HIGIENE E MUDANÇAS DE HÁBITOS DURANTE A PANDEMIA

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.6621924


Autores:
Nader Hussein El Bacha1
Carlos Tolussi2


RESUMO

Com a chegada do Novo Coronavírus (SARS-CoV-2) e sua grande força de contaminação, assim como a inexistência de medicação e cura e até mesmo a falta de informações devido à exclusividade do caso, recomendações foram adotadas pela sociedade mundial, como o isolamento e distanciamento social, uso de máscaras e álcool em gel, práticas de higiene mais rigorosas, entre outras. A pandemia acarretou diversos desafios com impactos diretos e indiretos em todas as áreas, mas principalmente na saúde, sendo necessário avaliar as mudanças, consequências e necessidade de novos hábitos dentro dessa nova realidade. Com base nisto, esse trabalho tem como objetivo estudar sobre a importância dos hábitos de higiene no enfrentamento à COVID-19. Para atingir esse objetivo será realizado um criterioso levantamento bibliográfico utilizando obras publicadas nos últimos dois anos embasadas na temática apresentada. Com base nisso, expõe-se que estudo acontecerá por meio de uma revisão bibliográfica. Durante a pesquisa buscou-se por publicações que contemplasse a temática aqui exposta. As bases de dados utilizadas foram: Google Acadêmico, Scientific Electronic Library Online (Scielo) e Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (Lilacs), utilizando os descritores: SARS-CoV-2, COVID-19, pandemia, higiene e Coronavírus. Por meio desses materiais estudados será possível fundamentar esse estudo. Pode-se concluir que os hábitos de higienização das mãos e objetos, o uso da máscara e também a limpeza dos sapatos ao voltar da rua, cuidado com as roupas e com a casa, e higiene com o próprio corpo continuarão sendo importantes medidas mesmo após o fim da pandemia, pois, com o surgimento das variantes e a obscuridade do conhecimento científico a respeito da transmissibilidade, e a infinidade da doença, os cuidados precisam ser mantidos para que haja o controle da mesma.

Palavras-chave: SARS-CoV-2; COVID-19; Pandemia; Higiene; Coronavírus.

ABSTRACT

With the arrival of the New Coronavirus (SARS-CoV-2) and its great force of contamination, as well as the lack of medication and cure and even the lack of information due to the exclusivity of the case, recommendations were adopted by world society, such as the isolation and social distancing, use of masks and gel alcohol, stricter hygiene practices, among others. The pandemic brought about several challenges with direct and indirect impacts in all areas, but mainly in health, being necessary to evaluate the changes, consequences and the need for new habits within this new reality. Based on this, this work aims to study the importance of hygiene habits in the fight against COVID-19. To achieve this objective, a careful bibliographic survey will be carried out using works published in the last two years based on the presented theme. Based on this, it is exposed that the study will take place through a literature review. During the research, we searched for publications that contemplated the theme exposed here. The databases used were: Google Scholar, Scientific Electronic Library Online (Scielo) and Latin American and Caribbean Literature on Health Sciences (Lilacs), using the descriptors: SARS-CoV-2, COVID-19, pandemic, hygiene and Coronavirus. Through these studied materials it will be possible to base this study. It can be concluded that the habits of hygiene of hands and objects, the use of the mask and also the cleaning of the shoes when returning from the street, care with the clothes and with the house, and hygiene with the own body will continue to be important measures even after the end of the pandemic, because, with the emergence of variants and the obscurity of scientific knowledge about transmissibility, and the infinity of the disease, care needs to be maintained so that it can be controlled.

Keywords: SARS-CoV-2; COVID-19; Pandemic; Hygiene; Coronavirus.

1. INTRODUÇÃO

A pandemia do Novo Coronavírus salientou a importância de hábitos de higiene para o mundo todo, evidenciando o quanto eles são importantes e necessários para a população em geral, uma vez que contribuem no enfrentamento e controle da doença, e que, precisarão ser perpetuados de agora em diante, ainda mais rigorosos do que já eram antes.

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) (2020a) e Wu et al., (2020) a COVID-19, causada pelo vírus SARS-CoV-2, da família do Coronavírus é uma doença aguda que pode causar outras doenças como gastrointestinais, respiratórias, hepáticas e neurológicas, e foi categorizada como pandemia em 2020. As doenças causadas por agentes patogênicos chamadas de infecciosas e parasitarias, em suma são associadas as baixas condições sociais e hábitos de vida inapropriados da população, e causam grande impacto na saúde pública pela sua fácil e rápida transmissão (PEDRAZA, 2017).

De acordo com Villapol (2020) e Morawska e Milton (2020), outro fato importante sobre a alta taxa de transmissão da doença é que, ao contrário de outros vírus da mesma família, o SARS-CoV-2 pode ser transmitido por pessoas assintomáticas, que apresentam pouco ou nenhum dos sintomas.

Entre todas as estratégias de enfraquecimento do contágio, a principal tem sido o isolamento e distanciamento social, que engloba a restrição de encontros sociais, e trabalho em home office. O uso de máscara e a higienização das mãos também tem sido estratégias voltadas para essa finalidade (VILLAPOL, 2020).

Em 28 de fevereiro de 2020, no Brasil, mais precisamente do Distrito Federal (DF) foram iniciadas as medidas de mitigação da COVID-19, logo em seguida, os demais estados também aderiram aos protocolos de segurança recomendados pelos órgãos de saúde internacionais (BRASIL, 2020a; RODRIGUEZ-MORALES et al., 2020)

Diante desse cenário, inquietações surgem por parte de quem pesquisa e atua nos campos da educação e saúde a respeito de uma das maiores dificuldades da prática profissional de saúde – a educação em saúde. O cenário preocupa não somente pela propagação do vírus, mas também pela dificuldade em adotar medidas simples de cuidado em saúde, em especial, as relacionadas à prevenção e ao combate à doença. Essas medidas, que na área da saúde são consideradas como clássicas, como o isolamento e quarentena, foram bastante usadas do século XIV até meados do século XIX, como por exemplo peste negra, cólera e peste bubônica. À época, o uso dessas medidas influenciou de forma relevante o curso de epidemias como a gripe espanhola e a varíola, por exemplo (TEIXEIRA et al., 2018).

Desde o início da pandemia, o profissional da área da saúde vem recebendo desafios de mediar processos, atuar na mobilização de grupos e no diálogo com pessoas de culturas distintas que apresentam expectativas diferentes em relação a si, sua saúde e aos serviços de saúde a elas ofertados. Por sua vez, a situação requer profissionais de saúde habilitados, ações e conhecimentos para auxiliar no seu processo de trabalho, o que nem sempre é possível devido à pressão da atual situação (PARREIRA, 2018).

Parreira (2018) ainda cita que as práticas educativas precisam abranger o conhecimento de todos os lados, educação e saúde, para que os atos de cuidados sejam exitosos, onde incluem proteção, prevenção, promoção, reabilitação e cuidados paliativos, e não somente a cura da doença.

Com base no exposto, pode-se afirmar que esse estudo é de extrema importância para o profissional da área de saúde, uma vez que, o tema em questão é antigo, mas que precisou ser trazido à tona diante do cenário atual mundial, para que sua importância não somente fosse deixada de ser esquecida, mas também, lembrada diariamente, o tempo todo. A higienização dentro do contexto pandêmico tornou-se uma das ferramentas mais importantes no combate à doença, atuando na linha de frente juntamente com esses profissionais.

Para os acadêmicos da área, esse costume e propiciará contribuições futuras às pesquisas, elucidando dúvidas e solucionando problemas relacionados aos conteúdos do tema, oportunizando crescimento no campo do conhecimento, assim como, desenvolver novas questões e problemáticas a serem analisadas por outrem posteriormente.

Diante do exposto, esse estudo apresentará a como problemática: frente à alta propagação do Novo Coronavírus quais são as melhores estratégias de enfraquecimento do contágio da doença?

2. OBJETIVOS

2.1 Objetivo Geral

Estudar sobre a importância dos hábitos de higiene no enfrentamento à COVID-19.

2.2 Objetivos Específicos

◉ Estudar sobre a história e o conceito do Novo Coronavírus, a COVID-19;
◉ Dissertar sobre as medidas de controle para evitar a proliferação do vírus;
◉ Discorrer sobre os hábitos de higiene no combate ao contágio do vírus da COVID-19.

3. METODOLOGIA

De acordo com Marconi e Lakatos (1992) a pesquisa bibliográfica trata-se do levantamento de toda a literatura já publicada em forma de revistas, livros, artigos, legislações, publicações avulsas, e etc. Seu objetivo é fazer com que o pesquisador tenha contato direto com o material escrito a respeito de um determinado tema, auxiliando o cientista a analisar suas pesquisas e/ou manipular suas informações. A pesquisa de bibliografia é considerada o primeiro passo de toda pesquisa científica.

Com base nisso, expõe-se que estudo aconteceu por meio de uma revisão bibliográfica. Durante a pesquisa buscou-se por publicações que contemplasse a temática aqui exposta. As bases de dados utilizadas foram: Google Acadêmico, Scientific Electronic Library Online (Scielo) e Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (Lilacs), utilizando os descritores: SARS-CoV-2, COVID-19, pandemia, higiene e Coronavírus. Por meio desses materiais estudados será possível fundamentar esse estudo.

4. DESENVOLVIMENTO

4.1 Novo Coronavírus

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) (2020) e Wu et al., (2020) a COVID-19, causada pelo vírus SARS-CoV-2, da família do Coronavírus é uma doença aguda que pode causar outras doenças como gastrointestinais, respiratórias, hepáticas e neurológicas, e foi categorizada como pandemia em 2020.

Conforme exposto nas literaturas, os Coronavírus tratam-se de vírus causadores de infecções respiratórias, afetando diversos animais, principalmente as aves e os mamíferos (FEHR AR e PERLMAN S; 2015). Os Coronavírus sazonais associam-se, na maioria das vezes, a síndromes gripais, sendo sete deles reconhecidos como patógenos em humanos. Há aproximadamente dois anos, dois desses destacam-se por serem os responsáveis por epidemias de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG). A OMS (2020a) relata que em 2003, em Hong Kong na China, emergiu a epidemia da SARS, apresentando letalidade de aproximadamente 10%. Em 2012, na Arábia Saudita, emergiu a Síndrome Respiratória do Oriente Médio (MERS), apresentando letalidade de 30%.

Depois de 16 anos, em dezembro de 2019, em Wuhan, na China, surgiu o surto da Síndrome Respiratória Aguda Grave de Coronavírus 2 (SARS-CoV-2), que da mesma forma que o seu antecessor, foi rapidamente disseminado pelo mundo. As primeiras aparições ocorreram em dezembro de 2019. Acredita-se que o surto começou após a exposição ao mercado de frutos do mar de Huanan, onde foi associado a comercialização de carnes de animais e a infecção pelo SARS-CoV-2 (OLIVEIRA, M. L. et al., 2020).

Apesar de não possuir seu Ácido Ribonucleico (RNA) segmentado como os vírus da influenza, os Coronavírus são extremamente mutantes, razão pela qual a aparição de um novo Coronavírus não é para ser causa de espanto. Aliás, este há muito vem sendo usado como modelo para investigação e análises de mutações que oportunizem o salto da espécie (BARIC et al., 1999).

FIGURA 1 – ESTRUTURA VIRAL DO SARS-COV-2

Fonte: Li et al, 2020.

Com o surgimento dessa síndrome, ocorreram casos de pneumonia de etiologia desconhecida e após, o novo Coronavírus foi isolado pelo governo chinês. Devido à ocorrência de expansão de infecção, até mesmo naqueles que não tiveram exposição ao comércio, suspeitou-se de que a infecção estava ocorrendo por transmissão inter-humana, inclusive por pessoas assintomáticas (WU et al., 2020).

O Ano Novo Chinês foi um período de expansão do número de infectados devido à migração maciça de chineses, que culminou em novos casos em outras províncias chinesas e países como Japão, Tailândia e Coréia do Sul. Além disso, corroborando com a possibilidade de transmissão humana, houve relatos de pessoas infectados em países fora da China e que não tinham visitado o país (SINGHAL, 2020).

Com ação errática e de rápida disseminação mundial, a pandemia da COVID- 19 tornou-se uma emergência de saúde pública. Rafael et al., (2020) citam que 87,5% dos países do mundo confirmar ao menos um caso até 24 de março de 2020. No Brasil, os primeiros casos foram confirmados em fevereiro de 2020, e várias ações foram implantadas para que houvesse a contenção e mitigação do avanço da doença. No dia 03 de fevereiro, o país declarou Emergência de Saúde Pública de Importância Nacional (ESPIN) antes mesmo de se confirmar o primeiro caso (BRASIL, 2020a).

Estima-se a população brasileira em 211 milhões de pessoas (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA – IBGE, 2020), destes, 8% são homens que se encaixam no quadro etário da doença.

Essa precisa ser vista como uma pandemia contemporânea, uma vez que assola e faz com que muitas nações se tornem fortes e cessadas na luta contra o vírus. O COVID-19, mostrou que existe uma globalização viral e que é necessário repensar a respeito de políticas públicas na saúde para que não haja o extermínio da minoria, tratando-se essa ação, de uma necessidade premeditada.

4.2 Sintomas e Transmissão

De acordo com o Ministério da Saúde (2020), as informações sobre o espectro da doença clínica ainda são limitadas. Desse modo, o Ministério determina a Síndrome Gripal (SG) como a manifestação mais comum, sendo essa caracterizada como um quadro respiratório agudo, sensação febril ou a febre em si, tosse, coriza, dor de garganta ou dificuldade respiratória. Quando há a ocorrência de dificuldades respiratórias, considera-se a presença de SRAG, definida por SG que apresente desconforto/dispneia respiratória, pressão persistente no tórax ou saturação abaixo de 95% em ar ambiente ou coloração azulada no rosto ou lábios (BRASIL, 2020a).

A OMS (2020a) aponta que os primeiros sintomas da doença parecem com os de uma gripe comum, mas podem variar de pessoa para pessoa, podendo se manifestar brandamente, em forma de pneumonia, SRAG e pneumonia grave. A maioria dos infectados apresente a forma branda da doença, com mal-estar, febre, tosse, dores no corpo e cabeça ou congestão nasal, e algumas também podem apresentar náusea, vômito e diarreia. Imunissuprimidos e idosos podem ser um agravamento mais rápido da doença, o que pode levar à morte.

De todo modo, pode-se considerar como sintomas mais frequentes a febre, dispneia, tosse, mialgia e fadiga (BRASIL, 2020a). Também existem relatos de sintomas menos comuns e difíceis de mensurar de forma clara, como anosmia, hiposmia e ageusia, como rinite alérgica e rinossinusite crônica ou aguda (SOCIEDADE BRASILEIRA DE CIRURGIA DE CABEÇA E PESCOÇO – SBCCP, 2020).

Zhu et al., (2020) enfatizam que o período de incubação do vírus é em média de cinco dias, podendo ainda ser variável de 2 a 14 dias. A maioria dos adultos e/ou crianças com infecção pelo SARS-CoV-2 sofre de SG (90%) com sintomas leves, todavia, algumas pessoas, principalmente os considerados do grupo de risco, podem evoluir para quadros mais graves como insuficiência respiratória, falência e órgãos e óbito. A taxa letal é de 2 a 5%. As crianças, embora sejam suscetíveis à infecção, de forma geral evoluem bem e dificilmente mostram complicações (ZHU et al., 2020).

Um estudo com pessoas hospitalizadas e positivadas para o COVID-19 na Itália apontou que 33,9% sentiam ao menos uma alteração de paladar e olfato, e 18,6% ambas. A carência de paladar aconteceu em 91% das pessoas, antes da internação. Esses sintomas foram mais presentes em mulheres e por jovens. Na Alemanha, a anosmia estava presente em mais de 2/3 (dois terços) dos sujeitos estudados, enquanto médicos italianos e suíços relatam sintomas parecidos, com muitos também apresentando ageusia. Na Coréia do Sul, 30% dos entrevistados com a doença manifestaram a anosmia como o principal sintoma (GAUTIER; RAVUSSIN, 2020).

Conforme explanam Cabrera et al., (2020) a transmissão ocorre por meio de gotículas em tosse, fluídos, espirros, e qualquer tipo de superfícies, sendo altamente contagiosas. Nicolini et al., (2020) acrescentam à essa informação que a transmissão acontece por meio das mãos também.

O ser humano é considerado um forte veículo de contaminação para vários vírus e bactérias. A transmissão da doença pode acontecer por meio de gotículas de saliva expelidas ao falar, espirrar ou tossir, e a contaminação ocorre quando essas gotículas contendo o vírus transmissor são inaladas ou então por meio de objetos contaminados (MORAWSKA; MILTON, 2019; WHO, 2020a; LI, Y. et al.,2020). De acordo com Teixeira e Carvalho (2020), o vírus pode ficar ativo em superfícies inanimadas por até 96 horas.

4.3 As Medidas de Controle para Evitar a Proliferação do Vírus

As estratégias imediatas do controle e combate da transmissão do vírus se fizeram urgentes e indispensáveis, principalmente para idosos e portadores de morbidades (PAULES et al., 2020). Nessa perspectiva acrescida do alto grau de transmissão do COVID-19, algumas medidas de prevenção ganham destaque, como: a higienização das mãos, usando água e sabão por pelo menos 30 segundos, e também o uso de álcool em gel a 70%; evitar o contato das mãos com os olhos, boca e nariz; se for tossir ou espirar, fazê-los no cotovelo ou em um tecido dobrado/lenços descartáveis; fazer uso de máscaras descartáveis; distanciamento social de ao menos 1 metro. Em hospitais e outros centros de saúde, os Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) na atenção primária, o uso de luvas, aventais, máscaras e mangas longas é indispensável, assim como a desinfeção do local após o atendimento (WHO, 2020b).

Por se tratar de um vírus extremamente contagioso, especialmente em centros de saúde e hospitais, e a fim de reduzir as transmissões para os profissionais da área é de suma importância considerar o uso da telemedicina para analisar as suspeitas de COVID-19, o uso de barreiras físicas como janelas de plástico ou vidro, máscaras N95, aventais de manga logo, touca, óculos de proteção, protetor facial de plástico, capote impermeável e protetores de acrílico são medidas que diminuem a exposição ao vírus (HUANG et al., 2020).

Outra forma importante de prevenção é o isolamento social, e também conhecida como quarentena, no começo da pandemia. Os governos de todo o mundo impuseram o isolamento social, fechamento de fronteiras e comércios e proibição de viagens e de entrada de estrangeiros de países afetados, todavia, as mortes ainda ocorriam. Apesar dos decretos governamentais, do isolamento dos pacientes suspeitos, fechamentos de ambientes não essencial, entre tantos outros, o não cumprimento das restrições prejudicam as medidas preventivas, podendo inclusive fazer com que haja o aumento dos casos (WENDY et al., 2020).

De acordo com Medeiros (2020, p. 1):

Para a população, o isolamento social rigoroso é fundamental, além de campanhas educativas de higiene e para o uso correto de máscaras. As medidas de isolamento social devem ser avaliadas constantemente, pois, se forem suspensas antes do momento adequado, isto é, antes de a epidemia deixar de ser autossustentada, teremos uma nova onda, com crescimento dos casos de infecção. Haverá impacto importante com a suspensão dos calendários acadêmicos das escolas, incluindo as de Medicina, com revisão dos vestibulares e dos exames de residência médica.

Existe ainda a recomendação de que qualquer pessoa com suspeita ou com confirmação de infecção pelo vírus deva permanecer em casa por 14 dias, isolada, sem visitas e a partir do dia em que os sintomas apareceram pela primeira vez, bem como todas as demais pessoas que moram na mesma casa (BRASIL, 2020b). Razai et al., (2020) complementam dizendo que em casos de atendimento em centros de saúde, é relevante possuir uma sala apropriada para um atendimento isolado, que conte com janelas, ar condicionado desligado, mobiliário não macio e banheiros isolados.

4.4 Hábitos de Higiene no Combate ao Contágio do Vírus da COVID-19

O momento atual em que o mundo se encontra acarretou grandes mudanças. As estatísticas são assustadoras no que diz respeito à devastação que o vírus causa, que assola as sociedades do mundo todo. O mundo se tornou pequeno diante do poder que o vírus tem, e a vulnerabilidade encontra-se na carência dos hábitos de higiene, no afeto demonstrado diariamente por meio de um abraço, aperto de mão e beijos e na negligência do poder público em implantar políticas igualitárias que alcancem todas as classes sociais, no que tange ao âmbito financeiro, acesso à saúde e saneamento básico (MARINHO, 2020).

Em um contexto pandêmico, os hábitos de higiene foram fortemente afetados e alterados, uma vez que se tornaram os maiores aliados no enfrentamento à contaminação. É de suma importância que as recomendações de higiene sejam seguidas, mas, não foi somente a higiene pessoal que passou por mudanças nesse período. A limpeza de casas, empresas, hospitais e até de alimentos passou por esse processo. A conscientização a respeito da violência do vírus e dos germes presentes nos ambientes, assim como algumas medidas precisam ser tomadas.

De acordo com Palácio e Takenami (2020) as práticas educativas precisam ser salientas nesse período e englobar o conhecimento da saúde e da educação, a fim de que as ações de cuidados se mostrem exitosas. Todavia, esse sucesso só será alcançado se houver o entendimento de que educar em saúde exige práticas dialógicas, inovadoras e que defendam a busca pela democratização não apenas das informações, mas dos saberes e das diferenças culturais.

Como já citado aqui anteriormente, uma das formas de evitar a transmissão e contaminação pelo vírus é não aglomerar e utilizar máscaras. Entretanto, alguns cuidados com a higiene são indispensáveis e vitais durante esse processo, tanto para o COVID-19, como para suas mutações.

Conforme explana Bruschi (2020) um dos hábitos que a pandemia mais salientou foi o aumento da constância de levar as mãos e/ou usar álcool em gel. E isso auxilia para evitar a contaminação de várias doenças, e em especial, a COVID-19. Afinal, qualquer contato com uma superfície contaminada faz com que suas mãos estejam também contaminadas, e, ao lavar as mãos há a eliminação desses microrganismos.

Outro hábito de higiene bastante citado como importante durante a pandemia e que precisa ser mantido após a mesma é a higienização de produtos adquiridos. Essa prática pode ser realizada usando o álcool líquido e um pano ou então lavando as embalagens com detergente, sabão líquido ou outro produto indicado (OLIVEIRA, D. L. et al., 2020).

Ainda de acordo com Oliveira, D. L. et al., (2020), no que diz respeito à higienização dos alimentos, sabe-se que os mesmos percorrem um caminho longo até chegar na mesa, e são expostos a vários tipos de contaminação, tanto em seu cultivo, quanto no transporte, armazenamento e manipulação pelos comerciantes. O Novo Coronavírus pode se manter vivo por dias, dependendo da superfície, temperatura e umidade do ambiente, e, apesar de não existir evidências de sua transmissão por meio de alimentos contaminados, é de extrema importância que haja alguns cuidados durante o consumo dos alimentos, como: lavar as mãos antes de manuseá-los, retirar as partes estragadas, lavar os alimentos com bastante água portável e correntes, retirar sujeiras, insetos e parasitas, e deixá-los de molho em soluções liquidas com água sanitária ou solução própria para limpeza dos mesmos.

Bruschi (2020) enfatiza a importância de tomar banho, não apenas na pandemia, mas o banho durante nossa rotina é um ótimo aliado para se livrar dos germes que podem ficar acumulados na pele. É importante também fazer uso de um sabonete antibacteriano, pois aumentará a proteção. Durante essa época, é importante também manter as unhas curtas. Apesar de ser uma estética que agrada principalmente o público feminino, as unhas entram em contato com as mais diversas superfícies durante o dia, acumulando doenças, germes, sujeiras e microrganismo embaixo delas. É importante também evitar roê-las, pois além de ser um hábito em que a mão vai à boca o tempo todo, destrói as cutículas, que é elemento essencial na proteção contra bactérias.

O uso de máscaras de pano foi autorizado durante a pandemia. Todavia, as mesmas exigem um cuidado maior. A máscara de pano precisa ser composta, por no mínimo três camadas de tecido, em que: a primeira e exterior precisa ser feita de um material resistente à líquidos, a do meio precisa ter ação de filtro e pode ser feita de um material sintético, e a camada interior precisa ser feita de um material que absorva água, como o algodão, por exemplo (RIBEIRO, 2020).

Ribeiro (2020) cita que para higienizar essa máscara recomenda-se lavá-las com água e sabão, e deixa-las de molho em água sanitária por aproximadamente 30 minutos, e colocar para secar, e depois de seca, pode ser passada com ferro quente. No que diz respeito ao armazenamento das mesmas, o ideal é que elas sejam guardadas em sacos plásticos até o próximo uso. Salientando que as mesmas não podem ser lavadas junto com outras peças.

No que concerne os cuidados com a casa, a pandemia carretou grandes mudanças nos hábitos de higiene do local de trabalho e moradia da sociedade. Acarretou, inclusive, hábitos que provavelmente ficarão após o término da mesma. Um dos cuidados, que é novidade no Ocidente, mas hábito normal dos orientais é retirar os sapatos ou trocá-los quando se chega em casa. A sola do sapato que está em contato constando com calçadas e pisos, está contaminada e com certeza pode levar germes e bactérias para dentro de casa. Outro cuidado é a troca de tapetes e a limpeza do chão com álcool e água sanitária (BRUSCHI, 2020).

Outro cuidado é trocar a roupa assim que chegar, assim como higienizar os objetos como chaves, bolsas, carteiras, óculos, celular e etc. Após isso deve-se realizar a higiene do rosto e das mãos, antes de encostar nos objetos de casa, e se possível, o ideal é tomar banho assim que chegar em casa (RIBEIRO, 2020).

Mesmo após a redução dos casos e da gravidade do contágio do SARS-CoV- 2, algumas dessas medidas e hábitos precisam permanecer. As unidades de saúde e alguns estabelecimentos comerciais poderiam manter o uso de papel toalha, sabonete antibacteriano, uso de máscaras e dispersores de álcool. De acordo com Cruz (2021) manter os hábitos adquiridos durante a pandemia, implica além do que foi realizado até agora, uma vez que mantê-los incorporados à rotina exige investimentos.

5. CONCLUSÃO

A pandemia da COVID-19 inseriu na rotina da sociedade cuidados preventivos e hábitos de higiene a fim de reduzir a transmissibilidade do Novo Coronavírus. Apontadas como eficazes por órgãos internacionais como a OMS e também especialistas da área da saúde, esses hábitos puderam e ainda podem auxiliar na redução da propagação da COVID-19 e das demais doenças transmissíveis.

A pandemia salientou a necessidade de inserir no cotidiano social medidas preventivas, como lavar as mãos corretamente e frequentemente, cuidar da casa, das roupas e dos objetos. Houve muito aprendizado de como lavar as mãos corretamente, durante a pandemia, e também aquisição de conhecimento a respeito da melhor maneira para cobris o nariz e a boca ao tossir e espirar, assim como da importância do uso de máscara e do álcool em gel.

Pode-se concluir que os hábitos de higienização das mãos e objetos, o uso da máscara e também a limpeza dos sapatos ao voltar da rua, cuidado com as roupas e com a casa, e higiene com o próprio corpo continuarão sendo importantes medidas mesmo após o fim da pandemia, pois, com o surgimento das variantes e a obscuridade do conhecimento científico a respeito da transmissibilidade, e a infinidade da doença, os cuidados precisam ser mantidos para que haja o controle da mesma.

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1Aluno da Universidade Anhembi Morumbi, São Paulo/SP, Brasil.
2Mestre e Doutor pelo Programa de Pós Graduação em Fisiologia Geral do Departamento de Fisiologia do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo.