AVALIAÇÃO DA PREVALÊNCIA DE SÍNDROME DO PIRIFORME EM MOTORISTAS DE ÔNIBUS, NO MUNICIPIO DE GOV. VALADARES-MG

EVALUATION DA PREVALENCE OF SYNDROME OF THE PEAR-SHAPED ONE IN BUS DRIVERS, IN THE CITY OF GOV. VALADARES-MG
Júnior, Luiz Antônio Dias Bastos1.
Silva, Gilson Bruno Souza e2.
Vieira, Horjana Aparecida Navarro Fernandes3.
RESUMO
O presente estudo tem como objetivo quantificar a prevalência da SÍNDROME DO PIRIFORME em motoristas de ônibus.
A SÍNDROME DO PIRIFORME é uma patologia de etiologia mecânica causada pela compressão do nervo isquiático. Ao manter a postura sentada por longos períodos associados ao estresse físico e mental decorrente das condições do trânsito, torna o motorista alvo de doenças ocupacionais, ou seja, as doenças músculo-esqueléticas, entre elas a SÍNDROME DO PIRIFORME. O estudo foi realizado em uma empresa de transporte urbano interestadual na cidade de Governador Valadares. A amostra foi composta por 15 motoristas da empresa do gênero masculino, sedentários, que trabalhavam no turno vespertino e que exerciam somente a profissão de motorista de ônibus. Para a identificação da SÍNDROME DO PIRIFORME foi realizado teste específico. Através dos resultados obtidos, pode-se concluir que a prevalência da SÍNDROME DO PIRIFORME nos motoristas avaliados, está relacionada com o sobre peso, a postura sentada e a manutenção dos membros inferiores em rotação externa.
Palavras-Chaves: Síndrome do Piriforme, Isquiático, Dor, Postura.
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ABSTRACT
The present study it has as objective to quantify the prevalence of the SYNDROME OF the PEAR-SHAPED one in bus drive.
The SYNDROME OF THE PEAR-SHAPED one is an etiology pathology mechanics caused for the compression of the disquieted nerve. When keeping the position seated for long periods associates to stress it physical and mental decurrently of the conditions of the transit, becomes the white driver of occupational illnesses, that is, the illnesses muscle – lean, between them the SYNDROME OF THE PEAR-SHAPED one. The study it was carried through in a company of interstate urban transport in the city of Valadares Governor. The sample was composed for 15 drivers of the company of the masculine sort, sedentary, that they worked in the vespertine turn and that they only exerted the profession of bus driver. For the identification of the SYNDROME OF THE PEAR-SHAPED one specific test was carried through. Through the gotten results, the prevalence of the SYNDROME OF THE PEAR-SHAPED one in the evaluated drivers can be concluded that, is related with the one on weight, the seated position and the maintenance of the inferior members in external rotation.
Word-Key: Syndrome of the Pear-shaped one, Disquieted, Pain, Position.
1. INTRODUÇÃO
De acordo com a Organização Mundial de Saúde – OMS, a saúde pode ser comprometida por agentes agressivos ou fatores de risco como a temperatura, ruído, iluminação, mobiliário e por outros fatores trazidos pelo mundo atual, como o sedentarismo, a falta de relacionamento com outras pessoas, monotonia e principalmente ausência de desafios intelectuais. A partir desta afirmação pode-se dizer que saúde é o resultado do ambiente emocional e físico, aliados ao estilo de vida de cada individuo.
Os quadros álgicos, principalmente os relacionados a aspectos posturais, vem constituindo-se em uma condição constante, atualmente. QUEIRÓGA (1999), afirma que cada categoria funcional possui uma característica específica de exigência mental e física, na mesma proporção dos fatores de riscos existentes, e exposição aos mesmos. Em algumas atividades laborativas podem-se desenvolver sintomas específicos, como alterações funcionais e posturais.
Devido à jornada de trabalho intensa, o motorista de ônibus realiza atividades que exigem permanência prolongada na postura
sentada, produzindo desajuste muscular e desconforto postural e corporal, caracterizado por dor ou perda de conforto em conseqüência de diversos fatores, entre eles a sobrecarga mecânica e condições patológicas (LÉO, 1998).
Segundo VIEIRA (2000), os trabalhos que solicitam do homem a ação de grupos musculares por meses ou anos, constituem um campo propício a lesões. O primeiro sinal de lesões é a dor, que pode progredir para retrações musculares, rigidez articular e instalação de posturas inadequadas. Ou seja, a dor é o primeiro sinal do desconforto corporal.
As variações anatômicas e as alterações biomecânicas, tais como a rotação externa da perna e má postura, geram o encurtamento do músculo piriforme e à sobrecarga do peso do corpo sobre o mesmo causando dor local ou irradiada.
A boa postura é o ajuste que os segmentos corporais mantêm entre si e no espaço, em determinada posição, de forma a propiciar harmonia e sustentação do corpo. A postura adequada prepara o indivíduo para a execução de um movimento, promovendo a sustentação durante o próprio movimento (TANAKA, 1997).
A SÍNDROME DO PIRIFORME é uma irritação do nervo isquiático, pois o mesmo passa abaixo ou entre as fibras do músculo Piriforme, podendo encontrar-se em espasmo, encurtado, inflamado ou com variações anatômicas. Ocorre mais freqüentemente em homens do que em mulheres, numa proporção de 6:1, sendo que aproximadamente em 15% das pessoas o nervo isquiático realmente atravessa o Piriforme. Esta Síndrome caracteriza-se clinicamente quando o músculo Piriforme encontra-se comprimindo o nervo isquiático que produzirá dor profunda e localizada na região lombar e glútea, superfície posterior do quadril ou irradiada pelo trajeto do nervo isquiático (ROSA FILHO, 2000).
Entretanto, a falta de achados clínicos objetivos dificulta a real comprovação da SÍNDROME DO PIRIFORME, que pode ser confundida com outros problemas do quadril, como o desequilíbrio pélvico (ROSA FILHO, 2000).
Para determinar significativamente a confirmação da SÍNDROME DO PIRIFORME, devem ser analisados critérios como a presença de dor local e do tipo isquiática, e teste específico.
O presente estudo teve como objetivo quantificar a prevalência da SÍNDROME DO PIRIFORME em motoristas de ônibus. O levantamento epidemiológico é importante, pois pode auxiliar na prevenção da Síndrome.
2. METODOLOGIA
2.1. Local de Estudo
A pesquisa foi realizada em uma empresa de transporte de passageiros
interestadual na cidade de Governador Valadares.
2.2. População e Amostragem
A amostra foi composta por 15 motoristas da empresa.
A coleta de dados realizou-se em 7 dias úteis, a partir das 17 horas. O setor de Segurança do Trabalho da empresa convocou os motoristas, previamente, para participaram da pesquisa após o termino da jornada de trabalho. Só participaram da pesquisa os motoristas que assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido.
Como critérios de inclusão, somente participaram da pesquisa indivíduos do gênero masculino, sedentários, que trabalhavam no turno vespertino e que exerciam somente a profissão de motorista de ônibus.
2.3. Procedimentos
Fotos e observação in loco, em tempo real da atividade, foram realizadas para melhor conhecimento da mesma, com Câmera Digital Vivitar ViviCam 5105s, 1.7 LCD Display, Resolução de 5.0 MegaPixels, Lente Fixfocus, Bateria de longa duração recarregável – Adaptador AC DC, Zoom Digital 4X.
Foi aplicada uma entrevista estruturada para investigação de dados sobre a atividade de motorista, e também o Diagrama de Corlett, onde os motoristas identificaram em desenho esquemático seus pontos de dor.
2.4. Exame Físico
O teste do Piriforme foi realizado somente por um examinador, em sala climatizada dentro da empresa.
Cada motorista recebeu orientação para que se posicionasse em decúbito lateral na extremidade da mesa de avaliação, de frente e próximo ao examinador; o membro inferior não testado permaneceu em extensão apoiado na maca; o quadril e joelho testados não permaneceram apoiados, e se encontravam em semi-flexão com o pé sobre a fossa poplítea do membro contra lateral. O examinador estabilizou a pelve do lado testado e aplicou uma força sobre o quadril em adução e rotação interna. Para aqueles que relataram dor localizada na região posterior do quadril ou irradiada no trajeto do nervo isquiático, o teste foi considerado positivo (CIPRIANO, 2005).
A partir da constatação da SÍNDROME DO PIRIFORME, os motoristas receberam orientações preventivas para reduzir e minimizar o quadro álgico.
2.5. Cuidados éticos
Os benefícios pessoais e sociais da pesquisa foram importantes para os motoristas de ônibus, na busca de dados epidemiológicos com caráter de busca de prevenção a doença ocupacional, preservando o anonimato dos participantes. Este trabalho apresenta como contribuição, orientações preventivas aos motoristas, relativas à SÍNDROME DO PIRIFORME.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os motoristas de ônibus apresentavam uma idade média de 39 anos, e possuíam em média 18 anos de exercício da profissão.
A atividade de motorista exige a postura sentada e foi observado que eles permaneceram por 7 horas no período da atividade profissional na postura sentada.
Durante a observação in loco da atividade, os motoristas mantinham a postura sentada com o tronco em flexão, os membros inferiores em rotação externa com semi-flexão de joelhos. A SÍNDROME DO PIRIFORME ocorre devido compressão do nervo isquiático pela tensão ou espasmo do músculo piriforme, por manter a perna em rotação externa (ROSA FILHO, 2000). A dor pode ocorrer, devido ao déficit do aporte sangüíneo local e do espasmo ou tensão muscular mantida em determinada postura.
A postura sentada por longo tempo, independentemente de qualquer condição associada, reduz a curvatura lombar fisiológica e exacerba a sobrecarga no quadril (MORAES, 2002).
Durante a realização do teste do PIRIFORME, 7 motoristas relataram dor local ou irradiada para os membros inferiores, perfazendo um total de 47% da amostra. CIPRIANO (2005), afirma que o relato de dor localizada na região posterior do quadril ou irradiada no trajeto do nervo isquiático, representa resultado positivo do teste para a SÍNDROME DO PIRIFORME.
O Diagrama de Corlett mostrou dor ou desconforto corporal em todos os motoristas. A queixa de dor na coluna lombar apresentou maior percentual 60%, 33% no quadril, 27% nos membros inferiores, 20% dor nos ombros e 20% dor na coluna cervical. Segundo DEZAN et al (2001), a lombalgia é uma condição de alto índice de queixas, que limita as atividades profissionais e cotidianas dos trabalhadores, devido à sobrecarga e disfunção muscular na execução das tarefas diárias (Figura 1).\"\"A amostra apresentou estatura média de 1,72 metros, e massa corporal de 78 kg. O índice de massa corporal (IMC) é o resultado entre a massa corporal pelo quadrado da estatura, que apresentou valor médio de 26 Kg/m².
Conforme a figura 2 abaixo, o excesso de peso pode está diretamente relacionado com a incidência da SÍNDROME DO PIRIFORME, pois quanto maior o IMC maior a queixa de dor durante a realização do teste que identifica a Síndrome. Pode-se dizer que maior IMC associado à permanência da postura sentada por longo tempo são fatores de risco para a Síndrome. A ausência de atividades físicas também é um fator contribuinte, nenhum motorista deste estudo relatou praticar qualquer tipo de atividade física. Segundo NAHAS apud MORAES (2002), o sobrepeso pode ser considerado um desencadeante de problemas osteo-musculares, o que pode agravar a SÍNDROME DO PIRIFORME (Figura 2).

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Quando questionados se realizavam horas extras, 100% dos motoristas relataram que não realizavam, pois os horários das viagens são programados com o tempo suficiente para percorrer todo o trajeto. As horas extras geram sobrecargas para aqueles que permanecem na mesma atividade extra-jornada, sobrecarregando a musculatura e articulações (IIDA, 1990), o que exacerbará os sintomas da SÍNDROME DO PIRIFORME.
No período em que estão dirigindo o ônibus, 100% dos motoristas relataram a existência de pausas de 20 minutos durante o trabalho para realização de lanche, durante uma única parada. Para GRANDJEAN (1998), a pausa de trabalho é fundamental para manter e recuperar as condições físicas e mentais alteradas durante o período da atividade.
Com relação às condições físicas e mentais, 80% dos motoristas relataram pouco cansaço físico após o período de trabalho, 13% sentem-se cansados, e apenas 7% sentem-se bem fisicamente. Mentalmente 60% relataram que estão bem e 40% pouco cansados. De acordo com MORAES (2002), ao manter a postura sentada por longos períodos associados ao estresse físico e mental decorrente das condições do trânsito, torna o motorista alvo de doenças ocupacionais, ou seja, sujeito as doenças músculo-esqueléticas, entre elas a SÍNDROME DO PIRIFORME.
4. CONCLUSÃO

Através dos resultados obtidos, pode-se concluir que a prevalência da SÍNDROME DO PIRIFORME nos motoristas avaliados foi de 47% da amostra, estando relacionada com o sobre peso, a postura sentada e a manutenção dos membros inferiores em rotação externa. O que leva ao encurtamento do piriforme e a compressão do nervo isquiático, gerando dor local ou irradiada para os membros inferiores.
Assim, são sugeridas orientações quanto às pausas durante o trabalho, cuidados com o peso, a prática de atividade física, e o auto-alongamento, na tentativa de prevenir distúrbios osteo-musculares, tais como o a SÍNDROME DO PIRIFORME em motoristas de ônibus.
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS
CIPRIANO, Joseph J. Manual fotográfico de testes ortopédicos e neurológicos. 4 ed. São Paulo: Manole, 2005.
DEZAN, V. H. et al. A flexibilidade de trabalhadores portadores e não-portadores de lombalgias. XXIV Simpósio Internacional de Ciências do Esporte: vida ativa para o novo milênio. São Paulo, 11 a 13 de outubro de 2001.
ROSA FILHO, Blair José. Síndrome do piriforme. 2000. Disponível em: . Acesso em: 01 de out. 2006.
GRANDJEAN, E. Manual de ergonomia. 4. ed. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 1998.
IIDA, Itiro. Ergonomia: projeto e produção. São Paulo: Edgard Blücher, 1990.
LÉO, J. A. Em que os distúrbios osteo-músculares relacionados ao trabalho (DORT) se diferenciam das lesões por esforços repetitivos (LER). Revista Fisioterapia em Movimento. Curitiba, 1998, n. 2, v. 10. 1998.
MORAES, Luci Fabiane Scheffer. Os princípios das cadeias musculares na avaliação dos desconfortos corporais e constrangimentos posturais em motoristas do transporte coletivo. 2002. Dissertação de Mestrado. UFSC.
QUEIRÓGA, Marcos Roberto. Influência de fatores individuais na incidência de dor músculo-esquelético em motoristas de ônibus da cidade de Londrina/PR. Dissertação (Mestrado). Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 1999.
TANAKA, C.; FARAH, E. Anatomia funcional das cadeias musculares. São Paulo: Ícone, 1997.
VIEIRA, D. A. Aspectos ergonômicos da rotina de trabalho dos carteiros relacionados ao desconforto corporal e problemas posturais. 2000. Dissertação. Universidade do Estado de Santa Catarina, Florianópolis.