ABORDAGEM DA PSICOLOGIA NO TRATAMENTO DE PACIENTES COM DOR CRÔNICA

PSYCHOLOGY APPROACH IN THE TREATMENT OF CHRONIC PAIN PATIENTS

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7317244


 Giovanna da Silva Guedes1 
Juliana Almeida de Souza2
Wollace Scantbelruy da Rocha 3


RESUMO 

A Dor Crônica geralmente se refere a uma dor persistente por, pelo menos, três meses. Outros parâmetros apontam um mínimo de 6 meses de dor para considerá-la como crônica, também pode ser descrita como uma dor que se amplia, para além do período esperado para sua cura. O público em questão, costuma relacionar a dor como um sinal de que há alguma doença no corpo, mas na dor crônica, esta relação que o corpo aponta não acontece dessa forma, então pode-se levar em consideração outros fenômenos, como o psíquico. Objetivo: Compreender o que envolve a dor crônica e como a psicologia é desenvolvida e nesse processo. Metodologia: Trata-se de uma revisão de literatura, onde utilizou-se artigos científicos no período 2010 a 2021 e adotando critérios de inclusão e exclusão.  Resultados e Discussão: A atenção adequada é indispensável para os profissionais de saúde envolvidos com o tratamento da dor crônica, e uma equipe multidisciplinar é essencial para o tratamento bem-sucedido da dor. Conclusão: A psicologia é um tratamento imprescindível em pacientes com dor crônica, tendo seu papel bem ajustado na terapêutica da dor.    

Palavras-chave: Dor crônica; Multidisciplinar; Tratamento; Psicologia.

ABSTRACT    

Chronic pain usually refers to pain that is persistent for at least three months. Other parameters indicate a minimum of 6 months of pain to consider it chronic, it can also be described as a pain that extends beyond the expected period for healing. The public in question usually relates pain as a sign that there is some disease in the body, but in chronic pain, this relationship that the body points out does not happen that way, so one can take into account other phenomena such as the psychological. Objective: To understand what chronic pain involves and how psychology is developed in this process. Methodology: This is a literature review, using scientific articles from 2013 to 2021 and adopting inclusion and exclusion criteria.  Results and Discussion: The appropriate attention is indispensable for health professionals involved in the treatment of chronic pain, and a multidisciplinary team is essential for the successful treatment of pain. Conclusion: Psychology is an indispensable treatment in patients with chronic pain, having its role well adjusted in pain therapy.    

Keywords: Chronic Pain; Multidisciplinary; Treatment; Psychology. 

1. INTRODUÇÃO 

O tema deste núcleo é sobre a dor. Os problemas relacionados exclusivamente à dor crônica são considerados complexos clínicos de causalidade e analisados em um contexto biopsicossocial. Também aspectos bioéticos, algumas condições comuns, como dores de cabeça e ciática. É importante distinguir entre dor aguda e crônica. Fisiologicamente, a dor aguda é um importante sinal de alerta para a sobrevivência. Tem uma duração limitada de tempo e espaço e termina com a eliminação de processos nocivos.  

  A dor crônica, por outro lado, não tem propósito biológico de despertar ou sobrevivência e é, na verdade, uma doença. Em relação ao aspecto temporário, as definições divergem quanto a persistir por mais de 3 ou 6 meses ou persistir após a cicatrização da lesão inicial. Em alguns casos a causalidade não foi estabelecida, mas isso não invalida o diagnóstico e sua existência. 

A compreensão da dor não deve se limitar à sua representação neurossensorial, mas também como uma mensagem emocional, uma metáfora perceptiva. Pode ser um sentido adaptativo, um alerta precoce para proteger o corpo de danos nos tecidos ou uma incompatibilidade que reflete uma função patológica do sistema nervoso. É como um sistema de alarme que é ativado para evitar danos corporais. 

A dor não depende apenas do tipo e da força do estímulo. É influenciada por fatores psicossociais e neurossensoriais. É regulado no sistema nervoso central, e as interações entre estímulos nociceptivos e moduladores levam à experiência neurossensorial da dor. A duração da dor crônica depende de muitos fatores. Por exemplo, uma pessoa que sofre de estresse social grave não está equipada para responder à dor da mesma maneira que uma pessoa que não está.  

 A dor intratável, desafiando uma explicação orgânica, era vista como uma defesa contra o conflito inconsciente. A dor emocional é transferida para o corpo, onde é mais resistente. Por exemplo, o sentimento consciente ou inconsciente de culpa com a dor como expiação ou o desenvolvimento da dor como substituto do sentimento de perda.   As abordagens psicofisiológicas estudam a influência de eventos mentais (pensamentos, memórias e emoções) nas mudanças físicas que causam dor. Por exemplo, os modelos de excitação geral propõem que a excitação frequente ou prolongada do sistema nervoso autônomo (SNA), incluindo contrações musculares prolongadas, produz e mantém a dor. Com isso em mente, terapias de biofeedback e técnicas de relaxamento são projetadas para reduzir a tensão muscular e a estimulação do SNA, reduzindo assim a dor. 

A dor é principalmente uma experiência psicológica, contribuindo para a formação deste artigo, é vista como uma forma universal de desconforto humano e muitas vezes contribui para a deterioração da qualidade de vida, é uma fonte quase inevitável e relativamente comum de sofrimento em todas as fases da vida. Os episódios de dor podem variar de incidentes menores a ataques excruciantes e às vezes intratáveis. O custo da dor em termos de sofrimento humano e recursos econômicos é extremamente alto.  

É o motivo mais comum de consulta médica. Ao contrário da dor aguda, a dor crônica não é projetada para alertar sobre danos nos tecidos para evitar agressões futuras e, portanto, não tem papel adaptativo. A causa (ou causas) da dor crônica pode ou não ser conhecida.  Há evidências científicas para apoiar a terapia psicológica em pacientes com dor crônica. Nesse contexto, o presente estudo examinou quais intervenções psicológicas são utilizadas no tratamento da dor crônica, tratando-se de uma pesquisa bibliográfica e de abordagem qualitativa onde consiste em descrever e apresentar dados relevantes ao conteúdo presente no artigo. 

  Mesmo que a causa seja conhecida, isso não significa que possa ser tratada. A dor crônica interfere nas atividades normais e na vida diária e pode prejudicar a saúde geral. É frequentemente associado ao desemprego, incapacidade de   atividades recreativas e problemas financeiros, bem como mudanças nos relacionamentos, identidade pessoal e autoconceito. 

2. DESENVOLVIMENTO 

2.1 Dor 

 A dor pode perturbar seriamente ou afetar muitos aspectos da vida diária, como trabalho, educação e relacionamentos. Algumas pessoas até fazem de sua dor um ponto focal de suas vidas, faz parte do cotidiano da maioria das pessoas desde o início da vida e, quando não ocorre, é uma das principais causas de perturbações fisiológicas com sérias consequências para a segurança do indivíduo. Assim, o tema da dor é de grande interesse para a ciência, tanto pela explicação de sua etiologia quanto pelos métodos propostos para combatê-la.  

 A percepção da dor é muito diferente e especial porque depende da resposta de cada indivíduo à tradução do trauma real ou potencial. É causada por um estímulo específico que afeta os receptores da dor e causa uma resposta. Portanto, a interpretação da dor varia de indivíduo para indivíduo e dentro de um indivíduo em momentos diferentes de suas vidas em diferentes situações. 

Segundo Oosterwijck et al (2013) a sensibilidade à dor surge do resultado do equilíbrio entre as vias facilitadoras e inibitórias da dor, que liberam (facilitação descendente) ou suprime (inibição descendente) a passagem de mensagens nociceptivas para o cérebro. O mau funcionamento desses inibidores centrais parecem ser responsáveis sensibilização central nas pessoas com dor crônica. A maioria dos modelos educacionais têm eficácia limitada em redução da dor e incapacidade em pacientes com doenças crônicas dor, podendo até aumentar os medos e a dor dos pacientes.    

Crombez et al (2012) expressa que se a dor for interpretada como não ameaçadora (por exemplo, a dor é considerado um incômodo temporário), os pacientes normalmente retomarão as atividades físicas e a vida diária, muitas vezes após um período de atividade diminuída. Eles então testarão e corrigir a dor, mantendo-os alinhados com suas experiências. Outra resposta à dor é aquela em que a dor é mal interpretada como uma catástrofe. Ou seja, a dor é interpretado erroneamente como um sinal de lesão grave ou patologia sobre a qual se tem pouco ou nenhum controle. Essa interpretação normalmente leva a um medo excessivo de dor e lesão.    

De acordo com Meeus et al (2010) expressa que muitos pacientes têm dor sem saber a fonte. Pacientes que não têm compreensão dos mecanismos associado a dor geralmente consideram a dor mais ameaçadora do que aquelas que tem alguma associação, resultando em menor tolerância à dor, mais pensamentos catastróficos e estratégias de enfrentamento menos adaptativas. De fato, pacientes com dor frequentemente relatam pensamentos catastróficos, cinesiofobia, e estratégias de enfrentamento mal adaptativas. A catastrofização é capaz de prever até 41% da variação na intensidade da dor em pacientes.     

Conforme Motoc et al (2010) relata que a dor é uma desagradável sensação que o cérebro interpreta após uma lesão periférica de intensidade nociceptiva. A dor é mais do que apenas um evento fisiológico. A percepção da dor pode ser modulada ou ajustado de acordo com o comportamento emocional do assunto, focar na dor leva a maior intensidade de dor, enquanto pensamento positivo alivia um pouco da dor. O exercício físico contribui para um aumento da tolerância a dor (e uma diminuição de ansiedade e depressão que muitas vezes acompanha a dor).  

Segundo Oosterwijck et al (2013) estudos clínicos demonstraram que educação sobre fisiologia da dor é capaz de influenciar cognições negativas e desadaptativas sobre a dor, melhoram a dor comportamento e desempenho de movimento sem dor, e reduzir dor em distúrbios musculoesqueléticos crônicos. Embora este tipo de educação demonstrou reduzir a dor, estávamos interessado em saber se o ensino de fisiologia da dor é capaz de influenciam diretamente a inibição da dor endógena.    

A dor é uma experiência sensorial que também possui aspectos emocionais, cognitivos e interpessoais. Há uma profunda integração entre os processos físicos e psicológicos no desenvolvimento da dor crônica. Melzack (1998) descreve como o estresse psicossocial está envolvido nesses processos. Relacionamentos estressados e conflituosos trazem a típica cascata de estresse neuro-hormonal em ação. Em resposta a traumas psicológicos recorrentes e conflitos não resolvidos na vida cotidiana, o corpo pode liberar substâncias que atacam seus próprios tecidos. Um exemplo bem conhecido são as citocinas.  

Estes promovem a quebra de proteínas para liberar a glicose necessária ao corpo para responder às demandas sistêmicas em resposta ao estresse. Ataques frequentes desse tipo podem corroer as bainhas de mielina do tecido muscular e das cápsulas neuronais ao longo dos anos, resultando em danos permanentes. Além disso, quando a resposta ao estresse se torna crônica, a cascata de estresse fisiológico suprime a atividade imunológica, deixando os tecidos vulneráveis. A própria dor também pode causar estresse, o que desencadeia a mesma cascata que cria cada vez mais dor e estresse. Essa interação entre fisiologia e dor subjetiva mostra quão enganosa pode ser a distinção entre dor física e subjetiva. Ao tratar pessoas com dor crônica, os psicólogos devem considerar o entrelaçamento inerente entre fatores psicológicos e processos físicos. Ao mudar a dor relatada pelo paciente para um nível imaginado, dizendo que a dor não é física, os médicos podem subestimar quanta dor está gravada no corpo. 

    Além disso, ignora nossa compreensão dos processos de estresse e dor (VANDENBERGHE ; FERRO, 2005). É o entrelaçamento das dinâmicas emocionais, cognitivas e interpessoais com os processos físicos que explica por que as variáveis psicológicas da dor crônica são abordadas na clínica. Essa complexidade entrelaçada se reflete no campo da psicoterapia. Se a dor está intimamente relacionada aos aspectos emocionais, cognitivos e interpessoais, faz sentido que a psicoterapia possa visar esses aspectos.  

De fato, vale notar que a psicoterapia empiricamente sustentada é muito diversa em seus fundamentos teóricos e técnicos. Nos parágrafos seguintes, apresentaremos essa diversidade. Alguns tratamentos se concentram especificamente nas emoções, outros na cognição, outros na interação com o ambiente e alguns na aceitação.  Existem alguns tratamentos para a dor que se concentram nas respostas de medo relacionadas à dor. Esses tratamentos usam técnicas de exposição em tempo real baseadas no paradigma pavloviano para eliminar o medo da dor. Pode parecer contra-intuitivo que a dor crônica possa ser eliminada simplesmente mudando as respostas emocionais. 

 Para explicar esse efeito, Vlaeyen, Jong, Leeuw e Crombez (2004) referem a existência de um ciclo vicioso que consiste em (1) hipervigilância dos pacientes para sinais que possam preceder a dor e (2) estratégias disfuncionais para evitar sentimentos ameaçadores, (3) aumento do estresse e da tensão física devido a esse comportamento preocupante e (4) aumento da dor devido à tensão e estresse, o que, por sua vez, leva a mais preocupação e hipervigilância. A remoção do medo quebra o ciclo reduzindo a hipervigilância, o nervosismo e a tendência a recorrer a estratégias de evitação. 

2.2  Tratamentos Cognitivos 

A terapia cognitivo-comportamental concentra-se em distorções cognitivas e crenças disfuncionais, que eles atribuem a importantes relações causais no problema. Essa terapia geralmente assume a forma de um programa psicoeducacional que ensina estratégias de enfrentamento apropriadas. Além disso, eles se valem do amplo arsenal clínico da psicoterapia cognitiva, incluindo diferentes estratégias de reestruturação cognitiva do pensamento automático, suposições e regras sobre situações cotidianas específicas e crenças centrais do paciente (Gatchel, Robinson & Stowell, 2006). 

O trabalho de Fordyce (1976) aborda os aspectos interpessoais da dor e enfatiza a interação entre o paciente e seu mundo social. Muitas vezes, as comunidades linguísticas reforçam comportamentos específicos que os autores chamam de comportamentos de dor. Estes são geralmente comportamentos de evitação. O paciente queixa-se, retrai-se, está irritável ou usa expressões faciais ou posições corporais. Como resultado, ele escapa facilmente de tarefas e responsabilidades, ou evita empreendimentos desagradáveis. No entanto, essas estratégias de prevenção têm um custo. Os pacientes são incapazes de fazer contribuições significativas para os outros e têm acesso a reforçadores positivos mais importantes. 

Em alguns casos, os comportamentos de dor têm a função de ganhar privilégio familiar ou impor a função desejada pelo paciente. Assim, a pessoa terá mais atenção e cuidado. Mesmo assim, os comportamentos de dor podem prejudicar os pacientes ao adotar posturas corporais rígidas (incluindo tônus muscular elevado), expressar a dor e evitar a atividade física. A postura estressante e a falta de atividade física podem prejudicar a condição física do paciente. Tudo isso o torna mais sensível à dor. As pessoas ao seu redor muitas vezes reforçam esses comportamentos para ajudar o paciente. O próprio paciente muitas vezes reforça essas respostas inadequadas de seu ambiente social, e os comportamentos de dor são temporariamente reduzidos quando ele é tratado. 

O tratamento proposto por Fordyce (1976) envolve o estabelecimento de um novo contrato de convivência entre o paciente e a pessoa mais próxima a ele. Os analistas do comportamento os instruem a fortalecer os comportamentos adaptativos dos pacientes, como se exercitar e aprender a se comunicar com mais confiança. Este comportamento adaptativo deve substituir todos os comportamentos de dor no paciente. Os provedores podem treinar as pessoas ao redor do paciente para parar de reforçar os comportamentos de dor. Eles podem aprender a responder de forma diferente ao comportamento de substituição apropriado do paciente. 

As recomendações de tratamento de Dahl, Wilson, Luciano e Hayes (2005) destacam os efeitos deletérios da evitação empírica. As pessoas tentam evitar emoções e sentimentos repugnantes, assim como aprendem a evitar eventos repugnantes no mundo externo. Embora seja possível escapar ou se esconder de situações desagradáveis, nossos eventos privados estão sempre lá, não importa como escolhamos. Tentar escapar de nossos próprios sentimentos e sentimentos permite que eles dominem nossas vidas. 

 O tratamento começa com o reconhecimento da dor e a desistência de tentativas ineficazes de controlá-la. Promove a vontade de vivenciar plenamente o evento. Ajudar os pacientes a identificar seus valores pessoais mais profundos os ajuda a trabalhar em direção a seus objetivos de vida e a se envolver em atividades significativas sem deixar um espaço inadequado para a dor. 

2.3 Relação Psicologia & Dor crônica     

Segundo Knoerl et al (2015) a dor crônica é uma experiência complexa e subjetiva influenciada por fatores biológicos, psicológicos e sociais. Características psicossociais específicas colocam os indivíduos em risco elevado ou reduzido para a transição de um estado de dor aguda para um estado de dor persistente, ou para o desenvolvimento de incapacidade relacionada à dor no contexto de uma condição de dor persistente. (EDWARDS, 2016, p. 7)     

Ao contrário da dor aguda, que tem um papel ativo no corpo, por ser acompanhada de danos nos tecidos ou órgãos, a dor crônica não é apenas um sintoma, mas uma doença que não desaparece após a cura ou durante o mês de maio. Ser associados a processos patológicos crônicos. Sua presença é permanente e de longo prazo, podendo causar alterações em diversas áreas da vida, incluindo fatores emocionais e culturais. (SALLUM; GARCIA; SANCHES, 2012).    

Nesse sentido, a dor que persiste por muito tempo tem um impacto significativo em todas as áreas da vida de uma pessoa, várias condições complexas associadas à dor crônica afetam o funcionamento físico e mental de uma pessoa (SIQUEIRA; MORETE, 2014). Entre eles, distúrbios do sono perda de apetite, dependência de drogas, transtornos do humorismo, crises de ansiedade, fadiga e frustação, que trazem muitas consequências para essas pessoas e suas famílias, seus empregos e seu sistema de saúde. 

 Vários estudos destacam o importante papel dos fatores biopsicossociais na precipitação da dor crônica, no processo de dor crônica a partir da dor aguda e na incapacitação dos pacientes. Associados a esses temas, podemos identificar elementos cognitivos, como as crenças do paciente; emocionais, como ansiedade, depressão e estresse; e comportamentais, como processos de aprendizado e reforço. (SIQUEIRA; MORETE, 2014)  

2.4 Psicologias da aprendizagem psicopatologias associadas 

Filósofos, escritores e artistas há séculos se dedicam à reflexão e expressão do sofrimento humano, enquanto a psicologia, mais recente e em particular, Psicologia Clínica, para pesquisa, análise e intervenção com pessoas na dor (ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE, 1993). Experimentar sentimentos desagradáveis, como tristeza, raiva, medo, a desesperança é um aspecto que pertence à nossa condição humana que não requer necessariamente intervenção clínica. No entanto, dependendo a frequência, a intensidade e o comprometimento de certos comportamentos tornam-se a observação psicoterapêutica e/ou psiquiátrica é necessária para a melhora qualidade de vida. 

Embora a Psicologia Clínica se dedique essencialmente ao estudo e intervenção do comportamento em particular, podemos relacionar o desconforto psicológico, principal motivo de procura de psicoterapia, com variáveis culturais. Em diferentes períodos históricos, eventos aleatórios mais ou menos propícios à emissão do comportamento que produzem reforços positivos e, consequentemente, a dominação de uma sensação de bom ou mau humor, enfatizando a necessidade de uma perspectiva de análise cultural sobre os fenômenos da doença mental. 

Depressão, cuja incidência é 1,5 a 3 vezes maior em mulheres do que em homens desde a adolescência (AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION, 2014), é entendido como um “padrão complexo de comportamentos, envolvendo operantes e respondedores”. Na classificação Diseases International (CID 10), é descrito como um transtorno de humor regularmente marcado por humor deprimido, energia reduzida, perda de interesse e prazer, em que diminuição da concentração e atenção, alterações do sono e apetite, ideias de culpa e inutilidade, visão pessimista do futuro. 

Os transtornos do humor tendem a se repetir, ou seja, repetição de episódios, cuja probabilidade de ocorrência aumenta com uma função número de eventos e episódios na depressão unipolar tendem a recidivar em 75% a 80% dos pacientes. Além disso, seu a ocorrência está associada a patologias clínicas crônicas, como doenças cardíacas, câncer, dor crônica, doenças endócrinas, renais e neurológicas. Além de maior morbidade e mortalidade, a ligação entre depressão e doença clínica é caracterizam-se por evolução, adesão e qualidade de vida inferiores (TENG; HUMES; DEMÉTRIO, 2005). De acordo com Dougher e Hackbert (2003), a depressão pode ser: associada a baixa densidade de reforço, extinção, uma história de punição prolongada e intensificação do comportamento de angústia.  

A presença da resposta respondentes condicionados causados por processos de empoderamento insuficientes, extinção e punição, comumente identificadas em pessoas com depressão, como desespero, tristeza, frustração, raiva. Variáveis que dão um índice baixo as reações e os estados afetivos típicos dessa condição podem intensificar ou minimizar imprevistos, assumindo as funções de estabelecer e cancelar operações, adequadamente. A psicopatologia é um conceito amplo e complexo que abrange diversas áreas do conhecimento, que vão desde as disciplinas biológicas e neurociências até outros saberes nos campos da psicanálise, psicologia, sociologia, filosofia, linguística, entre outros.  

Ao perseguir o estudo dos estados mentais associados ao sofrimento psíquico, a psicopatologia seria, portanto, a base da psiquiatria mencionada por Karl Jaspers, e é por meio desse campo que obtemos uma visão descritiva do comportamento, (WIELENSKA, 2015, p.57). É uma área que trata da essência da doença mental – suas causas, alterações funcionais e estruturais e formas de manifestação.  Aqui estudamos a patologia das mudanças mentais, mentais, e para isso é necessário, antes de tudo, entender como a mente funciona em sua fisiologia avaliando as funções mentais. Consciência: É uma função que permite que uma pessoa experimente, experimente ou compreenda aspectos ou todo o seu mundo interior. É uma atividade integradora da psique.  

Permite, sendo um “suporte” de outras funções mentais, conhecer a si mesmo e ao mundo exterior. Nota e Dicas: Permite julgar a consciência e, portanto, pode ser considerado seu “operador”. Entre os vários estímulos, a atenção escolhe aquele que será captado no momento. Filtrando essas informações para conscientização. Conceitos de acompanhamento: alerta, concentração, seletividade, (WIELENSKA, 2015, p.57).  A orientação é a capacidade de se orientar para si mesmo e para o meio ambiente. Integrar a consciência. Pode ser autopsíquica (autoconsciência) e alopsíquica (focada no mundo exterior, tempo e espaço). Memória: É a capacidade das entidades vivas de adquirir, armazenar e recordar informações. Mesmo sem perceber, usamos esse importante recurso cognitivo o tempo todo.  

É um dos processos psicológicos mais importantes responsáveis pela nossa identidade pessoal e que orientam em maior ou menor grau o nosso dia-a-dia, além de estar relacionado com outras funções igualmente importantes como a função executiva, o pensamento e a aprendizagem. Sentimento e Percepção: O sentimento é um fenômeno passivo gerado por estímulos químicos, físicos e biológicos de fora do corpo que causam alterações em seus órgãos receptores. 

  A percepção é o processo de transformar esses estímulos sensoriais em fenômenos perceptivos, é a consciência de objetos e fatos externos ao indivíduo. Portanto, a percepção sensorial é uma combinação dessas duas dimensões, (LAURENTI, 2014). O ato motor é o componente final do ato volitivo, as mudanças no psicomotorismo são muitas vezes a expressão final das mudanças na vontade. São distúrbios psicomotores: demência, cera ou elasticidade da cera, agitação psicomotora, catalepsia, modos, alterações na marcha. 

2.5 Técnicas Psicológicas para a Dor Crônica  

 A primeira estratégia para controlar o processo doloroso é descobrir sua causa. Mas, em muitos casos, as doenças não têm origem clara e a solução é tratar os sintomas. Nesse esforço, além do uso de medicamentos, diversos métodos são utilizados para melhorar o tratamento.  

 Apesar da crescente importância da psicologia no manejo da dor, ainda há uma falta de conscientização dos profissionais de outras áreas sobre os critérios para um paciente ser encaminhado para avaliação psiquiátrica e o que esperar do processo. (SIQUEIRA; MORETE, 2014, p.52) 

 Os métodos de medicina física proporcionam relaxamento muscular, remoção mais rápida de substâncias algogênicas teciduais e estabilização do estado da doença. Já os métodos psicoterapêuticos permitem distúrbios afetivos e operacionais relacionados à nocicepção, principalmente nos casos de expressão muito intensa das emoções na dor e no tratamento cirúrgico da dor crônica quando as medidas conservadoras são insuficientes. 

 Existem várias teorias fisiológicas e psicológicas que estudam os processos de dor. A teoria da psicologia, que se concentra na abordagem comportamental, entende a dor como um comportamento que percebe que não é aleatório, mas afeta o ambiente em que o organismo vive, e também afeta. (SOUSA; DE-FARIAS, 2014).  De acordo com Dias (2007, p. 4) quando um paciente com dor crônica não melhora com a medicina convencional, é importante ter uma equipe multidisciplinar disponível para atuar em múltiplas frentes. O acesso a outros profissionais proporciona aos usuários outras formas de tratamento, criando um quadro integrado da dor crônica com o paciente.  

O uso de intervenções psicológicas no tratamento de dores crônicas não malignas (dor nas costas, dor de cabeça, artrite, etc.) não é mais considerado um último recurso. No passado, os psicólogos falharam em outros métodos (para o componente biológico). Os pacientes eram frequentemente encaminhados a psicólogos como último recurso. Isso ocorre porque a dor tende a ser mal interpretada como neurótica ou psicogênica quando o tratamento subsequente falha ou quando os testes não detectam uma causa orgânica da dor.  

Hoje se reconhece que a dor pode ser alterada por fatores psicológicos, sejam abertamente orgânicos ou não. Por exemplo, as intervenções psicológicas são frequentemente administradas em paralelo com a fisioterapia. As consequências da deficiência crônica e as consequências familiares, sociais e financeiras contribuem para o sofrimento contínuo e dificultam a recuperação de muitos pacientes. Esse tipo de dor domina a vida e as preocupações do paciente, familiares e amigos. A dor crônica geralmente se refere a um conjunto complexo de alterações somáticas e psicossociais que formam parte integrante do problema geral da dor crônica e aumentam significativamente o sofrimento do paciente. (CONIAM; DIAMOND, 2001) 

O tratamento da dor crônica a partir de uma perspectiva biopsicossocial não se concentra apenas na base biológica dos sintomas, mas também nos fatores sociais e psicológicos que demonstraram influenciar a dor, o desconforto e a incapacidade. 

Alteram o comportamento do paciente, independentemente da fisiopatologia específica da doença, sem necessariamente controlar a dor em si. Pode ser feito em regime de internamento ou ambulatório e pode ser oferecido em contexto individual ou grupal, com ou sem envolvimento de familiares ou outras pessoas significativas do indivíduo. As abordagens biopsicossociais mais influentes da dor crônica hoje são baseadas principalmente no condicionamento operante e na terapia cognitivo comportamental. 

CONCLUSÃO    

 O objetivo deste estudo foi descrever as intervenções psicológicas no tratamento de pacientes com dor crônica, de acordo com os achados, para identificar uma série de métodos e técnicas utilizadas em pacientes com dor crônica em condições muito diferentes, intervenções que recebem uma relação biopsicossocial têm efeitos mais positivos porque o método é para condições diferentes e diferentes. Deve-se dizer que a própria psicoterapia é um tratamento indispensável para pacientes com dor crônica.    

 A presença de dor crônica, principalmente moderada a intensa, tem impacto significativo no desenvolvimento das atividades diárias. Em relação às variáveis de capacidade para o trabalho e presença de emoções negativas, foi encontrado um efeito na intensidade da dor que afeta a qualidade de vida. A percepção da qualidade de vida diminuiu em função da intensidade da dor. 

Há pessoas que estão no controle total de si mesmas apesar da dor severa. Outros, com a mesma dor, aceitam atitudes irracionais e reagem de forma anormal ao seu estresse. O tratamento deve ser levado a sério, pois quando inadequado pode levar à insegurança, raiva, frustração, ansiedade e depressão. Esse sentimento só agrava a dor e leva a maiores custos de saúde.  

Sem dúvida, adoecer é uma experiência traumática que afeta a personalidade do paciente e muitas vezes está associada à dor. A relação do paciente com essa dor gera emoções que podem interferir diretamente no processo de recuperação da patologia proposta. Toda dor, aguda ou crônica, de causa conhecida ou não, sempre tem um componente psicológico que varia de pessoa para pessoa e é modificada e influenciada por fatores culturais, étnicos, sociais e ambientais.  

A dor crônica é uma condição comum, mas poucos estudos refletiram seu impacto na qualidade de vida. Concluiu-se que a dor crônica geralmente tem um impacto significativo na qualidade de vida, embora existam diferenças na literatura em relação a algumas das variáveis analisadas. Portanto, mais pesquisas são necessárias para avaliar a relação entre dor e qualidade de vida, a fim de melhorar e otimizar o manejo da dor e melhorar a qualidade de vida.  


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1Acadêmico do curso de Bacharelado em Psicologia da CEUNI/FAMETRO.

2Acadêmica do curso de Bacharelado em Psicologia da CEUNI/FAMETRO.

3Graduado em Psicologia (2006 e Mestre em Educação (2010) pela Universidade Federal do Amazonas.