO, Rosemeri. Responsabilidade Social das Empresas no Brasil: Reprodução de postura ou novos rumos? . Porto Alegre-RS: EDIPUCRS, 2004.p.21.
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[5]Nosso Credo – Código de Conduta de Negócios: Viva nosso Credo, conheça nosso código. Elaborado em 1943 por Robert Wood Johnson que se encontra em anexo.
[1]Graduada do Curso de Administração da Faculdade Madre Tereza–gih.ap2018@gmail.com
[2]Graduada do Curso de Administração da Faculdade Madre Tereza– mfps.1708@gmail.com
[3]Graduada do Curso de Administração da Faculdade Madre Tereza– sheilasbrito39@gmail.com
[4]Professora Orientadora do Curso de Administração da Faculdade Madre Tereza-laispereiradireito@hotmail.com