EFEITOS DO EXERCÍCIO DE VIBRAÇÃO DE CORPO INTEIRO NO EQUILÍBRIO DE IDOSOS: UMA REVISÃO INTEGRATIVA

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Autoras:
Fernanda Moura Silva
Thaynara Costa Gregorio
Wilma Marília Da Silva
Professora:
Laila Maria Cardoso Zalfa
Orientadora:
Juliana P. de Freitas

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RESUMO

Alterações no equilíbrio podem ocorrer conforme o envelhecimento, e são mudanças fisiológicas quem provocam a diminuição no desempenho do idoso. O exercício de vibração de corpo inteiro (EVCI) pode ser utilizado para ajudar nesse tratamento. Objetivo: Verificar através de revisão da literatura os efeitos do exercício de vibração de corpo inteiro no equilíbrio de idosos. Método: Foi realizada revisão da literatura nas bases de dados Biblioteca virtual em saúde (BVS), SciELO, PubMed e LILACS com os descritores: “Idoso/Aged/Anciano”, “Equilíbrio Postural/ Postural Balance/Equilíbrio postural”, “Vibração/Vibration/Vibración” e filtrados os artigos entre estudos randomizados e com texto completo, sem periodicidade estipulada. Resultados: Após a leitura completa dos artigos, foram elegidos 5 estudos. Conclusão: A literatura aponta que a PV pode ser utilizada para auxiliar o tratamento do idoso com uma gama de técnicas variadas permitindo um desenvolvimento global satisfatório e benéfico. Apesar de não haver uma homogeneidade com relação aos programas de intervenção aplicados ao equilíbrio, os métodos pesquisados foram eficazes para auxiliar no tratamento.

Palavras-chave: Equilíbrio. Idoso. Exercício de vibração de corpo inteiro. Plataforma vibratória.

ABSTRACT

With aging, changes in balance are inherent to the physiological process, which can lead to falls and complications related to the event. There are several strategies to improve balance, such as the whole body vibration exercise (EVCI) on the vibrating platform (PV) that can be used to help with this treatment. Objective: To verify, through a literature review, the effects of whole-body vibration exercise on the balance of the elderly. Method: A literature review was performed in the databases Virtual Health Library (BVS), SciELO, PubMed and LILACS with the descriptors: “Idoso/Aged/Anciano”, “Equilíbrio Postural/ Postural Balance/Equilíbrio postural”, “Vibração/Vibration/Vibración” and filtered the articles between randomized studies and with full text, without stipulated frequency. Results: After the complete reading of the articles, 5 studies were selected. Conclusion: Literature points out that PV can be used to assist the treatment of the elderly with a range of varied techniques, allowing for a satisfactory and beneficial overall development. Although there is no homogeneity regarding intervention programs applied to balance, the researched methods were effective to aid in the treatment.

Key words: Balance. Elderly. Whole Body Vibration Exercise. Vibrating platform.

LISTA DE TABELAS, GRÁFICOS E FIGURAS

FIGURAS

Figura 01 Pirâmide etária do Brasil 1940-2060.
Figura 02 Parâmetros biomecânicos referentes a vibração mecânica, gerada pela plataforma vibratória.
Figura 03 Postura utilizada para avaliar transmissibilidade para a cabeça durante o EVCI.
Figura 04 Fluxograma das etapas do estudo.

QUADRO

Quadro 01 Fonte de dados e critério de busca.
Quadro 02 Quadro de resultados com extração dos dados de estudos elegidos.
Quadro 03 Artigos relacionados para a discussão.

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

BVS Biblioteca virtual em saúde
EVCI Exercício de vibração de corpo inteiro
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
OPAS Organização Pan-Americana de Saúde
OMS Organização Mundial da Saúde
POV Plataforma oscilatória vibratória
PV Plataforma vibratória
VM Vibração mecânica

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO……………………………………………………………………………………………………..

2 REFERENCIAL TEÓRICO…………………………………………………………………………………..

2.1 DADOS DO ENVELHECIMENTO………………………………………………………………………..

2.2 SENESCÊNCIA E SENELIDADE…………………………………………………………………………

2.3 EXERCÍCIO DE VIBRAÇÃO DO CORPO INTEIRO……………………………………………..

2.3.1 História da Plataforma Vibratória…………………………………………………………………….

2.3.2 Definição…………………………………………………………………………………………………………..

2.3.3 Posicionamento do paciente………………………………………………………………………………

2.3.4 Benefícios do uso da Plataforma Vibratória……………………………………………………….

2.3.5 Contraindicações do EVCI………………………………………………………………………………..

2.3.6 Efeitos Fisiológicos……………………………………………………………………………………………

3 METODOLOGIA………………………………………………………………………………………………….

3.1 FONTES DE INFORMAÇÃO……………………………………………………………………………….

3.2 PROCESSOS DE COLETA DE DADOS………………………………………………………………..

3.3 CRITÉRIOS DE ELEGIBILIDADE……………………………………………………………………….

3.3.1 Critérios de inclusão…………………………………………………………………………………………

3.3.2 Critérios de exclusão…………………………………………………………………………………………

4 RESULTADOS………………………………………………………………………………………………………

5 DISCUSSÃO………………………………………………………………………………………………………….

6 CONCLUSÃO……………………………………………………………………………………………………….

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS…………………………………………………………….

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1. INTRODUÇÃO

Segundo a Organização Pan-Americana de Saúde¹ envelhecer é um processo sequencial, individual, acumulativo, irreversível, universal, não patológico, de deterioração de um organismo maduro, próprio a todos os membros de uma espécie, de maneira que o tempo o torne menos capaz de fazer frente ao estresse do meio-ambiente e, portanto, aumente sua possibilidade de morte.

Em 2030, o Brasil terá a quinta população mais idosa do mundo. No ano de 2060, a expectativa do país e do mundo é que a população idosa ultrapasse o número de crianças com 15 anos ou menos. Esse crescimento apresenta uma conquista social importante, que resulta em melhores condições de vida, melhor acesso à serviços de saúde, aumento da renda e avanços tecnológicos² .

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a população idosa atualmente totaliza 14,3% dos indivíduos brasileiros, resultando no aumento da expectativa de vida onde atualmente se encontra em 79 anos para mulheres e 72 anos para homens. O IBGE constatou em 2019 que o número de idosos no Brasil chegou a 32,9 milhões, já a população mundial idosa ultrapassou a marca de 1,1 bilhão no ano de 2020, devendo alcançar 3,1 bilhões em 2100³ .

O processo do envelhecimento é marcado por alterações biológicas, psicológicas e sociais. As alterações biológicas podem ser classificadas como morfológicas, quando há aparecimento de rugas e cabelos brancos; psicológicas quando relacionam-se ao processo de adaptação para cada situação do cotidiano. As alterações sociais associam-se a diminuição da produtividade, do poder físico e econômico ⁴.

O fisioterapeuta é um profissional capacitado e qualificado para o tratamento e prevenção de patologias que podem afetar a dinâmica funcional de órgãos e sistemas do corpo humano, podendo ser causadas por diversos fatores, como alterações genéticas, doenças adquiridas e traumas. Também é responsável pelo diagnóstico cinético-funcional, e utiliza uma variedade de técnicas e recursos para o tratamento fisioterapêutico e recuperação de condições de saúde ⁵.

Um recurso que vem sendo utilizado e compreendido em condutas fisioterapêuticas é um equipamento eletrônico denominado Plataforma Vibratória (PV), que é composto por uma base vibratória que realiza um movimento oscilatório ⁶.

O uso da Plataforma vibratória trata-se de um recurso terapêutico opcional, atuando na prevenção, promoção e reabilitação da saúde de diversos grupos populacionais, incluindo idosos. A utilização da plataforma vibratória contribui também para a redução de custos públicos de diversas patologias, mesmo assim ainda há uma análise financeira sobre esse recurso ⁷.

A oscilação causada pela PV reproduzida ao longo do corpo do indivíduo, estando ele em cima da mesma, fará com que toda sua estrutura corporal capte linearmente uma maior intensidade das vibrações. Em correlação todos os efeitos da musculatura serão identificados de acordo com o nível de ativação do treino de vibração, sendo possível ser manipulado de acordo com o grau de amplitude e a frequência ⁸.

O exercício de vibração de corpo inteiro (EVCI) foi considerado como uma opção potencialmente segura comparando-se com outros recursos da atualidade. O EVCI tem sido usado neste tempo, por jovens com boa saúde, atleta e também por pessoas idosas, com finalidade de aumentar força muscular e a densidade óssea. Deste modo, a EVCI mostra-se uma boa terapêutica para diminuir as perdas de equilíbrio e mobilidade ⁹.

Com o aumento da população idosa no Brasil há também um aumento na expectativa de vida e estes idosos precisam ficar mais funcionais e ter uma maior autonomia. Mesmo com o grande número de pesquisas realizadas ultimamente sobre a população idosa, é de extrema importância e necessidade da busca por mais estudos que apresentem recursos para melhora do equilíbrio e a manutenção do sistema musculoesquelético.

Diante disso o presente estudo tem como objetivo verificar através de revisão da literatura os efeitos do exercício de vibração de corpo inteiro no equilíbrio de idosos.

2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 Dados do envelhecimento

O processo de envelhecimento trata-se de um fenômeno que atinge todos os seres humanos, sendo caracterizado como um processo irreversível, dinâmico e progressivo que está diretamente ligado a fatores biológicos, psíquicos e sociais. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), estará havendo um aumento no número de idosos acima dos 60 anos, durante as próximas décadas ^10-11.

A comparação da pirâmide etária permite observar as mudanças principais na distribuição dos grupos etários do país. A pirâmide etária possui uma forma típica em países pobres onde possuem baixos níveis no desenvolvimento socioeconômico do país, onde refletia em um comportamento demográfico da população. Em países pobres, as famílias são bem mais numerosas, resultando em um número elevado de nascimentos e, consequentemente, uma base bem larga e ápice estreito na pirâmide etária ¹².

O Brasil se mostra a caminho de uma estabilização da sua população. Sua tendência é que atinja uma pirâmide etária no formato típico de nações mais desenvolvidas, onde em poucos anos o país possuirá menos crianças e jovens e mais idosos, conforme figura 1 ¹².

Figura 1 – Pirâmide etária do Brasil 1940-2060

2.2 Senescência e senilidade

A senilidade pode ser caracterizada pelo processo de envelhecimento, ou seja, o ato de envelhecer devido a enfermidades. Já a senescência, trata-se do processo de envelhecimento natural que provoca um desgaste orgânico sendo um fenômeno de aspecto progressivo e que se apresenta em diversas idades cronológicas. São alterações recorrentes da senescência o aparecimento de cabelos brancos, rugas, perda de flexibilidade da pele, redução da estatura, perda de massa muscular e alteração do centro de gravidade ¹³.

Durante o processo de envelhecimento, há alguns fatores extrínsecos e intrínsecos que comprometem a saúde do idoso e aumentam o risco de queda, sendo eles a perda de massa muscular, comprometimento de doenças crônicas, quedas, déficits cognitivos e diminuição do equilíbrio ¹⁴.

Um dos primeiros sistemas que sofrem impacto com o envelhecimento é o sistema visual, onde idosos com baixa acuidade visual apresentam déficit no controle postural e comprometimento funcional ^15-16. A decadência relacionada à idade no desempenho visual pode ser citada em condições de reduções na luminosidade do estímulo visual devido a alterações na região ocular e perdas de eficiência em um nível neural ¹⁷.

As articulações podem apresentar deformidades ósseas causando alterações no alinhamento dos membros inferiores, tal como na mecânica da marcha, proporcionando um lançamento do tronco para frente. E a musculatura pode sofrer o efeito da diminuição de força, pois, as modificações no tecido mole, são capazes de interferir nos músculos, que podem aumentar ou diminuir, trazendo assim prejuízo as fibras musculares do tipo l e ll ^18-19.

Naturalmente o sistema muscular se concretiza totalmente entre 20 e 30 anos. Após os 30 anos, a uma redução na densidade muscular e fibras esqueléticas que ocorre gradativamente, formando tecido adiposo e colágeno. Após os 35 anos de idade, as articulações sofrem alterações de processos naturais, causando deteriorações ao longo da vida, o que levará ao declínio da função motora e da flexibilidade ²⁰.

A fragilidade óssea é uma condição derivada da diminuição de resistência óssea nos fatores extrínsecos do osso, onde a densidade e a qualidade óssea são fatores determinantes para uma melhor resistência óssea. Esse fenômeno ocorre devido a substituição da proteína contrátil por lipídios intra e extracelulares e proteínas estruturais ²¹.

Outro fator predisponente para as quedas, são alterações no déficit cognitivo e auditivo que ocorrem durante o processo de envelhecimento, podem também ser um fator devido ao estágio de demência leve. O fator cognitivo está relacionado diretamente a fatores educacionais, padrão econômico e social, idade e nível de instrução ^22-23.

Mudanças em domínios cognitivos apresentam integração com o declínio motor da qualidade marcha. Alterações na marcha de idosos são fatores fisiológicos e que também podem ser emocionais, podendo ser percebidos por meio de mudanças no movimento, pois interferem na execução de tarefas do cotidiano ²⁴.

Com finalidade de melhorar a estabilização e evitar desequilíbrios, os idosos apresentam passos mais curtos e lentos. Com a redução da força muscular, principalmente dos membros inferiores, diminuição do equilíbrio e da qualidade da marcha, o idoso fica favorável a quedas, causando risco de fraturas ^25-26.

2.3 EXERCÍCIO DE VIBRAÇÃO DO CORPO INTEIRO

2.3.1 História da Plataforma Vibratória

A Plataforma Vibratória foi criada pelo médico Sueco Gustav Zander no ano de 1857, onde foi apresentada em duas feiras internacionais. No ano de 1860 foram realizados os primeiros experimentos utilizando os efeitos da vibração no músculo humano por Poe Rood, onde observou que ao aplicar frequências de vibrações de 60Hz em uma amplitude de 6mm na mão ocorre uma vibração acompanhada de fortes contrações involuntárias no braço ²⁷.

Em 1985, o Dr. John Harvey Kellog inventou uma plataforma de vibração para o corpo todo que se direciona em múltiplas direções, sendo indicada durante aquela época para curar dores de cabeças, dores na coluna e prisão de ventre. Porem o alemão W. Biermann, no ano de 1960, percebeu o potencial da vibração através da estimulação neuromuscular rítmica onde constatou que as vibrações possuem uma ação significativa na musculatura humana, fazendo com que os músculos sejam 100% estimulados de uma forma menos arriscada e estressante ²⁷.

2.3.2 Definição

O Exercício de Vibração do Corpo Inteiro (EVCI) trata-se da utilização de vibrações como forma de exercício. Mostra-se uma terapia de fácil execução, boa aderência e baixo custo podendo ser utilizado em diversas patologias como Alzheimer, Parkinson, Esclerose Múltipla. Pode ser utilizado também em atletas, pessoas obesas e em idosos ^28-29-30.

No EVCI, a vibração mecânica (VM) é transmitida pela plataforma oscilatória/vibratória (POV) em direção ao corpo do paciente. O movimento da plataforma pode ser realizado com um deslocamento vertical, plataforma com deslocamento alternado, plataforma triplanar (onde a base realiza os movimentos em três planos: sagital, transverso e coronal) onde ocorre o deslocamento da base para frente/trás, para cima/ baixo e para esquerda/direita^31-32-30.

Os parâmetros utilizados na vibração mecânica são: frequência (ciclos realizados por segundo, expressos em Hz), deslocamento pico a pico (distância entre o pico máximo e o pico mínimo, expresso em mm) e amplitude (deslocamento pico-a-pico, expressa em mm), conforme a Figura 2 ³³.

Figura 2- Parâmetros biomecânicos referentes a vibração mecânica, gerada pela plataforma vibratória.

2.3.3 Posicionamento do paciente

Existem várias formas de utilizar a plataforma, sendo a mais comum com o indivíduo de pé na plataforma com os joelhos fletidos para evitar o efeito de ressonância, que é uma atenuação da vibração em que o corpo está submetido, porém alguns estudos mencionam outros tipos de posicionamentos, como o estudo de Regterscot et al ³⁴, (2014) que utilizou uma cadeira em cima da plataforma e o indivíduo sentado sobre ela, foi colocado uma placa de madeira (0,5 m 60,9 m 60,02 m) sobre a plataforma vibratória para ampliar o dispositivo e sobre ela uma cadeira, o que gerou aos participantes do estudo vibrações sinusoidais verticais.

Um posicionamento muito utilizado é o semi agachamento de forma estática ou dinâmica, com uma flexão de joelhos em um ângulo de 20° a 30° sendo aferido através do goniômetro, conforme na Figura 3 (a). O posicionamento semi agachado desfavorece a transmissibilidade do estímulo vibratório para a região do crânio, contribuindo assim para a diminuição dos efeitos indesejáveis como náusea, vertigem e cefaleia. De maneira oposta a Figura 3 (b) que quando o paciente fica com os joelhos estendidos esse estímulo chega mais linear ^35-36.

Pode ser visto também exercícios na plataforma vibratória, com os indivíduos em pé, sentados e também na posição de quatro apoios. A cada dia novas posições são estudadas, porém a eficácia de algumas posições ainda vem sendo discutidas ³⁷.

Figura 3 – Postura utilizada para avaliar transmissibilidade para a cabeça durante o EVCI (a) postura com joelho flexionado com menor transmissibilidade para a região encefálica e (b) joelhos estendidos com maior transmissibilidade para região encefálica.

2.3.4 Benefícios do uso da plataforma vibratória

Estudos comprovam os benefícios da aplicação do EVCI em diversas patologias, tendo como indicação a aplicação da técnica em atletas para melhorar seu desempenho, idosos visam uma melhora da força muscular, funcionalidade e prevenção de quedas e podendo ser aplicados em crianças, jovens, adultos e idosos³⁸.

As inúmeras vantagens e benefícios de forma controlada do uso da plataforma apresentam melhorias na função neuromuscular, melhora na qualidade óssea, melhora no equilíbrio, é extremamente estimável para indivíduos que apresentam limitações e dificuldades em se movimentar ⁶.

O EVCI possui também alterações fisiológicas que diminuem o quadro álgico, melhora a flexibilidade, melhora a marcha, reduz o número de quedas, e aumenta a força e potência muscular, principalmente em idosos. ^39-6.

2.3.5 Contraindicações do EVCI

O EVCI possui como contra indicação: gravidez, arritmias, pacientes com marca-passo, presença de parafusos e placas no corpo, labirintite, vertigens, feridas recentes, próteses em membros inferiores, quadro de convulsão ou epilepsia, alterações cardiovasculares graves, disfunções na retina, discopatia e espondilólise ^38-40.

2.3.6 Efeitos Fisiológicos

Durante o uso da plataforma vibratória, músculos e tendões são alongados e encurtados, resultando em um aumento da temperatura corporal devido as vibrações. Mecanorreceptores periféricos são ativados, transmitindo impulsos pelas fibras Aβ para a medula espinhal, reduzindo as ações nociceptivas e diminuindo a percepção da dor que é dada através da inibição pré-sináptica dos nociceptores e neurônio motor ⁴¹.

Estudos relatam que há um aumento do recrutamento de fibras musculares devido à melhora da função neuromuscular, verificada pela eletromiografia em diferentes musculaturas durante um treinamento com variadas frequências (10–40 Hz).⁴².

A vibração tem sido utilizada também para a neuromodulação em indivíduos com doenças neurológicas, que ocorre através da estimulação do neurônio motor alfa e fusos musculares levando ao reflexo de vibração fazendo com que as contrações musculares aumentem. Essas vibrações geram um impulso neural para os músculos fazendo o recrutamento de unidades motoras inativas, aumentando a massa muscular, a força gerando um melhor controle motor⁴³.

Há alterações agudas da irritabilidade neuromuscular por meio do exercício na PV, quando comparado a exercícios convencionais dos extensores do joelho, encontra-se efeitos no nível de lactato sanguíneo e na percepção subjetiva do esforço, sugerindo níveis comparáveis de fadiga em ambos os tipos de exercício. Uma redução significativa no tempo de fadiga só é vista em exercícios utilizados no EVCI ⁴⁴.

3 METODOLOGIA

Trata-se de uma revisão de literatura integrativa sobre os efeitos do exercício de vibração de corpo inteiro no equilíbrio de idosos.

3.1 FONTES DE INFORMAÇÃO

A pesquisa ocorreu nas seguintes bases de dados: Biblioteca virtual em saúde (BVS), SciELO, PubMed e LILACS, onde foram selecionados artigos científicos em português, inglês e espanhol publicados entre 2010 a 2021, sendo baseado na leitura do título, resumo e descritores: ‘Idoso/Aged /Anciano ; ‘Equilíbrio Postural/ Postural Balance/Equilíbrio postural ; ‘Vibração/Vibration/Vibración.

Quadro 1 – Fonte de dados e critério de busca.

PubMed	(IDOSO / AGED / ANCIANO) AND (EQUILIBRIO POSTURAL / POSTURAL BALANCE / EQUILIBRIO POSTURAL) AND (VIBRAÇÃO / VIBRATION / VIBRACIÓN)
BVS	(IDOSO / AGED / ANCIANO) AND (EQUILIBRIO POSTURAL / POSTURAL BALANCE / EQUILIBRIO POSTURAL) AND (VIBRAÇÃO / VIBRATION / VIBRACIÓN)
SciELO	(IDOSO / AGED / ANCIANO) AND (EQUILIBRIO POSTURAL / POSTURAL BALANCE / EQUILIBRIO POSTURAL) AND (VIBRAÇÃO / VIBRATION / VIBRACIÓN)
LILACS	(IDOSO / AGED / ANCIANO) AND (EQUILIBRIO POSTURAL / POSTURAL BALANCE / EQUILIBRIO POSTURAL) AND (VIBRAÇÃO / VIBRATION / VIBRACIÓN)

O processo de busca foi realizado visando identificar se as palavras chaves estavam disponíveis no título e resumo dos artigos. Em seguida os artigos eram lidos integralmente para escolha daqueles relevantes para essa pesquisa.

3.2 PROCESSOS DE COLETA DE DADOS

A busca por artigos foi realizada por um processo de extração de dados manualmente, através de leitura do título e resumo. Após análise dos critérios de elegibilidade foram incluídos 5 artigos.

3.3 CRITÉRIOS DE ELEGIBILIDADE

3.3.1 Critérios de inclusão

Os critérios de inclusão foram estudos observacionais, artigos randomizados, estudos que apresentam texto completo, os quais foram incluídos através de busca manual em lista de referências dos estudos elegidos e acrescidos ao critério de busca como critério do autor.

3.3.2 Critérios de exclusão

Foram excluídas pesquisas sobre revisões sistemáticas, estudos duplicados, estudos que não se enquadrassem ao tema proposto e que não estivessem com texto completo disponibilizado.

4 RESULTADOS

Após a busca na literatura foram encontrados 15 artigos na base de dados PUBMED, 22 artigos no SCIELO, 60 artigos no BVS e 12 artigos, totalizando 109 artigos. Destes, 73 foram excluídos por leitura de título e resumo, 42 por serem relatos duplicados, 8 por não abordarem o tema, 5 por não apresentarem texto completo disponível e 18 por não serem ensaios clínicos e randomizados. Restaram 36 artigos para leitura de texto completa, sendo 31 excluídos por não abordarem o tema. Sendo assim, foram selecionados 5 artigos para extração de dados (quadro 2).

Figura 4: Fluxograma das etapas do estudo.

Quadro 2 – Quadro de resultados com extração dos dados de estudos elegidos.

Autor/Ano	Tipo de estudo	Amostra	Variáveis avaliativas	Intervenção	Parâmetros	Resultados
Usano et al. 2014	Ensaio experimental	Amostra: 21 idosas Média de idade 64,33 ± 6,04 anos. GI: 11 GC: 10	Teste de equilíbrio estático, Teste de Equilíbrio Permanente (SBT) e um equilíbrio dinâmico, Star Excursion Balance Test (SEBT)	GI: Realizou exercícios de agachamento, equilíbrio monopodal na plataforma vibratória. GC: Realizaram exercícios fora da plataforma.	Frequência de 30 Hz e amplitude de 2 mm.	No grupo intervenção foi encontrada uma melhora após os treinamentos, passando de 10,70s para 16,91s no teste SBT
Marín et al. 2011	Estudo experimental randomizado	Amostra: 34 idosos Média de idade: 84,3 ± 7,4 anos. GC: 11 GTV: WBV2d; n = 11 e WBV4d; n = 12.	Questionário SF-36, Teste de Romberg, Teste de sentar e levantar.	GC: Não realizou nenhum programa de treinamento, só a PV. GTV: WBV2d: Realizou exercícios de agachamento durante 2 sessões por 8 semanas. GTV: WBV4d: Realizou exercícios de agachamento durante 4 sessões por 8 semanas.	Frequência de 30 Hz e amplitude 1,05 mm; Frequência de 40 Hz e amplitude de 2,11 mm.	Nos grupos WBV2d e WBV4d obtiveram resultados significativos no teste de sentar e levantar. Todas as variáveis do SF-36 e do teste de Romberg não se alteraram após a intervenção em nenhum grupo
Cassimiro et al. 2015	Estudo experimental randomizado	Amostra: 24 idosas Idade: acima de 70 anos GI: 12 GC: 12	Dinamômetro Jamar® (Sammons Preston, Illinois) Short Physical Performance Battery (SPPB) questionário Falls Efficacy Scale-International (FES-I	GI: Realizou os exercícios de equilíbrio e resistência na plataforma vibratória GC: realizou os mesmos Exercícios, porém no solo.	Frequência 35 a 40 Hz e amplitude de 2-4 mm.	O grupo intervenção apresentou melhora superior ao grupo controle de 32,6% no SPPB, 4,89% na FES-I-BRASIL e 4,1% na força de pressão palmar.
Zhang et al. 2013	Estudo experimental	Amostra: 44 idosos Acima de 75 anos de idade GI: 22 GC: 22	Dinamômetro, teste Timed Up & Go(TUG), teste de sentar e levantar, teste de equilíbrio postural, escala de confiança de equilíbrio especifica para atividade, questionário short-formHealth suavey questionnaire	GI: Realizou agachamento parcial na plataforma vibratória GC: Realizou cuidados visuais e exercícios de rotina, como pedalada.	Frequência definida em 6 a 26 Hz.	Observou-se que a utilização da plataforma vibratória para melhora da força de MMII e MMSS tem efeito, embora o estudo não tenha mostrado melhoras significativas.
Bigliasi et al. 2012	Estudo experimental	Amostra: 15 idosas Média de idade: 67,0 ± 4,7 anos	Equilíbrio estático: teste de equilíbrio uni podal Equilíbrio: dinâmico foi utilizado o timed up and go.	Programa de agachamento estático na plataforma, oito sessões com intervalo de 72 horas.	Frequências na amplitude baixa (2 mm): 30 e 50 Hz e na amplitude alta (4 mm): 30 e 50 Hz.	Nenhuma diferença estatisticamente significativa foi encontrada.

Legenda: GC: grupo controle; GI: grupo intervenção; BVS: Biblioteca virtual em saúde; SEBT: Star Excursion Balance Test; SBT: Teste de equilíbrio permanente; TUG: Teste Timed Up & Go; GTV: grupo de treinamento de intervenção; WBV: semana de vibração de corpo inteiro; PV: plataforma vibratória.

5 DISCUSSÃO

Quando se trata de idosos torna-se necessário uma adequada intervenção fisioterapêutica para manutenção no equilíbrio, que de certa forma beneficia em sua participação no ambiente em que vive. São várias as técnicas utilizadas nos tratamentos fisioterapêuticos que promovem a manutenção das estruturas corpóreas do idoso, entretanto, na literatura são inconclusivos os estudos que comprovem a eficácia do EVCI atuando no equilíbrio de idosos, mostram-se necessários estudos que demonstrem as alterações provocadas pelas vibrações mecânicas.

No estudo de Bigliassi et al. (2012), não houve diferença estatística com o uso da PV, porém, o estudo de Usano et al. (2014) apresentou resultados positivos. Foram encontradas diferenças entre os métodos de exercício aplicados. No estudo de Usano et al. (2014) foi possível identificar maior variabilidade de exercícios quando comparado ao estudo de Bigliassi et al. (2012), além disso Usano et al. (2014) apresentou em seu protocolo exposição maior de tempo ao EVCI. Um dado importante que pode ter interferido neste desfecho foi que no estudo de Usano et al. (2014), foi realizado apoio unipodal. Já foi mencionado na literatura que o apoio unipodal pode proporcionar alteração do centro de gravidade, levando ao desequilíbrio e com isso um recrutamento das fibras musculares, exigindo do paciente uma percepção mais aguçada na tentativa de instalação de um padrão estático⁴⁷.

De acordo com estudo de Zhang et al. (2013) o resultado não se mostrou favorável estatisticamente, nesse estudo foi realizado apenas o treino de agachamento em seu protocolo com baixa intensidade e com o tempo reduzido e menor número de sessões. Já Casimiro et al. (2015) realizou o treinamento na PV com maior intensidade e tempo, obtendo efeitos positivos não somente no equilíbrio, mas em relação ao desempenho da marcha e força muscular pois a vibração mecânica gera instabilidade fazendo com que o corpo recrute mecanismos pra se manter estável, desse modo pode ser observado que o protocolo com frequência que variam de 35 Hz à 40 Hz tem se mostrado eficiente no tratamento para o equilíbrio em idosos.

Em um contexto geral podem ser observados que no estudo de Marín et al. (2011), Usano et al. (2014) e Casimiro et al. (2015), utilizaram uma frequência entre (30-40 Hz) com duração entre (4-12 semanas), onde foram realizados exercícios específicos para equilíbrio e resistência em posição de agachamento, equilíbrio monopodal entre outros, foram observados resultados positivos estatisticamente. Já no estudo de Zhang et al. (2013) e Bigliassi et al. (2012) não houveram resultados estatisticamente, no qual pode ser citado que no estudo de Zhang foi aplicado uma frequência menor e no estudo de Bigliassi não houve assiduidade, o protocolo foi realizado aleatoriamente respeitando apenas um tempo mínimo de intervalo de 72 horas, de modo geral pode ser observado que não somente a frequência importa, mas todo um contexto como número de repetições e tempo.

Contudo a PV mostrou-se uma ferramenta que pode ser utilizada para auxiliar o tratamento de idosos pois aparentemente não expor os indivíduos a risco, além de trabalha o equilíbrio, força muscular e auxiliar no desempenho da marcha. Onde foi avaliado a necessidade de novos estudos para aprimorar os conhecimentos e aperfeiçoar a técnica para maiores ganhos.

6 CONCLUSÃO

Em virtude dos fatos mencionados podemos concluir que a utilização do exercício de vibração de corpo inteiro apresentou efeitos positivos no equilíbrio de idosos, porem estudos devem ser realizados a fim de aprimorar a técnica. Visando ajustar a frequência, estabelecer tempo de exposição a vibração e número de sessões a serem aplicadas.

No entanto vale ressaltar que nos estudos onde foram aplicadas frequências acima de 30 Hz, com assiduidade de duas a três vezes na semana no período de quatro a oito semanas, os resultados foram estatisticamente favoráveis, diante disso avalia a necessidade de novos estudos para busca de novos conhecimentos buscando aprimorar os parâmetros para melhores resultados.

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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