REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7622956
Elisandra Moreira de Lira
Maria Beatriz Lima de Magalhães
Iago Sales de Paula
Rosimere Silva de Freitas Martins
RESUMO
Este trabalho tem como objetivo apresentar a importância do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID) na formação dos licenciandos em geografia da Universidade Federal do Acre (UFAC). O Pibid é um programa da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), tendo como base legal a Lei n.º 9.394/1996, a Lei n.º 12.796/2013 e o Decreto n.º 7.219/2010. Seu objetivo basilar é fomentar à docência, potencializando o aperfeiçoamento da formação docente em nível superior e ainda para a melhoria da qualidade da educação básica pública do país. Os projetos de geografia, desenvolvido pela UFAC, tem influenciado sobremaneira no desenvolvimento da práxis pedagógica dos discentes, futuros professores. O PIBID revela sua importância na formação acadêmica ao aproximar os licenciandos do seu futuro ambiente de trabalho, a escola. Assim, os acadêmicos têm a oportunidade de participar de experiências metodológicas, tecnológicas e práticas docentes inovadoras e interdisciplinares.
PALAVRAS-CHAVE: Pibid, Formação Docente, Geografia, Ensino.
1 INTRODUÇÃO
Atualmente, em nosso país, a profissão docente é cada vez mais desvalorizada e a educação vem perdendo sua qualidade e criticidade. O surgimento de novas tecnologias e o próprio desinteresse dos alunos também são fatores de peso nesse cenário de crise educacional pela qual estamos passando. Isso se reflete diretamente nos cursos de licenciatura, onde os índices de defasagem são cada vez maiores e o número de matrículas vem decrescendo constantemente. Diante desses fatores, o Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID) surge com a proposta de valorizar tais cursos e aproximar os futuros docentes de seu ambiente de trabalho.
Nesse contexto, foi criado o Programa Institucional de Iniciação à Docência – PIBID, com o intuito de incentivar a formação e a valorização de professores para a Educação Básica, diminuindo desta forma, a distância entre teoria e prática, entre a Universidade e as escolas. (CORREIA, 2015, p. 01)
O PIBID tem como base legal a Lei n.º 9.394/1996, a Lei n.º 12.796/2013 e o Decreto n.º 7.219/2010.
“[…] tem por finalidade fomentar a iniciação à docência, contribuindo para o aperfeiçoamento da formação de docentes em nível superior e para melhoria da qualidade da educação básica pública brasileira.” (BRASIL, 2013)
Ainda de acordo com o Decreto nº 7.219/2013, o PIBID tem como objetivos incentivar a formação de docentes em nível superior para a educação básica; contribuir para a valorização do magistério; elevar a qualidade da formação inicial de professores os cursos de licenciatura, promovendo a integração entre educação superior e educação básica; inserir os licenciandos no cotidiano de escolas da rede pública de educação, proporcionando-lhes oportunidades de criação e participação em experiências metodológicas, tecnológicas e práticas docentes de caráter inovador e interdisciplinar que busquem a superação de problemas identificados no processo de ensino-aprendizagem; incentivar as escolas públicas de educação básica, mobilizando seus professores como coformadores dos futuros docentes e tornando-se protagonistas nos processos de formação inicial para o magistério; e contribuir para a articulação entre teoria e prática necessárias à formação dos docentes, elevando a qualidade das ações acadêmicas nos cursos de licenciatura.
Ao inserir os alunos de licenciatura no âmbito escolar, o Pibid acaba envolvendo uma série de agentes, como professores do ensino básico, professores do ensino superior, alunos do ensino básico e alunos do ensino superior. Essas relações acabam favorecendo uma troca de experiências onde uns aprendem com os outros, e não apenas dos alunos de licenciatura, mas toda a comunidade escolar envolvida no projeto, diminuindo a distância entre a educação básica e a educação superior.
Além de promover aos licenciandos uma gama de experiências em sala de aula, o Pibid lhes permite também uma iniciação no campo científico, pois os relatos de experiência geram quase sempre artigos, projetos, relatórios e uma série de outros trabalhos que levam os acadêmicos a iniciarem uma vida científica e atuarem não apenas como professores, mas também como pesquisadores. Esse avanço em suas vidas é sem dúvida vantajoso, pois ele entra no mercado de trabalho com uma ampla experiência e um currículo de peso. A participação em eventos científicos também é muito importante aos acadêmicos de licenciatura, participantes do PIBID.
“O PIBID também possui sua importância na promoção de eventos científicos, pois abre possibilidades para os acadêmicos, futuros professores, participarem como ouvintes, desenvolvendo pesquisas e trabalhos principalmente de relato de experiências. A demais, promovendo uma troca de experiências entre os acadêmicos de mesmo curso e subprojetos diferentes e até de outras instituições que participam do programa.” (SOUZA e MACIEL, 2014, p. 04)
Uma das maiores dificuldades apontadas pelos acadêmicos dos cursos de licenciatura (em especial da Geografia) está na transposição didática dos conteúdos que compõem o currículo visto na graduação para o ensino básico. Essa tarefa não é fácil, exige tempo e experiência. Neste contexto, o Pibid permite aos discentes das licenciaturas vivenciarem em sala de aula o modo como é realizada essa mediação ao mesmo tempo em que estão em processo de formação. Isso os leva desde cedo a conhecer e praticar inúmeras formas de transpor didaticamente os conteúdos do ensino básico.
Outro diferencial da geografia é a sua interdisciplinaridade. Trata-se de uma ciência ampla que se inter-relaciona com quase todas as outras disciplinas. Ao participar diretamente do ambiente escolar, desde os anos iniciais de sua formação, o licenciando em geografia entra em contato com outros professores de outras disciplinas, e isso lhe permite relacionar uma série de conhecimentos e criar variadas metodologias que facilitarão o ensino.
As oficinas, principais meios de contato dos licenciandos com os alunos da educação básica, permitem que essa interdisciplinaridade e as informações adquiridas com os outros professores, de outras áreas, através de conversas e trocas de opiniões, sejam colocadas em prática.
Desse modo, os alunos participantes do PIBID, independente do curso, estão de certa forma à frente dos demais, pois como vimos, a experiência e a maturidade adquiridas desde cedo promovem um melhor engajamento frente à sala de aula, algo que é percebido diretamente nos cursos em apresentações e seminários e durante os estágios supervisionados, e que acaba refletindo diretamente nas notas e na aprendizagem.
2 METODOLOGIA
Para analisar o grau de importância que os bolsistas têm em relação ao Programa Institucional de Iniciação à Docência – PIBID, foi realizada entrevista através de questionário, composto por perguntas simples e objetivas. A obtenção dos dados se fez por meio de uma rede social de comunicação instantânea, o WhatsApp.
Ao todo, foram entrevistados dezesseis (16) bolsistas da área de geografia, que atuam em diferentes escolas da rede básica de ensino público, do município de Rio Branco-AC.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Para analisar o grau de importância que os bolsistas de Iniciação a Docência têm com relação ao programa, realizou-se a aplicação de um questionário composto por perguntas simples e objetivas, e com base nesse questionário foi elaborada uma tabela e um gráfico com os resultados da pesquisa. Foram entrevistados dezesseis bolsistas da área de geografia, que atuam em diferentes escolas de ensino básico, do município de Rio Branco. Para obtermos os dados utilizamos o WhatsApp que é uma ferramenta de fácil acesso a todos.
Tabela 1 Questionário aplicado aos bolsistas de iniciação à docência, da área de Geografia, da Universidade Federal do Acre.
| PERGUNTAS | SIM | NÃO |
| 1. Você acha o PIBID importante para o curso de licenciatura? | 16 | 0 |
| 2. Sua participação no PIBID teve a bolsa como principal motivo? | 9 | 7 |
| 3. Você considera o valor da bolsa suficiente? | 12 | 4 |
| 4. Neste momento você considera que o PIBID melhorou seu entendimento sobre o processo de ensino-aprendizagem? | 16 | 0 |
| 5. Sua participação no PIBID reforçou seu desejo de permanecer no curso de Licenciatura? | 12 | 4 |
| 6. Na sua opinião o PIBID contribui, através de suas atividades para a futura docência? | 16 | 0 |
| 7. As ações do PIBID tem melhorado a qualidade do ensino na escola? | 13 | 3 |
Conforme a tabela acima, percebe-se que todos os bolsistas consideram o PIBID importante para os cursos de licenciatura, e que a maioria não entrou no programa apenas pela bolsa, mas para ter experiências no cotidiano escolar. Observa-se também que muitos estão satisfeitos com o PIBID, porém alguns acham que o valor da bolsa é pouco.
Todos os bolsistas concordam que o programa melhorou a sua compreensão quanto ao processo ensino-aprendizagem, reforçando em muitos a vontade de permanecer no curso de licenciatura e exercer a profissão docente, pois o PIBID proporciona experiências que o ajudarão no seu futuro profissional, logo que os bolsistas têm uma noção de como será seu trabalho na docência. Por fim, observa-se que a qualidade do ensino nas escolas em que o programa é executado é afetada de forma positiva.
Fonte: Dados da Pesquisa, 2016.
Observando o gráfico 1, podemos perceber que a atuação do programa nas escolas é positiva, 81% dos bolsistas observaram um avanço na qualidade do ensino e notaram um maior interesse dos alunos em sala de aula. O PIBID enriquece de forma significativa as experiências dos bolsistas na escola, empenha os mesmos a planejar aulas e dinamizar os conteúdos com modelos de oficinas pedagógicas, assim permite maior compreensão dos conteúdos. E apenas 19% dos bolsistas acreditam que não houve tantas modificações na aprendizagem e no ensino, devido algumas escolas não compreenderem a importância do PIBID, impedindo a participação efetiva dos bolsistas nos projetos das escolas.
Um aspecto predominante no PIBID é a centralidade da escola pública como lócus de construção de conhecimento e de formação crítica, uma vez que importa formar professores conscientes das contradições que marcam o seu campo de atuação. Nesse espaço de aprendizagem, ao mesmo tempo em que se revelam o descaso com as camadas mais populares e seu direito à educação, configura-se a postura de resistência e propositividade, fazendo desse espaço um lugar de potencialidades latentes, uma escola viva (ASSIS, 2015, p. 20).
Conforme explicado no segundo gráfico, 75% dos bolsistas manifestam que o programa influenciou sua permanência na licenciatura, e 25% dos bolsistas não se sentiram influenciados a permanecer na licenciatura. Assim, percebe-se que a iniciativa do programa ajuda os licenciados a se situar no contexto da escola e enxergarem seu futuro como docentes. Mesmo que o projeto seja alvo de críticas, a iniciativa da CAPES é válida, pois os cursos de licenciatura necessitam de apoio e incentivo, visto que a profissão docente é cada vez mais desvalorizada pela sociedade. Portanto, iniciativas como o PIBID é necessário, como afirma Assis apud Santos (2015, p. 26).
(…) O princípio a ser afirmado é o compromisso da Universidade com a escola pública. A partir daí, trata-se de estabelecer mecanismos institucionais de colaboração através dos quais seja construída uma integração efetiva entre formação profissional e prática de ensino. Essa não é uma tarefa simples, pois não são raros os conflitos entre a universidade e a escola. Mas a integração tem início desde quando nos perguntamos sobre que professores queremos formar para atuar na escola, criando condições para a construção coletiva de um projeto de formação de professores articulado e comprometido com o desenvolvimento de um projeto político-pedagógico da escola.
Assim, o PIBID tem importância na formação docente, pois proporciona aos licenciandos um contato inicial com o seu futuro ambiente de trabalho, a escola, em que os acadêmicos têm a oportunidade de participar de experiências metodológicas, com práticas docentes inovadoras e interdisciplinares, sendo orientados por um profissional da área que o ajuda a desenvolver seu perfil profissional. Logo, o programa permite que o acadêmico vivencie várias experiências no cotidiano escolar. Através do programa nas escolas, percebemos uma maior interação professor/aluno, são essas vivências que resgatam a importância da docência na escola, como também na sociedade. Portanto:
Adentrar, mergulhar e vivenciar o cotidiano escolar enriqueceu as experiências dos alunos bolsistas de modo a ressignificar as suas impressões sobre a escola. Se antes dessa nova concepção de atuação do subprojeto PIBID-Geografia as questões problemas e de interesse de investigação dos bolsistas quase se fixaram exclusivamente em transposição didática dos conceitos geográficos adquiridos na universidade, agora novas questões passaram a ser problematizadas, abrangendo desde questões diretamente ligadas às metodologias de ensino e às questões institucionais e curriculares. (Freitas, 2015, p. 94)
Desta forma percebemos que há muitos benefícios na inclusão dos discentes no programa, além de garantir a permanência dos mesmos na Universidade com a ajuda do auxílio mensal.
Segundo Souza e Maciel (2014, p. 4) o PIBID também possui sua importância na promoção de eventos científicos, pois abre possibilidades para os acadêmicos, futuros professores, participarem como ouvintes, desenvolvendo pesquisas e trabalhos principalmente de relato de experiências (foto 1), ademais, promovendo uma troca de experiências entre os acadêmicos de mesmo curso e subprojetos diferentes e até de outras instituições que participam do programa.
Foto 1 Apresentação de resumo sobre o PIBID em Cáceres – MT.
Fonte: Antônio Roney Barbosa, 2015.
E também proporciona experiências, atípicas do cotidiano acadêmico, adquiridas com a elaboração e aplicação de oficinas e atividades de campo com os alunos da rede pública (fotos 2 e 3), que aproximam os bolsistas PIBID dos alunos e ambiente escolar, além de tornar as atividades mais lúdicas e atrativas paras os alunos das escolas.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
As experiências vivenciadas no PIBID são de extrema importância, pois possibilita aos acadêmicos das licenciaturas vivências reais das práticas da profissão docente, contribuindo também para uma intensa reflexão referente ao ensino-aprendizagem, e com isso permite que este futuro profissional coloque em prática a teoria estudada na Universidade, gerando impactos significativos na formação docente.
Assim, as práticas no PIBID levam os discentes a construir novos métodos pedagógicos que facilitam o ensino em sala de aula, construindo professores mais aptos e capacitados para ingressar no mercado de trabalho, pois ao longo do programa permite a aproximação e inclusão dos discentes no cotidiano escolar. É a partir da prática que o futuro docente pode avaliar as relações que se estabelecem entre o ensino e o saber.
5 REFERÊNCIAS
ASSIS, Alessandra Santos de. PIBID e os novos modos de formar professores: uma leitura da experiência da UNICAMP. In: AYOUB, Eliana et al. PIBID-UNICAMP: Experiências e reflexões sobre a formação docente. Coleção de formação docente em diálogo; v. 4. Campinas, SP: Edições Leitura Crítica, 2015. 112 p.
BRASIL. Lei 12.796, de 4 de abril de 2013. Altera a Lei 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para dispor sobre a formação dos profissionais da educação e dar outras providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2013/lei/l12796.htm>. Acesso em: 15 jul 2015.
_____. Decreto nº 7.219, de 24 de junho de 2010. Dispõe sobre o Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência- PIBID e dá outras providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/decreto/d7219.htm>. Acesso em: 15 jul 2015.
CORREIA, Luana Ferreira. (Re) pensando o ensino de geografia na educação básica a importância do pibid/puc-rj na formação e prática docente. In: Encontro Nacional de Ensino de Geografia, 8., Catalão. Anais… Catalão: Campus da Regional de Catalão da Universidade Federal do Goiás – UFG, 2015 (não paginado).
FREITAS, Anniele Sarah Ferreira de. PIBID-Geografia: práticas e reflexões sobre o processo de formação do professor pesquisador. In: AYOUB, Eliana et al. PIBID-UNICAMP: Experiências e reflexões sobre a formação docente. Coleção de formação docente em diálogo; v. 4. Campinas, SP: Edições Leitura Crítica, 2015. 112 p.
SOUZA, Cristian Yago Vieira; MACIEL, Emerson Vinicius Ferreira. A importância do PIBID para a formação profissional dos licenciandos em Geografia na Unimontes. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE GEÓGRAFOS, 7., 2014, Vitória. Anais… Vitória: Campus de Goiabeiras da Universidade Federal do Espírito Santo – UFES, 2014 (não paginado).