CHINA: A ASCENSÃO COMO UMA NOVA POTÊNCIA GLOBAL?

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7080001


Autora:
Juliana Borges Martins Antunes


Resumo

Este estudo tem como propósito analisar a ascensão da economia chinesa no cenário econômico mundial. O início se dá por uma breve descrição da civilização chinesa e posteriormente um reconhecimento da aproximação da China com os países em desenvolvimento como a América Latina e África, acrescido de informações com relação ao alcance econômico em expansão e sua capacidade de tornar-se uma nova potência global. A metodologia utilizada para o desenvolvimento deste trabalho foi a pesquisa bibliográfica, com coleta de material sobre o assunto em e-books, artigos científicos e websites conforme o conteúdo apontado. Reconheceu-se que a pandemia COVID-19 e suas consequências econômicas certamente colocaram essa rivalidade a favor da China. Os desfechos apontam que a China em suas medidas estratégicas tenta reduzir a dependência do mundo com a América e ao mesmo tempo busca aumentar a dependência com a China. Todavia, muitos autores reconhecem que a China não está no nível de ultrapassar a superpotência americana.

Palavras-chave: China, COVID-19, Economia, Estados Unidos, Superpotência.

Abstract

This study aims to analyze the rise of the Chinese economy in the world economic scenario. It begins with a brief description of Chinese civilization and later an acknowledgment of China’s approach to developing countries such as Latin America and Africa, plus information regarding the expanding economic reach and its capacity to become a new one global power. The methodology used for the development of this work was bibliographic research, with the collection of material on the subject in e-books, scientific articles and websites according to the content indicated. It was recognized that the COVID-19 pandemic and its economic consequences certainly put this rivalry in favor of China. The outcomes indicate that China in its strategic measures tries to reduce the world’s dependence on America and at the same time seeks to increase dependence on China. However, many authors acknowledge that China is not at the level of overtaking the American superpower.

Keywords: China, COVID-19, Economy, United States, Superpower.

1. Introdução

Economistas estimam que a China agiu de forma rápida e eficaz contra o vírus, apesar de ser uma das nações mais afetadas pelo COVID-19. Suas estratégias permitiram evitar uma série de delimitações que em outras partes do mundo representaram interrupção da economia e impacto na produtividade e no emprego.

Ainda que a China tenha sido o primeiro país afetado pelo vírus, estudiosos do assunto afirmam que ela controlou a doenças por meio de intervenções rápidas e rígidas. Respondendo com um bloqueio intenso no ponto central de onde se originou, paralisando a vida na cidade por meses. Estratégias como essas, permitiram evitar o entrave econômico, como ocorrido em outros países do mundo.

Apesar de a China ainda estar lutando contra alguns casos de COVID-19, seus números estão longe dos níveis vistos na Europa e nos Estados Unidos.

Para o entendimento da rápida ascensão da China como um novo centro de concentração de capital, faz-se necessário uma breve abordagem da civilização chinesa. Assim, inicialmente analisaremos o legado de Hu Jintao que, segundo os autores Muñoz e Cortés (2017), seu mandato começou em 2003 com uma nação que era a sexta maior economia e o quinto maior exportador a nível internacional. Além do mais, a China tinha finalizado a entrada na Organização Mundial do Comércio, onde teria maior presença global devido esta adesão.

Dessa forma, Hu Jintão, reorganizou o caminho para a China se tornar a segunda maior economia do mundo e que consequentemente essa posição traria benefícios para os habitantes, como a melhoria da qualidade de vida. E os resultados desse governo, segundo Muñoz e Cortés (2017) foi um crescimento de 10,7%, comparado a média mundial de 3,9% no mesmo período, o que levou o País a possuir o segundo maior Produto Interno Bruto (PIB) do mundo.

Em 14 de março de 2013, Xi Jinping conquista a presidência do País, e como citado em Muñoz e Cortés (2017, p.4), “a missão de Xi assenta em quatro pilares, que farão com que a China se posicione como a maior economia do mundo”.

E ainda de acordo com os autores alguns problemas causados pelo crescimento econômico são resolvidos, como disparidades regionais, corrupção, danos ambientais, entre outros. Os quatros pilares são: construir uma sociedade moderamente próspera; aprofundar o processo de reforma; governar a nação de acordo com a lei e governar estritamente o partido. (Muñoz e Cortés, 2017, p.4).

Xi Jinping deu indicações mais claras do que para seus predecessores, a China busca não apenas desfrutar de uma posição central no cenário global, compatível com seu poderio econômico e militar, mas também remodelar, alterar e redefinir elementos do sistema existente para melhor se adequar a suas visões e interesses.

Diante dessa realidade, e do progresso da China como um novo núcleo de aglomeração de capital, este estudo busca responder às seguintes situações problemas: Qual é minha opinião em relação à ascensão da economia chinesa no cenário econômico mundial? Qual meu parecer   com relação a aproximação da China com os países em desenvolvimento, como América Latina e África? E por fim, a China terá capacidade de transportar a economia do ocidente para o oriente?

Á vista disso, este estudo é explanado como conteúdo de acentuada importância, pois fornecerá uma perspectiva com relação ao processo de evolução da China, bem como sua expansão para países em desenvolvimento e a rivalidade entre os 2 poderios pela nova potência global.

Para a conquista dos propósitos este trabalho foi escrito baseado em pesquisa documental e bibliográfica. Usufruiu-se também, de dados secundários conquistados por outros pesquisadores. Material colhido em e-books, artigos científicos e websites conforme o assunto retratado. Segundo (Pizzani, Silva, Bello e Hayashi, 2012, p. 54), “a pesquisa bibliográfica é a revisão da literatura sobre as principais teorias que norteiam o trabalho científico. Essa revisão é o que chamamos de levantamento bibliográfico ou revisão bibliográfica”.

Desta maneira, este artigo está organizado em 3 partes: a primeira, composta por esta introdução que apresentou questões teóricas relativas ao processo de evolução da China; a segunda o desenvolvimento que traz as explanações da aproximação da China com os países da África e América Latina. Somado a estratégias que a China busca para se aproximar do centro no cenário mundial.  E por fim, a terceira parte apresenta as considerações finais deste estudo.

2. Desenvolvimento

2.1 Crescimento, proximidade e deslocamento da China

Ao longo das décadas, muitas empresas globais de manufatura localizaram suas unidades de manufatura na China, atraídas pelos baixos de mãos-de-obra e materiais de abastecimento baratos do país. Isso permitiu que as empresas produzissem produtos que usamos em nosso dia a dia são feitos na China.

Mas a ascensão da China ao meu ver tem duplo significado para os Estados Unidos, além da competição em várias áreas, tem-se a questão de a China ser um dos maiores mercados para seus bens, serviços e investimentos. Sem o crescimento da China nas últimas décadas, os EUA seriam menos do que são hoje. Porém, sabe-se que isso não torna fácil para os americanos aceitar o declínio de seu poder relativo.

Para Garcia (2020, p.170), “como uma potência global, a China ascende em termos de comércio, investimentos, capacidade produtiva e tecnologia, expandindo-se para outros países e regiões do mundo, entre elas as regiões historicamente exploradas no Sul Global: África, América Latina e Ásia”.

O governo Chinês implementou um pacote de medidas públicas de investimento e estimulo, com o intuito de atenuar à crise de 2008. Desse modo, a América Latina e países periféricos têm recebido nos últimos anos uma contribuição crescente desses investimentos.

Foi em 2015, que o programa Nova Rota da Seda, conhecida também como One Belt One Road, para a construção de infraestrutura de transporte como citado em Doms (2018, p.7), “a rota que liga a China à Ásia Central e a Europa, tem como objetivo o fortalecimento da diplomacia econômica, a abertura e a promoção do comércio e a estratégia de desenvolvimento interno”.

Para a América Latina, a China representa um parceiro estratégico. Onde trocas são caracterizadas por exportações de produtos primários e minerais por parte da América Latina (principalmente soja, metais e petróleo), enquanto as importações se concentraram em produtos manufaturados do país asiático. (Perroti, 2015, p.50).

A presença da China na América Latina foi significativamente fortalecida nos últimos anos. Pois, sabe-se que o continente asiático tem grande importância para essa região, de modo que é uma grande importadora de metais e minerais. As relações comerciais entre a China e os países da América Latina prosperaram nos últimos anos graças a interesses econômicos compartilhados, onde trouxe vários benefícios para ambos.

A quantidade de produtos que a China importa da América Latina, principalmente commodities, aumentaram rapidamente, provocando impactos nas economias dos países exportadores. No mesmo sentido, produtos chineses importados pela América Latina, teve um aumento de forma impressionante, tanto em consumidor quanto produtores.

Outro ponto importante é com relação ao crescimento exponencial dos investimentos chineses na região, o que intensifica a preocupação devido ao aumento da dependência que os países latinos podem vivenciar por tomar empréstimos excessivos da China. Algo semelhante ocorreu nos países africanos, região que mantém o maior volume de investimentos desenvolve projetos de infraestrutura de grande escala.

É muito comum em países em desenvolvimento tomarem empréstimos de instituições para desenvolverem seus projetos, antes buscavam ao Banco Mundial, hoje passam a pegar da China, de modo que que existem condições e termos com maiores facilidades, levando em consideração a troca de favores, o que para a China é um ponto significativo.

No entanto, há um longo caminho a percorrer antes que esta região esteja no topo da lista de prioridades do mais novo gigante.

O crescimento do comércio China – América Latina nos anos 2000 rendeu frutos positivos “em termos de diminuição da dependência comercial dos Estados Unidos e Europa. Isso poderia ser considerado uma grande contribuição da relação China- América Latina para a região latino-americana”. De fato, para alguns países, a relação com a China ajuda a diminuir a dependência em relação aos Estados Unidos ao mesmo tempo em que oferece maiores possibilidades de barganha na relação Washington. Pini (como citado em Silva, 2017, p.20)

Mesmo antes de o Belt and Road ser formalmente anunciado, segundo Shepard (2019), a China estava fazendo grandes avanços na esfera de desenvolvimento urbano na África. A China fez com que a África fosse reconhecida e em pouco tempo esses compromissos políticos estavam sendo pagos em concreto e aço, na medida que a China começou a construir ferrovias, hospitais e etc, em todo o continente. A China impulsionou os setores de petróleo e mineração africanos em troca de acordos comerciais vantajosos. O investimento chinês na África ajudou a estimular o crescimento econômico. Contudo, como apontado anteriormente, sabe-se que a China dirigiu empréstimos segundo Pereira (2020) aos países africanos para financiamentos de projetos de desenvolvimento, em particular no setor de infraestruturas, e que estes atingiram um total de 143 mil milhões de dólares em 2017 (desde 2000).

Para Pereira (2020, p.14), “a China sempre olhou para África numa lógica de trade-off, uma lógica muito chinesa, de mútuo benefício. E sempre viu a África como uma fonte de matérias-primas e fornecedora de commodities de que tanto precisa”.

Trump deixa um país tremendamente polarizado, atolado em uma pandemia mal administrada e com mais de 400.000 mortes, segundo o site Worldometer (2021), uma economia em declínio. No entanto, com a vitória de Biden, certas alianças com a Europa e países asiáticos sejam recuperadas. Porém, já em seus primeiros dias de mandato Biden sugeriu que sua política em relação à China não será de contenção, que exatamente o que Trump fez economicamente com a China.

A China parece estar seguindo uma estratégia, com a finalidade de buscar se aproximar do centro do cenário mundial, onde se faz necessário que mantenha um ambiente externo favorável, reduza a dependência da América e ao mesmo tempo aumente a dependência do resto do mundo da China, e a expansão da influencia chinesa no exterior.

Dado seu alcance econômico em expansão, as ações da China impactam agora diretamente as vidas nos Estados Unidos e em todo o mundo.  Alguns autores apontam que:

Mesmo que o poder hegemônico dos EUA esteja em declínio, os elementos característicos da ordem, como a sua abertura, as suas regras e a cooperação multilateral, tendem a persistir, pois estão enraizados no sistema internacional. Além disso, a ordem internacional é complexa, multinível e multifacetada, não dependendo, enquanto forma política, do Estado hegemônico: a ordem desenvolveu os seus próprios processos. (Arena, 2020, p.287)

No entanto, pensamentos diferem com relação ao tema, é o que se constata em Nye (como citado em Arena, 2020), que segundo este a nova ordem será diferente da atual, onde está será representada pela ascensão das potencias emergentes, o encolhimento da capacidade de decisão americana, somado a novas preocupações e desafios devido ao aumento da complexidade política e das relações internacionais. 

3. Considerações finais

O COVID-19 está causando o maior estrago na economia mundial desde a crise de 2008. Essa nasceu nas finanças quando a bolha das hipotecas subprime estourou, criada pela especulação de banqueiros americanos. Porém, a mais recente crise começou no próprio seio do instrumento produtivo e tecnológico mundial infectando a economia do mundo inteiro.

Constatou-se que a China quer exportar sua capacidade instalada, fazer projetos de infraestrutura, ter acesso ao mercado e aos recursos naturais. Todavia, isso não quer dizer que a América Latina seja uma região prioritária da China. A potência econômica tem- se concentrado em garantir os suprimentos de energia de longo prazo necessários para sustentar sua industrialização, buscando acesso seguro e fácil aos suprimentos de petróleo e outras matérias-primas, voltando seus olhos para a África, e em troca oferecendo empréstimos para que o País possa financiar seus projetos.  

Assim, conclui-se que a pandemia COVID-19 e suas consequências econômicas certamente colocaram a rivalidade a favor da China, impactando diretamente as vidas americanas e ocasionando conflitos crescente com os Estados Unidos. Apesar de a China possuir condições econômicas, financeiras e tecnológicas de acordo com alguns autores apontados nesta pesquisa, o gigante asiático ainda não se encontra a altura dos EUA, dificultando assim, a ultrapassagem para pleitear-se a uma superpotência.

Referências bibliográficas

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Mestra em Negócios Internacionais pela Must University – Flórida – EUA.
E-mail: julianaborgesmar@gmail.com