A CONSTRUÇÃO DA EDUCAÇÃO GERADORA DE PENSAMENTO AUTÔNOMO EM SEU MÉTODO DIALÉTICO E AMBIENTE DIALÓGICO

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7253648


Ingrid Diana de Araújo Galdino
Professora e neuropsicopedagoga


A educação é o ato ou processo de educar-se aperfeiçoando as capacidades intelectuais e morais de alguém, é o ato de ajudar o indivíduo a se desenvolver de forma saudável e proporcionar favorecimento a sua evolução como ser humano.

Pensando nisto, acredito que a educação é um forte instrumento de autonomia em um indivíduo, pois nela ele tem a oportunidade de aprender construindo conhecimento se tornando um ser criativo, atuante e não apenas receptor, responsável e crítico. A educação se pratica principalmente e inicialmente em dois ambientes na vida de uma pessoa: o lar familiar e a escola (O ambiente familiar também pode propor o conhecimento escolar se o mesmo for adepto da educação escolar em casa, conhecido popularmente pelo termo inglês “Homeschooling”, sendo assim basta transferirmos as questões abordadas aqui para momentos distintos dentro do lar familiar: o ambiente de descanso familiar e o ambiente de estudos em casa. Caso este seja o caso.).

Palavras chave: Educação. Autonomia. Pensamento. Dialético. Ambiente. Diálogo.

Método Dialético

A construção de um pensamento autônomo se faz através de uma

liberdade de pensamento. Liberdade de poder colaborar com o que pensa e de

ouvir o que é dado pelo outro. Saber ouvir o outro com a mente aberta a

discussão é essencial para o ser humano e é indispensável a um educador

pois é ouvindo o outro que nos permitimos exercer a tolerância e que também

podemos mudar de ideia, se este for o caso.

Nenhum ser humano é perfeito, pensar que não erramos ou que não

nos enganamos é pura arrogância e engano. Não ter disposição ao diálogo é

se privar de conhecer mais, refletir mais, entender mais. Quando pregamos

uma educação libertária o diálogo é algo natural e necessário, uma vez que a

construção de conhecimento se dá entre partes que estão dispostas a pensar

juntas, como ninguém é igual a ninguém precisamos estar preparados para

discordâncias sabendo que isso faz parte do crescimento.

A dialética é um “caminho entre ideias”, o problema é que a doutrinação da educação bancária, que é aquela em que o professor apenas deposita conhecimento na mente do aluno como mera reprodução e decorar conteúdo sem criticidade, por muito tempo estimulou (e ainda estimula) as pessoas a não conviverem com o diferente, a não exporem suas diferenças, a não se pensar diferente. Devemos ter a disponibilidade para o diálogo, que é fato muitíssimo importante e se torna uma exigência deverás importante para a prática do ensino.

O respeito e troca de pensamento deve estar presente na educação nas minhas relações com os outros, que não fizeram necessariamente as mesmas opções que fiz, no nível da política, da estética, da pedagogia, nem posso partir de que devo “conquistá-los”, não importa a que custo, nem tão pouco temer que pretendam “conquistar-me”.

Agir de forma dialética não quer dizer que não tenhamos opinião firme sobre algo ou que não possamos ter certezas, é apenas o fato de que podemos discutir de forma tranquila e confortável acerca do que concordamos ou discordamos, sabendo que não somos perfeitos. Freire diz em “Pedagogia da Autonomia” o seguinte “Minha segurança se funda na convicção de que sei algo e de que ignoro algo a que se junta a certeza de que posso saber melhor o que já sei e conhecer o que ainda não sei. Minha segurança se alicerça no saber confirmado pela própria experiência de que, se minha inconclusão, de que sou consciente, atesta, de um lado minha ignorância, me abre, de outro, o caminho para conhecer.” (Pág 153, 1996).

Desta forma entendemos que é no decorrer da caminhada que vamos aprendendo e não devemos de forma alguma desprezar até mesmo nossa ignorância, pois o que se revela é para crescimento, amadurecimento, lembrança de que não estamos imunes a errar como qualquer outra pessoa e que a ignorância revelada uma vez iluminada com o conhecimento pode vir a tornar-se em sabedoria.

Uma vez que nos tornamos seres dialéticos ficamos mais sensíveis

ao outro e ao que estar ao nosso redor. Se abertos a olharmos com uma visão

dialógica o ambiente em que vivemos pode ser que nos surpreendamos com

coisas que antes desprezávamos.

A abertura a perceber o mundo com uma visão aberta ao conhecimento do novo nos dá clareza para perceber o desconhecido e nos abre também a colaborar com este mundo que nos rodeia quando abertas as oportunidades para tal, nos deixa mais sensíveis e colaborativos.

Ambiente dialógico

O ambiente dialógico é aquele cuja abertura de ideias diferentes é uma realidade. As pessoas se sentem seguras em se expressar sem medo das

discordâncias, não que as tenham mas tudo é feito na base do diálogo. Não

há um lugar hostil com represarias, não há uma resistência ao diálogo e sim

uma facilidade ao entendimento ainda que as ideias sejam diferentes. Isso não

quer dizer que não ajam ideias firmes, e sim que a espaço para a livre expressão que esteja pautada do respeito mútuo e que existem pessoas abertas a críticas que sejam feitas de forma construtiva.

Cada um tem a autonomia de pensamento e liberdade de defender a sua causa sabendo as responsabilidades que essa liberdade traz consigo. Por isso antes da libertação daquele que está alienado e oprimido deve existir uma conscientização para haver uma verdadeira liberdade de mente. O dialogar é a ferramenta que irá proporcionar a leitura das palavras e a leitura de mundo.

O diálogo deve ser considerado extremamente importante pelo professor/educador. É no ouvir e falar que nestes círculos são formados cidadãos mais que letrados, são formadas pessoas com consciências emancipadas da opressão, que são estimuladas a pensar por si e não por manipulação externa. No método figuras são mostradas ao círculo e respostas são pedidas.

Os alunos/educandos começam a usar sua criticidade, é tudo no tempo da turma, se há necessidade de ficar muitos encontros com a mesma figura o animador, aquele que está fazendo um papel de facilitador nesta roda, deve respeitar isso sem que haja persuasão ou qualquer forma de molestar o educando. Este é um momento muito importante na aprendizagem e deve ser investido tempo e atenção.

Considerações finais

A educação é ferramenta na vida do indivíduo aluno/educando (e na do professor/educador também pois o mesmo aprende muito ao ensinar e trocar ideias) pois é na formação de pensamento crítico através de uma educação com liberdade de raciocínio que princípios são moldados e verdades são estabelecidas. Seja onde for este ambiente de aprendizagem é necessário que sejamos estimuladores de mentes críticas sem medo de crescer. Isto se torna benefício no aprendizado de conceitos científicos como também na formação deste ser humano em desenvolvimento.