JOGOS NO PROCESSO DE APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO INFANTIL

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7255756


Lucimar Ribeiro Cardoso
Eveli Rayane da Silva Ramos


RESUMO

O presente trabalho discute a importância dos jogos na Educação Infantil, buscando compreender e apresentar contribuições no processo de desenvolvimento da criança. Como objetivo, a mesma busca identificar e co-relacionar as teorias dos autores abordados pela temática de forma a incentivar e firmar os jogos, como ferramentas manuais e motoras das crianças. Com base em alguns autores Vygotsky, Piaget e Kishimoto encontramos subsídios teóricos com interface no brincar fundamentados a partir do reconhecimento de que a educação é de excelência para o desenvolvimento da criança. É realizada a discussão acercado assunto e conforme a teoria abordada, entende-se a importância dos jogos educacionais, bem como demais atividades lúdicas no processo de desenvolvimento inicial das crianças. A metodologia utilizada foi à pesquisa bibliográfica e de campo constituída de uma pesquisa qualitativa em que os dados foram obtidos por meio da observação e diálogos no momento da realização do grupo focal com a professora e os alunos da Escola Lúcia Carmem Sobreira, na qual se desenvolveu a brincadeira Amarelinha, buscando como uma forma de proporcionar prazer, utilizando o imaginário e a criatividade nas várias formas de brincadeira e jogos. É preciso que o professor tenha consciência de que, na brincadeira, as crianças recriam e estabilizam aquilo que sabem sobre as mais diversas esferas do conhecimento, em uma atividade espontânea e imaginativa. Verificou-se que o lúdico na educação infantil tem sido uma das estratégias mais bem sucedidas no que concerne à estimulação do desenvolvimento cognitivo e de aprendizagem de uma criança. Também ficou evidenciado que o lúdico pode ser utilizado como uma ferramenta na construção do saber levando a criança a aprender e a brincar sem perder a essência da infância. 

Palavras-chave: Brincar. Jogos. Aprendizagem. Educação Infantil. Criança.

1. INTRODUÇÃO

O presente artigo tem como tema Jogos no Processo de Aprendizagem na Educação Infantil com a finalidade de esclarecer a importância dos jogos e da brincadeira na escola, com os educandos, onde o mediador desse conhecimento explica que o lúdico (jogos e brincadeiras) tem que ter objetivo, a conquista de forma dinâmica e gradativa.

Na educação infantil, seria importante se todas as escolas pudessem oferecer à criança a condição necessária para o desenvolvimento da coordenação motora, ou seja, que fossem proporcionados ambientes adequados assim como toda capacitação dos seus profissionais e materiais disponíveis para que possa ser exercida em sala de aula essas atividades lúdicas.

A importância de contextualizar esse tema releva-se, pois o lúdico deve ser visto como uma ferramenta contributiva para potencializar o desenvolvimento das crianças e não ser visto como algo fora do contexto educacional (kishimoto1998). 

De acordo com Piaget (1973) a educação e a ludicidade devem unir-se para que haja concretização do aprendizado escolar. O educador precisa estar sempre observando as habilidades desenvolvidas pelas crianças e as quais precisam ainda ser revistas e estimuladas em sala de aula. Para esse estudo, foi feito uma pesquisa onde o embasamento teórico esteve fortalecido nas teorias dos autores Lev Vygostsk, Jean Piaget e entre outros que também contribuem de modo significativo com a educação infantil.

 O objetivo geral da pesquisa é analisar a importância do brincar no processo aprendizagem da vida da criança e como se relacionam entre si e qual a contribuição dos jogos com o seu desenvolvimento mental e físico. Pois, segundo os autores pesquisados, este é um período fundamental para a criança no que diz respeito ao seu desenvolvimento e aprendizagem.

 Os objetivos específicos são: Analisar o uso pedagógico dos jogos tradicionais no contexto escolar; verificar em que medida os jogos são inseridos no cotidiano da turma trabalhada; identificar os benefícios das atividades lúdicas na educação infantil e possibilitar uma reflexão sobre a importância dos jogos e brincadeiras na Educação Infantil tendo em vista o pleno desenvolvimento da criança; perceber se a brincadeira favorece a integração social da criança fora e dentro da escola.

Entretanto, pouco se utiliza nas escolas a ludicidade como recurso metodológico, negando a possibilidade de uma aprendizagem prazerosa e significativa. Como problemática da pesquisa se faz a seguinte pergunta: Será que as escolas utilizam atividades lúdicas como um recurso metodológico de forma a facilitar o processo de aprendizagem da criança?

Justificando, a Educação Infantil é a fase inicial da vida escolar da criança, onde ela desperta para um mundo de curiosidade e aprendizado, sendo o professor o responsável em organizar e incentivar a criança pela busca e interesse.

O ensino para ser bem sucedido se deve utilizar métodos e técnicas com objetivos mais ajustados aos alunos. Para sua maior eficiência, busca o desenvolvimento integral do educando. A maior missão do educador é preparar com mecanismos as novas gerações para o mundo em que irão viver.  Em vista disso é de suma importância desenvolver a criatividade do educando para que a construção do conhecimento se dê como resultados de estratégias pedagógicas que resultem na interação com o outro.

A escolha do tema foi devido a ser um assunto instigante e fundamental para o desenvolvimento da criança, sendo assim, cabe à educação propiciar uma relação de adaptação ao meio físico, de forma lúdica e prazerosa, possibilitando um equilíbrio, que será refletido em toda sua vida.

Brincar é uma atividade universal e, através dela, a criança vai conhecer, aprender e se constituir pertencente a um grupo. Podemos dizer que a brincadeira e o jogo são meios para a construção da identidade cultural e aprendizagem da criança.

Portanto, o brincar é a atividade principal do dia-a-dia. É importante porque dá à criança o poder de tomar decisões, expressar sentimentos e valores, conhecer a si mesmo, os outros e o mundo, repetir ações prazerosas, partilhar brincadeiras com o outro, expressar sua individualidade e identidade explorar o mundo dos objetos, das pessoas, da natureza, respeitando a cultura de cada um, usar o corpo, os sentidos, os movimentos, as várias linguagens para experimentar situações que lhe chamam atenção, solucionar problemas e criar. É no plano da imaginação que o brincar se destaca pela mobilização dos significados. Enfim sua importância se relaciona com a cultura da infância que coloca a brincadeira como ferramenta para a criança se expressar, desenvolver e crescer.

A metodologia dar-se-á através da pesquisa bibliográfica com abordagem qualitativa, crítica e reflexiva, feita a partir da análise documental, fundamentada na reflexão do brincar como linguagem essencial definida por diversos autores como também a análise das informações colhidas diretamente no campo da pesquisa com os alunos do ensino infantil da escola Carmem Lúcia Sobreira.

O intuito da coleta de dados foi recolher informações necessárias para observar o desenvolvimento das crianças por meio da brincadeira realizada e trabalhada pela professora em sala de aula, quais os tipos de materiais disponíveis na escola para o desenrolar do processo de aprendizagem. É brincando que a criança demonstra sua imaginação, mas além de imaginar e construir, o brincar transforma uma criança dispersa em um ser interativo, quando se cria atividades lúdicas que proporcionam interações e socializações a criança aprende sobre as convivências sociais, preparando para a vida.

Na atualidade muito se discute sobre a qualidade na aprendizagem, muitos estudiosos se debruçam sobre esse tema e como consequência são lançadas uma série de pesquisas que norteiam à mediação do conhecimento, nessa pesquisa a importância da brincadeira é citada como uma das ferramentas que são essenciais para a qualidade na aquisição da aprendizagem. 

Assim esse estudo estará composto, além do introdutório, o referencial teórico e em seguida na primeira seção, A Importância do brincar se faz presente na educação infantil como um processo de crescimento e fator de grande relevância no desenvolvimento da criança, marcando inclusive o nível de aprendizagem, proporcionando a conquista de novas descobertas e ajudando na formação da personalidade das mesmas.

 Na segunda seção busca evidenciar as contradições desta inter-relação, bem como a exposição de aspectos históricos do jogo e seu entendimento mediante as Concepções e Visões dos Autores Referenciados neste estudo.

Na terceira seção trata Os Jogos e Brincadeiras no Contexto Escolar compreendendo o resgate histórico da presença do jogo na escola, sua importância e contribuições neste espaço.

Em seguida a Metodologia, na qual apresento a metodologia adotada para a realização deste trabalho. Prosseguindo, os Caminhos Trilhados em lócus onde descrevo todo o caminho percorrido na Escola Lúcia Carmem Sobreira. Os Resultados Gerados relato todo caminho percorrido da pesquisa bem como, a análise e interpretação dos dados coletados tendo como base o referencial teórico adotado e os objetivos traçados.

Para finalizar este trabalho tecem-se as Considerações Finais, as Referências e os Anexos desenvolvidos na pesquisa.

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

De acordo com os estudos de Ribeiro e Souza (2011) “os jogos educativos são aqueles que contribuem para a formação das crianças e geralmente são direcionados para Educação Infantil”. Essas autoras ainda elucidam teoricamente que os jogos são divididos em dois grupos: os enredos e os de regras.

Os primeiros são chamados de jogos imaginativos como, por exemplo, as fábulas; essa modalidade estimula o desenvolvimento cognitivo e afetivo-social da criança, pois elas vivenciam o comportamento do adulto. Quando o segundo pode se citar o jogo de dominó, neste a imaginação está limitada, pois são as normas que norteiam o jogo, exigindo atenção para o seu desenvolvimento (RIBEIRO e SOUZA, 2011).

2.1 A IMPORTÂNCIA DO BRINCAR

A brincadeira está presente na humanidade de tempos remotos e está inserida no contexto social e histórico de cada comunidade. Assim as brincadeiras são inventadas e reinventadas segundo a imaginação da criança, havendo modificações de acordo com a época, a cultura, o espaço geográfico e entre outros fatores que alteram os acontecimentos históricos. 

 Segundo Almeida (2019), a brincadeira tem um papel fundamental no desenvolvimento da criança, e é através da brincadeira que a criança experimenta o mundo e desenvolve a socialização.  A cada geração as brincadeiras vão mudando e se tornam característicos de um povo ou cultura.

O brincar é, portanto, experiência de cultura, por meio dos quais valores, habilidades, conhecimentos e formas de participação social são constituídas e reinventadas pela ação coletiva das crianças (BORBA 2006, p. 47 apud ALMEIDA, 2019).

Kishimoto (2002)explica que a brincadeira é uma atividade que se inicia desde os primeiros anos da criança, permitindo construção de experiências e formas de se relacionar com o mundo de maneira ativa e participativa.

A brincadeira tem um papel primordial no desenvolvimento infantil, é através da brincadeira que a criança demonstra como enxerga o mundo, suas emoções e como percebe o que acontece à sua volta, a criança brinca como forma de se relacionar com o mundo.

Vygotsky (2007) diz que a brincadeira é uma atividade que estimula a aprendizagem.

No brinquedo, a criança sempre se comporta além do comportamento habitual de sua idade, além do seu comportamento diário; no brinquedo é como se ela fosse maior do que ela é na realidade. Como no foco de uma lente de aumento, o brinquedo contém todas as tendências do desenvolvimento sob forma condensada, sendo ele mesmo uma grande fonte de desenvolvimento. (VYGOTSKY, 2007, p.134 apud ALMEIDA, 2019). 

Vygotsky (2007) também chama a atenção para a qualidade da brincadeira, as escolas infantis precisam ter o cuidado para entender quais são as brincadeiras que irão ajudar a criança a se desenvolver.

 A brincadeira na educação infantil precisa ter uma intencionalidade, um objetivo pedagógico a ser alcançado. Antunes complementa:

Jamais pense em usar os jogos pedagógicos sem um rigoroso e cuidadoso planejamento, marcando por etapas muito nítidas e que efetivamente acompanhem o progresso dos alunos (ANTUNES, 2002, p.37 apud ALMEIDA, 2019)

Nessa linha de raciocínio Antunes segue afirmando: 

Os jogos ou brinquedos pedagógicos são desenvolvidos com a intenção explícita de provocar uma aprendizagem significativa, estimular a construção de um novo conhecimento. (ANTUNES, 2002, p.38)

As brincadeiras exigem do professor um olhar direcionado para a aprendizagem e sua significação, segundo o Referencial Curricular Nacional da Educação Infantil (BRASIL, 1998, p. 30 apud ALMEIDA, 2019):

O professor é mediador entre as crianças e os objetos de conhecimento, organizando e propiciando espaços e situações de aprendizagens que articulem os recursos e capacidades afetivas, emocionais, sociais e cognitivas de cada criança aos seus conhecimentos prévios e aos conteúdos referentes aos diferentes campos de conhecimento humano.

Diante dessas afirmações entende-se que a formação do professor precisa ser de qualidade para que os profissionais tenham discernimento em seu papel de mediadores e de elo entre as possibilidades que existem entre o brinquedo, a brincadeira e a aprendizagem.

Durante a brincadeira a criança oferece indícios de como o professor poderá extrair os melhores recursos da brincadeira para a aprendizagem, o professor poderá observar o interesse da criança pela brincadeira, quais são as emoções que a criança expressa e como interage com as outras crianças.

Piaget destacou-se por ter pesquisado seriamente o desenvolvimento infantil, defendia que o ser desenvolvia-se em vários aspectos e para aprimorar seu desenvolvimento precisava de estímulos conforme sua faixa etária.

Piaget propôs método da observação para a educação da criança. Daí a necessidade de uma pedagogia experimental que colocasse claramente como a criança organiza o real. Criticou a escola tradicional que ensinava a copiar e não a pensar. Para obter bons resultados, o professor deveria respeitar as leis e as etapas de desenvolvimento da criança. O objetivo da educação não deveria ser repetir ou conservar verdades acabadas, mas aprender por si próprio a conquista do verdadeiro. (GADOTTI 2004, p. 146 apud ALMEIDA, 2019)

Assim podemos ver o quanto o lúdico é de suma importância para a criança, pois através desse instrumento conseguimos transformar um simples jogo numa realidade para a vida inteira.

No brincar a criança sempre está acima de sua idade média e do seu comportamento diário. Assim, na brincadeira de faz-de-conta, as crianças manifestam certas habilidades que não seriam demonstradas nestas idades. Ou seja, a aprendizagem desperta vários processos internos.

A aprendizagem não é desenvolvimento; entretanto o aprendizado adequadamente organizado resulta em desenvolvimento mental e põe em processos vários de desenvolvimento, de que outra forma não ia acontecer. (VYGOTSKY 2002, p. 132 apud ALMEIDA, 2019)

O aprendizado bem planejado e organizado proporciona à criança resultados positivos em várias áreas do seu desenvolvimento e o aprendizado se faz naturalmente.

O jogo permite a expressão criativa podendo abrir novas perspectivas do uso dos códigos simbólicos. Mas para que essa ideia se concretize é importante compreender os diferentes estágios de desenvolvimento mental infantil e adequar os brinquedos de acordo com suas potencialidades.

É enorme a influência do brinquedo no desenvolvimento da criança. É no brinquedo que a criança aprende a agir numa esfera cognitiva, ao invés de agir numa esfera visual externa, dependendo das motivações e tendências internas e não por incentivos fornecidos por objetos externos. (VYGOTSKY, 1984, p. 109 apud ALMEIDA, 2019).

A brincadeira é uma rica fonte de estímulos ao desenvolvimento cognitivo e afetivo da criança e também contribui para o seu processo de socialização e auto expressão. O brincar, além de ser um facilitador do desenvolvimento infantil, é a forma que a criança possui para se comunicar com o mundo, expressar seus sentimentos, conviver com as diferentes emoções, conhecer seu próprio corpo (ALMEIDA, 2019).

Por meio da brincadeira, as crianças ampliam seus conhecimentos sobre si mesmos e sobre o mundo. Nesses momentos lúdicos, elas criam situações imaginárias que surgem a partir dos conhecimentos de mundo que já possuem, antecipam vivências, imitam os adultos.

2.2 NAS TRILHAS DE ALGUNS ESTUDIOSOS SOBRE O JOGO NO CONTEXTO ESCOLAR 

2.2.1 A visão de Vygotsky

Este autor foi um dos pioneiros na teoria de inclusão dessas ferramentas no processo de aprendizagem na educação inicial. Segundo Vygotsky (1998) o comportamento da criança ao brincar é diferente, ela se comporta como se tivesse idade além do normal. O brinquedo pode proporcionar uma realidade irreal ou fantasia que é reproduzida através da vida adulta a qual ela ainda não participa ativamente. Deste modo, quanto mais rica for a experiência, maior será o material disponível para imaginação.

Segundo Vygotsky (1994) a aprendizagem procede ao desenvolvimento infantil. Nesse sentido, precisa compreender suas habilidades e capacidade, ela passa pelo processo de construção do conhecimento, no qual ela irá processualmente desenvolver o que foi aprendido. 

“É importante ressaltar que o conhecimento da realidade infantil não é de imediato adivinhado a experiência, e um estágio complexo e gradativo, pois as imagens edificadas pela imaginação que se articulam uma a outra, por sua vez, uma depende da outra para possibilitar a criança entender seus avanços de estágios de um desenvolvimento a outro”.

Por fim, Vygotsky (1997) diz que ao brincar, a criança assume papeis e aceita as regras próprias da brincadeira, executando, imaginariamente, tarefas para as quais não está apta ou não sente como agradáveis na realidade.

Segundo Vygotsky (1989), a criança usa as interações sociais como formas privilegiadas de acesso a informações: aprende a regra do jogo, por exemplo, através dos outros, e não como o resultado de um pensar individual para a solução de problemas. Dessa maneira, ela aprende a regular seu comportamento pelas reações. Vygotsky (1989, p. 109) ainda afirma que:

É enorme a influência do brinquedo no desenvolvimento de uma criança. É no brinquedo que a criança aprende a agir numa esfera cognitiva, em vez de numa esfera visual externa, dependendo das motivações e tendências internas, e não por incentivos fornecidos por objetos externos.

As brincadeiras que são oferecidas à criança devem estar de acordo com a zona de desenvolvimento em que ela se encontra e devem ser estimulantes para a ampliação do ir além; dessa forma, pode-se perceber a importância de o professor conhecer a teoria de Vygotsky.

Na visão sócio-histórica de Vygotsky, a brincadeira e o jogo são atividades específicas da infância, em que a criança recria a realidade usando sistemas simbólicos. Essas atividades são humanas e criadoras e têm contexto cultural e social, nas quais imaginação, fantasia e realidade interagem para a produção de novas possibilidades de interpretação, de expressão e de ação pelas crianças, assim como de novas formas de construir relações sociais com outros sujeitos, crianças e adultos.

Por fim, consideram-se as palavras do Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (1998, p.29) ao afirmar que:

É preciso que o professor tenha consciência de que, na brincadeira, as crianças recriam e estabilizam aquilo que sabem sobre as mais diversas esferas do conhecimento, em uma atividade espontânea e imaginativa. Nessa perspectiva, não se deve confundir situações nas quais se objetiva determinada aprendizagens relativas a conceitos, procedimentos ou atitudes explícitas com aquelas nas quais os conhecimentos são experimentados de uma maneira espontânea e destituídos de objetivos imediatos pelas crianças. Pode-se, entretanto, utilizar os jogos, especialmente àqueles que possuem regras, como atividades didáticas.

Existem momentos em que a criança brinca por puro prazer e porque sente a necessidade de brincar para expressar seus sentimentos. Esses momentos não devem ser descartados da prática educativa. Se o professor permite que a criança brinque apenas para aprender um determinado conceito, por exemplo, ela se tornará resistente a participar das atividades propostas, pois irá perceber que o seu brincar não será espontâneo e natural, inerente ao seu ser.

2.2.2 A visão de Piaget

Para Piaget, a ludicidade é a manifestação do Desenvolvimento da inteligência que está ligada ao estágio do Desenvolvimento cognitivo, cada etapa está relacionada há um tipo de atividade lúdica que se sucede da mesma maneira para todos os indivíduos (1978).

Piaget afirmou que […] a fase de zero a dois anos (0 a 2) anos, as crianças conquistam o mundo por meio de percepção e dos movimentos, o recém nascido reduz-se ao exercício dos reflexos. O Desenvolvimento é acelerado dando suporte para suas novas habilidades motoras como, por exemplo, pegar, andar, olhar, apontar entre outros. Ao decorrer desse estágio os reflexos podem compreender sua própria realidade, e assim firmar, uma ideia construída e transcrever seu dia a dia.

Vygotsky (1997) afirma que para criança com menos de 3 anos o brinquedo é uma coisa muito séria pois, ela não separa a situação imaginária do real, já na idade escolar, o brincar torna-se uma forma de atividade mais limitada que preenche um papel especial em seu desenvolvimento, tendo um significado diferente do que tem para uma criança em idade pré-escolar.

De acordo com o autor a criança com menos de 3 anos, não tem capacidade de separar a realidade de uma imaginação, onde toda brincadeira se torna séria. No entanto, na idade escolar o desenvolvimento se torna significativo, pois ela cria uma relação entre o significativo e a percepção visual, ou seja, entre o pensamento e a situação real. As necessidades das crianças e os incentivos não devem ser ignorados, porque eles são ineficazes para colocá-los em ação fazendo-nos ser progressivamente substituídos pelos esquemas e somados aos símbolos lúdicos(VYGOTSKY, 1997).

Para Piaget (1998) os jogos são essenciais na vida da criança. De início tem-se o jogo de exercício que é aquele em que a criança repete uma determinada situação por puro prazer, por ter aparecido seus efeitos e logo começará a apreciar os jogos na qual sobressaem melhor as suas habilidades e interesses.

Para Piaget, o jogo constitui-se em expressão e condição para o desenvolvimento infantil, já que as crianças, quando jogam, assimilam e podem transformar a realidade.

Piaget (1998) diz que a atividade lúdica é o berço obrigatório das atividades intelectuais da criança, sendo, por isso, indispensável à prática educativa. Também considera que a brincadeira atua como uma forma de assimilação do real ao Eu da criança. Para adaptar-se ao mundo, ela faz uma representação deste, e a brincadeira é uma atividade que transforma o real de acordo com suas necessidades afetivas e cognitivas.

2.2.3 A concepção de Henri Walton

Esse autor discreto em suas publicações, ao longo de toda a sua vida, se dedicou nas realizações de pesquisas para conhecer a infância e o caminho da inteligência mostrou que a criança é apenas cabeça, mas comprava também a existência de um corpo e emoção em sala de aula.

Para brincar existe um acordo sobre as regras ou construção de regras que são produzidas à medida que se desenvolve a brincadeira e sendo desfeita quando não é bem aceita pelos participantes.

Para Vygotsky (1978) e Wallon (1977), o desenvolvimento se dá através da formação da criança que é objetivado pelo ambiente físico e social, esse conhecimento é compreendido com processo interrompido, sem limites claros.

Wallon entende por pessoa, o ser total, físico-psíquico e tal com ele se manifesta pelo conjunto do seu comportamento. Para Wallon (1975) ela irá formar ao longo do processo de desenvolvimento, sofrendo acentuadas transformações em sua evolução, sua configuração, porém só se torna possível mediante um processo no qual a criança faz a dissociação do seu eu do poder de diferenciação, de crítica e de análise que e afetivo, mais intelectual.

Toda criança tem um determinado tempo para se desenvolver. Depende somente da idade e do ambiente em que ela esteja para a conquista de cada fase antes da idade prevista e outros no tempo determinado. O jogo é uma ferramenta que contribui na formação corporal, afetivo e cognitivo, por ter características lúdicas se tornam mais atrativa e eficiente em seu desenvolvimento, preparando a sua inteligência e caráter, tendo conhecimento de quantidade e de espaço. 

A criança expressa suas fantasias, seus desejos e suas experiências reais de um modo simbólico, onde a imaginação e a criatividade fluem por conta da ludicidade. Os jogos têm um papel no desenvolvimento psicomotor e no processo de aprendizagem do domínio e do social da criança através dos jogos é possível exercitar os processos mentais e o desenvolvimento da linguagem e hábitos sociais. 

O jogo é, portanto, sob suas duas formas essenciais de exercício sensório-motor e de simbolismo, uma assimilação do real à atividade própria, fornecendo a este seu alimento necessário e transformando o real em função múltipla do eu. (PIAGET, 2004).

Para Pettry (1988) o jogo é uma atividade própria da criança e está centrada no poder que proporciona a ela. As brincadeiras com o corpo em movimento auxiliam as crianças a compreender e relacionar os conceitos de perto, longe, atrás, mais perto, longe, em cima, na frente, ou seja, ela sustenta o que Warley já havia dito sobre a importância da criança brincar ou jogar é possível desenvolver relacionamentos, pois o ato de brincar, jogar é necessário que haja uma interação, pois assim o aprendizado torna-se mais eficaz para ambas as crianças, pois a troca de conhecimento e vasta.

 Para Piaget (1994) a importância do jogo é incentivador e motivador no processo de aprendizagem, já que existe na criança uma razão própria que faz exercer de maneira significativa sua inteligência e sua necessidade de investigação. 

Segundo o referencial curricular nacional (1998) a criança precisa brincar, ter prazer e alegria para crescer, precisa do jogo como forma de equilíbrio entre ela e o mundo, e através do lúdico a criança desenvolve a interpretação com jogos brincando. 

A criança através do jogo ou brincadeiras incorporando personagens. A linguagem do jogo ou do mundo condicional. Relacionar-se com as outras crianças e adultos por meio de jogos pode interagir com o meio que estão inseridos lhe proporcionando um alto conhecimento de si própria; tendo em vista que essas descobertas as fascinam, pois é um novo mundo.

2.3 JOGOS E BRINCADEIRAS NO CONTEXTO ESCOLAR

Vale considerar que o jogo como instrumento de aprendizagem é um recurso de extremo interesse aos educadores, uma vez que sua importância está diretamente ligada ao desenvolvimento do ser humano em uma perspectiva social criativa, afetiva histórica e cultural, levando-se em conta isso é extremamente importante que os profissionais que trabalham com as crianças devam se interessar e buscar conhecimento pela temática permitindo assim melhor direcionamento no trabalho pedagógico.

Busca-se nesse estudo subsídios para que o educador possa encontrar espaço na escola para o lúdico, trabalhando com jogos e brincadeiras como uma importante estratégia para o desenvolvimento físico e mental da criança, auxiliando na construção do conhecimento e na socialização englobando, portanto, aspecto cognitivo e afetivo. É um importante instrumento pedagógico nem sempre valorizado. Muitas vezes quando utilizado é feito de forma aleatória como uma simples brincadeira, sem objetivos definidos ensinar e aprender não são sinônimos de mau humor, tristezas e ações repetitivas. Saber é construído dentro e fora da escola. Cabe o professor usar a sua imaginação, admirar-se ou ousar (ALMEIDA, 2019)

Para a autora acima citada, os jogos pedagógicos e as atividades lúdicas estão ganhando cada vez mais espaço na inovação de metodologias de ensino e aperfeiçoamento dos processos de aprendizado principalmente quando o objetivo é o desenvolvimento global do aluno. Além do aspecto cognitivo, as brincadeiras proporcionam oportunidade adequada para o desenvolvimento social, na expressão afetiva na evolução da linguagem, na experimentação de possibilidade motora, apropriação de regras sociais e imersas no universo cultural.

O jogo requer a participação ativa do aluno na construção ativa do seu próprio conhecimento, o jogo oferece socialização entre alunos e a conscientização do trabalho em equipe, a utilização dos jogos é um fator de motivação para os alunos. Dentre outras coisas, o jogo favorece o desenvolvimento da criatividade, do senso crítico, da participação, da competição sadia, da observação, das várias formas de usos da linguagem e do resgate do prazer em aprender, as atividades com jogos permitem ao professor identificar, diagnosticar alguns erros de aprendizagem, as atitudes e as dificuldades dos alunos.

Oliveira afirma que:

Brincadeiras e jogos podem ser vistos como um grande laboratório, em que crianças e adolescentes experimentam novas formas de agir, de sentir e de pensar. Brincando, a criança busca se adaptar de forma ativa à realidade onde vive, mas também emite juízos de valor, inclusive sobre o que considera passível de melhora perdendo assim toda sua essência. (OLIVEIRA 2010, p. 26 apud ALMEIDA, 2019)

De acordo com o Referencial Curricular Nacional da Educação Infantil (BRASIL, 1998, p. 27, v.01):

O principal indicador da brincadeira, entre as crianças, é o papel que assumem enquanto brincam. Ao adotar outros papéis na brincadeira, as crianças agem frente à realidade de maneira não-literal, transferindo e substituindo suas ações cotidianas pelas ações e características do papel assumido, utilizando-se de objetos substitutos.

A brincadeira se faz presente na pré-escola como um processo de crescimento e fator de suma importância no desenvolvimento da criança, marcando inclusive o nível de desenvolvimento e aprendizagem da criança que participa da brincadeira, proporcionando a conquista de novas descobertas e ajudando na formação da personalidade das crianças.

Para que a experiência da brincadeira seja complementada com a aprendizagem é necessária que haja uma ação lúdica e afetiva e que as brincadeiras e jogos sejam ofertados de forma gradativa na aprendizagem, de acordo com uma boa observação por parte dos professores com o intuito de enriquecer e avaliar as brincadeiras e jogos existentes na sala de aula (ALMEIDA, 2019).

É brincando que a criança irá desenvolver uma série de habilidades, dentre elas aprenderem a escutar, falar quando necessário e de forma a se fazer compreendido, respeitar as regras do jogo, aceitar as habilidades e limitações dos colegas de jogo, trabalhar limitações, controlarem as emoções, buscar soluções para os desafios que lhe são impostos e buscar superar-se.

Carvalho (1992, p.14 apud Almeida, 2019) afirma que:

(…) desde muito cedo o jogo na vida da criança é de fundamental importância, pois quando ela brinca, explora e manuseia tudo aquilo que está a sua volta, através de esforços físicos se mentais e sem se sentir coagida pelo adulto, começa a ter sentimentos de liberdade, portanto, real valor e atenção às atividades vivenciadas naquele instante.

São inúmeros os benefícios da brincadeira dentro da pré-escola, desde a brincadeira direcionada como a brincadeira livre, é um leque de experiências positivas que contribuem para o desenvolvimento de um bom plano de aula que contemple tanto a assimilação da aprendizagem quanto o crescimento emocional, físico cultural e social da criança.

De acordo com Oliveira (2000, p. 19 apud Almeida, 2019):

O brincar, por ser uma atividade livre que não inibe a fantasia, favorece o fortalecimento da autonomia da criança e contribui para a não formação e até quebra de estruturas defensivas. Ao brincar de que é a mãe da boneca, por exemplo, a menina não apenas imita e se identifica com a figura materna, mas realmente vive intensamente a situação de poder gerar filhos, e de ser uma mãe boa, forte e confiável.

A brincadeira está presente no dia a dia de creches e pré-escolas como ferramenta essencial no processo de aquisição de aprendizagem, no entanto, muitas são as dúvidas que estão presentes nesses espaços. Profissionais da educação infantil buscam compreender como os jogos, os brinquedos e as brincadeiras podem contribuir para a aquisição da aprendizagem. De que forma cada jogo ou brincadeira pode estimular e como a postura do professor pode contribuir para enriquecer a ludicidade em sala de aula (ALMEIDA, 2019).

O grande desafio dos professores da educação infantil é compreender de que forma o mediador poderá favorecer o processo de aprendizagem e garantir que cada criança, respeitando sua individualidade, desenvolva suas habilidades.

O brincar incentiva o desenvolvimento humano de várias formas, na linguagem, as brincadeiras facilitam na comunicação de pensamentos e emoções, na consciência ética surge o desenvolvimento de regras, a noção do que é certo e errado, no aspecto cognitivo oferece uma gama de informações que gera novas situações afetivas facilitando a expressão de emoções e finalmente propicia o desenvolvimento físico e motor através da interação com o meio.

O jogo simbólico é a ferramenta principal para que a criança distinga a função real e figurada. Por meio do faz de conta, afetividade, memória, motricidade, criatividade, linguagem, percepção e memória são aperfeiçoados. Por meio das atividades ofertadas no ambiente escolar são construídos valores sendo fundamental trabalhar questões como a ética, a moral, o respeito mútuo, a cooperação, a afetividade, a perseverança, entre outros que auxiliam de forma significativa na formação do indivíduo (ALMEIDA, 2019).

A transmissão de valores acontece de forma gradativa, por meio da socialização esses valores são internalizados, para que o sujeito desenvolva ao longo da sua vida o que foi alicerçado na sua infância.

É principalmente ao longo da infância e durante a adolescência que as crianças e os jovens consolidam seu esquema fundamental de valores, quando passam de uma moral heterônoma, segundo a qual são guiados pelas opiniões e normas dos mais velhos (pais, educadores, treinadores) a uma moral autônoma, regida pela opinião própria, processo que, segundo Kohlberg (1969), acontece de forma paralela ao desenvolvimento do juízo moral (SANMARTÍN, 2005, p. 51 apud ALMEIDA, 2019, p.52).

Outro fator importante para que o professor tenha condições de utilizar o jogo, a brincadeira e o brinquedo como ferramenta das suas aulas é que a creche ou pré-escola ofereça espaços e material para o desenvolvimento do professor, são muitas as escolas de educação infantil que funcionam em espaços improvisados que não oferece as mínimas condições de trabalho, a exemplo de um pátio para as crianças extravasar suas energias, impossibilitando assim de criar um ambiente adequado para a transmissão do aprendizado.

O professor tem um importante papel no desenvolvimento das brincadeiras dentro do âmbito escolar, começa desde a escolha, passa pela organização, planejamento e o desenvolvimento das brincadeiras. A organização do espaço é fundamental para o desenvolvimento das brincadeiras, no entanto, não basta que o ambiente esteja organizado, os brinquedos disponibilizados e as crianças estejam presentes, é necessário que o professor atue brincando com o intuito de ampliar a qualidade do brincar. 

As crianças aprendem com a imitação dos adultos, na brincadeira a criança imita o adulto e observa para depois reproduzir os seus atos, para simplificar temos as casinhas, vastamente utilizadas como brincadeira de menina, as brincadeiras com carinho, de médico, enfim, uma infinidade de exemplos que mostram o quanto as atitudes dos adultos que rodeiam as crianças são importantes para a construção da identidade. 

Tendo em vista todos os benefícios dos jogos e das brincadeiras para o desenvolvimento da criança foi adotado para esse estudo a brincadeira da Amarelinha. Nessa brincadeira, o professor precisa orientar os jogadores sobre a brincadeira, como brincar, vence quem terminar a amarelinha toda. Constituem erros o jogador que jogar a pedra fora da casa desejada ou sobre a linha da figura, apoiar-se com os dois pés no interior de uma mesma casa, trocar o pé de apoio durante o percurso e esquecer a pedra. 

A brincadeira da Amarelinha é uma brincadeira muito antiga que é ótima para desenvolver a noção de respeito às regras e a esperar pela vez. A Amarelinha mais tradicional é aquela feita no chão com giz. Segue as regras da brincadeira:

QUADRO 1: Regras da Brincadeira

1. Cada jogador precisa de uma pedrinha ou tampinha.
2. Quem começar joga a pedrinha na casa marcada com o número 1 e vai pulando de casa em casa, partindo da casa 2 até o céu.
3. Só é permitido pôr um pé em cada casa. Quando há uma casa do lado da outra, pode pôr os dois pés no chão.
4. Quando chegar ao céu, o jogador vira e volta pulando na mesma maneira, pegando a pedrinha quando estiver na casa 2.
5. A mesma pessoa começa de novo, jogando a pedrinha na casa 2.
6. Perde a vez quem:*Pisar nas linhas do jogo*Pisar na casa onde está a pedrinha *Não acertar a pedrinha na casa onde ela deve cair *Não conseguir (ou esquecer) de pegar a pedrinha de volta
7. Ganha quem terminar de pular todas as casas.
Fonte: Pais e Filhos.com.br>diversão>brincadeira>brincadeira amarelinha.

Com a Amarelinha se trabalha o equilíbrio, noções de espaço, força muscular, coordenação óculo-manual, coordenação motora fina, estratégia – sequência e senso de prioridade, desenvolvimento social, desenvolvimento da personalidade, além de familiarizar a criança com os números e figuras geométricas. Interessante para se trabalhar com crianças de até uns 10 anos, embora sirva para qualquer idade.

QUADRO 2: Faixa Etária e Materiais Necessários

Idade recomendada: a partir dos 3 anos.
Onde brincar: pátio, calçadas, na praia (na areia molhada), nas praças ou quadras de esporte.
Quantos participantes: mais de 1.

Material necessário: Giz ou varinha (na areia), além de um marcador (se pode usar pedras, casca de banana seca, etc.
Fonte: Pais e Filhos.com.br>diversão>brincadeira>brincadeira amarelinha.

3. METODOLOGIA

O presente trabalho se deu por meio de pesquisa bibliográfica baseada em autores com relevantes publicações na área da Educação Infantil e do desenvolvimento da aprendizagem. São considerados aspectos que formam o ser na sua plenitude e leva em conta que nenhuma se constrói sozinha e sim na totalidade, sendo esses referenciais norteadores para a condução do método de pesquisa, evidenciando a opinião de cada autor acerca do tema, da conversa e da observação com a professora da turma.

Este estudo empregará o uso da observação em campo para a coleta de dados e o desenvolvimento do trabalho. Iremos observar os sujeitos dessa pesquisa e como eles atuam mediante os estímulos inseridos na sua aprendizagem do seu cotidiano e o procedimento tem caráter sistemático.

Baseia-se também na pesquisa de campo com cunho investigativo acerca da importância dos jogos no processo aprendizagem na educação infantil visando aprofundar conhecimento a partir do resultado das informações colhidas com os alunos da Escola Municipal Lúcia Carmem Sobreira localizada no município de Juazeiro – BA.

Segundo Gil, a pesquisa bibliográfica é desenvolvida com base em material já elaborado, constituído principalmente de livros e artigos relacionados com o estudo em questão.

Sendo assim, na realização desta pesquisa bibliográfica foram utilizados os seguintes procedimentos técnicos: a) seleção bibliográfica e documentos afins à temática e em meios físicos e na Internet, capazes e suficientes para que o pesquisador construa um referencial teórico coerente sobre o tema em estudo, responda ao problema proposto, corrobore com as hipóteses levantadas e atinja os objetivos propostos na pesquisa; b) Leitura do material selecionado; c) Análise e reflexão crítica sobre o material selecionado e d) Exposição dos resultados obtidos através de um texto escrito.(GIL, 1991, p.48)

Sendo realizada uma observação dos alunos para levantar a importância do lúdico na aprendizagem dos mesmos, bem como o interesse por esta metodologia.

Outro instrumento de análise utilizado foi o grupo de discussão focal “(…) uma técnica de pesquisa que coleta dados por meio das interações grupais ao se discutir um tópico especial sugerido pelo pesquisador.” (Morgan, 1997, in Gondim, 2003, p.193), isto é, nos grupos focais são lançadas questões de debate, e estes, através das interações dos participantes, nomeadamente as suas respostas e as suas formas de estar, são dados importantes a recolher pelo pesquisador, para posteriormente refletir. Um grupo focal é como uma entrevista em grupo. A diferença está no tipo de abordagem e o papel do entrevistador, pois segundo Gondim (2003, p.193) “O entrevistador grupal exerce um papel mais diretivo no grupo, pois sua relação é, a rigor, didática, ou seja, com cada membro”, isto é, o entrevistador é um mero orientador da “conversa”.

 Para a execução de um grupo focal é preciso ter em conta: o tema a ser discutido, a composição dos elementos do mesmo e o número de elementos que compõem o grupo. Relativamente à escolha das crianças para o grupo focal, a ideia inicial era criar um grupo heterogéneo para obter resultados variados e mais viáveis. Os fatores que influenciaram a escolha das crianças para o grupo focal foram: crianças de ambos os sexos, com registros de comportamento diferentes, gostos diferentes no que concerne às brincadeiras e que se interessem em contextos familiares distintos.

4. CAMINHOS TRILHADOS NO LÓCUS

A pesquisa foi desenvolvida numa escola pública municipal na região do Salitre, município de Juazeiro-BA. A escola atende atualmente nos turnos matutino e vespertino tendo como público 200 crianças das séries do ensino infantil ao ensino fundamental.

O local da pesquisa proporciona grandes interações e questionamentos dessas experiências, dando abertura para o mesmo investigar as formas pelas quais as suas subjetividades são expressas. 

Após a minha apresentação, a conversa com a professora de excelência quando afirma que sua prática pedagógica é sempre enriquecida com hora do conto, leitura, jogos e brincadeiras possibilitando o aluno a descobrir, criar, expressar, decidir, interagir, refletir, enfim aprender, afinal, o brincar é considerado importante, estimulando a criatividade e auxiliando no seu desenvolvimento. 

Continuando a conversa com a professora a respeito do desempenho dos alunos sobre jogos e brincadeiras, percebe a compreensão o quanto é importante, pois alguns alunos que ainda não discriminam todos os números e cores começaram a identificá-los, nomeá-los com mais facilidade, e aqueles que não gostavam de compartilhar a brincadeira estavam ali brincando, compartilhando do mesmo brinquedo e se divertindo em grupo, ou seja, estavam adquirindo conhecimento social, melhorando o relacionamento entre os mesmos. 

Na semana seguinte preparamos a aula com a atividade Amarelinha em conversa com os alunos a aceitação foi enorme ficaram alegres e se cumprimentavam, se abraçando e chamando a professora para realizar a nova brincadeira, em todo momento observou-se a motivação e a socialização dos alunos.

A professora apresentou aos alunos os passos da brincadeira Amarelinha, em seguida mostramos como se brincava, os mesmos ficaram ansiosos para começar participar, observando sempre que o interesse foi muito grande, começando a compreender as regras, melhorando ainda mais o seu comportamento em sala de aula, pois estavam vivenciando na prática o que é regra, pois, no seu dia a dia aparecem sem sentido algum, tendo a oportunidade de aprender a importância para o seu convívio social.

Durante a realização da brincadeira a professora desenvolvia de forma prática a cultura do brincar, para atingir o seu objetivo, ou seja, para errar a peça na casa certa, nesse sentido além de desenvolver a capacidade de memorização, a professora estava desenvolvendo o diálogo, a socialização entre seus pequenos.

Com isso, diferente de outros jogos que foram aplicados na turma, a professora construiu uma nova metodologia de trabalho em que proporcionou aos alunos maiores possibilidades de participação na atividade e com isso maiores oportunidades de aprendizagem. Ao invés de desenhar apenas uma amarelinha no chão colocamos cinco e incentivamos os alunos a passarem por todas durante cada etapa. 

Desta forma, além de aumentarem as chances de acerto e erro, trabalhou-se com o princípio da cooperação ao invés da competição, compreendendo que a educação deve ser a de desenvolver a autonomia dos alunos, indo muito além, social, moral e intelectual.

A pesquisa teve como colaboradora a professora da turma de 03 anos e os alunos, a atividade foi aplicada visando resgatar a importância do lúdico na sala de aula, proporcionando aos mesmos o prazer de aprender brincando. 

Considerando o lócus a colaboradora da pesquisa optou por utilizar as seguintes técnicas: observação do cotidiano e análise documental, procurando evidenciar a presença da ludicidade na escola e a conversa com a professora e os alunos obtendo informações a respeito de uma análise de fatos ocorridos durante a atividade desenvolvida no recreio, conforme pude constatar no estudo apresentado.

Porém, na observação o pátio da escola era utilizado pelos alunos para brincar, certamente está ocorrendo uma interação entre eles, uma troca de informações, um jogo de imitações, reflexos que foram abstraídos do seu cotidiano. Dessa maneira se vê a importância do brincar na educação infantil, pois é a base para todo o seu desenvolvimento e habilidade. 

Cada etapa da brincadeira desenvolve vários aspectos: a receptividade da criança e a linguagem, motor grosseiro, motor fino–adaptativo e o pessoal-social, a cooperação da criança e o vínculo dos alunos com o pesquisador. Foi de excelência, pois nenhum aluno se recusou a brincar, o entusiasmo de cada um foi claramente percebido pelos participantes.

A brincadeira Amarelinha foi capaz de cativar os alunos sem muito esforço para a professora, com isso foi possível obter uma visão geral do desenvolvimento da turma e de cada aluno em particular, analisando que estava ocorrendo um trabalho em conjunto para conseguir desenvolver a atividade.

No decorrer da brincadeira os alunos mostraram qualidade nos movimentos e espontaneidade no brincar e é através da atividade lúdica que os mesmos formam conceitos, seleciona ideias e estabelece relações lógicas.

Para realização do jogo da Amarelinha foi desenhado no chão o esquema da “Amarelinha” com giz (podendo também ser feito com fita crepe) e utilizou duas mesas escolares, sendo uma com cadeira. Como o jogo da Amarelinha é uma adaptação da brincadeira, muitos passos foram modificados para se adequar à finalidade da brincadeira. 

O esquema da Amarelinha consiste no desenho de 7 quadros numerados e dispostos verticalmente de maneira que alterna um quadro com dois quadros até completar sete. As mesas foram colocadas na sequência com a amarelinha, de maneira que quando a criança terminava o quadro sete, caminhava para a mesa 1 e 2 respectivamente. Após desenhar o esquema no chão, foi colocado em cada quadro o material correspondente ao item usado. Material necessário para a brincadeira: Letras, números e objetos coloridos.

É na escola que se deve oportunizar essas vivências. Assim, as Diretrizes Nacionais Curriculares para a Educação Infantil nos propõem que estas ações devem favorecer o desenvolvimento de experiências sensoriais, expressivas, corporais ampliando-se o seu campo de limitações. 

A professora informou que favorece sempre momentos em que as crianças possam usar da sua imaginação e criatividade para desenvolver tais habilidades, vale destacar que estas ações também ampliam o vocabulário das mesmas. Também promove espaços no qual a criança possa se expressar a partir de uma história contada, por exemplo, dando autoestima para as mesmas serem protagonistas das situações vivenciadas. Para isto, a professora deve passar confiança para as crianças, de modo que ela se sinta à vontade consigo e com os seus colegas. 

Em roda de conversa dialoga sobre a brincadeira mencionada na música levantando alguns questionamentos: Quem já brincou de Amarelinha? Amarelinha é uma brincadeira fácil ou difícil? Além da Amarelinha, quais brincadeiras gostam de brincar?

Passou a explicar as regras da brincadeira e o procedimento de alternância de jogadores.

A professora ajudou os alunos a se organizarem em pequenos grupos de 3 a 5 elementos.

Em seguida distribuiu um espaço de brincadeira para que cada grupo pudesse desenhar a sua amarelinha. A seguir, alguns registros no momento da brincadeira:

Figura 1: Desafios e hipóteses no brincar

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Fonte: Arquivo pessoal

Figura 2: Escola como promotora do saber

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Fonte: Arquivo pessoal

Figura 3: Brincar de maneira saudável

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Fonte: Arquivo pessoal

Relembrando sempre com os alunos como foi a brincadeira, deixando que eles digam sobre o que mais gostaram. Solicitou que a turma realizasse uma pesquisa com os familiares, perguntando se já brincaram de amarelinha e que os familiares registraram o momento com os seus filhos.

Em seguida, pediu que os alunos contassem para toda a turma como foi a pesquisa em casa e logo depois, foi permitido que cada aluno apresentasse as diversas formas de brincar Amarelinha. E para finalizar o momento de socialização, a professora passou para os alunos a música “Amarelinha”da Xuxa1.

5. RESULTADOS GERADOS

Na observação da sala da turma de 03 anos realizada no período de 08/08/2019 à 20/08/2019 foi constatado que há participação dos alunos com interesse, pois a brincadeira ensina regras, despertam a atenção, desenvolvem as características pessoais, sociais e culturais dos mesmos e também colabora para a saúde mental facilitando a socialização, comunicação e expressão dos envolvidos.

Dentre os jogos e brincadeiras observados merece destaque a Amarelinha, pois ensina brincar através da curiosidade típica das crianças, favorecendo o reconhecimento dos números proporcionando a memorização e aprendizagem através do lúdico.

Na observação da sala foi constatado que a professora trabalha o lúdico, através de jogos e brincadeiras idealizados e confeccionados pela mesma, com o objetivo de alcançar uma aprendizagem significativa, prazerosa e de qualidade, ficando observado que a maioria dos alunos participa com entusiasmo e alegria.

A conversa com a professora foi extremamente positiva, pois a mesma afirma que tem o hábito de trabalhar através do lúdico e citou algumas atividades que utiliza para que a aprendizagem se torne de excelência, dentre os jogos e brincadeiras foram citadas: o bingo das letras, número e quantidade, jogo da memória, boliche de números, brincadeira com pneus, forma geométrica.

Contudo, a professora citou um fator importante quando afirma que a escola oferece materiais para trabalhar com o lúdico e que ainda confecciona, tencionando alcançar os objetivos do ensino e aprendizagem dos alunos.

Assim, foi possível visualizar a importância do lúdico aliado aos jogos e brincadeiras, pois os mesmos auxiliam no desenvolvimento e na autonomia do aluno. Os procedimentos utilizados para desenvolver as metas planejadas através de objetivos pré-estabelecidos e mediados pela professora são significativos, pois trabalham de maneira concreta com materiais que podem ser manipulados pelos alunos a cada atividade aplicada tornando o ensino mais produtivo, eficaz e de qualidade.

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este estudo traz a importância de atividades lúdicas exercida na escola Lúcia Carmem Sobreira para trabalhar com a criança ao aspecto psicológico ensinando a mesma interagir com o próximo, respeitar regras, desenvolver a imaginação, comparação e com isso promover uma boa auto estima fazendo com que aprenda de forma simples e natural a resolver problemas, pensar, criar e desenvolver o senso crítico através da melhoria do atendimento sobre efeito que os jogos podem trazer, enriquecendo interações humanas.

Percebe que através do jogo as crianças desenvolvem melhor o relacionamento com as outras. O jogo é como recurso facilitador na aprendizagem, reconhecendo como um instrumento pedagógico importante no desenvolvimento intelectual e social do educando. Conclui-se então, que são apresentadas as principais ideias dos diferentes papéis que o jogo exerce no trabalho pedagógico com o intuito de estimular no profissional docente a reflexão sobre a utilização do lúdico na aprendizagem.

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1Letra da música utilizada nos Anexos do trabalho.